CIDADE DE SAINT GEORGE
ILHAS BERMUDAS
Corre o mês de maio e o mar já se aqueceu o suficiente para permitir
a natação para as centenas de turistas que por ali passeiam, inclusive com as águas
assim mornas podem eles até praticar a caça submarina.
Nessa temporada as competições de barcos a vela fazem a alegria dos
turistas nas baía de Great Sound.
Nessa cidade de clima subtropical muito úmido, porem agradabilíssimo,
estão, agora, duas pessoas integrando-se àquele mundo de gente louca para poder usufruir
com tranquilidade tudo que a Ilha oferece às pessoas que a visitam.
- Eu nem acredito, Mulder! Isto é um sonho! Estar em férias, livre do FBI, parece até
que estou vivendo no cyber espaço!
- Chega, Scully, - aperta-a pela cintura não vamos falar de FBI por aqui. Esqueça
por alguns dias isso, mulher do FBI...
- Ah, você acabou de dizer o nome outras duas vezes! rí, satisfeita - Mulder?
- Eu tambem, Scully; tivemos a maior sorte de conseguir essas férias. Sempre fui simpatizante
dessa Ilha. Queria conhecê-la.
- É... nesse lapso de tempo fala sonhadora - acredito, Mulder, que
quando a noite cai aqui nesta Ilha tudo é maravilhoso, faz a gente ficar até sem
dormir, só pensando em coisas boas.
- Scully, - toca-lhe meigo os cabelos - você está irresistível, meu amor! Estou
louco para podermos ficar logo a sós, longe da loucura coletiva dessa multidão
chegando aqui ao porto, neste navio.
- Mulder, e eu quero conhecer o que puder, por aqui, está bem? O máximo possível! Dizem
que aqui existe um Museu Vermelho que tem coisas maravilhosas. E falam que nele
estão expostos uns homens- mariposas, uma estátua de um serafim, teliko,
tem também a Tunguska, a pedra da morte, o monstro do lago, o falso
alienígena... para se visitar.
- Ah, Scully, você acredita que possa mesmo ter isso tudo, lá? Pra mim não passa de uma
fraude! Mas tome cuidado com a maldição da múmia.
- Ah, não, Mulder, você agora é que é o descrente!
- Claro, porque da minha parte eu prefiro mais é ficar no quarto do Hotel com você e uma
luz suave no ambiente, para podermos nos amar sem pensar sequer no tempo que passa.
Scully toma a mão dele e o puxa contra si.
- Sabe, Mulder, aqui neste lugar tão diferente, podemos encontrar o caminho da cura
para as nossas ansiedades da vida tumultuada que levamos. - aponta um local - Veja,
Mulder! Já se pode ver o cais! Está vendo também como hoje temos um belo sol?
- Sim , já pode distinguir-se que metade daquela parte da Ilha está nas sombras,
enquanto a outra parece até que tem por perto algo assim, como o incendiário, que
transforma aquele outro local do lado de lá em o milagre dourado dos raios do sol.
Os dois retiram-se do convés do navio e de mãos dadas caminham na
direção do camarote.
- Mulder, estou louca para chegar à Ilha...
- Quero estar logo sob esse sol fantástico e... no hotel com você... Mulder, - pede
manhosa - me beija agora...
Vendo que estão perto de alguns outros passageiros, Mulder aperta
fortemente sua mão.
- Scully, eu sou tímido demais para beijá-la na presença de tantas pessoas.
Scully somente sorrí.
- Junto de você esqueço tudo, até que existem outras pessoas... agora é ter paciência
e esperar o final da viagem que já está chegando. diz paciente.
- E assim o princípio da nossa grande aventura está chegando. - comenta Mulder.
Neste momento ouvem algum borborinho vindo do convés.
- O que será que está acontecendo, Mulder?
- Vamos ver. toma-lhe a mão e ambos retornam de onde vieram.
- Olha lá! um pessoa grita.
- É mesmo! É é bem grande! - comenta outra.
Já dezenas de pessoas se encontram debruçadas, olhando para o mar,
agitadas. Mulder e Scully fazem o mesmo.
