MISCELÂNEA SHIPPER 5
Autora: Wanilda Vale
E-mail: wanshipper@yahoo.com.br
Data : 01.02.03
Sinopse: Fanfic elaborada com os títulos de todos os episódios da nona
e última temporada.
Mulder, estirado no sofá, com ar apático, olha para as cenas que se desenrolam na TV à sua frente, sem nenhum interesse.
O noticiário do jornal diário emite assuntos os mais variados, que não lhe despertam a menor atenção.
Seus olhos fecham-se, cansados, pálpebras pesadas.
Scully, vestida num quimono, aparece no aposento e senta-se numa ponta do sofá.
- Alguma novidade, Mulder? - pergunta, a respeito do noticiário.
- Nada importante aconteceu hoje.
- É mesmo? Mas garanto que, como sempre, teve inúmeros casos de crimes, sequestros, tudo conforme obras demoníacas.
- Isso mesmo. E todo esse pessoal maléfico, deveria ir logo direto para o inferno!
Scully escova os cabelos várias vezes.
- Mudando de conversa, Mulder, olha só: eu vi o nosso vizinho, o do apartamento 4D, vestido como um verdadeiro mendigo! Ele estava horrível!
- Ora, Scully, nem todo mundo tem o dom de ser elegante...!
- Ah, Mulder, mas não é isso! - ela escova mais vezes os cabelos - Ele estava vestido, exatamente, como uma pessoa jogado às traças...
- Como é isso?
- Ora, completamente mal vestido... parecendo um miserável... um aspecto terrivelmente sujo, fedorento, um verdadeiro senhor das moscas.
- Ah, pára, Scully! Não acredito nem um pouco no que está falando!
- Como não acredita em mim, Mulder? Não estou exagerando!
- Tudo bem; vai ver que ele ia a algum baile à fantasia, vestido de João Ninguém.
- Você tem resposta pra tudo, hein, Mulder? Mas tudo não é bem assim.
Ele a agarra, fazendo-a deitar o corpo sobre o dele.
- Deixa pra lá, Scully! Afinal, que temos nós a ver com a vida do cara? Ele que faça o que quiser!
Scully cala-se. Deixa-se ficar jogada sobre Mulder, sentindo-lhe o calor do corpo.
Mulder continua:
- Scully, sabe que você veio me tirar da madorna em que eu estava? No maior relax?
- Huuum, e por que não continua seu relax? Não estou mais atrapalhando.
- Não, é? Só esse seu jeito quietinho assim de quem não quer nada... esse ar de segurança consigo mesma, que sabe o que quer... mas que dentro...
Ela lhe morde os lábios, enquanto ele continua falando:
- Por dentro, é um furacão de impetuosos desejos...
Ela ri. Deita a cabeça sobre o peito dele, enquanto acaricia-lhe os tocos de barba que estão nascendo, escurecendo-lhe a face máscula.
- E eu gosto que você seja assim minha Dana...
Scully o beija nos lábios.
- Mulder...
- O quê?
- Sabe onde eu gostaria de estar agora?
- Não...
- Numa bela praia, orlada por muitas palmeiras, sob um sol maravilhoso... aaah... esquentando minha pele, que ficaria rosada e...
- ... ora, que vantagem essa! Eu não sou o sol e posso lhe esquentar desde o fio do cabelo até as unhas dos pés!
- Convencido! Arre! - ela ri e afasta-se um pouco dele - Não sei porque os homens são sempre crentes que abafam!
- Ei!! Espera aí!! Agora você já me fez sair do sério!
- Por que? - ela ri, divertida.
- Se você fala isso, é porque, na verdade, quer dizer com essas palavras, que eu nada significo pra você e que os meus desejos não lhe transmitem nada!
Scully levanta-se, rapidamente.
- Mas que imaginação fértil!
Mulder continua deitado, relaxadamente. Fecha os olhos.
- Bem que meu sexto sentido... - reinicia ele.
- O que tem? - olha-o de soslaio, sorrindo.
- Já me dizia que você, Dana Scully, apenas finge me amar...
- O quê? - ela pára de rir e olha-o, assombrada.
Ele coloca os braços sob a nuca. Murmura, num tom amargurado.
- É por isso que sempre digo: não confie em ninguém!
Scully continua de pé, em frente a Mulder. Braços cruzados, os longos cabelos jogados sobre metade de seu rosto, pois Mulder a havia despenteado ao abraça-la.
- Estou chocado e perdido...!
- Mulder! - ela o chama, querendo fazê-lo despertar do seu torpor mental e continua fitando-o por vários minutos, vendo seu semblante fechado e ouvindo sua voz em tom de sofrimento - Mulder, pára com isso!
Mas ele não responde e nem a olha.
Scully aproxima-se, senta-se no braço do sofá.
