ENCOBRINDO UM ERRO
"O erro, por brilhante que pareça, é uma
ilusão que se desvanece à medida que
o entendimento se aproxima."
Balmes
Capítulo 182
Mulder dobra o jornal e coloca-o sob o braço.
William tenta pegá-lo, revirando o corpo, para poder alcançá-lo, dando gritinhos de alegria.
O pai brinca com o filho, fingindo deixá-lo cair, enquanto a criancinha solta divertidas risadas.
Chegam à sua casa, de volta. Ao entrarem, Dana já os espera.
Mulder, com o jornal na mão, dirige-se para o quarto, enquanto Dana se afasta, carregando William.
Mulder senta-se na beira da cama. Abre o jornal sobre ela, pensativo.
"Aqui estão faltando as páginas centrais do jornal. Vi isso logo que o desfolhei. Será que a mãe de George realmente acha que o filho está inventando essa história ou viu a foto e não quer admitir isso, encobrindo o erro de alguém?"
Debatem-se em sua própria mente essas perguntas.
Ele coloca uma das mãos na boca, com o cotovelo apoiado no joelho. Meditando. Esfrega os olhos, deslizando a mão pela testa.
Dana chega à porta do quarto.
Ele levanta-se para ir ao encontro do vizinho.
Mulder apenas esboça um gesto com a cabeça, para responder à saudação do outro.
Mulder o fita, de soslaio, sem entender o motivo do "presente".
Mulder faz um bico com os lábios, olhando fixamente o homem de pouca estatura e de avançada idade, diante de si.
O visitante demonstra alegria, sorrindo, para falar em seguida:
Mulder, com um meneio, assente. Faz sinal para que o vizinho sente-se numa das poltronas.
Diante da pergunta, a qual demonstra que o homem ignora os casos que se passam, Mulder cala-se. Prefere não continuar fazendo menção sobre os desagradáveis acontecimentos de litígio entre os vizinhos.
O homem levanta-se, a fim de despedir-se.
O ex-agente despede-se com um meneio de cabeça. Nada fala.
Mitchell sai.
Ao atravessar o portão da casa de Mulder, quase dá um esbarrão em outro morador das vizinhanças, que estaca os passos e fica observando-o afastar-se, acenando de longe para Mulder.
O vizinho entra no jardim, para encontrá-lo à soleira da porta.
Mulder passa a mão nos cabelos.
* * *
O ruído estridente da sirene ressoa entre as ruas do bairro, quebrando a sua quietude.
Maggie chega até o baixo portão, curiosa ao ver tanta movimentação.
Policiais descem de suas viaturas, enquanto vários moradores, plantados diante do jardim de uma casa, acompanham com atenção o desenrolar dos acontecimentos.
Uma mulher passa em frente ao portão.
Maggie faz-lhe um sinal, para chamar-lhe a atenção.
Ela agradece e entra, enquanto a vizinha afasta-se rápida.
* * *
Mulder, deitado no sofá, tem Dana a seu lado, acariciando-lhe os cabelos um tanto rebeldes.
Ele a fita intensamente, fazendo-a ficar com o rosto bem próximo do seu.
Ela sorri, ao ouvi-lo pronunciar seu nome.
Ele a faz juntar os lábios aos dele, para falar:
E ele beija-lhe, com sofreguidão, a boca.
No mesmo instante ouvem os passos apressados da mãe de Dana, que está chegando ao aposento.
O casal separa-se.
Mulder senta-se ao lado de Dana.
Dana, ouvindo as palavras de seu amado, fita-o de um modo especial.
"Você é especial para Deus, porque
antes de você existir Ele teve que
olhar para todos os que já havia
criado e fazê-lo diferente de todos;
como prova disso, olhe para sua
impressão digital: nunca existiu e
nem existirá uma igual à sua."