Mulder vai até o banheiro. Olha-se no espelho. Desliza a mão pela barba crescida. A face tornara-se escura por causa disso. Mas ele se dá conta de que necessita escanhoar a pele, deixa-la lisa, enfim.

Nessa cidade em que se encontra agora e nas atuais circunstâncias, é até um tanto recomendável manter um visual bem diferente.

Enquanto olha-se no espelho, fica relembrando em sua casa, Dana grudada às suas costas, enquanto ele fazia a barba, mantendo o tórax nú.

Embora o tempo estivesse gelado, ele sentia na pele o calor da sua adorada Scully.

• Você está me mordendo, Scully!
• É que você é gostosinho...! - ela ria.
• Espera só eu acabar isso aqui, e você vai ver.
• Pra que fazer a barba? Esses espetinhos me causam frisson.

Ele a fitou, com olhar de desejo.

• Causam mesmo?
• Hum, hum. - assentiu.

Ele, rapidamente, tirou o creme de barbear da face com a toalha.

• Não vou fazer a barba. - disse, agarrando-a
• Muito bem. Legal!

Abraçaram-se. Com calor.

Os afagos de Dana, enquanto lhe cobria a face de beijos o excitava cada vez mais.

O tilintar irritante do telefone interrompeu o idílio.

• Mas que droga é essa? - reclamou Mulder.
• Deixa que eu atendo. - ela soltou-se dele e foi até o telefone.

Mulder observava-a, atendendo o aparelho.

• Mas tem certeza de que tenho que ir? Sei... sei... talvez não dê pra fazer isso... ah, é por causa do William... sim... eu entendo...

E enquanto Dana conversava ao telefone Mulder havia se sentado no braço de uma poltrona. Levou o dedo indicador abaixo do nariz, denotando preocupação. Ergueu as sobrancelhas.

• Bem, tudo certo... tá Doggett... eu entendo... pode deixar! - ela continuava.

Mulder ouviu o nome pronunciado por Dana.

"Doggett! Doggett! Sempre esse pessoal perturbando!"

• Scully! - ele chamou.
• Um momento. - ela falou para Doggett na linha e escutou o que Mulder lhe queria dizer.
• Despacha logo esse cara! - disse ele, em voz baixa.

Dana lhe fez um sinal positivo.

• Olha John, tudo bem. Combinado. Às três horas estarei com vocês. Tchau.

Ela desligou o telefone.

Dana aproximou-se.

• Mulder... - sussurrou, mordiscando-lhe a orelha - ...aaah, eu não queria que você ficasse magoado...!

Ele levantou-se do braço da poltrona. Agarrou-a pela cintura. Pousou os lábios sobre os dela várias vezes, como que provando-os.

Dana entregou-se toda, com frenesi.

• Eu não queria dizer... - falou entre beijos.
• O que, Mulder?
• Eu não aguento...
• ... mas o quê?
• Tenho ciúmes.

Dana deu uma risadinha, enquanto deixava que ele lhe cobrisse o corpo de beijos.

Repentinamente, ele parou. Permaneceu quieto. Sentou-se na poltrona. Fechou os olhos.

• Desculpa, Scully.

Ela continuava de pé, fitando-o

Mulder jogou a cabeça no encosto da poltrona. Sentira em seu íntimo que magoara a sua amada Scully.

Dana rodeou a poltrona. Abraçou-o pelas costas. Deslizou os dedos entre os cabelos dele.

• Eu te entendo, Mulder, ou pelo menos procuro entender.
• Me desculpa.

Ela encostou o queixo na cabeça dele.

• É como eu disse, Mulder. Eu te entendo sempre e mesmo naquela ocasião em que você duvidou do meu procedimento...
• ... eu?!
• É sim. - afagou-o, carinhosa - Você me disse frias palavras, vendo o meu estado de gravidez e...

Mulder não lhe respondeu. Levantou-se e deu a volta, rodeando a poltrona, alcançando Dana e a carregando no colo.

E tudo continuou para eles, num clima de doce paz.

Mulder pensa, neste instante, como se sentiria feliz se tivesse Scully a seu lado outra vez.

Suas vidas formam um romance. Que nunca deveria acabar.