- Ah, são apenas botos. São peixes, que embora grandes, não são assassinos como os
tubarões. Seguem os navios em busca das sobras de alimentos que são jogados dos restos
da cozinha do navio, porem é sempre bom saber que o perigo vem da água.
- Hum, é verdade! Mesmo nesta terra dos sonhos dos turistas é bom sempre estar
atento, não?
- Claro! Mesmo que o feitiço desse lugar nos atraia tanto.
O som forte do apito do navio atracando no cais vibra, ecoando até
quase os caminhos do espaço sideral.
Mulder e Scully retornam ao camarote rapidamente para apanhar suas
malas e valises. Tomam em suas mãos tudo o que lhes pertence para deixar o navio.
- Mulder, logo que pudermos vamos dar o passeio pela Ilha, sim?
- Não tenha dúvidas, Scully, se eu não atender ao seu pedido, creio que vou ficar desprezado.
-
Nunca mais, Mulder! Nunca mais acontecerá isso! Você sabe que entre nós existe
uma terrível simetria que nos faz entendermo-nos em todos os momentos, seja até o
lar, o trabalho e em todos os momentos; não restou mais nada em mim da
rejeição e do medo que tinha de me entregar a você. Aliás, aquilo tudo significava a
maior das mentiras da minha vida, porque eu o amo, sempre o amei desde que nos
conhecemos e havia dentro de mim agora ele abraça-a e beija-lhe o nariz, os olhos,
os cabelos - uma tremenda inquietação dentro do meu coração.
- Sei tudo isso, Scully e sei também que o mundo gira, tudo vai mudando, mas a
verdade é que o meu coração vive no cativeiro da paixão por você há muito
tempo! São sete anos, Scully! Não sei se haverá ainda um caminho da cura para
esse sentimento, mas eu não quero encontrá-lo, nunca, jamais. E estou fazendo essas revelações
porque é preciso que você saiba de todos os meus sentimentos por você.
- Mulder, Mulder, eu o adoro! - murmura - recebendo seu beijo - Nós nos amamos; o resto
são apenas insignificâncias!
- Vamos, Scully! Vamos nos preparar pra sair! O navio já está atracando no cais.
Saem, então, do camarote.
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- Hotel de luxo esse, hein? Você viu o número do quarto que reservaram para nós,
Scully?
- O que? Isso faz lembrar-me...
- Shhiiiii... - tapa-lhe os lábios com as pontas dos dedos - Esqueça...
Entram no luxuoso apartamento do Hotel.
Mulder atira no chão as malas e dirige-se à varanda aberta que
descortina a vista daquele local paradisíaco.
Com o coração feliz, fica a pensar nos laços de ternura que o
unem a Scully. Já são lembranças finais aqueles anos atrás em que sofria,
queria poder amá-la e sem poder sequer senti-la junto ao seu corpo febril pela paixão
reprimida.
As revelações que sua amada lhe fizera, deixava-o com certa
alegria, outro significado para viver.
Scully, por sua vez, em sua visão interior, está a lembrar de
momentos em que pensou, por algum tempo que Mulder amava outra e queria talvez até fazer
um triângulo amoroso, uma trindade, época em que imaginava que até seus
telefones eram grampeados para que ele pudesse rastrear seus passos.
- Mulder! - ouve-a chama-lo e dirige-se para o local onde ela está.
- Olhe, como é que pode? - ela está com um chinelo na mão - Sabe o que encontrei aqui?
Veja! - ela mostra uma barata que acabara de matar.
- Scully, será a guerra das baratas outra vez?
- Argh, Mulder, tenho vontade de possuir um raio da morte para acabar de vez com
esses insetos nojentos e aí preparar a lista da morte pra eles!
- Scully, você está irada, mesmo! E linda! Eu vou ser sempre o instigador desses
insetos para que você fique sempre assim, minha gatinha zangada! E eu vou ser o
assassino imortal dos maléficos insetos! Está bem, assim?
O telefone do Hotel toca sobre um movel.
Mulder o atende.
- Aqui é Duane Barry. O Gerente do Hotel. Desejo saber se o senhor e a senhora
Mulder estão bem servidos. Desejam alguma coisa que eu precise providenciar?
- Ahn...? Ah não, obrigado. Agradeço a sua gentileza. Está tudo ótimo, aqui.
