UMA CONTINUAÇÃO DO EPISÓDIO MY STRUGGLE II
CRIAÇÃO DE: WANILDA - MADA CAMARGO - ELAINE REGINA
MARÇO 2016
Dana continua fitando a luz vinda
do OVNI ali, sobre eles.
Mulder, abrindo os olhos com
dificuldade, murmura:
—
Scully... me tira daqui...vamos sair... daqui...
Ela,
sem saber o que fazer, permanece junto a ele, fitando o objeto voador, que
continua lançando seus raios sobre eles.
O
Agente Miller tenta entender o que está acontecendo.
—
Por favor, Agente Scully, o que podemos fazer?
Mulder
murmura fraca e compassadamente:
—
Scully, não estão ... interessados...
em nós...!
—
Por que você fala isso? — pergunta — Como sabe disso, Mulder?
—
Meu... ah... sexto sentido...
— explica.
—
Mulder... — ela fala, mas logo se volta para o Agente Miller —
... precisamos sair daqui.
—
Como, Agente Scully? E o risco que podemos correr?
Em
desespero Dana, com os olhos voltados para o OVNI e também para Mulder, nem
sabe o que pensar, resolver, enfim,
sente-se totalmente perdida. Mas sabe que não
pode deixar-se levar pelo desespero.
—
Agente Miller, por favor, precisamos retornar ao hospital.
—
Não entendi, Agente Scully... quer
voltar pra lá?
—
Sim, é necessário , porque chegando lá posso ir
aplicando um medicamento que... — ela para de falar.
—
Sei, Agente Scully, compreendo sua emoção. Fique
calma, que logo retornaremos, embora a confusão no trânsito esteja cada vez
pior.
O
Agente observa que realmente o disco voador continua jogando seus raios sobre
Dana e Mulder.
Inesperadamente
o OVNI, girando numa impressionante velocidade, ainda lançando raios, deixa vir ao
solo um objeto, que vai pelo
espaço em direção dos Agentes ali em pé, junto
do carro.
—
O que é isso?! — grita Dana.
O
Agente Miller abre os olhos, espantado:
—
Algo veio de lá! — ele grita — Afaste-se!
O
ruído da queda do estranho objeto os fez se aproximarem mais do carro.
E
numa rapidez extrema o OVNI, girando vertiginosamente, vai na
direção do espaço, afastando-se deles.
—
O que foi jogado aqui no chão, Agente Miller?
—
Não sei, Agente Scully.
Mulder,
abrindo os olhos com dificuldade, tenta enxergar alguma coisa do que está
acontecendo.
Miller
dá alguns passos.
—
Cuidado, Agente Miller; cuidado com isso aí!
Ele
se aproxima mais do objeto:
—
Agente Scully, é uma caixa!
—
Caixa...?!
—
Sim, não sei explicar o material do que ela é feita.
Dana
se volta para Mulder:
—
Mulder, vou até ali; fique quietinho aí, por favor!
Ele
apenas pisca os olhos.
E
Dana se afasta do carro e dá alguns passos em direção do estranho objeto no
chão.
Miller
faz o mesmo.
—
O que será isso? E por que foi jogado em nossa direção?
—
Pode se esperar tudo dos alienígenas, Agente Miller; sei muito bem.
***
—
Não estou aguentando...! — se queixa o homem à mulher.
—
Calma, calma...! Isso vai passar!
—
Não sei o que é isso que estou sentindo...
A
mulher, com os olhos cheios de lágrimas, procura acalentar o marido em sua dor.
—
Espera um pouco; vou buscar um copo d’água pra você tomar o remédio.
—
Ok. — ele respira com dificuldade.
Ela
se afasta do local. Vai ao ambiente próximo. Ali se coloca apoiada num móvel,
as mãos segurando a cabeça.
“Ai... essa dor não quer me deixar! Não estou
aguentando esse terrível mal-estar!
— pensa, sofrendo a doença pela qual está passando —
Não posso dizer ao meu
marido que estou também assim tão doente!”
Ela
retorna para onde está o marido deitado na cama, com ar sofrido.
—
Tome..., acho que esse remédio vai melhorar esse mal-estar.
—
Será mesmo...? Já tomei outros que não me fizeram nenhum efeito.
—
Eu sei, querido, eu sei. — entrega a ele o copo com
água e o remédio.
—
Que horas são? — ele pergunta, antes de engolir o comprimido.
—
Já sei que quer saber se já é hora do nosso filho chegar. — ela fala, com
dificuldade.
Ele
a olha:
—
Você está bem...?
—
Sim! Sim! Por que pergunta?
O
marido a olha mais uma vez, sentindo que ela está estranha.
Nesse
instante um ruído é ouvido no ambiente.
—
Ele já chegou... — murmura o homem.
—
Oh, que bom! — a mãe exclama.
O
adolescente entra no quarto, apressado:
—
O que aconteceu, pai? Por que está deitado?
A
mulher se aproxima:
—
Filho, seu pai está doente.
—
O que ele tem?
—
Não sabemos.
O
rapazinho se aproxima do leito:
—
O que você está sentindo, pai?
—
Não sei ao certo, filho. Muitos sintomas.
