AINDA A LOUCURA
"A paixão excitada não recua
diante de nenhuma loucura."
Schiller
Capítulo 102
Dana coloca os vasilhames no micro-ondas, pensativamente.
"Será que é do desejo de alguém atrapalhar meu relacionamento com Mulder? mas ... quem? Me dá uma forte vontade de contar a ele aquela insensatez que vi no computador, mas, ao mesmo tempo, falta-me coragem." - ela pensa.
Permanece diante do aparelho por alguns segundos; afasta-se em seguida.
Mulder havia saído, mas não se demoraria. Por isso ela aproveitaria a ausência dele para, novamente, abrir a sua caixa postal.
Corre até onde está o laptop. Liga-o e espera, quase aflita.
Em seguida clica para entrar na sua caixa de mensagens.
Seu coração dá um salto. Lá está a terrível mensagem outra vez.
Oi Dana,
Você, é claro, não vai responder às minhas palavras de afeto.
Eu continuo louco por você. Desejo a todo instante tê-la do meu lado. É tentador, com certeza, esse real sentimento.
Será que posso sonhar possuir você inteiramente minha, para sempre?
Um ardoroso beijo
Seu dedo médio, nervosamente, toca a tecla a fim de deletar a mensagem.
Dirige-se ao quarto. Tira do berço seu filho.
Seu pensamento está agitado em perguntas.
"Até quando ainda vai continuar essa loucura??!!"
* * *
Maggie abre a porta para a filha. Estende os braços para pegar o netinho.
Maggie caminha para lá e para cá, mimando o pequenino que pega a sua face com as mãozinhas rechonchudas.
Num dado momento olha para a filha, em pé, olhar distante.
Maggie pára seus passos. Fita-a com atenção.
Inclina a cabeça da direita para a esquerda e vice-versa, observando-a com jeito indagador.
Dana desperta.
Maggie volta a caminhar, com William nos braços. Que lhe entrega o seu sorriso inocente.
Maggie, por sua vez, resolve também sentar-se.
Maggie fecha os olhos, preocupada.
A mãozinha de William toca suas pálpebras. Ela ri e o beija.
Dana levanta-se. Engole em seco.
Os olhos azuis de Dana enchem-se d'água.
O bebê faz um som de que está entediado. Ou com sono. Porque suas pequeninas pálpebras estão pesadas.
* * *
Dana gira a chave na fechadura. Abre-a para entrar.
Não ouve resposta. Ela pára, antes de fechar a porta por dentro. Olha o filho adormecido em seu colo. Aconchega-o para si e o beija, carinhosamente.
O bebê estremece, levemente. Mas não acorda.
Dana dirige-se ao quarto, onde coloca seu filho no berço, ajeitando-o, para que continue seu sono.
Dirige-se então banheiro. Ouve o ruído da água caindo do box.
Ela abre o guarda-roupa, retira a peça e o entrega em seguida.
Mulder veste-se, rapidamente. Achega-se a Dana e morde-lhe a ponta do nariz, amorosamente.
Dana sente-se quase em pânico.
"Ele está me achando titubeante, indecisa...! Será que estou demonstrando isso? Será que ele desconfia...? Será que dá pra perceber a minha preocupação? Será que ele...?"
Mulder já vem retornando do quarto, passando a mão pelos cabelos molhados.
Novamente o temor a impede de agir. Fica com os pratos na mão, estática. Olhar perplexo.
"Por que ele me pergunta isso? Será que ele foi ver as mensagens e achou... aquela?!"
Dana engole em seco. Fecha os olhos. Tenta tirar do pensamento esses temores. Receios. O terrível medo, como sempre.
"O medo é um microscópio
que aumenta o perigo."
Sommerson