- Pois não, senhor. - diz a voz - Qualquer coisa que precisar, disponha.
Mulder afasta-se do aparelho.
- Incrível! Não dá pra acreditar!
Scully pára de desfazer as malas para observá-lo tão surpreso.
- Scully, sabe como é o nome do Gerente deste Hotel?
Ela simplesmente responde com um meneio de cabeça, querendo entender
seu espanto, abrindo os grandes olhos azuis e erguendo as sobrancelhas.
- Não lembra nada a você esse nome?
- Não me vem à mente nada... era aquele cara da missão em perigo?
Mulder resolve divertir-se com a má memória de Scully.
- Não, não é esse... tente adivinhar.
- Bem, aquele... o demônio de Jersey ... aquele dos ossos frescos...?
- Ah, Scully, espera aí, você não lembra mais?
- Espere... não fale... deixe eu lembrar... acho que há um elo de ligação com
esse cara e o FBI...
- Exatamente, você acertou! Era um ex-agente que teve experiências com alienígenas.
- Ah, agora lembro-me mesmo. Mas olhe Mulder, me ajude aqui a arrumar essas coisas;
esqueça o Duane Barry, agora.
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Passeando de mãos dadas, apreciam neste momento as belas praias de
areias macias e sentindo-as sob seus pés descalços.
O sol está brilhante sobre a cidade.
As ondas do mar afagam a orla das praias no seu eterno vai-vem.
O rumor fragoroso de alguma onda mais forte que despedaça-se numa
rocha é o único motivo que faz o casal chegar à realidade daquilo que lhes parece um
sonho.
- Mulder, por um fio não pisei numa concha quebrada e me ferí aqui. - apanha a
concha na areia.
- Tenha cuidado ao andar na areia; ainda mais que seus pés pouco conhecem o que é ficar
livre, fora dos sapatos...
Scully sorri.
- É verdade, - continua ele - eu, pelo menos gosto de correr, e isso
às vezes faço sem mesmo estar calçado.
- Vamos sentar ali? - ela chama-o, encaminhando a um espaço limpo e fantasticamente
agradável, na areia de um branco imaculado.
Deitam-se na areia.
- Mulder? - ela pergunta, com os braços cruzados sob a cabeça.
- Sim? - ele está deitado de lado, voltado para ela.
Mulder chega-se para junto de seu corpo e procura-lhe a boca ávida.
Ela passa seus braços sobre ele.
Um prolongado beijo trocam ali sob o sol e a brisa que afaga-lhes com
delicadeza os cabelos.
- Não? - quer saber, curiosa.
- Não. Lua-de-mel só existe após um casamento...
- Ah... - ela sente-se quase envergonhada pela pergunta.
- ... e isso é o que faremos logo. Então poderemos ter a nossa verdadeira lua-de-mel. -
conclui.
- Você já me viu falando alguma coisa errada, Scully?
- Não, mas você gosta de dizer coisas engraçadas fora de hora...
- Eu estou falando sério, agora... Scully, quero você para ser minha para sempre! Você
é a encarnação de alguém que foi colocada neste mundo para eu amar. Sempre vivi
numa procura incessante de alguém que tomasse conta dos meus sentimentos, Scully e
hoje sei que você foi feita pra mim. Quero ser papai. Talvez meu filho possa nascer
diferente... não gostar de homenzinhos verdes, duendes, nem demônios,
tudo o que for grotesco... e Scully sabe como poderia ser o nome do nosso filho? MULLY.
- É sim, uma mistura de Mulder e Scully.
- Ai, Mulder, você é demais, querido!
Abraçam-se e ficam ali deitados, ouvindo o rugir das aguas, vendo o
mar e suas ondas formando como se fosse um imenso colar de espuma adornando o belo colo da
praia e em alguns minutos desfazendo-se, desintegrando-se.
Algumas gaivotas lançam seus gritos no espaço, cortando com as
pontudas asas o céu de intenso azul.
Tudo leva à doces sonhos de felicidade.
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- Por que resolveu vir aqui, Mulder? - pergunta descendo do carro.
- Por informação de uma pessoa lá no Hotel, soube da existência dessas cavernas
subterrâneas aqui... seu teto é todo de estalactites e estalagmites e ... - explica.
