ENTRE A A ANGÚSTIA E A ESPERANÇA

 

UMA CONTINUAÇÃO DO EPISÓDIO MY STRUGGLE II

 

CRIAÇÃO DE: WANILDA - MADA CAMARGO - ELAINE REGINA

 

     

 

               MARÇO 2016                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

Dana continua fitando a luz vinda do OVNI ali, sobre eles.

Mulder, abrindo os olhos com dificuldade, murmura:

— Scully... me tira daqui...vamos sair... daqui...

Ela, sem saber o que fazer, permanece junto a ele, fitando o objeto voador, que continua lançando seus raios sobre eles.

O Agente Miller tenta entender o que está acontecendo.

— Por favor, Agente Scully, o que podemos fazer?

Mulder murmura fraca e compassadamente:

— Scully, não estão ... interessados... em nós...!

— Por que você fala isso? — pergunta  — Como sabe disso, Mulder?

— Meu... ah... sexto sentido... — explica.

— Mulder... — ela fala, mas logo se volta para o Agente Miller — ... precisamos sair daqui.

— Como, Agente Scully? E o risco que podemos correr?

Em desespero Dana, com os olhos voltados para o OVNI e também para Mulder, nem sabe o que pensar, resolver, enfim,

sente-se totalmente perdida. Mas sabe que não pode deixar-se levar pelo desespero.

— Agente Miller, por favor, precisamos retornar ao hospital.

— Não entendi, Agente Scully... quer voltar pra lá?

— Sim, é necessário , porque chegando lá posso ir aplicando um medicamento que... — ela para de falar.

Sei, Agente Scully, compreendo sua emoção. Fique calma, que logo retornaremos, embora a confusão no trânsito esteja cada vez pior.

O Agente observa que realmente o disco voador continua jogando seus raios sobre Dana e Mulder.

Inesperadamente o OVNI, girando numa impressionante velocidade,  ainda lançando raios, deixa vir ao solo um objeto, que vai pelo

espaço em direção dos Agentes ali em pé, junto do carro.

— O que é isso?! — grita Dana.

O Agente Miller abre os olhos, espantado:

— Algo veio de lá! — ele grita — Afaste-se!

O ruído da queda do estranho objeto os fez se aproximarem mais do carro.

E numa rapidez extrema o OVNI, girando vertiginosamente, vai na direção do espaço, afastando-se deles.

— O que foi jogado aqui no chão, Agente Miller?

— Não sei, Agente Scully.

Mulder, abrindo os olhos com dificuldade, tenta enxergar alguma coisa do que está acontecendo.

Miller dá alguns passos.

— Cuidado, Agente Miller; cuidado com isso aí!

Ele se aproxima mais do objeto:

— Agente Scully, é uma caixa!

— Caixa...?!

— Sim, não sei explicar o material do que ela é feita.

Dana se volta para Mulder:

Mulder, vou até ali; fique quietinho aí, por favor!

Ele apenas pisca os olhos.

E Dana se afasta do carro e dá alguns passos em direção do estranho objeto no chão.

Miller faz o mesmo.

— O que será isso? E por que foi jogado em nossa direção?

— Pode se esperar tudo dos alienígenas, Agente Miller; sei muito bem.

***

— Não estou aguentando...! — se queixa o homem à mulher.

Calma, calma...! Isso vai passar!

— Não sei o que é isso que estou sentindo...

A mulher, com os olhos cheios de lágrimas, procura acalentar o marido em sua dor.

— Espera um pouco; vou buscar um copo d’água pra você tomar o remédio.

— Ok. — ele respira com dificuldade.

Ela se afasta do local. Vai ao ambiente próximo. Ali se coloca apoiada num móvel, as mãos segurando a cabeça.

“Ai...  essa dor não quer me deixar! Não estou aguentando esse terrível mal-estar! — pensa, sofrendo a doença pela qual está passando —

Não posso dizer ao meu marido que estou também assim tão doente!

Ela retorna para onde está o marido deitado na cama, com ar sofrido.

— Tome..., acho que esse remédio vai melhorar esse mal-estar.

— Será mesmo...? Já tomei outros que não me fizeram nenhum efeito.

— Eu sei, querido, eu sei. — entrega a ele o copo com água e o remédio.

— Que horas são? — ele pergunta, antes de engolir o comprimido.

— Já sei que quer saber se já é hora do nosso filho chegar. — ela fala, com dificuldade.

Ele a olha:

— Você está bem...?

— Sim! Sim! Por que pergunta?

O marido a olha mais uma vez, sentindo que ela está estranha.

Nesse instante um ruído é ouvido no ambiente.

— Ele já chegou... — murmura o homem.

— Oh, que bom! — a mãe exclama.

O adolescente entra no quarto, apressado:

— O que aconteceu, pai? Por que está deitado?

A mulher se aproxima:

— Filho, seu pai está doente.

— O que ele tem?

— Não sabemos.

O rapazinho se aproxima do leito:

— O que você está sentindo, pai?