O
rapazinho se volta para a mulher:
—
Mãe e não tem algum remédio que sirva pra ele?
—
Já tomou o que foi possível, meu filho ... e não adiantou nada...! — responde, respirando com
dificuldade.
O
rapazinho se aproxima:
—
Você também está sentindo alguma coisa!
—
N... não, filho! Estou bem. Acho que nervosa.
—
Para, mãe! Sei que você também está doente! Dá pra ver isso!
Da
cama o homem fala nervoso:
—
Eu já suspeitava, filho! Eu perguntei isso e ela
negou!
—
Por favor, não fiquem nervosos; eu só quero poder cuidar de você. — a mulher
retruca.
O
filho, com voz decidida, resolve falar:
—
Temos que ir a um hospital.
—
Não, filho! Calma!
—
Que calma o quê, mãe! Vocês dois estão doentes, então como é que eu fico?
Vamos, sim, procurar um hospital.
A
mulher põe a mão no peito, respirando com dificuldade.
O
filho se aproxima, segurando-a pelos ombros:
—
Mãe, dá pra levar o carro?
—
S... sim, filho.
Logo
se preparam para sair da casa em busca de socorro.
***
—
Scully... Scully... — murmura fracamente Mulder dentro do carro, sem nem poder
levantar o tórax do encosto do banco.
—
Agente Miller, vou pegar essa caixa. Não dá pra ficar
só olhando.
—
Que é isso, Agente Scully? Não faça uma coisa dessas!
—
Não posso esperar... não posso! Tenho certeza de que
isso não veio por acaso.
Ele
a impede:
—
Calma, calma então!
Miller
aproxima cautelosamente os dedos na caixa que está no chão. Pega-a, cuidadosamente.
—
Não é pesada, Agente Scully.
—
Será que dá para abri-la?
—
Abrir... isto...?! — ele faz um bico com os lábios.
—
Scully... — novamente Mulder chama.
—
Sim, Mulder...? Estou aqui.
Mulder
dá sinais de que está perigosamente mal.
—
Mulder! Mulder! Oh, meu Deus! Mulder... está me
ouvindo?
Ele
apenas pestaneja, fitando-a.
—
Mulder... estivemos separados sim, meu amado, mas eu
não aguento mais essa situação; então você tem que ficar curado e
poderemos viver nossa vida juntos, meu amor!
Diga, fale alguma coisa... concorda comigo?
Ele
ergue a mão, tocando-a no rosto dela, com carinho, faz um gesto afirmativo com
a cabeça, sem falar.
Ela
o agarra com força:
—
Não me deixe agora, Mulder! Não! Eu preciso de você, muito, meu amor!
—
Agente Scully! — chama Miller.
Dana
enxuga os olhos para ver o Agente adiante.
—
Espera um pouco, Mulder. Tenho que ver uma coisa. — sai de dentro do veículo.
Miller
tem às mãos a caixa misteriosa.
—
Como conseguiu abri-la, Agente Miller?
—
Não foi complicado não. Veja o que tem dentro.
Ela
olha. Seu corpo se arrepia com o que vê:
—
Não pode ser! Impossível! — quase grita, movendo as pálpebras com rapidez,
tentando descobrir se é uma alucinação.
—
Por que fala assim?
—
Não é possível o que estou vendo aí, Agente Miller!
—
Estranho, Agente Scully; pra mim isso é apenas um brinquedo que se
coloca em...
— ... sim, sim... —
ela interrompe — ... em
berços!
Dana
cai em prantos.
—
O que houve, Agente Scully? O que está acontecendo? O
que está vendo aqui neste...
—
Isto estava, sim... pendurado
no berço do meu filho!
—
Ah, como pode...? Não me diga que está achando que este mesmo artefato é o que
tinha em sua casa...
— ... esse mesmo! —
soluça.
—
Como pode ter certeza?
—
Porque essa peça aqui... — mostra a estrelinha no local — ...
havia sido quebrada... e ... aqui está ela do jeito que ficou lá em casa.
—
Não é possível!
—
E por que lembrar meu filho? Por que? — ela se
desespera agora — Agente Miller, por favor, vamos sim agora para o hospital e depois
me
ajude a encontrar meu filho... por favor! Me ajude!
Ela
medita por alguns segundos:
“Aahn...
isso seria algum aviso...? Para eu ir procurar meu filho?”
—
Com certeza, Agente Scully, vou ajudá-la sim. Conte
comigo. — olha para o alto e seus
pensamentos voltam-se para as aberrações
que estão acontecendo diante de si :
“ Mas
que estranho vir esse negócio através de um OVNI... de outro planeta...” — pensa, intrigado.
—
Entre no carro Agente Scully.
Dana
entra e, com cuidado, abraça o corpo de Mulder, que está quase desacordado.
Miller
pega o volante.
Saem
dali, tentando a maior rapidez entre a enxurrada de veículos ocupando o local.
***
Dois
enfermeiros ajudam Mulder ser levado para dentro do
hospital em uma cadeira de rodas.
A
enfermeira se aproxima:
—
Doutora Scully, a situação está cada vez pior. O número de pessoas à procura de
ajuda está aumentando a cada hora!
