"Os personagens desta estória são de propriedade de seus respectivos criadores e não há intenção alguma de obter lucro através deste conto, que se destina unicamente à diversão dos fãs."

AUTORA - Wanilda Vale

E-mail - wanshipper@yahoo.com.br

 

Data - 05.01.2000

SINOPSE - Mulder e Scully não conseguem, por um absurdo motivo, passar o seu primeiro dia do Ano Novo em paz.

 

 

 

 

Um eXcitante Ano Novo

 

O barulho ainda vem das ruas, ensurdecedoramente.

Parece que não satisfaz àquela multidão pequenas comemorações. Para ela necessita serem grandiosas e absurdamente barulhentas.

O relógio digital da rua marca as 2:15 da manhã festiva de um novo dia, no novo ano 2000.

Mulder e Scully já haviam saído do prédio onde haviam assistido a entrada do Ano Novo.

- Scully, - aponta com o olhar - você tem certeza de que foi boa idéia termos vindo para aqui?

Mulder segura a mão de Scully para deixarem o hall do prédio.

Saem.

O aglomerado de pessoas é muito grande e perturbador. Gritos, cantos, assobios, estampidos de fogos são ouvidos em todo o espaço, ecoando entre os altos prédios.

Mulder e Scully resolvem enfrentar a turba valentemente. Eles têm que chegar até onde se encontra o carro deixado longe do local, em segurança.

A cada passo que os dois avançam, mais vêem a necessidade de tomar precauções. Toda aquela gente junta torna-se até uma ameaça à integridade física dos dois Agentes.

Mulder não dá ouvidos ao apelo de Scully.

Continuam a difícil caminhada, com as mãos firmemente presas, protegendo-se mutuamente.

Um alegre grupo passa, apertando-se contra o casal:

Um homem mais afoito apertou-se tanto com o grupo ao encontro de Mulder e Scully, que forçosamente fez separar as mãos do casal.

Mulder procura apressar os passos em direção para onde foi levada Scully, porem seus passos são tolhidos pela grande multidão a divertir-se.

Mulder sai empurrando pessoas à sua frente, a fim de chegar até Scully.

Os braços de um homem visivelmente embriagado o impedem de caminhar.

Já não pode ouvir resposta da parte dela.

Mulder continua empurrando pessoas, já sentindo-se enfurecer.

Um violento soco Mulder recebe no rosto.

Este não precisou pensar nem um segundo a mais, pois seu cérebro já comanda a ação de dominar a criatura com toda a força de seus punhos.

Imediatamente a multidão ali espremida, reage ao gesto de Mulder.

Um grande reboliço é causado neste momento, fazendo todos empurrarem-se uns aos outros, dizendo imprecações.

O pânico toma conta dos adultos que carregam crianças consigo ali nas ruas e um grande tumulto se forma.

Mulder, o provocador involuntário de toda a arruaça, procura com muita dificuldade e esgueirando-se pelas paredes dos prédios, sair andando pelas calçadas.

Porem ela não responde de volta. O barulho é ensurdecedor.

Pára recostado a uma parede. Tira do bolso o celular, puxa a antena e liga.

Só consegue ouvir a voz da companhia telefônica informando que o aparelho está desligado ou fora da área de operação.

- Não é possivel! - reclama; em fração de segundos porem, recorda que Scully não estava carregando o seu celular, como nos dias normais de trabalho.

Em sua dificultosa caminhada, consegue alcançar os degraus de uma alta escadaria, de onde pode avistar grande parte da extensa praça.

Estica o pescoço para olhar detalhadamente a multidão, procurando pelo menos avistar os cabelos ruivos de sua mulher, numa tola tentativa.

Um mar irrequieto de centenas de cabeças é só o que ele pode ver.

Mulder desce aos trancos a escadaria, nervoso, contrariado, odiando estar ali.

Bem distante, fora de seu alcance, alguns automóveis cujos motoristas atreveram-se a enfrentar a imensa turba, lá encontravam-se, sem conseguir rodar mais que um metro em cada hora.

É absurdamente incrível a situação no local.

Mulder não sabe mais o que fazer, qual a direção a tomar.

Para que lado teria ela caminhado, ou melhor, sido carregada pela multidão? Não sabe, não imagina, não pode deduzir. Sente-se impotente diante daquela massa de gente impertinente.

Tem consciência de que nunca deveria ter aceito o convite de Harrison para ver a entrada do Ano Novo na Times Square.

A multidão empurra-o, enfurece-o, o faz esbravejar de impaciência.