— Não sei ao certo, filho. Muitos sintomas.

O rapazinho se volta para a mulher:

— Mãe e não tem algum remédio que sirva pra ele?

— Já tomou o que foi possível, meu filho ... e não adiantou nada...! — responde, respirando com dificuldade.

O rapazinho se aproxima:

— Você também está sentindo alguma coisa!

— N... não, filho! Estou bem. Acho que nervosa.

— Para, mãe! Sei que você também está doente! Dá pra ver isso!

Da cama o homem fala nervoso:

— Eu já suspeitava, filho! Eu perguntei isso e ela negou!

— Por favor, não fiquem nervosos; eu só quero poder cuidar de você. — a mulher retruca.

O filho, com voz decidida, resolve falar:

— Temos que ir a um hospital.

— Não, filho! Calma!

— Que calma o quê, mãe! Vocês dois estão doentes, então como é que eu fico? Vamos, sim, procurar um hospital.

A mulher põe a mão no peito, respirando com dificuldade.

O filho se aproxima, segurando-a pelos ombros:

— Mãe, dá pra levar o carro?

— S... sim, filho.

Logo se preparam para sair da casa em busca de socorro.

 

***

— Scully... Scully... — murmura fracamente Mulder dentro do carro, sem nem poder levantar o tórax do encosto do banco.

Agente Miller, vou pegar essa caixa. Não dá pra ficar só olhando.

— Que é isso, Agente Scully? Não faça uma coisa dessas!

— Não posso esperar... não posso! Tenho certeza de que isso não veio por acaso.

Ele a impede:

Calma, calma então!

Miller aproxima cautelosamente os dedos na caixa que está no chão. Pega-a, cuidadosamente.

— Não é pesada, Agente Scully.

— Será que dá para abri-la?

— Abrir... isto...?! — ele faz um bico com os lábios.

— Scully... — novamente Mulder chama.

— Sim, Mulder...? Estou aqui.

Mulder dá sinais de que está perigosamente mal.

— Mulder! Mulder! Oh, meu Deus! Mulder... está me ouvindo?

Ele apenas pestaneja, fitando-a.

— Mulder... estivemos separados sim, meu amado, mas eu não aguento mais essa situação; então você tem que ficar curado e

poderemos viver nossa vida juntos, meu amor! Diga, fale alguma coisa... concorda comigo?

Ele ergue a mão, tocando-a no rosto dela, com carinho, faz um gesto afirmativo com a cabeça, sem falar.

Ela o agarra com força:

— Não me deixe agora, Mulder! Não! Eu preciso de você, muito, meu amor!

— Agente Scully! — chama Miller.

Dana enxuga os olhos para ver o Agente adiante.

— Espera um pouco, Mulder. Tenho que ver uma coisa. — sai de dentro do veículo.

Miller tem às mãos a caixa misteriosa.

— Como conseguiu abri-la, Agente Miller?

— Não foi complicado não. Veja o que tem dentro.

Ela olha. Seu corpo se arrepia com o que vê:

— Não pode ser! Impossível! — quase grita, movendo as pálpebras com rapidez, tentando descobrir se é uma alucinação.

— Por que fala assim?

— Não é possível o que estou vendo aí, Agente Miller!

Estranho, Agente Scully;  pra mim isso é apenas um brinquedo que se coloca em...

— ... sim, sim... — ela interrompe — ... em berços!

Dana cai em prantos.

— O que houve, Agente Scully? O que está acontecendo? O que está vendo aqui neste...

— Isto estava, sim... pendurado no berço do meu filho!

— Ah, como pode...? Não me diga que está achando que este mesmo artefato é o que tinha em sua casa...

— ... esse mesmo! — soluça.

— Como pode ter certeza?

— Porque essa peça aqui... — mostra a estrelinha no local — ... havia sido quebrada... e ... aqui está ela do jeito que ficou lá em casa.

— Não é possível!

— E por que lembrar meu filho? Por que? — ela se desespera agora — Agente Miller, por favor, vamos sim agora para o hospital e depois

me ajude a encontrar meu filho... por favor! Me ajude!

Ela medita por alguns segundos:

Aahn... isso seria algum aviso...? Para eu ir procurar meu filho?”

— Com certeza, Agente Scully, vou ajudá-la sim. Conte comigo.  — olha para o alto e seus pensamentos voltam-se para as aberrações

que estão acontecendo diante de si :

Mas que estranho vir esse negócio através de um OVNI... de outro planeta...” — pensa, intrigado.

— Entre no carro Agente Scully.

Dana entra e, com cuidado, abraça o corpo de Mulder, que está quase desacordado.

Miller pega o volante.

Saem dali, tentando a maior rapidez entre a enxurrada de veículos ocupando o local.

***

Dois enfermeiros ajudam Mulder ser levado para dentro do hospital em uma cadeira de rodas.

A enfermeira se aproxima:

— Doutora Scully, a situação está cada vez pior. O número de pessoas à procura de ajuda está aumentando a cada hora!