—
Por favor, leve o meu paciente para o quarto, rápido! Aplique nele os
medicamentos que já prescrevi.
—
Sim, doutora Scully.
A
enfermeira se afasta junto com os outros dois que levam Mulder.
Dana
os acompanha.
Mulder
é colocado no leito com todos os procedimentos a serem aplicados.
“Preciso segurar a vida
desse homem que tanto amo; não quero que ele me deixe para sempre. Me ajuda, meu Deus!
— os pensamentos
dela estão de desespero, mas com esperança —
Junto ao Agente Miller, hei de encontrar
William! Encontrarei meu filho.”
***
A
mulher ao volante, mal pode aguentar se manter para
seguir com a direção do carro.
—
Mãe, como você está se sentindo? — o menino quer saber.
—
Um... pouc... pouco... melhor. — responde.
—
Sei que você não está bem. Como podemos fazer? — ele está preocupado.
—
Pode deixar... filho... eu
aguento.
Durante
alguns minutos ela consegue se manter atenta à
direção.
—
Cuidado, mãe! — grita o menino, em dado momento.
O
veículo é bruscamente levado a subir na calçada e atirado contra um poste.
O
adolescente, desesperado, passando a mão na testa ferida, da qual está correndo
sangue, consegue, com muita dificuldade, abrir a porta do carro.
Vários
veículos passam no momento.
—
Me ajudem! Socorro! — grita o jovem.
Dois
motoristas param seus carros e se prontificam a ajudar a família.
—
Calma, menino! — fala um dos homens — Vamos ajuda-los.
—
Para onde vocês estão indo? — pergunta o outro.
—
Estou levando meus pais para um hospital. Os dois estão doentes. Minha mãe
tentou chegar lá, mas não conseguiu!
Logo
os homens olham o pai e a mãe do rapazinho dentro do veículo.
—
Rápido, amigo! — um homem fala com o outro.
—
E como estão eles?
—
Felizmente parece que não se feriram muito; pelo menos dá pra ver que não tem
nada indicando isso.
—
Talvez alguma pancada grave possa ter causado algo...
—
Exato. Temos que levá-los urgente.
—
Por favor! Por favor! — pede o filho do casal.
Os
homens colocam o casal num dos carros.
O
menino entra também.
—
Steve, leve o carro, porque vou levar os nossos amigos ao hospital, ok? — diz
um dos motoristas, para o outro que está no seu carro.
—
Ah, você conhece essa família? — pergunta o outro motorista.
—
Sim, somos vizinhos
***
Dana
acaba de atender pacientes no quarto repleto de macas, nas quais estão os
doentes. Suspira, cansada. Dirige-se agora para o quarto
onde está o seu amado.
Miller
está sentado junto à porta de entrada.
—
Agente Miller, não consigo parar aqui, junto de
Mulder, cuidar dele.
—
Compreendo, Agente Scully.
Os
olhos dela se enchem d’água:
—
Preciso muito sair daqui, Agente Miller. Você bem sabe porquê,
mas... — leva a mão ao rosto — ... não
estou conseguindo.
Ele
se levanta:
—
Calma, Agente Sculy; tenho
certeza de que tudo dará certo.
Ela,
com o rosto entre as mãos está nervosa:
—
Eu não posso perder o homem que amo.
—
Compreendo...
—
E preciso achar meu filho... preciso, porque há
necessidade disso para salvar o pai dele... e eu
quero...
— ... eu sei o que
tem no coração, Agente Scully.
— ... quero meu
filho de volta! — está mais nervosa — E por que me foi enviado aquele
artefato do berço dele...? Por quê...? Para quê...?
É
um aviso?
—
Agente Scully — ele fala mansamente — você e o Agente Mulder bem conhecem esses
OVNIs, então só se pode esperar que querem
lhe ajudar... e ninguém pode saber
quem!
Uma
enfermeira se aproxima, caminhando rapidamente:
—
Doutora Scully, dá até pena ver o que acabamos de receber.
—
O que houve?
—
Uma família doente.
—
Entendo. Mas espere só mais um momento ou chame o doutor
Martin.
—
Ele está totalmente ocupado, doutora.
—
Ok, logo, logo vou até lá. Aguarde aqui.
—
Pois não, doutora Scully.
Dana
entra no quarto.
Mulder
entubado e cheio de outros aparelhos a ele ligados, tem a
fisionomia muito abatida.
—
Mulder... amor... preciso de
você...! Não me deixe! Eu não vou aguentar, Mulder!
Não me deixe! Enfrente com garra essa situação. Vou
buscar sua cura! Acredite!
Ela
acarinha os cabelos dele. Retira a mão, lentamente. Fita-o, carinhosamente.
Suspira. Na sua mente vem à tona ocasiões importantes
de
sua vida, quando ainda jovens, sempre trabalhando juntos.
“Posso não ter os
Arquivos-X, Scully... mais ainda tenho meu trabalho e ainda tenho você e ainda
tenho a mim...”
“Por que não vai pra casa
dormir um pouquinho, Mulder?”— eu disse a ele.
E veio aquele sorriso
envolvente, encostando a cabeça no meu corpo, envolvendo-me as costas com seus
braços quentes, então afaguei-lhe
os
cabelos ternamente.
