TENTANDO DESCOBRIR

"Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em

uma hora de brincadeira, do que em um ano de conversa."

Platão

Capítulo 169

Mulder, com William nos braços, vai caminhando para fora da casa, em direção ao verde gramado lá fora.

Sua vista segue a direção da voz de uma criança sorridente, que encontra-se em frente do seu portão.

Mulder ri, com gosto.

Um homem está passando pela calçada oposta, olhando para Mulder e as crianças.

Mulder abaixa a voz e indica o transeunte.

Mulder coloca a mão sobre a cabeça loura do menino.

Ao fazer esse gesto, nota a ainda rala cabeleira de seu filhinho William, de fios castanhos, como os seus.

Em sua mente vem a lembrança de certo sonho que tivera em delírio, em uma cama de hospital, com a vida arriscada por uma intrincada e perigosa cirurgia que sofrera no cérebro, e nesse sonho estivera numa belíssima praia, cujas areias eram imaculadamente brancas; um homem estendia os braços para amparar os passos ainda incertos de um garotinho de tenra idade.

E agora Mulder sabe que o tal sonho significara um aviso a ele próprio, indicando que mais tarde poderia ter um filho. Nascera então William.

Mulder desperta de suas divagações, ouvindo o que o garoto vizinho está lhe falando.

Mulder sorri, com as palavras do esperto garoto.

O garoto afasta-se, correndo.

Mulder abaixa-se diante de seu filho e, estendendo os braços para que ele caminhe em sua direção, relembra as mesmas cenas que haviam vindo à sua mente minutos atrás.

Relembra, ainda, aquela criança do seu delírio, construindo um imenso disco voador nas brancas areias da praia deserta.

* * *

Mulder, que acabara de entrar na varanda com William nos braços, corre em direção de onde viera o grito.

Dana aparece à porta de seu quarto, pálida de susto.

Maggie, em passos rápidos, surge então, vindo da sala, com um vaso de flores nas mãos.

Maggie, com as mãos crispadas agarradas ao vaso, está com ar apavorado.

Dana a interrompe:

Mulder a olha, sem entender.

Maggie, agora com as mãos apertando-se uma contra a outra, sentara-se numa cadeira.

Dana está com o coração batendo descompassado. Nervosa.

Imediatamente, e a fim de interromper-lhe as palavras, Dana retira William dos braços de seu pai e entrega-o à avó.

Maggie retira-se da sala, levando o bebê.

Mulder segura Dana pelos ombros, fazendo-a voltar o olhar para ele.

Dana afasta-se, fingindo descontração. Retira-se para outro lugar da casa.

* * *

A mãe de Dana, sentada na beira da cama e olhando o neto engatinhando no chão, cercado por seus brinquedos, ergue os olhos ao ver sua filha entrar.

Maggie segura um cubo plástico colorido, que seu neto está lhe entregando nesse instante.

Sua mãe demonstra estar sem graça. Abaixa a cabeça, pensativa.

Dana afirma isso e deixa o recinto, apressada.

Vai até seu quarto. Pega o telefone celular.

Ela e Mulder haviam decidido que, mesmo com a idéia de passarem somente uma temporada na casa, teriam que adquirir um telefone celular, cujo número não seria divulgado a nenhum daqueles que sabem que eles ainda permanecem vivos.

Por uma questão de segurança. Afinal, ainda estão sendo perseguidos por seus inimigos.

Dana toma o livreto onde há anotado o número do proprietário do imóvel. Em seguida digita-o. Alguém atende do outro lado.

Dana identifica-se.

Dana dá uma risadinha nervosa.

Dana desliga o aparelho e fica meditando nas palavras do homem.

Dentro de seu próprio espírito debatem-se sentimentos entre a mentira e a verdade das palavras que ouvira.

"Enquanto o Espírito Santo opera em nosso

interior, os anjos de Deus operam ao nosso redor."

Bispo Macedo

 

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