— Por favor, leve o meu paciente para o quarto, rápido! Aplique nele os medicamentos que já prescrevi.

— Sim, doutora  Scully.

A enfermeira se afasta junto com os outros dois que levam Mulder.

Dana os acompanha.

Mulder é colocado no leito com todos os procedimentos a serem aplicados.

“Preciso segurar a vida desse homem que tanto amo; não quero que ele me deixe para sempre. Me ajuda, meu Deus! — os pensamentos

dela estão de desespero, mas com esperança — Junto ao Agente Miller, hei de encontrar William! Encontrarei meu filho.”

***

A mulher ao volante, mal pode aguentar se manter para seguir com a direção do carro.

— Mãe, como você está se sentindo? — o menino quer saber.

— Um... pouc... pouco... melhor. — responde.

— Sei que você não está bem. Como podemos fazer? — ele está preocupado.

— Pode deixar... filho... eu aguento.

Durante alguns minutos ela consegue se manter atenta à direção.

— Cuidado, mãe! — grita o menino, em dado momento.

O veículo é bruscamente levado a subir na calçada e atirado contra um poste.

O adolescente, desesperado, passando a mão na testa ferida, da qual está correndo sangue, consegue, com muita dificuldade, abrir a porta do carro.

Vários veículos passam no momento.

— Me ajudem! Socorro! — grita o jovem.

Dois motoristas param seus carros e se prontificam a ajudar a família.

Calma, menino! — fala um dos homens — Vamos ajuda-los.

— Para onde vocês estão indo? — pergunta o outro.

— Estou levando meus pais para um hospital. Os dois estão doentes. Minha mãe tentou chegar lá, mas não conseguiu!

Logo os homens olham o pai e a mãe do rapazinho dentro do veículo.

Rápido, amigo! — um homem fala com o outro.

— E como estão eles?

— Felizmente parece que não se feriram muito; pelo menos dá pra ver que não tem nada indicando isso.

— Talvez alguma pancada grave possa ter causado algo...

— Exato. Temos que levá-los urgente.

— Por favor! Por favor! — pede o filho do casal.

Os homens colocam o casal num dos carros.

O menino entra também.

— Steve, leve o carro, porque vou levar os nossos amigos ao hospital, ok? — diz um dos motoristas, para o outro que está no seu carro.

— Ah, você conhece essa família? — pergunta o outro motorista.

— Sim, somos vizinhos

***

Dana acaba de atender pacientes no quarto repleto de macas, nas quais estão os doentes. Suspira, cansada. Dirige-se agora para o quarto

onde está o seu amado.

Miller está sentado junto à porta de entrada.

Agente Miller, não consigo parar aqui, junto de Mulder, cuidar dele.

Compreendo, Agente Scully.

Os olhos dela se enchem d’água:

— Preciso muito sair daqui, Agente Miller. Você bem sabe porquê, mas... — leva a mão ao rosto — ... não estou conseguindo.

Ele se levanta:

Calma, Agente Sculy; tenho certeza de que tudo dará certo.

Ela, com o rosto entre as mãos está nervosa:

— Eu não posso perder o homem que amo.

— Compreendo...

— E preciso achar meu filho... preciso, porque há necessidade disso para salvar o pai dele... e eu quero...

— ... eu sei o que tem no coração, Agente Scully.

— ... quero meu filho de volta! — está mais nervosa  — E por que me foi enviado aquele artefato do berço dele...? Por quê...? Para quê...?

É um aviso?

— Agente Scully — ele fala mansamente — você e o Agente Mulder bem conhecem esses OVNIs, então só se pode esperar que querem

lhe ajudar...  e ninguém pode saber quem!

Uma enfermeira se aproxima, caminhando rapidamente:

— Doutora Scully, dá até pena ver o que acabamos de receber.

— O que houve?

— Uma família doente.

— Entendo. Mas espere só mais um momento ou chame o doutor

Martin.

— Ele está totalmente ocupado, doutora.

Ok, logo, logo vou até lá. Aguarde aqui.

— Pois não, doutora Scully.

Dana entra no quarto.

Mulder entubado e cheio de outros  aparelhos a ele ligados, tem a fisionomia muito abatida.

— Mulder... amor... preciso de você...! Não me deixe! Eu não vou aguentar, Mulder! Não me deixe! Enfrente com garra essa situação. Vou

buscar sua cura! Acredite!

Ela acarinha os cabelos dele. Retira a mão, lentamente. Fita-o, carinhosamente. Suspira. Na sua mente vem à tona ocasiões importantes

de sua vida, quando ainda jovens, sempre trabalhando juntos.

“Posso não ter os Arquivos-X, Scully... mais ainda tenho meu trabalho e ainda tenho você e ainda tenho a mim...

“Por que não vai pra casa dormir um pouquinho, Mulder?”— eu disse a ele.

E veio aquele sorriso envolvente, encostando a cabeça no meu corpo, envolvendo-me as costas com seus braços quentes, então afaguei-lhe

os cabelos ternamente.

