AMOR DE VERDADE

 

 

 

 

"O verdadeiro amor é uma

amizade que se incendeia."

Jeremy Taylor

 

 

 

 

Capítulo 20

 

Dana deixa-se levar pela intensidade do desejo que lhe invade neste momento em ser amada por Mulder.

Seu corpo, vibrando de prazer, aceita todas as mais intensas carícias que está recebendo neste instante. O êxtase é total; todas as fibras de seu ser tremem de incontido desejo.

Sente, a cada toque dos macios, desejosos, mornos e suaves dedos de Mulder a volúpia a que se entrega todo o seu ser, assim como a boca desejosa dele, a saboreia como se fosse a mais gostosa iguaria, numa cada vez maior intensidade.

A respiração dele, ofegante, dentro dos ouvidos de Dana a faz quase gemer de prazer e ânsia ao mesmo tempo.

Como o ama, como o deseja, como o quer tomando conta inteiramente de seu corpo!

 

X x x x x X

 

Quietos, abraçados e agora, relaxamente no leito aquecido pelo calor de seus corpos, estão silenciosos.

Somente o ruído do tic tac de um relógio quebra o sossego da cena.

Mulder levanta a face de Scully de seu peito para fitá-la. Nota que os olhos dela estão rasos d'água.

Ele sente um leve temor pelo que vê.

Ele toma o rosto dela entre as mãos.

Ela sorri, olhando-o ternamente:

Ele a aperta entre seus braços.

Agora Scully aperta-se contra o corpo dele, com calor:

Ambos ficam calados, com os pensamentos correndo entre suas mentes, ainda abraçados.

Este momento serve para descontrairem-se totalmente.

Ambos riem por seus extremos conhecimentos e experiência de vida.

Mulder olha para o relógio sobre o móvel.

 

X x x x x X

 

O Diretor Assistente Skinner os observa sentados à sua frente, impávidos e demonstrando extrema tranquilidade, como sempre.

Scully levanta as sobrancelhas, molha os lábios:

Scully sente-se incomodada.

"Por que nos faz tanta pergunta que não interessa, em vez de entrar logo no assunto do trabalho?"

Scully abre os olhos, quase assustada com a saída esperta de Mulder.

Skinner balança levemente a cabeça, aceitando a explicação.

Skinner, com sua costumeira calma, começa a explicar os trâmites do caso aos seus dois corretos e impávidos Agentes sentados à sua frente.

 

X x x x x X

 

No carro dirigido por Mulder, Skinner ao seu lado, conversa sobre todos os detalhes da investigação a ser efetuada.

Através do espelho retrovisor dianteiro, Mulder lança seu verde e transparente olhar para Scully sentada no banco traseiro, que o recebe com uma quase incontida emoção e um discreto sorriso nos lábios.

Falando sem cessar, Skinner continua na sua dissertação sobre o assunto, alheio aos olhares apaixonados trocados entre os dois Agentes.

A viagem prossegue normalmente.

O vale verdejante pelo qual atravessam agora, abriga inúmeras pequenas casas pintadas de branco.

Assemelham-se a caprichosas pinturas num cenário sobre tela de algum pintor anônimo.

O carro prossegue velozmente pela estrada.

 

X x x x x X

Skinner entra no saguão do hotel, enquanto Mulder e Scully o seguem, mais atrás.

Dirigem-se ao balcão da recepção.

Entrega-lhes as respectivas chaves.

Mulder e Scully trocam um olhar de cumplicidade.

Ele bate com a chave sobre o balcão numa atitude de ansiedade.

O rapaz chama um empregado que vai levar os hóspedes até seus respectivos aposentos.

Os três sobem uma escada de dois lances, seguindo o funcionário.

 

X x x x x X

 

Scully entra no quarto e observa ao redor.

Somente uma janela abre-se para um pátio central do hotel, sem nenhuma vista interessante que possa ser apreciada, a não ser as janelas das alas opostas dos quartos do hotel.

Abre sua maleta e tira dela alguns objetos, colocando-os sobre a cama.

Sente-se fatigada.

Bem que precisaria, novamente, de uma reconfortante estadia junto do homem a quem ama, e que, a cada minuto, sente mais falta de sua presença sempre junto de si.

O celular toca no bolso do casaco.

Scully atende. Já sabe até de quem se trata.

Scully desliga, pensativa. Um leve sorriso esboça-se em seus lábios, percebendo a intensidade do amor que sente por Mulder.

Olha o relógio de pulso.

É... talvez logo depois desça um pouco, para tomar um chá, qualquer coisa, já que os dois sairam do hotel e vai sentir-se sozinha.

 

X x x x x X

 

Enquanto toma o chá, Scully lê o jornal, interessada nas notícias.

À sua volta algumas pessoas, em suas respectivas mesas, alimentam-se e conversam.

Não há muitos rumores no ambiente.

O som de uma melodia suave inunda o salão de refeições, dando-lhe um toque aconchegante.

