SOFRENDO

"Sofrer é chorar e chorar significa viver."

Dostoiewiski

Capítulo 191

Dana caminha apressada. Quer logo terminar as compras e rumar para casa. Sente-se cansada e enjoada com a montoeira de barulho e movimento das pessoas que se encontram na rua nesta momento.

Distraidamente, vislumbra um restaurante em seu caminho, cujas paredes totalmente envidraçadas permitem-lhe ver que poucas pessoas estão sentadas às mesas em seu interior.

"Puxa vida! Até que eu poderia fazer uma pausa nas minhas compras e tomar um lanche... qualquer coisa... porque vou demorar a chegar em casa."- pensa.

Súbito, seu olhar detecta algo que a surpreende.

Ela entra no restaurante; dirige-se logo à mesa na qual avistara Mulder.

Ele está calmamente mastigando pequenos pedaços de uma sobremesa, que retira com um garfo pequeno. Uma pequena xícara de café está ao seu lado, na mesa.

Ele levanta o olhar para ver de quem saíra a chamada. Imediatamente põe-se de pé, a fim de responder ao cumprimento, em tom meio vacilante.

Dana o fita, surpresa.

Ele continua de pé.

Dana nota a indecisão tomando conta dele. Logo em seguida ele lhe dirige um breve sorriso; parece relaxar e senta-se.

Ele não espera mais um segundo. Chama o garçom até a mesa e pede o sorvete.

O atendente retira-se.

Ele cruza as mãos. Coloca os cotovelos na mesa. Encosta nas mãos cruzados o queixo. Fita-a, com ar de curiosidade.

Dana fica sem ação.

Ele continua na mesma posição. Sorri.

Dana levanta-se, de súbito.

Ele levanta-se também.

Ele faz um sinal com as mãos espalmadas.

Dana sente necessidade de sair andando neste momento. Subitamente tem outra reação.

Ela usa um tom de voz baixa. Está muito aborrecida. Irada.

Dana coloca as mãos à cintura. Está indignada. Não consegue entender porque ele está agindo dessa forma.

Ele, por sua vez, sente-se um pouco incomodado.

Ele tenta acalmá-la.

Dana aperta os lábios, irritada.

Nesse instante seus belos olhos azuis inundam-se de lágrimas.

Ele segura-a pelo braço e ajuda-a a sentar-se.

Demonstra estar penalizado com a emoção de Dana.

Ele coloca sua mão sobre a dela, que está pousada na mesa.

Agora Dana, tentando restabelecer a calma, ouve-o, com atenção. Alguma coisa diferente lhe chama a atenção, mas não sabe distinguir o quê. Decide, por fim, mas calma, abrir seu coração.

Ele nem sabe como agir; está sem jeito com a situação criada involuntariamente.

Entre a nuvem espessa de lágrimas que brota de seus olhos, Dana lê o documento que está à sua frente. Arregala os olhos, estupefata.

"As lágrimas são as válvulas

de segurança do coração."

Albert Smith