E naquela audiência ele
reaparece; meu coração pula de emoção:
“Posso colocar meus braços à
sua volta, Scully. Os dois!” — falou, me acariciando
as costas.
E quando da recuperação
daquela terrível doença, ele abraçou-me com ternura, enquanto eu chorava
recostada ao peito dele:
“Bem vinda de volta.”
Agora
Dana tira de seus pensamentos as cenas emocionantes do passado, afasta-se do
leito e sai do quarto.
A
enfermeira a está aguardando na porta.
—
Vamos... — dirige-se ao colega — Agente Miller, vou procurar agir o
mais rápido possível, ok? Volto já.
—
Eu aguardo, Agente Scully.
Dana
e a enfermeira caminham no imenso corredor.
—
A família toda está doente? Quantos são? — pergunta.
—
Não, doutora Scully; eles tem um filho que está bem,
apesar de um pouco ferido. Eles sofreram um acidente. Desastre de carro.
—
Ah, entendo.
Chegam
ao quarto.
O
casal já está nas respectivas camas.
Um
jovem, com ar preocupado, vê a chegada da médica e a enfermeira.
Dana
se aproxima:
—
Vou ver seus pais, tá bem? Eles vão sarar disso tudo.
—
Nós sofremos um acidente de carro e eles já estavam se sentindo mal quando
viemos para o hospital, e não estão com ferimentos,
mas não sei se estão com algum problema em
ossos, nervos, músculos...
Dana
sorri, achando o rapazinho muito esperto.
—
Mary... — fala com a enfermeira — ... por favor, providencie rapidamente radiografias e os outros
exames que vou lhe dizer.
E
logo instrui a enfermeira, que sai rapidamente do local.
Dana
examina cada doente.
Logo
sua mente lhe traz algo:
“Parece que já vi essa
criatura em algum lugar.” — pensa, enquanto examina o casal.
—
Minha mãe estava mais ou menos e tentou dirigir, para virmos ao hospital, mas
passou mal e... — explica o jovem.
—
Não se preocupe. Faremos tudo que for possível. — se aproxima para afagar o
ombro do rapazinho.
—
Vou cuidar desse ferimento na sua cabeça.
Pega
então medicamentos, algodão e outros para limpar e tratar o ferimento do qual
corre um pequeno filete de sangue.
E
com cuidado vai fazendo o que é preciso, entre os cabelos do menino.
Ele
a está fitando, atentamente. Sente algo diferente nesse instante. Franze o
cenho, tentando entender o que está acontecendo.
“William era uma rã gigante
Era um bom amigo
Nunca entendia o que ele dizia,
Mas eu o ajudava a beber o seu vinho...”
”No
profundo mar azul
Uma alegria para nós
Se eu fosse o rio do
mundo
Diria
o que faria.”
“Abri mês olhinhos e vi os cabelos ruivos e o doce
sorriso olhando para mim, que estava bem aconchegado em seu colo.
Mamã...”
William,
subitamente, sai de seu estado de sonho.
—
Meu Deus! — exclama, fitando a médica à sua frente.
—
Que foi? — ela pergunta normalmente, enquanto está agora junto ao leito,
examinando a pulsação da mulher na cama.
—
É você! — ele exclama.
Agora
Dana se volta para olhar o jovem:
—
Que está querendo dizer? — sorri levemente.
—
É você!
—
Sou eu ... o quê? Que está
querendo me dizer? Fale!
Ele
está de boca aberta.
—
Você está bem? Sente alguma coisa? — ela quer saber.
Ele
não responde e continua fitando-a de modo que demonstra susto, medo, surpresa,
encanto, amor.
Ela
o observa então, sem entender a expressão do jovem.
—
É você... pensei nunca vê-la... – ele murmura.
Dana
se aproxima dele, agora:
—
Por favor, me diga o que está acontecendo... a que se
refere...!? — pede, lábios entreabertos, fitando o
rapazinho e dentro do
seu peito corre algo estranho, um
sentimento que a atormenta agora.
E
lhe vem, de repente, à mente um desejo de perguntar:
—
Me diga; qual é o seu nome?
O
jovem a fita mais intensamente.
“... e deveria ser um ótimo vinho
Uma alegria para o mundo...
Meninos e meninas
Uma alegria para os peixes...”
Sua
mente volta a rememorar o passado, quando era apenas um bebê nos braços daquele mulher ali à sua frente, linda, carinhosa. Mas,
num repente, torna ao presente, tão
importante neste momento:
—
Meu nome é William.
Dana
fecha os olhos. Sente que o chão parece estar longe de seus pés.
“Meu Deus, meu Deus, isso é possível?! Esse
menino aqui é ... o meu filho?”
Seus
pensamentos agitados a deixam completamente sem ação. Nem percebe que seus
dedos perdem o controle e assim com as mãos
enfraquecendo, vai deixando cair no chão um
termômetro que está segurando.
William,
com o semblante de extrema ansiedade, fita-a intensamente.
Dana
se aproxima devagar, toca com os dedos o rosto do jovem:
—
William ...
—
Você ... é minha mãe...! —
murmura.
—
William... meu filho!
