SOB A LUZ DA LUA

"Mire-se na lua, pois se você não puder

atingi-la, com certeza estará entre as estrelas."

Capítulo 143

 

Mulder coloca o telefone no gancho. Prepara-se para sair. Reflete um pouco. Aperta os lábios e volta a pegar o telefone.

"Devo ligar para Maggie, sim." - pensa.

Volta a pegar o fone e disca o número no mesmo instante. Ouve o ruído da chamada durante três vezes consecutivas. Já está prestes a desligar, quando a voz de Maggie faz-se ouvir.

Mulder vai falando para Maggie tudo que é necessário fazer para ajudá-lo nessa séria empreitada.

* * *

Dana resolvera mudar o visual. Quer agradar Mulder, mostrando estar com o coração mais leve, sem muito sofrimento interior.

Está diante do espelho, no banheiro.

Prende os cabelos ruivos e longos num coque, o qual deixa vários fios soltos, num ar um tanto desleixado, propositadamente. Vira-se de um lado e outro, para se olhar na superfície límpida do cristal.

Repentinamente, seus pensamentos vão para seu antigo apartamento.

Rememora: a sala, sua estante, a linda planta, o aquário que tinha trazido do apartamento de Mulder, os confortáveis sofás... a cozinha, os armários, utensílios, inúmeros objetos para seu uso e conforto, tudo lá ficara; seu quarto, seu guarda-roupa, seus vestuários, pertences, tudo enfim... até chegar em sua memória o quarto de William...

Ela sacode a cabeça, retirando os pensamentos que a deixam perturbada.

Agarra a pia com as duas mãos, nervosamente.

"Eu quero, tenho que desviar meu pensamento desse incrível sofrimento! Não posso continuar com essa dor. Mulder não merece isso... ele não merece!"

Dana abre a torneira e borrifa o rosto com a água fria. Respira fundo.

Fita seus olhos refletidos no espelho. Azuis. Transparentes. Bem lá no fundo, instalada a tristeza.

Pisca várias vezes. Uma lágrima desce-lhe pela face.

Ela insiste em fazer com que a água lhe melhore o semblante abatido.

Molha bastante os olhos. Enxuga o rosto, enfim.

Deixa o lavatório e dirige-se para o quarto. Pega sua bolsa de viagem. Vasculha seu interior, retirando dela uma necessaire.

"Vou usar um batom de cor viva nos lábios. E mostrar a Mulder que estou alegre... - suspira - ... pelos menos, aparentemente."

Ela desliza o bastão colorido nos lábios polpudos.

Havia vestido uma roupa que lhe mostrava mais as formas. Sutilmente isso fizera-lhe bem.

Dana ouve o ruído das chaves de Mulder na porta de entrada. Em seguida seus passos pesados. Mas não vira-se para olhá-lo.

Mulder caminha até ela, esperando que ela se volte para vê-lo chegar.

Ele interrompe a fala, quando ela volta-se para encará-lo.

Scully sorri.

Ele segura-a pelos ombros e a encara.

Ela permanece quieta, aguardando.

Mulder aproxima-se mais, toma-lhe o rosto entre as mãos. Pousa os seus lábios levemente sobre os dela. Como que temeroso, caso ela não concorde em beijá-lo, neste instante.

Dana entreabre os lábios rubros e os entrega ao dono de sua paixão.

Naquele beijo voluptuoso e ao mesmo tempo tão doce, eles demonstram todo o amor e a intenção de sentimentos que tem um pelo outro.

E segura a cabeça dele junto à sua, para que ele não se afaste e a encha de prazer nesse momento em que se entregam nesse gostoso ato de amor.

Separam os lábios.

Ele a segura, apertada, contra seu corpo.

Dana afasta-se de Mulder e retoca os lábios com o batom .

Mulder vai até o banheiro.

Olha-se no espelho. Sua boca está um pouco manchada pelo batom de Dana. Ele limpa-a com a toalha, displicentemente. Passa um pente nos cabelos. Esfrega o dedo indicador no lugar do bigode que não tem, sentindo a aspereza da pele, pelo surgimento dos tocos de fios de barba.

Arregaça mais as mangas da camisa azul.

Mulder reaparece na porta do banheiro.

Dana repara no seu homem.

Alto, forte, espadaúdo, belo, tentador na sua indumentária simples de calça jeans e camisa azul. Tênis nos pés.

Está simplesmente irresistível o seu amado Mulder. Que a fascina com sua aparência de uma pessoa às vezes áspera e incompreensível, e em outras, terna e sensível.

"Há aparências de dureza que ocultam

tesouros de sensibilidade e de afeto."

Julio Diniz

Wanshipper@yahoo.com.br