Somente é a quietude do lugar quebrada pelo ruído de louças e talheres manuseados pelos garçons.

Os olhos de Scully concentram-se, ternamente, sobre uma mulher que traz ao colo um bebê rosado e risonho, que é alvo dos mimos da mãe.

Subitamente vem à sua mente a horrível dor de pensar que nunca poderá ser mãe, ter um bebezinho como aquele que vê agora. Seus olhos ficam úmidos de lágrimas.

Desvia o olhar da cena que a comove.

" Vou tomar esse chá, depois descanso um pouco, enquanto Skinner e Mulder não chegam. Devem trazer alguma informação importante para nós estudarmos o assunto da investigação." - pensa.

Enquanto leva a xícara à boca num momento, observa que uma mulher, numa mesa à frente da sua, a observa; nítidamente nota isso.

Scully termina seu chá e já levanta-se da mesa, quando a mulher sai de seu lugar para abordá-la.

Dana havia notado que a mulher é muito bonita e dona de um sorriso encantador.

Scully, instintivamente, sente-se incomodada. Levanta-se decidida.

A mulher levanta-se, também.

Scully faz um gesto com a cabeça e sai do salão.

 

X x x x x X

 

Mulder joga o sobretudo em cima de uma poltrona. Passa a mão pelos cabelos; leva a mão ao queixo, num habitual gesto.

Ela o olha, franzindo o cenho, como lhe é peculiar.

Ela retém seus passos:

Mas Mulder não lhe dá tempo mais para pensar. Toma-a nos braços, afoito.

Batem na porta, fortemente.

Mulder, sem largar Scully, apura os ouvidos para ouvir algo mais.

Mulder solta Scully de seus braços, a fim de abrir a porta.

- Ah, olá Betsy! - cumprimenta-a gentilmente.

- Claro! - faz um gesto, convidando-a a entrar.

Betsy entra, quando então seu olhar depara com Scully.

Mulder faz um sinal com a mão, concordando, como se quisesse dizer:

"Sim, fazer o que? "

Betsy dá alguns passos, aproxima-se de uma das poltronas ali existentes.

Scully não deixa escapar de seu olhar nem um só gesto da recém-chegada. Cruza os braços. Engole em seco.

Mulder nota seu olhar hostil contra a estranha.

Mulder dirige-se à poltrona onde está seu sobretudo, retira-o do assento, para em seguida sentar-se, dirigindo o olhar para a moça.

Esta, numa fração de segundos, já havia tomado a resolução de dirigir-se à porta, para sair.

Ela assente, abre a porta e sai, fechando-a atrás de si.

Mulder, ao retornar à poltrona para sentar-se ao lado da que a moça se encontra, observa que ela retira da bolsa uma carteira de cigarros e isqueiro.

Betsy dirige-lhe um sorriso; dá uma pequena risada logo após:

Betsy, então, coloca a mão sobre o braço de Mulder, para falar entre risos:

Mulder ri.

Ela ri, também. Desconversa.

Ele não responde. Fica sem encarar Betsy, somente apertando os lábios. Ainda não havia conseguido entender as intenções da moça; apenas sua intuição masculina alerta-o de algo.

- Shiiiii! - ela o faz calar-se - É o seguinte: desde que minha prima começou a falar sobre você,

a minha cabeça ficou a mil...

Ela o olha séria:

- Não brinque. É que eu fiquei doida pra lhe conhecer, e agora, quando soube que havia vindo pra esta cidade... nem sei!

Lança para ele o insinuante sorriso que havia deixado Scully em alerta.

Ela leva a mão ao peito, respirando, fazendo encenação.

Mulder balança a cabeça, afirmativamente, indicando que está a entender.

Betsy levanta-se da poltrona.

Mulder, vendo-a levantar-se, faz menção de ir até a porta para deixá-la sair.

Aproxima-se dele e o olha de alto a baixo, sedutoramente.

Betsy dirige-se para a porta agora e Mulder acompanha seus passos, quando ela volta-se subitamente para encará-lo:

Mulder abre a porta e Betsy sai do quarto.

Rapidamente ele fecha a porta atrás dela. Levanta a cabeça, abre a boca, respirando, para exclamar, com ar enfadonho:

Atende o telefone que toca, neste momento.

"- Deve ser Scully." - pensa.

Mulder, chateado, passa as mãos pelos cabelos.

Sai, batendo a porta, porem vai direto ao quarto de Scully, na outra ala do hotel.

Bate na porta.

Scully vem abrir. Usa um belo quimono.

Mulder entra rápido.

Scully o fita, entendendo. Porem apenas pergunta:

Ele aproxima-se mais.

Ela deixa-se aninhar no peito dele.

Ele aspira o seu perfume atrás da orelha, colocando os lábios sobre os ruivos cabelos dela, sentindo-lhe a maciez.

- Vai logo falar com o Skinner, Mulder! Depois temos que conversar. - deposita um terno beijo sobre os lábios dele.

Mulder sai.

"O beijo é uma forma de diálogo."

George Sand