— seu semblante não consegue conter o choro, as lágrimas que fluem
intensamente; não consegue se conter e
faz um gesto de que deseja um abraço.
O
adolescente se joga em seus braços.
Ambos
soluçam nesse inusitado encontro.
Logo,
porém, William percebe dentro de si que não deve continuar com atitudes
desenfreadas de amor por uma pessoa desconhecida, que
nunca lhe deu o devido amor, carinho,
atenção. Abre os lábios, respira, enxuga os olhos; pestaneja
várias vezes.
***
A
enfermeira, juntamente com outro médico, está providenciando os devidos exames
no casal que havia chegado junto com seu filho adolescente.
Dana
havia agradecido ao Agente Miller por sua paciência em esperar por sua decisão,
mas ele compreendera tudo o que estava acontecendo,
saindo então do hospital.
***
Agora,
sentados numa sala, Dana começa a explicação:
—
William, por favor, me perdoa; o que fiz foi por necessidade de salvar a sua
vida. — ainda com os olhos rasos d’água ela explica — Eu tive
que entregar você a outra família.
—
Entendo, entendo. — ele fala — quem queria me tirar de você? E estavam a fim de
me matar?
Ela
para de fitar o filho; torce as mãos, fecha os olhos, baixando a cabeça, afirma
positivamente.
—
William, depois lhe explico melhor tudo o que
aconteceu; quero falar agora é que você não viu ainda seu pai...
— ... meu pai...?
—
S... sim, você tem um pai. — ela sorri entre as
lágrimas — e ele está aqui neste hospital.
Ele
se levanta, admirado:
—
Está aqui? Doente?
—
Sim, William... — ela baixa a cabeça, ainda torcendo as mãos — ele está muito
mal e dependendo somente ... de
você. — conclui, com dificuldade.
—
Dependendo de mim...? Não entendi.
Agora
Dana começa a explicar tudo a seu filho. Tomara essa decisão porque não poderia
continuar essa situação de incerteza na vida de William.
Ela
tem certeza de que o rapazinho, embora sendo de pouca idade, tem a mente bem
esperta para entender o que vai narrar.
—
William, meu filho... seu pai precisa receber células
tronco de você para poder sobreviver. Precisamos de você, meu filho! — está
emocionada
e
fala com dificuldade — A vida dele depende unicamente de você, William!
Unicamente de você...!
Ele
a ouve com atenção e pergunta:
—
Me diga, por favor, o que são na verdade, essas células?
—
Vou lhe explicar da maneira mais resumida possível: essas células têm
capacidade de se dividir, dando origem às células semelhantes
às
originais. Elas têm capacidade de se transformar em outros tecidos do corpo, como ossos,
nervos, músculos e sangue.
—
E vão ser retiradas de um negócio chamado medula óssea, é isso mesmo?
Dana
sorri, com ar de carinho para o adolescente tão
inteligente como seu filho se apresenta.
—
Sim, William.
Ela
abaixa a cabeça, põe as mãos no colo, para perguntar:
—
Pode me explicar o que é medula óssea? Isso eu não sei.
—
Claro! — fita-o, carinhosamente — É um tecido líquido gelatinoso, que ocupa o
interior dos ossos, conhecida popularmente por tutano.
—
Ah... — ele faz, admirado e com fisionomia um tanto feliz por aprender.
Agora
William se volta completamente para Dana e com o lábio inferior pressionando o
superior, como que demonstrando autoridade, fala:
—
Tudo bem. Estou decidido a salvar esse homem!
Dana
o fita com doçura, agradecida pela decisão do seu filho.
Saem
de onde estão e de mãos dadas percorrem o extenso corredor. Chegam diante de
uma porta.
—
É aqui, William.
Ele
entra primeiro; ela o segue.
Mulder
está de olhos fechados, agora somente com o aparelho de soro ligado em seu
braço.
—
Ele é o ... meu pai... —
murmura William com um leve sorriso — ... e você
minha mãe.
Um
ruído discreto aparece no ambiente.
Dana
procura com o olhar de onde vem o tal ruído.
—
O que é isso...? — ela murmura.
William
observa, atento, as quatro paredes do ambiente. Seu
olhar se fixa num objeto.
—
O ruído está vindo dali, William! — fala Dana.
—
Estou percebendo; o que tem ali?
Ela,
já com os olhos marejados, chega até a caixa sobre uma mesa. Segura-a com as
duas mãos, apresentando-a ao jovem.
Ele
encosta os dedos no objeto e sente a vibração.
—
Estou sentindo que tem um aparelho aí dentro. — diz.
Dana
abre a caixa.
Dentro
o artefato,com suas estrelas, estremece ainda mais
forte neste momento, junto de William.
—
Isto é um daqueles brinquedos usados... — franze o cenho, parecendo entender
algo.
— ... usado no seu
berço, quando você era bebê. — ela explica, colocando o dorso da mão sobre a
boca, tremendo de emoção.
William
se entrega ao
forte abraço de Dana, mas agora não tem a mesma reação anterior. Mantém os
braços arriados ao longo do corpo e as mãos
crispadas.
Neste
instante Mulder, no leito, parecendo despertar, murmura algumas palavras:
—
Scully... eu...
