INTUIÇÃO
"Intuição é quando seu coração dá
um pulinho no futuro e volta rápido."
Mario Prata
Capítulo 119
Mulder sente que seria um pouco feliz se conseguisse, pelo menos, adormecer por alguns minutos.
O balanço leve do trem faz com que diversos passageiros dormitem, tranquilos, nos assentos.
Aquelas pessoas já haviam deixado de examinar a fisionomia atormentada de Mulder.
Este está sentindo-se cada vez mais tenso. A cabeça lhe dói, horrivelmente. É uma dor queimante e aguda.
Mulder está ciente de que precisa de ajuda, mas tem que continuar sua jornada.
* * *
Ele deixa o corpo jogar-se, como um trapo, sobre uma cadeira. Na verdade, nem sabe como conseguira chegar até aquele hospital. Só tem consciência de que teve a ajuda da mulher que se preocupara com ele no trem e um outro passageiro.
O cheiro forte do clorofórmio dentro da sala de emergência é incomodativo, penetrando em suas narinas.
A voz da enfermeira parece ressoar como o alto badalar de um sino dentro dos ouvidos de Mulder.
Enquanto a enfermeira cuida do ferimento em sua testa, tentando dialogar sem grande sucesso, a mente dele divaga, agora, na cena de Dana tratando de sua ferida na testa, tempos atrás.
Ele fecha os olhos e relembra que havia dito a ela, naquela ocasião:
"Scully, você tem manos de piedra... - sente a imensa saudade que o martiriza - ... ah, Scully, Scully...quanta falta você me faz...!"
Mulder caminha pelo corredor do hospital. Sente as pernas como chumbo, o peito opresso, a dor na cabeça ainda continua forte e intermitente.
Ele sente que seus passos ainda estão um tanto cambaleantes.
Já na calçada da rua movimentada, ele faz sinal para um taxi. O veículo pára diante dele.
Mulder apenas faz um gesto com a cabeça, cumprimentando-o
O motorista põe o carro em movimento.
Mulder nota que havia sentado pesadamente no banco traseiro do veículo.
A voz do taxista ressoa retumbante nos ouvidos sensíveis de Mulder.
Mulder fecha os olhos. Os pensamentos embaralham-se em sua mente.
"Scully... supersoldados... William..."
Com a resposta lacônica de Mulder, o motorista passa a colocar sua inteira atenção no caminho que está a seguir, na direção do veículo.
"Não sei qual a finalidade da minha vida, agora. - ele pensa - Longe de Scully e sei que ela precisa de mim... a minha forte intuição me diz isso."
Seus olhos vêem, distraidamente, as lâmpadas dos postes das ruas que passam velozes, como raios luminosos, diante de seus olhos cansados.
E em sua mente somente os grandes e azuis olhos de Dana fitando-o indagadoramente, tentando decifrar de seus pensamentos o porquê de tanto sofrimento pelo qual são obrigados a passar.
"O pensamento consola-nos
de tudo e a tudo provê."
Chamfort