"Adeus Ano Velho

Feliz Ano Novo

Que tudo se realize no ano que vai nascer..."

Um imenso grupo canta prazerosamente.

Mulder ouve a música bonita e alegre numa língua diferente. Jamais ouvira.

O grupo passa por ele, apertando-o, abafando-lhe as imprecações.

O frio aumentara aquela hora.

Mulder levanta até a nuca a gola do agasalho. Além da baixa temperatura, o nervoso afetara grandemente seu estado emocional, deixando-o trêmulo e desconcertado.

Mãos voltadas para o alto, braços erguidos em constante balanço, corpos agitados no ritmo da música.

As luzes acendendo-se e apagando confundem a visão com seu brilho ofuscante.

Uma mulher jovem e bonita abraçada a duas outras, subitamente coloca em Mulder um chapéu colorido, enquanto dão risadas, divertindo-se com o seu mau humor em meio à multidão tão feliz, sem compartilhar da sua alegria e continuando a praguejar, sem divertir-se nem um pouco.

Mulder arranca, enraivecido, o chapéu da cabeça, jogando-o no chão.

Alguém mais atencioso fala perto de seu seu ouvido em alta voz:

A busca em vão continua.

Mulder vai distribuindo cotoveladas entre a multidão. Quer passar, sair dali, escafeder-se, sumir...

Continua no seu incessante caminhar, atravessando a agitada multidão.

"Adeus Ano Velho

Feliz Ano Novo..."

A multidão continua cantando, agora com mais vozes acompanhando-lhe a melodia, sem parar, numa estridente e confusa mistura de sons.

Mulder sente que não há como reagir.

Deixa-se levar pela turba alvoroçada, louca por comemorar, sem ao menos pensar nos temores, receios e ansiedades dos seus semelhantes.

" Tive umas horas tão agradáveis e tão calmas... agora estou aqui neste verdadeiro inferno... onde estará Scully? O que será que houve? Pode ter acontecido um acidente, algo grave, não sei... ela tão frágil no meio dessas feras"!

No entanto seu olhar, pesquisando o mar de gente ao seu redor, somente conseguia ver alegria, entusiasmo, divertimento.

 

 

X X X X

Quase uma hora passara-se quando, finalmente, Mulder encontra-se do outro lado da enorme área; inteiro, porem cansado e com o coração à boca.

Uma infinidade de carros parados com os motores desligados, em fila, ainda ali na tentativa de sair do lugar, sem nenhum sucesso.

A impetuosa multidão abrandara um pouco sua excitação.

Agora Mulder já podia abrir um certo espaço ao seu redor.

Extenuado, cabelos em desalinho, chateado com a situação, ainda está a caminhar apressadamente em busca de Scully.

Seu nome foi chamado com voz aflita.

É inconfundível aquele apelo. Ele sabe.

Não sabe de onde partira a voz.

Finalmente seus olhos divisam o familiar rosto de sua mulher.

De dentro de um carro, Scully em companhia de Beth, uma companheira de trabalho no FBI, agita as mãos, com ansiedade, através do vidro entreaberto.

Com um pouco de dificuldade, Mulder consegue alcançar o veículo, metros adiante.

 

Ele a olha. Enfim, a sua Scully estava sã e salva dentro daquele carro.

"Bendito carro!" - fala consigo.

Ele coloca a cabeça para dentro da janela do carro.

A moça sorrí.

"Protegê-la? Proteger a mais requisitada, mais forte, mais segura, enérgica e competente Agente feminina do FBI? É demais! Somente o amor pode fazê-lo dizer coisas como essa!" - vem esse pensamento à cabeça de Beth.

 

Mulder dirige à moça um olhar agradecido, ajudando Scully a passar para junto dele.

Os dois abraçam-se ardorosamente.

Beth os observa pelo retrovisor.

Sente ternura pelos dois. Merecem-se. Estão no dia-a-dia do trabalho há tantos anos e têm direito à felicidade, agora. Amam-se.

Mulder e Scully mantém-se abraçados, sem nada dizer.

Scully começa a dar risadinhas nervosas por rever Mulder, porem as risadas vão transformando-se em queixumes e choro, a seguir.

Scully soluça recostada ao peito de Mulder, que afaga-a carinhosamente.

Os olhos de Mulder estão marejados de lágrimas.

Susto, cansaço, medo, tudo isso mistura-se dentro deles, tornando-os vulneráveis a um desabafo de aflição.

Nenhum dos dois fala. Abraçam-se e acarinham-se apenas.