E naquela audiência ele reaparece; meu coração pula de emoção:

“Posso colocar meus braços à sua volta, Scully. Os dois!” — falou, me acariciando as costas.

E quando da recuperação daquela terrível doença, ele abraçou-me com ternura, enquanto eu chorava recostada ao peito dele:

“Bem vinda de volta.”

Agora Dana tira de seus pensamentos as cenas emocionantes do passado, afasta-se do leito e sai do quarto.

A enfermeira a está aguardando na porta.

— Vamos... — dirige-se ao colega  — Agente Miller, vou procurar agir o mais rápido possível, ok? Volto já.

— Eu aguardo, Agente Scully.

Dana e a enfermeira caminham no imenso corredor.

— A família toda está doente? Quantos são? — pergunta.

— Não, doutora Scully; eles tem um filho que está bem, apesar de um pouco ferido. Eles sofreram um acidente. Desastre de carro.

— Ah, entendo.

Chegam ao quarto.

O casal já está nas respectivas camas.

Um jovem, com ar preocupado, vê a chegada da médica e a enfermeira.

Dana se aproxima:

— Vou ver seus pais, tá bem? Eles vão sarar disso tudo.

— Nós sofremos um acidente de carro e eles já estavam se sentindo mal quando viemos para o hospital, e não estão com ferimentos,

mas não sei se estão com algum problema em ossos, nervos, músculos...

Dana sorri, achando o rapazinho muito esperto.

— Mary... — fala com a enfermeira — ... por favor, providencie rapidamente radiografias e os outros exames que vou lhe dizer.

E logo instrui a enfermeira, que sai rapidamente do local.

Dana examina cada doente.

Logo sua mente lhe traz algo:

“Parece que já vi essa criatura em algum lugar.” — pensa, enquanto examina o casal.

— Minha mãe estava mais ou menos e tentou dirigir, para virmos ao hospital, mas passou mal e... — explica o jovem.

— Não se preocupe. Faremos tudo que for possível. — se aproxima para afagar o ombro do rapazinho.

— Vou cuidar desse ferimento na sua cabeça.

Pega então medicamentos, algodão e outros para limpar e tratar o ferimento do qual corre um pequeno filete de sangue.

E com cuidado vai fazendo o que é preciso, entre os cabelos do menino.

Ele a está fitando, atentamente. Sente algo diferente nesse instante. Franze o cenho, tentando entender o que está acontecendo.                       

 

“William era uma rã gigante

Era um bom amigo

Nunca entendia o que ele dizia,

Mas eu o ajudava a beber o seu vinho...”

MUSICApreto.png”No profundo mar azul

                                                 Uma alegria para nós

                                                 Se eu fosse o rio do mundo

                                                 Diria o que faria.”

 

“Abri mês olhinhos e vi os cabelos ruivos e o doce sorriso olhando para mim, que estava bem aconchegado em seu colo.

Mamã...”

William, subitamente, sai de seu estado de sonho.

— Meu Deus! — exclama, fitando a médica à sua frente.

— Que foi? — ela pergunta normalmente, enquanto está agora junto ao leito, examinando a pulsação da mulher na cama.

— É você! — ele exclama.

Agora Dana se volta para olhar o jovem:

— Que está querendo dizer? — sorri levemente.

— É você!

— Sou eu ... o quê? Que está querendo me dizer? Fale!

Ele está de boca aberta.

— Você está bem? Sente alguma coisa? — ela quer saber.

Ele não responde e continua fitando-a de modo que demonstra susto, medo, surpresa, encanto, amor.

Ela o observa então, sem entender a expressão do jovem.

— É você... pensei nunca vê-la... – ele murmura.

Dana se aproxima dele, agora:

— Por favor, me diga o que está acontecendo... a que se refere...!? — pede, lábios entreabertos, fitando o rapazinho e dentro do

seu peito corre algo estranho, um sentimento que a atormenta agora.

E lhe vem, de repente, à mente um desejo de perguntar:

— Me diga; qual é o seu nome?

O jovem a fita mais intensamente.

musica000.png

“... e deveria ser um ótimo vinho

Uma alegria para o mundo...                            

Meninos e meninas

Uma alegria para os peixes...”

 

Sua mente volta a rememorar o passado, quando era apenas um bebê nos braços daquele mulher ali à sua frente, linda,  carinhosa. Mas,

num repente, torna ao presente, tão importante neste momento:

— Meu nome é William.

Dana fecha os olhos. Sente que o chão parece estar longe de seus pés.

Meu Deus, meu Deus, isso é possível?! Esse menino aqui é ... o meu filho?”

Seus pensamentos agitados a deixam completamente sem ação. Nem percebe que seus dedos perdem o controle e assim com as mãos

enfraquecendo, vai deixando cair no chão um termômetro que está segurando.

William, com o semblante de extrema ansiedade, fita-a intensamente.

Dana se aproxima devagar, toca com os dedos o rosto do jovem:

William ...

Você ... é minha mãe...! — murmura.

