O SONHO E A ESPERANÇA
"O sonho e a esperança são os dois calmantes
que a natureza concede ao homem."
Frederico I
Capítulo 155
Dana carrega no pacote que sustenta nos braços, alimentos para encher a geladeira.
Precisa, antes do retorno de Mulder, organizar tudo para que nada lhes falte. Entra no motel, para chegar a seu quarto. Sente-se cansada. Apreensiva, como tem estado por todos esses dias.
Mas, intuitivamente, sente, também, que hoje terá, talvez, a alegria de ver a chegada de Mulder. Um sentimento bom. E enquanto medita sobre tudo isso, guarda os alimentos na pequena geladeira. E a expectativa de rever Mulder a deixa cheia de ansiedade.
Umas batidas na porta a tiram de seus afazeres.
Dirige-se para a porta e abre-a . Seu olhar esgazeado pela surpresa, enche-se de uma faiscante alegria.
Ele entra e fecha a porta.
Ela se encosta nele, amorosa.
Mulder a abraça, com ardor. Beija-a nos cabelos, nos olhos, no pescoço.
Ela, com os pés seguros nas pontas dos dedos para chegar à altura dos ouvidos de Mulder, cola os lábios no ouvido dele.
Mulder a toma nos braços. Senta numa poltrona com ela em seu colo.
Dana o agarra com força.
Ela deita a cabeça no peito dele, novamente, sorrindo.
Mulder ri. Procura os lábios dela. Que se abrem. Esperando o beijo dele. E se entregam nesse ato quente e saboroso para os dois.
As bocas encontram-se, novamente. Ansiosas. Voluptuosas.
Agora Dana baixa o olhar. Havia entendido a pergunta dele.
Mulder continua fitando-a .
Ele desvia o olhar, para consultar o relógio de pulso.
Dana coloca as mãos sobre as faces agitadas e vermelhas pela emoção.
Dana, calmamente, aconchega-se nos braços quentes dele.
Com uma das mãos, ela vai puxando o ziper que está fechando o casaco dele. Ajuda-o a retirá-lo, pouco a pouco. Quer sentir junto à sua pele aquela carne morena e fremente do seu amado, seu corpo quente, já com partes íntimas entumecidas, ansiando pelo prazer que o corpo dela lhe poderá proporcionar.
Está louca de amor. Apaixonado amor por este homem que tudo lhe pode proporcionar. E fazê-la inteira e completamente feliz.
"Completamente feliz?! - a pergunta é feita dentro de sua mente - Não... falta algo, do qual jamais poderei lançar mão... e voltar atrás da loucura que fiz... meu filho... meu filho."
Com este pensamento a lhe fustigar a consciência, Dana sente-se triste e seus olhos ficam marejados de lágrimas.
Mas põe em sua mente que não vai deixar que Mulder pressinta esse seu negativo pensamento. Ele só deseja fazê-la feliz. Sempre.
Amorosamente, começa a deslizar os lábios sobre o pescoço dele, que já aparece sob o pesado casaco, que está sendo retirado.
* * *
Dana volta-se para olhar Mulder, deitado de lado, virado para ela.
Viram para cima e ficam somente olhando para o teto.
Mulder rola, rapidamente, para deitar-se sobre Dana.
Ela pensa ter entendido as palavras dele.
Ele pára. Coloca-a de frente para si, descobre-lhe a parte do peito onde fica o coração e ali deposita um beijo.
Ele ergue o corpo rápido, puxando-a pela mão, antes que ela pudesse lhe perguntar algo.
Dirigem-se ao banheiro.
* * *
O táxi desliza pelas ruas friorentas.
Maggie ajeita os agasalhos e a manta de lã que cobre William, em seu colo.
O motorista entra em animada conversa com Maggie, por muitos minutos.
Então, em certo momento, reduz a velocidade do veículo.
Ela responde e mais não quer explicar. O que lhe importa agora é que vai ver sua filha e levar-lhe o filho que ela pensa ter perdido.
É claro que sabe que Mulder deve tê-la preparado, emocionalmente.
Também ela tem medo do que pode acontecer à filha, já tão sofrida.
"Sentir a vida é sofrer; a consciência
só é despertada pela dor."
Graça Aranha