- Bem, não muito, porque geralmente esses lugares sombrios abrigam sempre grande
quantidade de morcegos e esses vampiros têm o vírus da raiva, transmitindo a uma
pessoa, somente espirrando urina quando voam. - Mulder fixa seu olhar penetrante e
interessado no que ela fala, com um leve sorriso a flutuar em seus lábios, ouvindo-a - Se
a pessoa que tenha apanhado o vírus perceber a tempo, é ainda possível protege-la por
imunização, porem quando os sintomas aparecem, é fatal... o paciente torna-se
apreensivo e irracional e desenvolve contrações musculares e convulsões. Espasmos
violentos da garganta ocorrem se ele tenta beber...
- Chega! Minha caixinha ruiva de sábias informações! Já desisti desse passeio na
caverna. Eu não quero me transformar em o paciente X , a não ser que você seja a
minha única médica.
Um alarido faz todos os visitantes do lugar movimentarem-se no local.
- Ah, nada demais. Apenas o pessoal está apreciando a dança da chuva que começa
agora. Veja!
Ele mostra para ela o esbranquiçado no ar, que como um véu,
movimenta-se para um lado e outro, movido pelo vento.
- Mulder, eu nem sei que dia da semana é hoje.
-
Segunda-feira. Perdeu a noção do tempo?
- Claro que sim! Ao seu lado não sei nem quem sou. Vamos ver se no próximo millenium,
num verdadeiro milagre continuarei a sonhar assim, viver assim, ser feliz desse
jeito que estou.
- Não tenho, Mulder. Sempre fui muito segura nos meus propósitos e palavras.
- Vamos, então para o carro novamente. Agora a nossa meta é passear por aí tudo e
usufruir o máximo que pudermos nestas férias.
Tomam o carro para sair do local onde existem as cavernas.
- Você leva o carro? - pergunta Mulder.
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Já a noite desce seu manto sobre a cidade.
Os pássaros noturnos lançam seus gritos.
O barulho do mar ao longe é a única coisa que corta com mais força o
silêncio.
À distância o casario formado pelas moradias construídas por blocos
de pedra calcária.
Para a direita do cenário bem distante dali, pouco pode-se divisar do
belo campo de golfe, com seu imenso tapete verde, já não tem a esta hora da noite sua
cor definida, devido a escuridão .
Na varanda do apartamento do Hotel Mulder e Scully sentem-se mais
unidos do que nunca sob aquele cenário e mais os raios prateados da lua refletindo-se
sobre quase tudo ali à sua volta.
Abraçados, os dois estão em silêncio a contemplar a paisagem que a
noite acabara de cobrir com seu manto.
- Mulder, nunca fui romântica, mas este cenário à nossa frente me dá grandes
inspirações...
- Sim; é muito lindo se estar num lugar como esse, nesta paz, com a pessoa amada ao
lado...
- Onde está? - ele vira a cabeça ao redor, fingindo procurar alguém.
- Scully, você quer ir a algum lugar, depois de descermos ao restaurante para o jantar?
- Um clube, um bar... sei lá!
- Não, Mulder, olhe só isso.
Ela esticara a mão espalmada para fora e trazendo-a junto a si vê que
vários pingos de chuva caíram sobre ela.
- Chuva! - ele diz - O tempo me favorece. Temos mais é que ficar quietinhos aqui.
Scully agarra-se ao amado, feliz.
- Podemos fazer o que, então/
- Bem, podemos tentar uma preliminar agora, antes de ir lá para o restaurante. Aqui...
sob a luz da lua... - procura-lhe a boca com avidez - quero sentir todas as sensações de
prazer do seu corpo junto ao meu, Scully.
- Mulder? - chama-o entre beijos.
- Sim? - ele nem tem tempo para parar de acariciá-la com os lábios nos cabelos, no
rosto, no pescoço.
- Eu não quero descer até o restaurante, hoje... é a nossa primeira noite aqui.
- Está bem. - diz ofegante - Melhor ainda.
Ele carrega-a nos braços.
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Não dá para contar o que acontece a partir deste momento, claro.
Parar por aqui é de bom senso, não acham?
FIM