Dana
se dirige rápido para próximo do leito, volta-se para seu filho, estendendo a
mão para chamá-lo.
—
Scully... estou vendo...
— ... o que, Mulder?
— ela não consegue conter as lágrimas — Está vendo o quê... quem...?
— ela tenta fazê-lo entender a presença de mais alguém ali.
Mulder
continua, fracamente, tentando falar:
— ... estou vendo...
você... chorando, Dana. —
suspira longamente — Eu não vou embora... porque... eu te amo Dana! Não quero te deixar! Precisamos
ser felizes... ainda!
Ela,
segurando-lhe a mão, apenas deixa que as lágrimas lhe corram pela face. Estende
a mão para que William se aproxime mais do leito.
E
ele chega mais perto, neste momento muito emocionado.
—
Mulder, — fala Dana — aqui está... — as lágrimas continuam a lhe escorrerem
pela face — ... nosso filho!
Mulder
esboça um olhar mais atento:
—
William...? William...?!
—
Sim, sou eu.
Um
leve sorriso aparece nos lábios de Mulder:
—
William... meu f... filho?
—
Sim, Mulder, — ela explica — nosso filho.
Ela
abaixa o rosto, encostando-o no peito do seu amado.
William,
segurando a mão do pai, agora não consegue impedir que as lágrimas lhe encham os olhos. É
muita emoção.
—
Mulder, nosso filho está pronto a fazer tudo para curá-lo.
—
Sim! Você vai sair daqui livre disso tudo que o está atacando. – diz o jovem.
—
Como...? Por que...? — Mulder sussurra, sem entender.
—
Porque você vai receber células tronco de seu filho, pois ele está protegido
hereditariamente, entendeu? — ela fala — Depois de tudo,
explicaremos melhor; você vai ficar curado, Mulder!
—
E... poderemos... ficar
juntos... para sempre? — ele pergunta, fitando os dois
à sua frente, junto ao leito.
Dana
passa os dedos na face dele, enxugando as lágrimas que correm lentamente:
—
Sim, Mulder, porque eu não posso mais viver longe de você.
Os
olhos de Mulder se dirigem para William, esperando uma resposta positiva à sua
pergunta.
O
rapazinho mantém o olhar no pai, porém nada fala.
—
Doutora Scully! — a voz da enfermeira ecoa no ambiente.
Dana
se dirige para a moça que acaba de entrar.
Na
mente de Mulder, embora ali, de corpo entregue àquela doença, sua mente
rememora o passado e começa a pensar:
“Chamamos
de milagre da vida. Concepção, a união perfeita dos
opostos. Essência que se transforma em existência. Sem
isso a humanidade
não
existiria e a humanidade para de existir. Ou seria isso só a nostalgia? Um ato
da biologia usado pela ciência e a tecnologia?
Como Deus, extraímos, implantamos, inseminamos e clonamos. Nossa ingenuidade
transformou o milagre num simples truque? No ardil da
réplica da
vida podemos virar criadores? Mas e a alma? Ela também pode ser replicada?Ela
vive nessa matéria que chamamos DNA? Ou sua
existência é o
oposto do ardil... que só Deus pode criar?
Como esta criança... meu filho... veio a existir? O que
faz seu coração bater? É produto de uma união... ou o
trabalho de uma mão Divina?
Uma prece atendida? Um
verdadeiro milagre? Ou uma maravilha da tecnologia... com
a intervenção de outras mãos?
O que digo a esta criança
sobre o seu nascimento? O que digo a Scully? O que digo a mim mesmo?”
***
Mulder
está sendo retirado da sala de cirurgia.
Dana
vai se livrando, calmamente, das luvas e máscara, jogando-as num recipiente
apropriado.
Os
outros dois médicos fazem o mesmo e saem do ambiente.
Ela
fecha os olhos; para por alguns segundos:
“Oh, meu Deus! Está em Suas
mãos a cura do homem que amo, pai do meu filho...”
Em
seguida sai dali. Caminha pelo longo corredor, mas enquanto isso vem à sua
memória tudo que guarda desde os tempos em que podia ter
seu filho William, o fruto do seu amor com
Mulder:
“Um dia me pedirá para
contar a verdade sobre o milagre do seu nascimento, para explicar o que é
inexplicável e, se eu vacilar ou falhar, saiba
que há
uma resposta, meu filho. Uma verdade imortal e sagrada, que talvez não consiga
descobrir sozinho.
A chance de conhecer seu
outro perfeito... seu oposto perfeito... seu protetor e sua ameaça. A chance de embarcar com ele na
maior das
jornadas... uma busca pelas verdades fugazes e imponderáveis.
Se um dia esta chance
aparecer, meu filho... não falhe nem vacile em
agarrá-la. As verdades estão lá fora. Se um dia vir um milagre como
vejo em
você... saberá que a verdade não se encontra na
ciência... nem em plano oculto... mas
em seu próprio coração. E, nesse momento, será
abençoado... e ficará tocado, pois as maiores verdades são as que nos
mantém firmes... ou as que nos mantém... dolorosamente separados.”
Ela
sente que seu coração palpita forte; pensamentos de dúvida pairam em sua mente.