— William... meu filho!  — seu semblante não consegue conter o choro, as lágrimas que fluem intensamente; não consegue se conter e

faz um gesto de que deseja um abraço.

O adolescente se joga em seus braços.

Ambos soluçam nesse inusitado encontro.

Logo, porém, William percebe dentro de si que não deve continuar com atitudes desenfreadas de amor por uma pessoa desconhecida, que

nunca lhe deu o devido amor, carinho, atenção. Abre os lábios, respira, enxuga os olhos; pestaneja várias vezes.

***

A enfermeira, juntamente com outro médico, está providenciando os devidos exames no casal que havia chegado junto com seu filho adolescente.

Dana havia agradecido ao Agente Miller por sua paciência em esperar por sua decisão, mas ele compreendera tudo o que estava acontecendo,

saindo então do hospital.

***

Agora, sentados numa sala, Dana começa a explicação:

— William, por favor, me perdoa; o que fiz foi por necessidade de salvar a sua vida. — ainda com os olhos rasos d’água ela explica — Eu tive

que entregar você a outra família.

— Entendo, entendo. — ele fala — quem queria me tirar de você? E estavam a fim de me matar?

Ela para de fitar o filho; torce as mãos, fecha os olhos, baixando a cabeça, afirma positivamente.

William, depois lhe explico melhor tudo o que aconteceu; quero falar agora é que você não viu ainda seu pai...

— ... meu pai...?

— S... sim, você tem um pai. — ela sorri entre as lágrimas — e ele está aqui neste hospital.

Ele se levanta, admirado:

— Está aqui? Doente?

— Sim, William... — ela baixa a cabeça, ainda torcendo as mãos — ele está muito mal e dependendo somente ... de você. — conclui, com dificuldade.

— Dependendo de mim...? Não entendi.

Agora Dana começa a explicar tudo a seu filho. Tomara essa decisão porque não poderia continuar essa situação de incerteza na vida de William.

Ela tem certeza de que o rapazinho, embora sendo de pouca idade, tem a mente bem esperta para entender o que vai narrar.

— William, meu filho... seu pai precisa receber células tronco de você para poder sobreviver. Precisamos de você, meu filho! — está emocionada

e fala com dificuldade — A vida dele depende unicamente de você, William! Unicamente de você...!

Ele a ouve com atenção e pergunta:

— Me diga, por favor, o que são na verdade, essas células?

— Vou lhe explicar da maneira mais resumida possível: essas células têm capacidade de se dividir, dando origem às células semelhantes

às originais. Elas têm capacidade de se transformar em  outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, músculos e sangue.

— E vão ser retiradas de um negócio chamado medula óssea, é isso mesmo?

Dana sorri, com ar de carinho para o adolescente tão inteligente como seu filho se apresenta.

— Sim, William.

Ela abaixa a cabeça, põe as mãos no colo, para perguntar:

— Pode me explicar o que é medula óssea? Isso eu não sei.

— Claro! — fita-o, carinhosamente — É um tecido líquido gelatinoso, que ocupa o interior dos ossos, conhecida popularmente por tutano.

— Ah... — ele faz, admirado e com fisionomia um tanto feliz por aprender.

Agora William se volta completamente para Dana e com o lábio inferior pressionando o superior, como que demonstrando autoridade, fala:

— Tudo bem. Estou decidido a salvar esse homem!

Dana o fita com doçura, agradecida pela decisão do seu filho.

Saem de onde estão e de mãos dadas percorrem o extenso corredor. Chegam diante de uma porta.

— É aqui, William.

Ele entra primeiro; ela o segue.

Mulder está de olhos fechados, agora somente com o aparelho de soro ligado em seu braço.

— Ele é o ... meu pai... — murmura William com um leve sorriso —  ... e você minha mãe.

Um ruído discreto aparece no ambiente.

Dana procura com o olhar de onde vem o tal ruído.

— O que é isso...? — ela murmura.

William observa, atento, as quatro paredes do ambiente. Seu olhar se fixa num objeto.

— O ruído está vindo dali, William! — fala Dana.

— Estou percebendo; o que tem ali?

Ela, já com os olhos marejados, chega até a caixa sobre uma mesa. Segura-a com as duas mãos, apresentando-a ao jovem.

Ele encosta os dedos no objeto e sente a vibração.

— Estou sentindo que tem um aparelho aí dentro. — diz.

Dana abre a caixa.

Dentro o artefato,com suas estrelas, estremece ainda mais forte neste momento, junto de William.

— Isto é um daqueles brinquedos usados... — franze o cenho, parecendo entender algo.

— ... usado no seu berço, quando você era bebê. — ela explica, colocando o dorso da mão sobre a boca, tremendo de emoção.

William se entrega  ao forte abraço de Dana, mas agora não tem a mesma reação anterior. Mantém os braços arriados ao longo do corpo e as mãos

crispadas.

Neste instante Mulder, no leito, parecendo despertar, murmura algumas palavras:

— Scully... eu...

Dana se dirige rápido para próximo do leito, volta-se para seu filho, estendendo a mão para chamá-lo.

