CONTENTAMENTO

 

"Contentamento vale mais que a riqueza"

Lacordaire

 

Capítulo 2

 

A música, as vozes, o grande movimento de pessoas, os gritos de crianças, os alto-falantes, as cores, o brilho, o apagar e acender das luzes.

Ele toma-a pela mão. Correm como dois adolescentes.

Mulder compra os tickets de entrada.

Entram na fila para sentar na Montanha Russa.

Acomodam-se. Prendem os dispositivos de segurança.

A princípio vagaroso e logo após como um bólido, o carro começa a descrever seu sinuoso e rápido deslizar pelos altos trilhos a muitos metros do chão.

Scully já nem consegue manter séria sua fisionomia freqüentemente severa.

Ele aperta-lhe os ombros, aconchegando-a ao seu corpo, com gesto terno.

Scully o olha com brejeirice:

Minutos depois saem dali. Corações agitados pela emoção.

Ele ajuda-a segurando-lhe a mão. Continuam assim a caminhar pelo local.

Ele compra as fichas.

Ela somente ri, divertida.

Ele a fita extasiado, vendo a bela fisionomia alegre de sua parceira.

- Raras foram as vezes que a vi com ar tão alegre, lindinha! - observa-a tentando familiarizar-se com a arma que ia usar - Vou ajuda-la.

Mulder fica a segurar junto com Scully a pequena espingarda para atirar nos patinhos amarelos, ajudando-a a equilibrar a arma.

Ele murmura bem junto aos seus ouvidos, com voz suave, em tom de brincadeira:

Scully ri sem parar; quase nem consegue mirar os alvos em movimento.

Mulder, está junto a Dana, suas mãos sobre as dela segurando firme o cabo da espingarda, aconchegando seu corpo alto e forte ao pequeno e frágil dela.

Naquele contato, Dana sente o frêmito de prazer a varar-lhe o corpo, ao perceber o calor abrasador que emana de todo o corpo de Mulder.

Aos tiros de espoleta disparados, os patinhos vão caindo de sua base rolante.

E essas cenas deliciam seus olhos, denotando contentamento.

A felicidade está ali, naquele instante.

Cada um sente-se bem, tranqüilo, feliz e extremamente realizado naqueles instantes de pura distração em que podem deixar fluir sua íntima, sincera e leal amizade num momento tão descontraído e podendo extravasar toda sua energia naquelas horas de agradável entretenimento.

Após divertirem-se naquele local, os braços de Dana estão carregados de diversos ursinhos de pelúcia de vários tamanhos.

Arregala os grandes olhos azuis para ele:

Tem uma reação imediata:

- Ah vá, Mulder! Relaxa! Que idéia mais tonta! Eu te adoro, amigo!

Toma as mãos dele entre as suas e leva-as de encontro ao seu peito.

Os olhares se encontram com ternura.

Ela toma, rapidamente um ar extrovertido:

Ele aponta um local, um pouco distante do Parque:

- Mulder... e eles...? - refere-se aos bichinhos.

Ele sai para fazer o que havia dito, enquanto ela o espera.

 

* * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Chegam ao restaurante.

Sentam-se para pedir algo.

Ela examina o cardápio:

- Bem... vejamos... gelado de arroz integral, sem gordura. - mostra com o dedo - Que tal esse?

Ela dá uma risada:

Ele examina-a com aqueles olhos inquisidores:

Há uma forte tensão no momento.

Ela sustenta o olhar abrasador dele, que a examina detalhadamente em seus cabelos, os olhos.

O olhar penetrante de Mulder esquadrinha todos os detalhes dos lábios de Scully, deixando-a perceber o desejo que lhe consome a cada dia: beijá-la.

Dana sente no olhar dele o mesmo de como aconteceu quando a maldita abelha havia atrapalhado o rumo daquela emoção...

Neste exato momento um profundo suspiro de frustração sai do peito de ambos.

Mulder explica ao garçom o que desejam que os sirva.

O homem afasta-se.

Dana, com um palito distrai as mãos nervosamente sobre a mesa, quebrando-os em diminutos pedaços.

Sente, em seu interior, que havia praticado como que uma ação má. A sua perspicácia ou intuição que fosse indica que, ao falar aquelas palavras, havia tocado num ponto em que Mulder lhe cobraria sem mais tardar uma resposta. Neste momento não tem mais noção do que deve tentar para fazê-lo esquecer da tola insinuação romântica.

- Vamos continuar?

- O que? - ainda sem fitá-lo.

Ele olha a direção que ela lhe aponta.

Um lindo poster de Veneza aparece diante de seus olhos. Confirma:

Dana traz agora em sua fisionomia sua familiar expressão de ceticismo:

Ele abre as mãos, sem achar palavras.

O garçom acaba de retornar à mesa e serve seus pratos.

Iniciam a refeição.

Ele mais uma vez examina-a, apertando os olhos verdes transparentes:

O sorriso esboçado nos lábios de Mulder demonstra todo o desapontamento que inunda seu semblante.

Ela pára de comer, para fitá-lo espantada:

Ele resolve continuar sua refeição calado.

Os minutos de silêncio arrastam-se entre os dois.

CONTINUA...

VOLTAR