COMO EXPLICAR O AMOR?

 

"Amor é um exagero... também não!

Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade,

um destempero, um despropósito, um

descontrole, uma necessidade, um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez

porque não tem explicação, esse negócio de

amor não sei explicar.

Mario Prata.

Capítulo 117

Por alguns momentos há um silêncio entre ambos. Mulder esquadrinha, com seus olhos penetrantes, o semblante de sua amada.

Ele não retruca. Sua respiração afogueada fala por ele. Procura os lábios dela, quase desesperadamente.

Mulder toca os lábios várias vezes sobre os dela, apaixonado. Prende-a junto a si, para senti-la colada ao seu corpo ansioso em tempo de espera, quase incontrolável.

Ela meneia a cabeça, indicando compreender. Sua garganta não tem condições de pronunciar uma palavra sequer. Está muito abalada. O desgosto que a ataca é profundo, enraizado até o fundo de sua alma.

Sente-se a mais infeliz de todas as mulheres.

Mulder, abraçando-a, a faz chegar até a janela.

Dana, com a cabeça encostada no peito quente dele, fecha os olhos.

Aqueles momentos em que estão ali, juntinhos, abraçados, em paz, a emocionam muito. É um sentimento indefinível e extremamente prazeroso.

Mulder olha para o céu.

Ela aperta-se mais a ele.

Ele leva a vista na direção da montanha que ela lhe mostra. E entende o que ela lhe quer dizer.

Ele não a permite continuar. Cobre-lhe a boca com a mão e a carrega nos braços.

Ela o enlaça pelo pescoço, feliz, embora suspirante, desejando intimamente, que ele aceitasse sua idéia de irem investigar o que poderia ser feito para não mais serem perseguidos pelos alienígenas.

Ele coloca Dana docemente, sobre a cama.

Ela deita-se com os braços cruzados à nuca.

Mulder, de pé, continua contemplando-a Como se ela fosse uma deusa. Algo divino.

Ela estende os braços para ele.

Ele mostra a ela seu sorriso. Condizente com o substantivo pelo qual ela o havia chamado. Menino.

Ele deita-se.

Dana joga seu corpo sobre o de Mulder. Acaricia-lhe no peito, deslizando os dedos sobre a pele e os poucos cabelos ali espalhados. Depõe, levemente os lábios sobre seu morno tórax.

Mulder fala com sua característica voz:

Hoje que sinto o coração contente

Enquanto o teu amor for meu somente

Eu farei versos... e serei feliz."

Dana estaca, surpresa:

Só porque ao seu redor os pássaros e abelhas adejam...

Quero que venhas comigo até o jardim,

Para que aquelas rosas vaidosas te vejam..."

Dana aperta as pálpebras dos olhos fechados e uma lágrima escorre, caindo no peito de Mulder.

Dana apenas o escuta falar, divagando ela mesma a respeito dos seus próprios sentimentos pelo homem que tanto ama.

De súbito, Mulder ergue-se da cama.

Ele coloca um dedo sobre os lábios, indicando um gesto de silêncio.

Vai até a porta, em passos rápidos, com os pés descalços.

Dana o segue.

Ele atento, fita a brilhante maçaneta da porta.

Ela, imediatamente, corre para pega-la de dentro do bolso interno do blaser, pendurado no espaldar de uma cadeira.

Veste rapidamente a calça e camisa de mangas compridas, deixando-a desabotoada, calça os sapatos.

Mulder retorna à porta e segura o trinco para abri-la, num gesto rápido, mas uma espécie de choque faz-lhe vibrar todos os seus nervos no corpo.

Ele larga o trinco, de súbito, sentindo a mão amortecida e cheia de dores.

Novamente ele faz um sinal de silêncio e sai em seguros passos em direção da janela.

Dana, atônita, está sem fala.

Nem sabe o que dizer, vendo os gestos impetuosos e perigosos dele, numa saída estratégica, em busca de dar um basta naquela maldade do inimigo.

 

"Os maus são uns doentes que não querem médico."

E. Blasco

 

 

Nota - Agradeço à minha amiga Luzy pelos versos que compõem este capítulo e outros mais que farão parte dos Devaneios.

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