— Scully... estou vendo...

— ... o que, Mulder? — ela não consegue conter as lágrimas — Está vendo o quê... quem...? — ela tenta fazê-lo entender a presença de mais alguém ali.

Mulder continua, fracamente, tentando falar:

— ... estou vendo... você... chorando, Dana. — suspira longamente — Eu não vou embora... porque... eu te amo Dana! Não quero te deixar! Precisamos

 ser felizes... ainda!

Ela, segurando-lhe a mão, apenas deixa que as lágrimas lhe corram pela face. Estende a mão para que William se aproxime mais do leito.

E ele chega mais perto, neste momento muito emocionado.

— Mulder, — fala Dana — aqui está... — as lágrimas continuam a lhe escorrerem pela face — ... nosso filho!

Mulder esboça um olhar mais atento:

— William...? William...?!

— Sim, sou eu.

Um leve sorriso aparece nos lábios de Mulder:

— William... meu f... filho?

— Sim, Mulder, — ela explica — nosso filho.

Ela abaixa o rosto, encostando-o no peito do seu amado.

William, segurando a mão do pai, agora não consegue impedir  que as lágrimas lhe encham os olhos. É muita emoção.

— Mulder, nosso filho está pronto a fazer tudo para curá-lo.

— Sim! Você vai sair daqui livre disso tudo que o está atacando. – diz o jovem.

— Como...? Por que...? — Mulder sussurra, sem entender.

— Porque você vai receber células tronco de seu filho, pois ele está protegido hereditariamente, entendeu? — ela fala — Depois de tudo,

explicaremos melhor; você vai ficar curado, Mulder!

— E... poderemos... ficar juntos... para sempre? — ele pergunta, fitando os dois à sua frente, junto ao leito.

Dana passa os dedos na face dele, enxugando as lágrimas que correm lentamente:

— Sim, Mulder, porque eu não posso mais viver longe de você.

Os olhos de Mulder se dirigem para William, esperando uma resposta positiva à sua pergunta.

O rapazinho mantém o olhar no pai, porém nada fala.

— Doutora Scully! — a voz da enfermeira ecoa no ambiente.

Dana se dirige para a moça que acaba de entrar.

Na mente de Mulder, embora ali, de corpo entregue àquela doença, sua mente rememora o passado e começa a pensar:

“Chamamos de milagre da vida. Concepção, a união perfeita dos opostos. Essência que se transforma em existência. Sem isso a humanidade

não existiria e a humanidade para de existir. Ou seria isso só a nostalgia? Um ato da biologia usado pela ciência e a tecnologia?

Como Deus, extraímos, implantamos, inseminamos e clonamos. Nossa ingenuidade transformou o milagre num simples truque? No ardil da

réplica da vida podemos virar criadores? Mas e a alma? Ela também pode ser replicada?Ela vive nessa matéria que chamamos DNA? Ou sua

existência é o oposto do ardil... que só Deus pode criar?

Como esta criança... meu filho... veio a existir? O que faz seu coração bater? É produto de uma união... ou o trabalho de uma mão Divina?

Uma prece atendida? Um verdadeiro milagre? Ou uma maravilha da tecnologia... com a intervenção de outras mãos?

O que digo a esta criança sobre o seu nascimento? O que digo a Scully? O que digo a mim mesmo?

***

Mulder está sendo retirado da sala de cirurgia.

Dana vai se livrando, calmamente, das luvas e máscara, jogando-as num recipiente apropriado.

Os outros dois médicos fazem o mesmo e saem do ambiente.

Ela fecha os olhos; para por alguns segundos:

“Oh, meu Deus! Está em Suas mãos a cura do homem que amo, pai do meu filho...”

Em seguida sai dali. Caminha pelo longo corredor, mas enquanto isso vem à sua memória tudo que guarda desde os tempos em que podia ter

seu filho William, o fruto do seu amor com Mulder:

“Um dia me pedirá para contar a verdade sobre o milagre do seu nascimento, para explicar o que é inexplicável e, se eu vacilar ou falhar, saiba

que há uma resposta, meu filho. Uma verdade imortal e sagrada, que talvez não consiga descobrir sozinho.

A chance de conhecer seu outro perfeito... seu oposto perfeito... seu protetor e sua ameaça. A chance de embarcar com ele na maior das

jornadas... uma busca pelas verdades fugazes e imponderáveis.

Se um dia esta chance aparecer, meu filho... não falhe nem vacile em agarrá-la. As verdades estão lá fora. Se um dia vir um milagre como

vejo em você... saberá que a verdade não se encontra na ciência... nem em plano oculto... mas em seu próprio coração. E, nesse momento, será

abençoado... e ficará tocado, pois as maiores verdades são as que nos mantém firmes... ou as que nos mantém... dolorosamente separados.”

Ela sente que seu coração palpita forte; pensamentos de dúvida pairam em sua mente.

