É PRECISO CALAR
"Duas coisas indicam fraqueza - calar-se quando
é preciso falar e falar quando é preciso calar-se."
Provérbio Persa
Capítulo 168
Dana caminha vagarosamente, segurando a diminuta mão de seu filho, que, em passos inseguros, tenta acompanhar o andar de sua mãe.
O pequeno esforça-se por equilibrar-se, dificultosamente.
E Dana o auxilia no seu intento. Para seu orgulho de mãe, a criança já ensaia dar os primeiros passos, prestes a completar um ano de idade.
O grito vem de dentro da casa.
Dana percebe que é sua mãe. Num gesto rápido, toma William nos braços e corre para o interior de sua moradia.
Maggie está parada, inerte, nervosa, no momento em que sua filha entra esbaforida, pela área adentro.
Maggie suspira profundamente, para falar:
Dana aproxima-se dela, envolvendo-a com um braço, enquanto tenta acalmá-la.
Dana afasta-se da área de serviço, onde deixara Maggie e William.
Dirige-se ao seu quarto e na gaveta da cômoda pega sua pistola. Examina a arma e destrava-a.
Cuidadosamente, dirige-se ao lugar onde sua mãe ouvira os ruídos. Chega até a porta com vidraças. Examina-a, detidamente. Tudo está no devido lugar. Nada de vidros quebrados. Nada.
Dana, ainda empunhando sua arma, vai conferindo em cada recinto da casa, se está tudo normal.
Nada encontra, porém. Passa a mão nos cabelos, agitada.
"Mulder! - pensa ela - Vou lá fora. Alguém pode estar vigiando, para atacá-la quando o vir chegar! Mas... como pode, se eu estava lá fora com William ainda há pouco...!"
Ela volta, rapidamente.
"Do outro lado da casa. É isso. Preciso ir até lá."
Em passos ligeiros, caminha para a lateral oposta da residência.
Dana caminha, pé ante pé, naquela direção, sempre atenta, empunhando sua arma.
Nada encontra, ali também.
Ela não sabe o que fazer. Vira a cabeça de um lado para o outro, indecisa.
Resolve retornar para o interior da casa.
Maggie continua no mesmo lugar. Olhos amedrontados, segurando seu neto, o qual ela havia sentado sobre o tampo da máquina de lavar.
Dana guarda no bolso do casaco a arma. Toma o filho nos braços.
Maggie faz um gesto de apavorada.
Dana esboça um sorriso significativo.
Maggie sacode as mãos, irritada.
O barulho do motor de um carro é ouvido, parando em frente à casa.
Dana chega até a janela. Vê um táxi.
Dana coloca uma mão sobre o ombro da mãe.
Dana, dirigindo-se para a porta, estaca os passos e volta-se para falar à sua mãe:
* * *
Mulder maneja o garfo, retirando a comida do prato e então pára o seu gesto no ar.
Vê o filho, sentadinho em sua cadeira alta, junto a Dana.
Sorri, enquanto observa o menino.
William ainda não consegue dominar em sua mão a pequena colher para levar à boca a sopa que está tomando.
Maggie o vai alimentando e, em cada intervalo, o bebê bate com as mãozinhas sobre a mesa, satisfeito em ouvir o barulho que causa as pancadas de suas pequenas palmas sobre a superfície de madeira, misturando-se ao da colher.
Dana havia levantado-se da mesa, sem nem haver terminado sua refeição, pois fôra prender uma porta que estava batendo na entrada da casa.
Mas agora, neste exato momento, Mulder, que estivera apreciando a delícia de ver seu filho na mesa, fazendo sua refeição, nota a figura de Dana de volta da sala; lívida, silenciosa, com os olhos parecendo amedrontados.
Ela leva a mão à testa, angustiada.
Maggie levanta o olhar e vê o estado da filha.
Dana aproxima-se da mesa, a fim de sentar-se novamente.
Maggie limpa, com um guardanapo a boca de seu neto, não deixando de notar a expressão desgostosa de sua filha.
Mulder, sem nada entender, volta a concentrar-se no que estava fazendo, terminando a refeição.
Dana apenas assente, com um gesto de cabeça.
Mulder limpa os lábios. Levanta-se. Retira William da cadeira. Toma-o nos braços e deixa a sala de jantar.
Dana, calada, segura o garfo, sem nenhuma vontade de continuar a comer o que está no prato.
Maggie aproxima-se. Baixa a voz.
Maggie toma um susto.
Maggie desaba numa cadeira, completamente assustada.
"Nunca bata uma porta; você pode querer voltar."
Provérbio Espanhol