ESPERANÇA

"Não neguemos nada, não

afirmemos nada; esperemos."

Renan

 

Capitulo 15

 

 

Scully abre os olhos.

Despertara, enfim.

Olha para o lado.

Vê Mulder.

Ele dorme, ainda. Sua fisionomia é serena.

"Mulder está aqui, ao meu lado! Tivemos a nossa primeira noite de amor! Depois de todos esses anos! E ele me amou como eu queria! Me sentí no céu! Estou feliz, meu Deus!" - divagam os pensamentos de Scully.

Um movimento de Mulder a desperta de suas divagações.

Queda-se a contemplar embevecida a face dele, bem juntinho de seu rosto.

Observa o rosto dele: a boca que desvendara todos os segredos do seu corpo; o nariz que roçara sua pele e sentira-lhe o mais íntimo odor; os olhos que lhe vasculharam até o âmago do seu ser.

Tudo isso naquele rosto que ela adora e por onde agora desliza o olhar por cada linha horizontal que se desenha na testa dele, e que faz denotar que, aos poucos, a juventude vai dando lugar à maturidade naquele semblante que pertence a uma criatura de um sério caráter e muito segura de si.

Ele abre os olhos, vagarosamente.

Ele sorri e deita-se apoiando-se sobre um cotovelo.

Mulder vira-se e deita, olhando para o teto:

Ele volta-se para ela e procura-lhe os lábios. Beija-os levemente.

Ela somente sorri com um certo recato.

Mulder toma seu rosto entre as mãos e beija-a nos lábios repetidas vezes.

Scully aconchega-se ao corpo quente de Mulder sob os lençois.

Afagam-se, agarram-se e permanecem assim, calados, unidos, olhos fechados, sentindo-se... um ao outro.

Muitos minutos se passam.

Repentinamente um estridente ruído ressoa no aconchegante ambiente.

Ambos parecem emergir de um agradável torpor.

Scully, com olhos esgazeados, não consegue compreender, de pronto o que se passa.

Mulder, por sua vez, levanta a cabeça.

Scully senta-se na cama, cobrindo-se com o lençol.

Scully ergue a mão para pegar o telefone na mesinha de cabeceira.

Mulder coloca sua mão por sobre a dela, impedindo-a de segurar o aparelho.

Mulder enlaça-a, fazendo com que o pequeno corpo de Dana seja completamente envolvido pelos seus braços.

Volta a beija-la intensamente e procurá-lhe a boca com lábios sôfregos.

Dana o recebe com extremo desejo. Nunca havia amado Mulder! Nunca havia permitido os seus sentidos perderem-se sob o poder sedutor dele. Agora está com ele ali, aconchegado ao seu corpo, sentindo o calor que emana daquela carne vibrante e cheia de volúpia de Mulder.

Sente em êxtase a leveza e o carinho com que ele beija e toca com lábios e mãos as partes mais íntimas de seu corpo, e ele assim age como se manuseasse uma peça rara e frágil de algum material diáfano que ele pudesse perder a qualquer momento em que usasse de menos sutileza.

E Scully quer mais.

E entrega-se totalmente a ele. Deseja-o

Necessita dele como o ar que respira. Agora sente que precisa viver e viver sem Mulder não tem razão de ser.

 

X x x x x x X

 

Ele envolve com os braços o corpo de Dana, sorridente.

Ela senta-se na cama e veste o quimono.

Mulder vira-se de bruços na cama:

Scully novamente dá uma risada, entendendo.

Ele a enlaça, novamente, cheio de calor.

 

 

X x x x x X

O tímido sol da manhã já começa a penetrar pelas vidraças da janela.

Já podem ouvir o leve trinar dos pássaros nos arvoredos próximos, lá fora.

O latido de um cão, uma busina de automóvel, o ronco de um motor.

Ela ergue as sobrancelhas, em dúvida:

Scully sorri.

Mulder assente.

Mulder volta-se para Scully, retira de seu rosto alguns fios de cabelo, amorosamente.

Ele busca as mãos dela para segurá-las e prendê-las à volta de seu corpo:

Prova-os como a algo do qual procura conhecer o sabor.

Scully o espera e devolve aquela carícia.

Sente agora que a boca sensual dele prende-se às partes sinuosas e mais sensíveis de seu corpo, sugando-as com prazer. Freme de paixão por aquelas carícias.

Arrebata-lhe os sentidos os afagos que ele faz com lábios úmidos e desejosos.

Suas carnes túmidas impelem-na a desejar mais e mais carícias.

Sente no corpo dele o retesamento de seus músculos ansiando por sua entrega.

Que é total agora.

 

X x x x x x X

 

Scully levanta-se.

Mulder fica na cama; olhos dirigidos para o teto, mente divagando em mil pensamentos.

Sente, de certa forma, felicidade nesse novo estilo de vida que deverá seguir daqui para a frente.

Um leve sorriso aparece-lhe nos lábios e um brilho de paixão nos olhos verdes.

Sabe que deste momento em diante sua vida terá um novo sentido.

A esperança será o esteio para sua vida em tudo que tentar realizar, porque confia num futuro feliz.

Embora a sua Scully tenha sido a companheira de todas as horas nesses sete anos de conhecimento, a partir de então, até nos momentos de maior intimidade estarão compartilhando dos mesmos lugares, coisas, pensamentos e sentimentos.

E sente que foi muito gostoso acontecer na sua vida aquele encontro, num acaso, com a sua parceira, naquele 10 de setembro de 1993, a qual seria sua colega, sua amiga e o seu amor.

 

"O acaso é, talvez, o pseudônimo de Deus

quando Ele não quer assinar o próprio nome."

Theophile Gautier

CONTINUA