ALCANÇAR A FELICIDADE
"Poucos são os que nunca tiveram
uma oportunidade de alcançar a
felicidade - e menos ainda os que
aproveitaram esta oportunidade."
André Maurois
Capítulo 163
O interminável cri-cri dos grilos permanece no ar.
Já é tarde. A noite de temperatura amena, é como um bálsamo de descanso para o corpo e a alma.
O casal está sob a varanda apreciando o céu escuro, que abriga o piscar incessante das estrelas, o qual é semelhante a um estojo de veludo, que guarda incontáveis diamantes faiscantes.
Relaxadamente jogado sobre a espreguiçadeira, Mulder, com os braços dobrados sob a nuca, pernas estiradas, está fascinado pelo belo cenário diante de seus olhos.
Dana, por sua vez, deitada na repousante cadeira ao lado dele, mãos cruzadas largadas ao colo, olhos úmidos, mantém a vista em observação àquele azul escuro do infinito.
Ela dá uma discreta risada.
Dana estende-lhe uma mão, para que ele a segure.
Mulder o faz e Dana vê lágrimas em seu olhar triste, num tom cinzento, mesmo sob o escuro da noite.
Mulder fixa o olhar penetrante, que vasculha intimamente o de Dana.
Ela nota esse olhar.
Mulder dirige a Dana o seu sorriso de menino.
Ergue-se da espreguiçadeira. Fica de pé, contemplando Dana.
Dana levanta-se e aproxima-se dele. Enlaça-o pelo pescoço, cruzando os braços ao redor de sua nuca.
Ele, sofregamente, toma conta do corpo de Dana, envolvendo-a com os braços.
E suas bocas se unem.
Ele a toma nos braços com leveza e rapidez, como se o peso dela lhe fosse inteiramente indiferente. Carrega-a nos braços, entrando pela sala.
Mulder continua carregando-a pelo longo corredor.
Chegam à porta do quarto.
Mulder empurra-a com o pé, a fim de escancará-la. E entra, então, batendo-a, em seguida.
Coloca Dana sobre a cama. Suas mãos, em toques leves, vão retirando a roupa que ela veste.
Desliza suavemente os lábios entre os seios dela, sentindo o aconchegante calor da pele perfumada da amada.
Seus dedos tocam, com ternura, os contornos do corpo desejado, deixando-os deslizá-los por sobre o seu ventre, que estremece à esse toque.
Dana sente as sensações do prazer que lhe incita os carinhos de Mulder em sua carne. Cada toque dos dedos dele a fazem sentir a respiração afogueada e o desejo íntimo de gritar, pôr para fora a emoção que lhe está causando esse prazer abrasador.
* * *
Dana atravessa a porta do quarto de William, a qual é mantida aberta. Seu filho está a dormir, tranquilamente no berço.
Ela dobra os joelhos junto ao berço, para contemplar sua criança. Seus pensamentos neste instante voltam-se para o Criador.
"Deus tem sido misericordioso comigo. Eu havia jogado fora a minha felicidade, arrancando eu mesma, de meus próprios braços, o filho que gerei. E Deus deu-me essa oportunidade de alcançar a felicidade, tendo-o comigo, novamente junto a mim, através do homem que amo.
Obrigada, meu Deus! Muito obrigada...!"
Após essas palavras em seu coração, ouve um leve ruído às costas.
Mulder, encostado no umbral da porta, observa a terna cena da mãe, contemplando seu filho.
Ela volta-se para olhá-lo:
Ele faz menção de retirar-se.
Ela levanta-se, lança um último olhar ao bebê e segue Mulder em direção ao seu próprio quarto.
Caminha com passos leves, acompanhando-o.
Mesmo de onde se encontra, ela pode ouvir os acordes maviosos de uma música instrumental suave, que provém de um pequeno rádio dentro do recinto.
"A música é uma revelação superior à filosofia."
Beethoven