“Encontrei meu filho... mas ... e agora? Tudo voltará a ser como antes? Ele deu o retorno da vida a seu pai, cumpriu sua missão de salvar uma

vida... mas e aí? Foi criado pelos pais adotivos e, naturalmente não sente o mesmo carinho por seus pais biológicos.”

Neste momento ela já está entrando no quarto onde se encontram o casal Van De Kamp.

William está sentado junto a uma janela, de cabeça baixa, olhar fixo em suas mãos cruzadas sobre as pernas.

— Oi! — ela fala.

Ele apenas levanta a cabeça para olhá-la.

— Como eles estão? — o rapazinho pergunta, apontando o casal nos leitos.

Dana franze os lábios. Nem sabe como responder, mas vai tentar dar uma resposta:

William, ainda não temos previsão de como poderão livrar-se desse mal;  — fecha os olhos — a situação deles é bastante grave.

Dana para por segundos, fitando seu filho, enquanto ele volta à posição anterior, baixando a cabeça. Cruza as mãos mantendo-as em movimento.

Dana fecha os olhos novamente, por segundos, respira fundo:

— William, meu filho, eu e seu pai agradecemos demais seu gesto de proporcionar-lhe a cura para a doença o que atingiu. Não sei, não tenho

palavras para lhe dizer o que o meu coração tem para falar com você, filho.

Ele continua de cabeça baixa, apenas ouvindo-a falar.

Dana fecha os olhos, enquanto uma lágrima lhe aparece entre os olhos. Encosta as mãos cruzadas sobre o peito arfante e continua:

— Sei que você nunca perdoará por tê-lo abandonado, mas se me der uma chance, posso lhe dizer o motivo dessa atitude irreparável de uma

mãe atormentada, que apenas queria a sobrevivência do pequeno ser que havia gerado. Me perdoa, meu filho.

Agora ele a olha, franzindo a testa ao perguntar:

— Eu fui ameaçado por alguém? Queriam a minha morte?

— Vou lhe contar, exatamente, o que aconteceu, William. Você foi sequestrado; foi uma loucura para essa sua mãe desesperada! Certo dia

você foi quase retirado do seu berço, mas usei toda a força do meu ódio contra aquele perverso e consegui dominar o miserável.

— Ele queria o quê comigo?

— Queria levá-lo para um sujeito chamado Josepho e você seria levado... — ela cobre o rosto com as mãos.

... para onde?

— para um OVNI e havia uma determinação deles de que você teria que morrer porque, segundo ele dizia,  seu pai já estava morto. E isso tudo para

cumprir uma profecia.

— Então nasci sob uma maldição.

— Não, não filho, não fale assim! E eu, louca de desespero, ao lado de uma colega de trabalho, fui procurar você, William, num lugar descampado,

à noite. E pude, assim, levá-lo de volta, mas não poderia ficar com você. Isso... toda essa desgraça para uma mãe que sempre desejara ter um filho,

um ser gerado no seu ventre, era um sofrimento sem par. Então, para livrá-lo de toda essa desgraça...

— ... fui doado para... — ele leva o olhar em direção dos dois leitos naquele quarto.

Neste instante dois médicos entram, dirigindo-se para o casal doente.

Dana se levanta para falar com eles:

— Doutora Scully, podemos agora lhe dar um diagnóstico exato.

Ela franze o cenho, preocupada.

— Não temos como tirar dessas pessoas a doença que os atacou. — eles comentam em baixa voz.

Dana morde os lábios e olha para seu filho, distante deles.

Os três médicos conversam por alguns minutos.

William os observa.

Saem da sala os médicos que haviam falado com Dana.

Ela se aproxima do filho.

— O que seus colegas lhe falaram sobre meus pais?

Ela morde os lábios, passa o dedo sobre o lábio superior; baixa a vista; suspira:

— William, temos que aguardar, ainda. Está sendo bem difícil o tratamento dos... — ela pisca para falar — ... seus pais.

O jovem abaixa a cabeça, contristado.

— William, posso lhe convidar para ir à minha casa, enquanto o tratamento prossegue? Nesses dias todos você não foi para sua casa e então foi para onde?

— Tenho um tio que me acolhe.

Aahn ... mas quer ir comigo hoje?

Ele a olha apenas, para falar:

— Não, obrigado.

Dana não insiste; balança a cabeça, franze os lábios.

Em seguida sai do quarto.

 

DIAS DEPOIS...

 

Scully, estou me sentindo cada vez melhor.

Ótimo, Mulder. Era o sonho da minha vida vê-lo bem, livre de tudo aquilo.

Ele, apoiado na varanda, fita o caminho verde à sua frente:

— Tudo aquilo que você falou em meus ouvidos lá no hospital, saiu de dentro do seu coração?

Ela, ao lado dele, responde:

— Você tem alguma dúvida, Mulder?

Ele se volta para ela e a prende em seus braços:

— Não podemos viver mais distante um do outro, Scully. Eu levava uma vida inútil, sem prazer, sem condições de continuar seguindo o percurso

frio que estava tentando fazer.

