PUDOR

"Uma mulher sem pudor é

como uma rosa sem perfume."

Beauchéne

Capítulo 188

Mulder, sendo acariciado pelas mãos sensíveis de Dana, deixa-se ficar entregue a essas gostosas sensações.

Dana percebe que alguma coisa está no ar, pois enquanto Mulder está a seu lado, ali recebendo seus carinhos, demonstra na fisionomia uma preocupação.

Ele sorri.

Dana joga-se na cama, com ar enfadado.

Mulder a olha. Faz um bico com os lábios, juntando-os, como que a reprovar o gesto dela. Levanta-se.

Busca no bolso do casaco o frasco que havia trazido da casa do cientista. Volta para a cama. Sustenta o pequeno frasco diante dos olhos de Dana.

Ela franze o cenho, perturbada.

Dana examina o inseto.

Mulder tem um ar satisfeito. Ergue bem o tórax, coloca os polegares na cintura. Aprecia, com gosto, Dana estupefata, examinando o inseto dentro do vidro.

Ela levanta-se, rapidamente.

Ela faz um meneio, concordando.

Dana olha, novamente, o inseto através da transparência do frasco.

Ele sai, em passos rápidos. Em questão de segundos, está de volta. Desfolha o jornal na página que deseja mostrar.

Dana toma o jornal nas mãos, curiosa.

Dana lê. Fecha os olhos e nada fala. A raiva pelo que está vendo, mexe com seu ser, sentindo-se ferida em seu pudor.

Com o jornal nas mãos ela senta-se, vagarosamente, na beira da cama.

* * *

A noite nas redondezas está escura, sem lua, nem estrelas, que possam clarear o céu.

O alvoroço nas casas do local deixa Maggie curiosa do que possa estar acontecendo entre os vizinhos.

O burburinho e a agitação demonstram a animosidade que paira no ar, contra o incrível Mitchell.

Grupos de pessoas discutem entre si a situação, cada qual mostrando sua queixa quanto ao fato de Mitchell ter se valido de sua privacidade para divertir os outros do bairro e a si mesmo.

Maggie, encontrando-se só em casa, resolve ir até onde está a maioria das pessoas, para ver o que vai surgir dali em diante. Afinal de contas, sua filha e seu genro haviam sido os descobridores de toda a trama que o cientista usara para prejudicar os moradores daquele bairro. E a inteligência e audácia dos dois ex-agentes do FBI havia desbaratado toda a diabólica mania do estranho vizinho.

Em dado momento, porém, Maggie atemoriza-se com o tumulto que aumenta entre a vizinhança.

Ela vê a figura de Mitchell, com as pernas um tanto trôpegas pela idade, a correr, esbaforido, procurando ficar longe do alcance dos homens e mulheres que o intimidam nesse momento.

A turba ameaçadora, munida de lanternas, brandindo pedaços de pau e pedras, persegue Mitchell, sem cessar, a gritar:

O homem encontra forças para conseguir chegar até sua casa, onde penetra, justamente, na mesma porta secreta, a qual dá acesso a um porão, por onde Mulder e Scully haviam entrado dias antes.

A multidão irada, continua em sua perseguição, sem, no entanto, perceber que Mitchell já encontrara refúgio naquela parte abandonada da sua casa.

"A ira é uma demência de pouca duração."

Sêneca

wanshipper@yahoo.com.br