O DINHEIRO NÃO PODE COMPRAR...

"Na história do mundo há apenas uma coisa

que o dinheiro não pode comprar... a graça do

abano da cauda de um cachorro."

Josh Billings

Capítulo 198

Enquanto corre, ainda inseguro, o filho de Mulder e Scully é seguido pelo cãozinho peludo, que, agitando entusiasmadamente a cauda, acompanha a criança, alegremente.

A avó olha, complacente, seu netinho; acha-o a cada dia mais bonito. E muito parecido com o pai; cabelos lisos e castanhos, olhos verdes, sorriso semelhante ao de seu genitor.

Maggie, ao lado da amiga Shelley, sentada num dos bancos de pedra do grande jardim, acompanhando atenta as peripécias de seu neto, conversa, animadamente.

A outra olha para o chão, meditativa.

Maggie sente que havia tocado num ponto um tanto melindroso. Levanta-se, falando alto, olhando à distância.

A outra ri, divertida com a cena.

Várias crianças correm juntas, fazendo algazarra.

Maggie sorri. Dentro de seu íntimo, porém, permanece sempre, nas horas mais inesperadas, o medo do futuro dessa criança. Como poderá ter certeza de que no resto de sua vida, William viverá em paz?

"E Dana e Fox? - pensa - Eles vivem perseguidos. Será que o seu refúgio aqui será por longo tempo e em paz? Oh, Deus! Tenho tanto receio que de repente..."

William havia caído no chão e seu amiguinho cão rodeava-o, como que desejando ajudá-lo.

Maggie levanta-se, para socorrê-lo.

Ao ouvir essas palavras, o neto faz beicinho, pronto para chorar, porém a avó o impede com carinho e alegria.

A criança esquece, imediatamente o choro e alegra-se, novamente.

Maggie leva o neto para junto de si e da amiga. Ajuda-o com uns brinquedos no chão.

Shelley toca em seu braço.

A amiga aponta com o olhar um lugar mais distante junto a arbustos viçosos e flores, circundados por grades trabalhadas.

A outra faz um gesto de impaciência.

A amiga ri.

Instintivamente Maggie segura William pelo braço. Coloca a coleira no cachorro.

A amiga suspira.

Maggie aperta os lábios e confirma, com um meneio, embora em seu pensamento corra célere o temor de alguma coisa ruim.

A amiga continua falando sem parar.

Ela a ouve, mas com os pensamentos longe, só voltados, agora, para sua terra natal, onde vivera dias felizes com o marido Bill, a filha Melissa...

Com essas palavras, Maggie pára e toma o neto nos braços.

As mulheres e o cãozinho caminham, vagarosamente.

Aos poucos, William nos braços da avó, com o embalo proveniente dos seus passos, recosta a cabeça no seu ombro e logo adormece.

Maggie ouve o leve ressonar dele em seus ouvidos. Sabe que ele está cansado. Havia brincado bastante. Agora é só chegar em casa, tomar banho, jantar e dormir nos braços da mãe ou do pai, como é de costume.

William, seu neto querido, nascido de um milagre. Somente Deus, com Sua grandeza, permitiria ter acontecido o seu nascimento, embora atribulado e repleto de perigos.

"A grandeza é somente uma das

sensações de nossa pequenez."

Bernard Shaw