CONVICÇÃO DE UM ERRO

"As convicções dependem da idade; outras

das peculiaridades físicas; a maioria do

grau de cultura que se possui."

Constancio C. Vigi

Capítulo 144

De mãos dadas, Dana e Mulder assistem, um tanto fascinados, o intenso piscar do brilho das estrelas.

Nem sequer pronunciam alguma palavra. Esse cenário esplendoroso da natureza os emociona.

Aqui e ali o canto de um mocho se faz ouvir. O ruído longínquo de um avião, em grande altitude, ecoa no espaço escuro.

A lua cheia, brilhante no espaço azul escuro, é fascinante.

Eles apertam-se as mãos, que ainda estão unidas. Encostam-se um no outro.

Uma leve brisa a cortar o ar nesse instante os enche de prazer.

Mulder abaixa a cabeça, que enquanto fitava o céu, estivera levantada. Olha para Dana, que continua a mirar as estrelas.

Dana suspira. Continua olhando para cima. Sorri.

Ele ri. Balança a cabeça. Olha novamente para o céu.

Dana fecha os olhos.

Não que sinta-se exatamente feliz neste momento, mas a terna companhia de Mulder a enche de uma sensação de segurança. E nem sabe o porquê, de esperança.

Eles caminham, vagarosamente, agora.

Mulder chuta algumas pedrinhas, com as pontas dos tênis.

A frase havia soado com um tom de tão grande queixa, que a própria Dana procura consertar:

Param de andar.

Mulder a segura pelos ombros. Fita-a, com o seu olhar intenso.

Ela corresponde ao seu olhar.

Mesmo sob somente a claridade da luz do luar, ele pode ver o vibrante brilho dos olhos dela. E nota que, aos poucos, enquanto se fitam, as lágrimas vão brotando nos seus melancólicos olhos azuis.

Mulder a aconchega em seu peito. Suspira, enquanto acaricia-lhe as costas.

Ela afasta-se um pouco dele. Olha para o chão.

Mulder sabe ao que ela está se referindo.

Mulder lhe levanta o rosto triste, fazendo-a encará-lo.

Ela sorri. Somente nos lábios. Não no coração. Porque este chora.

Seu pensamento toca-lhe, no entanto:

"Eu havia prometido a mim mesma, ter uma noite amena com o homem que amo. Não posso carregá-lo para compartilhar comigo da minha desgraça."

Num tom jovial, embora forçado, volta-se para Mulder:

Ele a perscruta, com o olhar.

Ela fala, com a boca bem junto aos lábios dele:

Continuam falando, com as bocas quase unidas.

E o beijo prolongado sela o palavreado romântico entre os dois.

Separam-se após minutos.

Mulder, segurando a mão de Dana, encaminha-a para onde ela possa ver, mais distintamente, a luz brilhante da lua, que está derramando-se sobre os dois, banhando-os de prata.

Tudo ali forma um cenário de encanto e poesia.

"A poesia não tem presente;

ou é esperança ou saudade."

Camilo Castelo Branco

wanshipper@yahoo.com.br