- Que brincadeira é essa, Mulder? É pra me fazer rir? Se é, já fez e já passou a vontade de continuar. Não tem mais nenhuma graça.
Ele nada retruca. Continua de braços sob a nuca, jogado no sofá. Olhos fechados.
- Mulder... chega disso. Eu estou querendo saber da proveniência desse assunto tão bobo que surgiu. Como é que foi que você inventou isso?
- Isso o que?
- Ah, chega! Não estou gostando dessa brincadeira! Você sabe que eu perco muito fácil o meu bom humor. - ela deixa-se jogar sobre ele.
Ele não reage com emoção aos carinhos dela. Apenas balbucia:
- Preciso tomar uma providência...
- De que? - espanta-se.
- Dar um jeito de tornar-me mais interessante pra você.
- Ah, pára Mulder! Chega disso!
Num repente os olhos de Mulder se abrem. Ele a agarra com os dois braços e, com ímpeto, faz com que, num gesto preciso, ambos possam rolar para o chão.
Ele a cobre de beijos, enquanto ela se agarra ao seu pescoço, doidamente ansiosa por seus carinhos.
Mulder a faz ficar sob o seu corpo e levanta-lhe os cabelos, beijando seu pescoço alvo, com voluptuosidade.
- Vai dizer novamente que sou convencido?
- Não... - ela consegue murmurar.
- Vai dizer que sou crente que abafo?
- De jeito... nenhum...
- Vai dizer que o seu homem é um miolo mole como são classificados os demais?
- Você... é que... está dizendo... Mulder...!
Ele continua, com ímpeto, beijando todo o corpo dela, que está à mercê de seus braços fortes.
Pára, subitamente com seus arroubos.
Ambos respiram afogueados.
O telefone toca.
Num gesto rápido de espanto, Mulder permite que Scully desvencilhe-se de seus braços.
Ela levanta-se e vai atender a chamada.
Mulder fica observando a expressão de Scully, atendendo o telefone.
Ela desliga e retorna até ele.
- Definitivamente, esses aparelhos são uns desmancha-prazeres mesmo ou...
- ... monstros assustadores! - ela completa.
Mulder dá uma risada.
- Por que esse exagero?
- Sabe quem estavam procurando nessa ligação?
- Quem?
- Audrey Pauley.
- Audrey Pauley?! Quem é?
- Uma mulher que conheci numa investigação há tempos atrás.
- Esquisito.
- O mais esquisito é que essa mulher tinha certos dons sobrenaturais, conforme contou-me o Agente Doggett. - faz uma pausa - Fico pensando...
- No quê?
- Se é a mesma pessoa.
- Improvável
- Não, não penso assim. Há tantas coisas estranhas no mundo, que achamos improvável acontecer e, no entanto...
- Você já convenceu-se de que é assim mesmo, hein Scully?
- Definitivamente sim, Mulder.
Ele puxa-a para si, a fim de que ela sente-se junto a ele, no chão.
- Escute Scully, sabe aquela noite em que estávamos fugindo para o Novo México... quando parei o carro na estrada?
- Lembro sim.
- Ali, naquele lugar, eu vi Langly, Frohike e Byers.
- O quê? - assusta-se.
- É verdade. - ele abaixa a cabeça, refletindo algo.
- Mas como pode...?
- Eles nunca morrem, Scully.
- Como você os viu?
- Normalmente; falaram comigo até brincando, por eu estar urinando ali.
- Incrível!
O choro alto e o resmungar do bebê faz-se ouvir, vindo do outro aposento.
- Aaah... nosso filho está doido por uma libertação daquele berço.
- Pois vá buscá-lo e traga-o pra cá, Scully.
Scully põe-se de pé. Grita para o filho ouvir:
- William!! Espera, filho! A mamãe já vai!
Ela dirige-se até o berço, no quarto. Pega o bebê nos braços. Carrega-o para a sala. Senta-o junto do pai, no chão.
Mulder deita-se, com um gemido, para fazê-lo ver subir em seu peito.
O bebê, engatinhando, galga o tórax de Mulder que ri, o que faz com que os músculos de sua barriga movimentem-se num vai-vem, que agrada o garotinho.
E William ri, prazeroso em brincar com o pai.
Scully dá mordidinhas nas costas do seu filho, que ri, desbragadamente, com a brincadeira.
Mulder cessa o riso. Olha para Scully.
- Scully, graças a Deus, temos tido dias felizes... por enquanto.
- Sim, Mulder. Graças a Deus. Tendo um filhinho assim e uma vida financeira razoável, podemos até dizer que existe a felicidade.
- E temos o nosso amor.
- Com certeza, Mulder. Falta-nos mais alguma coisa?
- Acho que não. Esta é, de fato, a verdade que sempre procuramos.
FIM
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