“Encontrei meu filho... mas ... e agora? Tudo voltará a ser como antes? Ele deu o
retorno da vida a seu pai, cumpriu sua missão de salvar uma
vida...
mas e aí? Foi criado pelos pais adotivos e, naturalmente não sente o mesmo
carinho por seus pais biológicos.”
Neste
momento ela já está entrando no quarto onde se encontram o casal Van De Kamp.
William
está sentado junto a uma janela, de cabeça baixa, olhar fixo em suas mãos
cruzadas sobre as pernas.
—
Oi! — ela fala.
Ele
apenas levanta a cabeça para olhá-la.
—
Como eles estão? — o rapazinho pergunta, apontando o casal nos leitos.
Dana
franze os lábios. Nem sabe como responder, mas vai tentar dar uma resposta:
—
William, ainda não temos previsão de como poderão
livrar-se desse mal; — fecha os olhos —
a situação deles é bastante grave.
Dana
para por segundos, fitando seu filho, enquanto ele volta à posição anterior,
baixando a cabeça. Cruza as mãos mantendo-as em movimento.
Dana
fecha os olhos novamente, por segundos, respira fundo:
—
William, meu filho, eu e seu pai agradecemos demais seu gesto de
proporcionar-lhe a cura para a doença o que atingiu. Não sei, não tenho
palavras para lhe dizer o que o meu coração tem
para falar com você, filho.
Ele
continua de cabeça baixa, apenas ouvindo-a falar.
Dana
fecha os olhos, enquanto uma lágrima lhe aparece entre os olhos. Encosta as
mãos cruzadas sobre o peito arfante e continua:
—
Sei que você nunca perdoará por tê-lo abandonado, mas se me der uma chance,
posso lhe dizer o motivo dessa atitude irreparável de uma
mãe
atormentada, que apenas queria a sobrevivência do pequeno ser que havia gerado.
Me perdoa, meu filho.
Agora
ele a olha, franzindo a testa ao perguntar:
—
Eu fui ameaçado por alguém? Queriam a minha morte?
— Vou lhe contar, exatamente, o que aconteceu, William. Você foi sequestrado; foi uma loucura para essa sua mãe desesperada! Certo dia
você
foi quase retirado do seu berço, mas usei toda a força do meu ódio contra
aquele perverso e consegui dominar o miserável.
—
Ele queria o quê comigo?
—
Queria levá-lo para um sujeito chamado Josepho e você
seria levado... — ela cobre o rosto com as mãos.
...
para onde?
— para um OVNI e havia uma determinação deles de que você teria que morrer porque, segundo ele dizia, seu pai já estava morto. E isso tudo para
cumprir
uma profecia.
—
Então nasci sob uma maldição.
— Não, não filho, não fale assim! E eu, louca de desespero, ao lado de uma colega de trabalho, fui procurar você, William, num lugar descampado,
à noite. E pude, assim, levá-lo de volta, mas não poderia ficar com você. Isso... toda essa desgraça para uma mãe que sempre desejara ter um filho,
um
ser gerado no seu ventre, era um sofrimento sem par. Então, para livrá-lo
de toda essa desgraça...
— ... fui doado
para... — ele leva o olhar em direção dos dois leitos naquele quarto.
Neste
instante dois médicos entram, dirigindo-se para o
casal doente.
Dana
se levanta para falar com eles:
—
Doutora Scully, podemos agora lhe dar um diagnóstico exato.
Ela
franze o cenho, preocupada.
—
Não temos como tirar dessas pessoas a doença que os
atacou. — eles comentam em baixa voz.
Dana
morde os lábios e olha para seu filho, distante deles.
Os
três médicos conversam por alguns minutos.
William
os observa.
Saem
da sala os médicos que haviam falado com Dana.
Ela
se aproxima do filho.
—
O que seus colegas lhe falaram sobre meus pais?
Ela
morde os lábios, passa o dedo sobre o lábio superior; baixa a vista; suspira:
—
William, temos que aguardar, ainda. Está sendo bem difícil o tratamento dos...
— ela pisca para falar — ... seus
pais.
O
jovem abaixa a cabeça, contristado.
—
William, posso lhe convidar para ir à minha casa, enquanto o tratamento prossegue?
Nesses dias todos você não foi para sua casa e então foi para onde?
—
Tenho um tio que me acolhe.
—
Aahn ...
mas quer ir comigo hoje?
Ele
a olha apenas, para falar:
—
Não, obrigado.
Dana
não insiste; balança a cabeça, franze os lábios.
Em
seguida sai do quarto.
DIAS
DEPOIS...
—
Scully, estou me sentindo cada vez melhor.
—
Ótimo, Mulder. Era o sonho da minha
vida vê-lo bem, livre de tudo aquilo.
Ele,
apoiado na varanda, fita o caminho verde à sua frente:
—
Tudo aquilo que você falou em meus ouvidos lá no hospital, saiu de dentro do
seu coração?
Ela,
ao lado dele, responde:
—
Você tem alguma dúvida, Mulder?
Ele
se volta para ela e a prende em seus braços:
— Não podemos viver mais distante um do outro, Scully. Eu levava uma vida inútil, sem prazer, sem condições de continuar seguindo o percurso
frio
que estava tentando fazer.