Mulder retira dos olhos de Scully os fios de cabelos que teimam em cair-lhes sobre a face molhada pelas lágrimas de aflição que descem sem parar.

Ele toma-lhe as mãos e coloca-as bem junto a seu peito, ternamente.

Beija-lhe os olhos enquanto ela, por causa dos soluços, tem o corpo a vibrar com a emoção e a alegria do reencontro.

Mulder coloca o braço sobre os ombros de Scully para que ela achegue-se a seu peito, enquanto um profundo suspiro faz desabafar a tensão do momento.

Passa o dorso da mão sobre os olhos, para enxugar as próprias lágrimas.

Toma entre as mãos o rosto de Scully e enxuga-lhe as lágrimas com os dedos, docemente.

Beth, olha pelo retrovisor e os vê abraçados e calados.

Ela também não iria puxar nenhuma conversa, decide.

Vários carros começam a buzinar e ligar os motores, pedindo passagem no trânsito caótico.

Beth começa a dar partida no carro, acelerando lentamente.

 

 

X X X X

 

 

 

 

Mulder consulta o relógio de pulso, enquanto abre a porta do apartamento:

4:35 da manhã.

Ele mantém Scully pequena, frágil, encostada ao seu corpo, pois a segura pela cintura, prendendo-a a si.

Entram no apartamento.

Ambos vão retirando casacos, sapatos, tudo enfim, ainda mantendo-se emudecidos.

O semblante cansado de ambos denota o susto pelo qual passaram.

Scully desliza as duas mãos sobre os olhos. Sente não aguentar mais o cansaço.

Senta-se na beira da cama, esgotada, olhando para o chão.

Mulder aproxima-se, senta-se ao seu lado; quebra o silêncio.

- Scully, - retira-lhe os cabelos que teimam em cair-lhes à testa - está zangada comigo?

Ela volta para ele os grandes olhos azuis.

Mulder dirige-se ao banheiro.

Um banho o recuperará da tensão que sofrera horas atrás.

Scully vai retirando a roupa vagarosamente, para entrar no banho também.

 

X X X X

Logo ela aproxima-se do marido.

Ambos estão junto à janela, olhando o dia amanhecendo àquela hora.

Um rubor aparece no céu, indicando o nascer do sol.

Aves dão os seus pios matinais, pousadas na infinidade de árvores que se estendem em ala pelas ruas.

Ele abraça-a ternamente.

Mulder toma-a nos braços, carregando-a para a cama.

Scully ajeita os cobertores para cobrir Mulder que tem as pernas fora dos lençóis.

Ela ajeita-o e joga-se em seu lugar na cama.

Mulder está relaxadamente jogado, pernas espalhadas olhando para o teto.

Scully o olha, embevecida.

"Eu o amo tanto, quero tanto bem a ele; sou capaz de qualquer coisa por Mulder!

Adoro sua boca sensual, seus olhos perscrutantes..." - pensa.

Ela debruça-se para ficar com o queixo encostado sobre seu peito.

Scully dá um sorriso e joga-se em seu lugar.

Agora é Mulder que volta para debruçar-se sobre ela.

Mulder toca com os lábios a boca entreaberta. Sente-lhe a maciez, a umidade, prova-lhe o gosto; sua boca sensual vai descendo para o pescoço, os ombros...

Enquanto os longos dedos sôfregos vasculham o corpo de sua mulher sob a camisola transparente. Acompanha com os lábios o que as mãos tocam antecipadamente no seu caminho de prazer.

Um ruído de fogos na rua eles ouvem, vindo da janela.

 

 

Mulder levanta-se e encaminha-se para a janela e Scully vai à cozinha pegar um copo com água, que traz e entrega a Mulder.

Agarra-a com os dois braços e a mantém grudada a si, enquanto apoia o queixo em seus cabelos, beijando-os levemente.

O alvorecer da manhã é um convite a pensamentos positivos, de energia, de paz e muita luz para os corações de Mulder e Scully.

Enquanto ele beberica vagarosamente o fresco líquido no copo, Scully se encosta mais em seu corpo.

Ambos apreciam a majestosa natureza despertando lá fora para um novo dia, uma nova manhã, um porvir abençoado, num novo ano que surge.

Os raios do sol já se pode distinguir tímidos por detrás das montanhas bem ao longe.

Mulder depõe o copo num móvel próximo.

Toma Scully nos braços, novamente.

Mulder, enquanto a carrega para o leito, procura-lhe com avidez a boca sedenta pelos seus beijos.

 

- Feliz 2000, Mulder, para nós dois!

 

FIM