COMO UM ESPELHO

"Os espelhos são usados para ver o rosto;

a arte, para ver a alma."

George B. Shaw

Capítulo 177

Os arbustos plenamente floridos balançam à brisa que sopra, vinda da direção em que dezenas de palmeiras e outros tipos de árvores que formam um bosque, inclinam-se sob sua passagem.

Um coelho de pelagem branca passeia, saltitante, sob os pés dos arvoredos.

Pássaros de cantos sibilantes treinam seus maviosos trinados, que ecoam entre o espaço existente entre as casas distantes umas das outras.

Dana retruca, ocupada, passando um pano úmido na cadeira alta, na qual William faz suas refeições na mesa, fazendo nela uma limpeza.

E continua ocupada em sua tarefa.

Dana pára o que está fazendo. Coloca as mãos na cintura, sorridente:

Dana, com um meneio de cabeça, entende que Mulder a quer confundir. Termina a sua tarefa. Puxa a cadeira em direção à porta de entrada.

Ela estaca, para aguardar a aproximação dele. Que, diante dela, segura os passos.

As bocas vão se aproximando, pouco a pouco.

Dana fecha os olhos. Espera.

Mulder toca-lhe os lábios carnudos e rosados.

Quebra-se o encanto, com a exclamação espantada de Mulder.

Um inseto havia se colocado entre os dois rostos, quase a se tocarem.

Um zumbido leve os faz perceber o intruso.

Dana dá uma risada.

O inseto dá uma volta por detrás das cabeças dos dois e avança em sua direção, novamente.

O inseto afasta-se, zunindo.

Ele nada responde. Continua com o olhar atento para melhor focalizar o inseto, que, por fim, desaparece no espaço.

Dana puxa-o pela mão.

Dana concentra a vista no ponto para onde Mulder está mostrando.

Observa o casal a cena bem distante.

Em dado momento, um dos homens é atirado no chão da rua por um soco desferido pelo seu oponente.

O homem caído permanece imóvel, no solo.

O que o havia agredido, afasta-se em passos rápidos, quase correndo.

No mesmo instante, Mulder corre para aquela direção.

Seu apelo de nada adianta. O objetivo do ex-agente é justamente alcançar o homem caído, a fim de ajudá-lo.

Dana o segue, em passos ligeiros.

Mulder chega até o local.

Neste mesmo instante, uma mulher surge aos gritos:

Mulder, agachado, examina o homem que está desmaiado.

Dana chega, neste momento.

Dana continua examinando o homem.

A mulher corre em direção da entrada de sua casa.

Junto a Mulder e Scully, já estão mais pessoas da vizinhança.

O rapaz franze o cenho, abaixando-se até o pai, ainda caído no chão.

O rapaz levanta-se, de súbito.

O rapaz começa a andar rápido, afastando-se.

O moço não responde e afasta-se mais, em passos rápidos.

O som da sirene da ambulância já pode ser ouvido à distância.

Já vem de volta a esposa do homem agredido, juntar-se aos demais.

Mulder franze a testa.

A ambulância pára próximo às pessoas ali presentes.

Os paramédicos começam a remoção do homem para uma maca.

Dentro do íntimo de Mulder, um pressentimento de que tais problemas são apenas o começo, instala-se, teimosamente.

"Pressentimento é quando passa em você o

trailer de um filme que pode ser que nem exista."

Mario Prata