— E você pensa que eu estava conformada, Mulder? Minha vida eu a levava com garra, porque o trabalho não me dava tempo de pensar, de
imaginar
coisas boas para minha vida. Era um sofrimento sem fim...
— ... mas chegou o fim disso tudo, amor! — aperta-a mais contra si — Tudo isso acabou. Talvez tenha sido uma experiência, a fim de testar se
realmente precisamos um do outro.
—
Mesmo? — ela dá uma risadinha, enquanto lhe beija o peito desnudo.
—
Scully... Dana...
— ... amo quando
você me chama assim!
— ... Dana, você é a minha vida! Faz parte da minha vida desde quando a conheci. Não sei como tive forças para viver separado de você tanto
tempo. Te amo...!
— ele lhe procura os lábios, com sofreguidão, enquanto introduz os dedos entre
seus ruivos cabelos.
Mantém-se agarrados, cheios de paixão por vários
minutos.
—
Scully...
—
Hum...?
—
Está faltando algo para completar nosso lar, nossa vida.
—
Eu sei. — ela o fita, agora os olhos marejados de lágrimas.
—
Você acha que William não vai querer viver com a gente?
—
Não sei, Mulder, não sei... peço
a Deus que possamos ter nosso filho conosco. Psicologicamente qual é a sua
opinião sobre isso?
— Vou dizer uma coisa a você: as crianças adotadas tem mais probabilidade de ter problemas e sofrem de depressão ou distúrbios de ansiedade.
E, na verdade, todos os adolescentes lutam para encontrar sua identidade. E aí faz sentido que as crianças adotadas lutam mais que as outras.
É sempre questionado
quando algum filho adotivo demonstra revolta ou quer conhecer os pais biológicos.
— Então você acha que
nosso filho está passando por tudo isso?
— Não tenha dúvida, Scully, porque na verdade ele foi salvo por pessoas que o trataram bem, amorosas, delicadas, altruístas..., mas já imaginou
como ele se sente agora?
— Rejeitado,
abandonado, enganado.
— Exato, meu amor.
— Então como faremos?
— ela encosta o rosto sobre o peito dele, enquanto chora.
— Vamos aguardar,
tendo paciência, esperança e certeza de que tudo se resolverá da melhor maneira
e nosso filho estará logo ao nosso lado para sempre.
Ele lhe beija os
cabelos, acariciando-lhe as costas, aconchegando-a cada vez mais ao seu corpo.
— Preciso muito de
você, Dana...!
Ela levanta o olhar
para fitá-lo e mostrar que sempre que o seu amado a chama assim, ela se enche
de emoção e prazer.
— E eu de você,
Mulder e...
— ... nosso William junto de nós.
***
Dana
segue pelo corredor, apressada.
Encontra
uma enfermeira:
—
Me diga, Mary onde está o rapazinho que é filho do
casal Van De Kamp?
—
Ele está sentado lá na recepção, doutora, aguardando documentos.
—
Obrigada. — segue caminhando pelo corredor e logo chega até onde está o jovem.
—
William!
Ele
a olha, apenas; nada fala.
Dana
toca em seu ombro, acariciando-o.
—
William, fizemos todo o possível...
— ... não precisa
falar nada; eu entendo perfeitamente... perdi meus
pais!
—
Sinto muito. — ela abaixa a cabeça, torcendo as mãos, nervosa ao extremo.
“Estou cada vez mais sem esperança de que meu filho me considere sua verdadeira mãe... ele me trata muito friamente... mas claro! Foi amado
e
cuidado tantos anos por aquele casal...” —
seus pensamentos a deixam quase desnorteada.
Um
homem se aproxima:
—
Ah, a senhora é que cuidou dos meus parentes?
—
Sim, ela é ... — William aperta os lábios para continuar ... — é a doutora Scully.
Dana
cumprimenta o homem.
—
Bem, lhe agradecemos doutora. Agora só estamos esperando toda a documentação,
para irmos embora.
Ela
ergue o olhar e o abaixa novamente:
—
Você vai com ele, William?
O
adolescente está cobrindo os lábios com a mão e, ao mesmo tempo, tirando um
pedaço de unha com os dentes.
No seu coração existe o desejo de abraçar Dana, dizer-lhe que deseja estar com ela em todos os momentos restantes de sua vida; no entanto a
mente,
que é a parte em que lhe pesam os sentimentos impuros, faz com que ele apenas
comece a deixar sair de seus lábios o que está planejando.
—
Sim, vou com meu tio agora
mas... — responde.
— ... mas...? — ela,
neste momento, quer uma resposta que lhe dê não apenas a esperança, mas a realização de seu
sonho.
O
tio de William se antecede à pergunta de Dana:
— Meu sobrinho optou em ficar internado numa Instituição para Menores, doutora Scully. Infelizmente esse é o desejo dele e eu não posso contrariá-lo.
—
explica o tio, um tanto chateado pela decisão do sobrinho.
Dana abaixa a cabeça, porém logo se aproxima da janela e fica fitando o céu repleto de nuvens brancas, onde, parecendo o desenho de um arco em
movimento,
pássaros voam livremente através do
azul luminoso do espaço.