"Ainda que me dês todos os
beijos, eles serão sempre poucos."
Properzio
Capítulo 123
Dana entregou a caneca de porcelana com o fumegante e aromático chá.
- Toma, Mulder.
- Pra que?
- Pra você melhorar.
- E o que é isso?
- Um chá, somente!
Ele pegou a caneca. Aspirou o aroma do líquido.
- Chá de que? Tem cheiro estranho!
- Claro. Tem um cortador de gripe dentro.
- É mesmo? - sorriu, com desdém - Por isso tem cheiro de aço.
- Para cortar sua língua ferina.
- Pode até ser isso... - puxou-a pela cintura - ... mas que ela serve pra muitas coisas, lá isso serve... e você gosta!
Ela se encolheu, fingindo-se amuada, não querendo sorrir.
- Pára, Mulder! - disse em voz sussurrante.
- Eu sei que você não resiste... - enfiou a ponta da língua no ouvido dela.
Dana fechou os olhos. Sua carne vibrou.
- Já disse pra parar, Mulder! Você tem que melhorar.
- Você sabe que só melhoro depois de...
- Não pode! - ela o repeliu, quase sem forças para resistir.
- Mulder, uma gripe forte debilita o organismo!
- Verdade? O meu é o contrário. Quer é ação, movimento...!
Dana tirou a caneca das mãos dele.
- Me dá isso, antes que derrame em cima de mim.
Mal ela colocou a caneca sobre a mesinha, imediatamente ele a enlaçou com ardor.
A respiração ofegante dele e o toque de seus dedos ansiosos, causou nela maravilhosa sensação.
- Eu não vivo sem teus beijos, Scully! Eu... prometo...
- Promete o quê, Mulder?
- Beijar só teu corpo... tudo!
Ela viu a malícia do desejo nos olhos brilhantes dele.
- Ah, meu Deus, Mulder... eu quero que fique... em repouso... - falou com dificuldade, com as investidas dele.
- Re ... pouso? - falou afogueado, a voz enrouquecida, respiração opressa - Doutora Scully, porventura a senhora teme ser contaminada pela minha gripe?
Imediatamente após falar isso com a voz fanhosa, Mulder entrou em uma sequência de espirros. Após isso jogou-se de costas, exausto, na cama.
- Nossa!! Ainda fala que está disposto a ...
- ... e estou! - ele cortou rápido.
Dana recomeçou a tentar fazê-lo beber o chá.
- Não...! - ele recusou-se, num lamento manhoso.
- Sim! - ela replicou, afagando-lhe os cabelos desarrumados - Ah... cabelinho do meu encanto! Sempre espetadinho pra cima.
- Pior se fosse caído.
- Aposto que você não está falando do cabelo.
Mulder sorriu entre dentes. Sentou-se. Pegou a caneca com o chá. Bebericou um pouco, fazendo careta.
- Argh! Isso e gelado de arroz integral sem gordura têm o mesmo sabor!
- Ah, é? No entanto, daquela vez que você tomou o sorvete da minha mão, saboreou-o com todo gosto!
- Eu só queria tomá-lo de você e sentir, pelo menos no sorvete o gosto de sua boca!
Dana cruzou os braços, observando-o, sem sorrir. Logo reparou o seu semblante.
- Mulder... espera! - tentou afastá-lo de si e encostou o dorso da mão no peito dele.
- Não é aí que você tem que pôr a mão! - ele protestou, com ironia.
- Você está ardendo em febre! Eu logo vi!
Ele fez força com os braços, levantando-se.
- Vou tomar um banho gelado.
- Ei! Pára com isso! Nada disso! Que gelado o quê!
- Como é? Que espécie de médica é você, doutora?
- Vai, Mulder! Fica quieto aí. Vou buscar um analgésico. - forçou-se a deitar-se.
- Escuta, por que não posso tomar um banho gelado?
- Gelado nem pensar! Teria que ser menos dez graus que a sua temperatura. - disse, convicta.
- Ah, vá...
- Claro! Se não, poderia sofrer um choque térmico.
Ele a agarrou.
- Choque térmico vou ter se não me deixar fazer o que estou querendo. - ele a fez cair sobre a cama, para que ficasse junto dele.
Ela não fez resistência.
- Tá, tá! Eu fico quietinha aqui com você - fez carinhos nele - Fico bem juntinho aqui, enquanto sua febre passa, enquanto você descansa, ok?
Ele a fitou com olhos carentes. Nas feições abatidas.
Ela conseguiu esticar um braço em direção da mesinha de cabeceira, pegou um comprimido para fazer com que ele o engolisse.
Em seguida aconchegou-o bem aos travesseiros e deitou a cabeça em seu peito nú.
- Deixa eu pegar uma camisa pra você vestir?
- Não.
- Não sente arrepios de frio?
- Você me esquenta.
- Mas que cabeça dura!
- E o resto todo também está. - sorriu, com olhar matreiro.
- Você se aquieta, Mulder! - ralhou, brandamente.
Ele enroscou o corpo, em atitude de feto, grudado a ela, com a longa perna sobre o seu corpo franzino.
Dana, discreta e jeitosamente, arrumou um lençol leve sobre o corpo dele. Apalpou suas pernas e braços. Estavam quentes.
Mulder, com o rosto enfiado entre os braços de Dana, falou ainda:
- Pode apalpar aqui também. - levou a mão dela à sua parte íntima rígida e quente - Como é que está?
- Mulder, toma jeito! Você tem que repousar! E fim de papo. E se ficar perturbando muito, vou acabar lhe aplicando uma injeção.
- Tenho certeza, lindinha, de que você é que está precisando de uma boa injeção, que só eu sei aplicar.
- Sem graça! - ralhou ela - Fica quieto!
Por longos minutos Dana acariciou-lhe os cabelos, até que, aos poucos, sentiu que o corpo dele havia relaxado.
Em completo repouso e aliviado da febre, ele adormeceu.