ACREDITANDO NO IMPOSSÍVEL
"Todo aquele que ama, acredita no impossível."
Elizabeth Barret Browning
Capítulo 114
Para: trust_no1@mail.com
Preciso trocar palavras com você. Minha vida é somente trabalho, saudade e preocupação. William está bem. Esperamos você. Sempre.
Beijos
Dana
Ela tem em mãos o e-mail enviado a Mulder.
A mãe balança a cabeça, incrédula.
"Agora só tenho que esperar a resposta. Ai... eu preciso tanto dele...! Tomara que me responda logo!" - pensa, embora sem sentir-se muito animada.
Maggie encaminha-se para o quarto a fim de pegar o bebê.
Dana termina de aprontar-se para sair. Despede-se da mãe.
Bate a porta atrás de si e fica parada no corredor, por alguns segundos.
Mil pensamentos ocorrem em sua mente atribulada.
Precisa pensar, urgente, numa estratégia para poder realizar o plano que tem em mente.
* * *
A tarde já caíra e Dana, voltando para casa, ansiosa, deseja que a mãe lhe dê alguma resposta positiva sobre o que queria. Achara por bem nem telefonar. Precisa de respostas, confirmações reais, fossem ou não favoráveis ao seu desejo.
Está exausta. Ela, o Agente Doggett e a Agente Reyes, mais uma vez tiveram um dia de intenso perigo. Aliás, como sempre. Essa é a opção de vida que haviam escolhido.
Mal ela gira a chave na fechadura e abrindo e logo fechando a porta por dentro, vê Maggie, sorridente, vindo em sua direção.
A mãe lhe apresenta a caixa:
Ela abaixa a cabeça, dizendo num fio de voz:
Dana senta-se, arrasada.
Reflete em como está completamente desarvorada sem Mulder. No trabalho, tudo bem. Dá para ir levando e consegue sobrepujar a sua fraqueza, a sua fragilidade, mesmo estando sem o apoio moral e físico do seu amado.
Dana levanta-se, decidida.
Maggie, vendo-lhe a disposição, a interroga:
Vai até o berço do seu filho. Contempla-o por alguns segundos. Toma-lhe as pequeninas mãos e as beija, carinhosa.
O nenê movimenta pernas e braços, olhando-a fixamente.
Dana tira alguns objetos do armário e coloca-os numa bolsa a tiracolo.
Maggie acompanha cada gesto da filha.
Dana pára e fita-a, firmemente.
Maggie desiste e afasta-se, balançando as mãos para o alto.
Dana lhe envia um vago sorriso.
Sai.
* * *
A estação estranha a deixa em suspense.
Está preocupada. Franze as sobrancelhas. Todos os seus passos devem estar sendo monitorados. Está sabendo. Neste lugar, no entanto, acredita que só se alguém a estivesse seguindo.
Precisa dar um jeito. Tem que sobreviver.
Na pequena e pobre cidade as poucas pessoas que passam por ela notam que é estranha ali.
Não há luxos, nem modernidade, parecendo que o progresso ainda não chegou ao lugar.
Dana aproxima-se de um homem vestido em trajes humildes.
O homem olha-a com ar curioso e aponta adiante:
Caminha muitos metros até chegar à frente do hotel.
Na recepção pede um quarto.
Encaminham-na até o quarto, subindo uma escada de madeira.
Dentro do quarto Dana reflete por alguns instantes, enquanto a pessoa que a tinha levado, sai.
Ela abre a pequena janela de duas bandas de madeira e venezianas. Olha o ambiente lá fora. Avista lá ao longe, bem distante, a imensa montanha que corta com sua silhueta escura o azul do céu.
"Desta vez não há ninguém entre nós, Mulder!" - pensa, com o coração batendo descompassado.
* * *
Dana sente-se emocionar. A garganta está fechada. Se tivesse que pronunciar alguma palavra, certamente não o poderia fazer neste momento. Aguarda.
Na pequena estação o barulho do trem já pode-se ouvir à distância.
Ela coloca a mão no peito, angustiada. Consulta o relógio de pulso.
Anseia, com a mente tumultuada pela incerteza, logo ver a figura amada diante de seus olhos.
"Ninguém anseia por aquilo que facilmente obtém."
Ovidio
Nota - Agradeço de coração a colaboração da minha amiga Adriana, que me enviou os pensamentos que compõem este capítulo e mais outros que estarão em capítulos que serão exibidos futuramente.