— E você pensa que eu estava conformada, Mulder? Minha vida eu a levava com garra, porque o trabalho não me dava tempo de pensar, de

imaginar coisas boas para minha vida. Era um sofrimento sem fim...

— ... mas chegou o fim disso tudo, amor! — aperta-a mais contra si — Tudo isso acabou. Talvez tenha sido uma experiência, a fim de testar se

realmente precisamos um do outro.

— Mesmo? — ela dá uma risadinha, enquanto lhe beija o peito desnudo.

— Scully... Dana...

— ... amo quando você me chama assim!

— ... Dana, você é a minha vida! Faz parte da minha vida desde quando a conheci. Não sei como tive forças para viver separado de você tanto

tempo. Te amo...! — ele lhe procura os lábios, com sofreguidão, enquanto introduz os dedos entre seus ruivos cabelos.

Mantém-se agarrados, cheios de paixão por vários minutos.

— Scully...

Hum...?

— Está faltando algo para completar nosso lar, nossa vida.

— Eu sei. — ela o fita, agora os olhos marejados de lágrimas.

— Você acha que William não vai querer viver com a gente?

— Não sei, Mulder, não sei... peço a Deus que possamos ter nosso filho conosco. Psicologicamente qual é a sua opinião sobre isso?

— Vou dizer uma coisa a você: as crianças adotadas  tem mais probabilidade de ter problemas e sofrem de depressão ou distúrbios de ansiedade.

E, na verdade, todos os adolescentes lutam para encontrar sua identidade. E aí faz sentido que as crianças adotadas lutam mais que as outras.

É sempre questionado quando algum filho adotivo demonstra revolta ou quer conhecer os pais biológicos.

— Então você acha que nosso filho está passando por tudo isso?

— Não tenha dúvida, Scully, porque na verdade  ele foi salvo por pessoas que o trataram bem,  amorosas, delicadas, altruístas..., mas já imaginou

como ele se sente agora?

— Rejeitado, abandonado, enganado.

— Exato, meu amor.

— Então como faremos? — ela encosta o rosto sobre o peito dele, enquanto chora.

— Vamos aguardar, tendo paciência, esperança e certeza de que tudo se resolverá da melhor maneira e nosso filho estará logo ao nosso lado para sempre.

Ele lhe beija os cabelos, acariciando-lhe as costas, aconchegando-a cada vez mais ao seu corpo.

— Preciso muito de você, Dana...!

Ela levanta o olhar para fitá-lo e mostrar que sempre que o seu amado a chama assim, ela se enche de emoção e prazer.

— E eu de você, Mulder e...

— ... nosso William junto de nós.

***

Dana segue pelo corredor, apressada.

Encontra uma enfermeira:

— Me diga, Mary onde está o rapazinho que é filho do casal Van De Kamp?

— Ele está sentado lá na recepção, doutora, aguardando documentos.

— Obrigada. — segue caminhando pelo corredor e logo chega até onde está o jovem.

— William!

Ele a olha, apenas; nada fala.

Dana toca em seu ombro, acariciando-o.

— William, fizemos todo o possível...

— ... não precisa falar nada; eu entendo perfeitamente... perdi meus pais!

— Sinto muito. — ela abaixa a cabeça, torcendo as mãos, nervosa ao extremo.

“Estou cada vez mais sem esperança de que meu filho me considere sua verdadeira mãe... ele me trata muito friamente... mas claro! Foi amado

e cuidado tantos anos por aquele casal...”  — seus pensamentos a deixam quase desnorteada.

Um homem se aproxima:

— Ah, a senhora é que cuidou dos meus parentes?

— Sim, ela é ... — William aperta os lábios para continuar ... — é a doutora Scully.

Dana cumprimenta o homem.

— Bem, lhe agradecemos doutora. Agora só estamos esperando toda a documentação, para irmos embora.

Ela ergue o olhar e o abaixa novamente:

— Você vai com ele, William?

O adolescente está cobrindo os lábios com a mão e, ao mesmo tempo, tirando um pedaço de unha com os dentes.

No seu coração existe o desejo de abraçar Dana, dizer-lhe que deseja estar com ela em todos os momentos restantes de sua vida; no entanto a

mente, que é a parte em que lhe pesam os sentimentos impuros, faz com que ele apenas comece a deixar sair de seus lábios o que está planejando.

— Sim, vou com meu tio agora  mas... — responde.

— ... mas...? — ela, neste momento, quer uma resposta que lhe dê não apenas a  esperança, mas a realização de seu sonho.

O tio de William se antecede à pergunta de Dana:

— Meu sobrinho optou em ficar internado numa Instituição para Menores, doutora Scully. Infelizmente esse é o desejo dele e eu não posso contrariá-lo.

— explica o tio, um tanto chateado pela decisão do sobrinho.

Dana abaixa a cabeça, porém  logo se aproxima da janela e fica  fitando o céu repleto de nuvens brancas, onde, parecendo o desenho de um arco em

movimento, pássaros voam livremente  através do azul luminoso do espaço.

 

 

 

 

                            FIM...?