CREIA EM DEUS!

"Em meio às trevas, entre os espinhos,

nas tempestades e nos descaminhos,

nada me impedirá de crer em Deus."

Capítulo 156

Mulder, na portaria do motel, aguarda, ansioso, a chegada de Maggie, trazendo William.

Quando a avista saindo do táxi, cria alma nova. Agora sim, será tornado realidade o maior sonho de Dana, voltando a ter em seus braços o seu filho amado.

Caminham apressados em direção do apartamento onde Mulder e Scully estão hospedados.

Ao aproximarem-se do apartamento, Mulder pára; retira do bolso da calça uma chave. Entrega-a a Maggie.

Maggie bate na porta. Fecha os olhos e segura-se na esquadria, esperando melhorar a emoção.

Mulder coloca-se junto a uma reentrância de uma coluna na parede, para ficar menos visível sua presença ali.

A porta é aberta.

Maggie entra, rapidamente, para abraçar a filha. Ambas choram.

Dana soluça no ombro da mãe.

A emoção de Dana é tão grande, que ela não consegue avaliar todo o conteúdo das palavras de sua mãe. Apenas chora.

Agora separam-se.

Maggie limpa a face da filha, molhada em lágrimas. Retira os fios de cabelo que teimam em ficar grudados em sua testa.

Neste exato momento, Mulder aparece no vão da porta aberta. Traz o filho nos braços.

Dana vê a cena.. Franze as sobrancelhas.

Mas aquela criança nos braços de Mulder... linda, esperta, olhos vivos, fitando-a com seu ar inocente...

Dana está estática.

Não fala. Não se move. Apenas o seu olhar arrisca-se a lançar-se na direção de Mulder para William e deste para Mulder.

Mulder aproxima-se dela, com a criança nos braços.

Dana leva as mãos à face, repentinamente empalidecida.

Mulder aproxima-se mais. Faz menção de que ela deve segurar a criança.

Dana estende os braços. Sem falar, ainda. Sem emitir nem um gemido sequer. Com os braços estendidos, ela toca o bebê.

O bebê agita-se, virando a cabeça para um lado e outro, reparando naquelas pessoas desconhecidas para ele.

Um longo e profundo suspiro sai do peito de Dana, prenunciando um angustiado pranto, que logo aparece, de forma tão violenta, que torna a criança mais agitada.

E com o bebê nos braços, continua a soluçar em penosos gemidos, misto de surpresa e alegria.

Mulder e Maggie ajudam-na a sentar-se, com a criança no colo, que está com um ar de choro, fazendo beicinho, assustada.

Dana senta-se na poltrona. William continua apertado entre seus braços.

A criança, surpresa com tanta estranha manifestação, olha para Dana, curiosa e intrigada. Por momentos, faz denotar na face desejo de abrir um berreiro e por outros, seus olhos arregalam-se, surpresos, parecendo maravilhado com tudo aquilo.

Os soluços de Dana vão cessando aos poucos, enquanto beija as mãozinhas do seu filho e sua cabeça, que tem, agora, uma rala cabeleira de fios claros.

Dana estende uma mão para Mulder.

Ele olha para a face dela, molhada pelas lágrimas.

Ela, com a mão estendida para ele, continua soluçando, mas parece interrogá-lo, com o olhar.

Mulder agacha-se junto dela.

Mulder mal pode responder. Também ele está com a voz embargada pela emoção. Nos seus olhos as lágrimas dançam, fazendo-o sentir a visão embaçada.

Agora Margareth aproxima-se da filha.

Dana enxuga os olhos com o dorso da mão, enquanto tenta sorrir para o filho em seu colo.

Dana aperta a mão de Mulder que segura e beija, com carinho.

Ele achega-se a ela e a beija na face.. Afaga a cabeça do bebê, sorrindo levemente.

Dana, um pouco refeita da deliciosa surpresa, coloca, agora, o menino de pé em seu colo, observando-lhe a estatura.

Dana, com um meneio, concorda com sua mãe. Enxuga, novamente a face.

Mulder, ainda agachado junto a ela, brinca com seu filho, encostando o nariz no dele, o que o faz dar o seu inocente sorriso sem dentes.

Dana aperta-o entre os braços.

Ele levanta-se e caminha um pouco. Passa a mão pelos cabelos.

"A vida é um filme e você a

estrela. Dê-lhe um final feliz."

Joan Rivers