PENSANDO NA JUVENTUDE

"A juventude é uma embriaguez

contínua; é a febre da razão."

La Rochefoucauld

Capítulo 199

Dana, ainda com os cabelos molhados, seca-os com o secador, ajeitando-os da melhor forma. Vestida no seu quimono azul, olha para dentro do quarto.

Ela aproxima-se rapidamente, carregando o secador de cabelos, cujo fio desconecta-se da tomada.

Dana, com rapidez, busca uma extensão, liga-a ao aparelho e, tranquilamente e com ar de triunfo, vai até onde está Mulder.

E ele continua deitado.

Ele senta-se, não sem resmungar.

Ela, eriçando bem o cabelo dele, vai secando-o aos poucos. Em minutos, tudo está resolvido.

Ela faz um gesto nervoso.

Dana dá de ombros. Coisa que não adianta nem um pouco, é teimar com ele. Mulder é como uma criança mimada. Gosta de fazer o que quer.

Ele dirige-se para a porta da rua. Sai na varanda e toma a direção do portão do jardim. Fica, por momentos, ali. Braços cruzados, olhando ao longo da rua, buscando ver a aproximação de sua sogra e seu filho.

Um dos vizinhos, seu amigo, passa por ele e o cumprimenta, parando para conversar por alguns minutos. Logo despede-se e sai.

Duas mulheres passam, com sacolas de compras penduradas nas mãos. Duas jovens seguem-nas de perto.

* * *

Maggie continua caminhando. O peso da criança em seus braços faz um pouco de efeito, causando-lhe um andar mais lento.

Pára, por um instante. Para ajeitá-lo em seu ombro e descansar um pouco.

Duas jovens passam por ela, conversando, animadamente, em voz audível.

Maggie ouve o comentário das duas jovens e acha engraçado. Também na sua juventude, já tivera seus ataques de encantamento. Continua ouvindo os comentários.

Novamente Maggie ri, em seu interior.

"Ah, a juventude! Como fazia bem apreciar o belo, poder amar, ser seduzida por um charmoso homem..."

As duas riem, às gargalhadas. Dão uma olhada para trás.

- UAU!!! - exclamam as duas, ao mesmo tempo.

Estas últimas frases, Maggie já as ouve menos próximas, pois elas já estão se afastando.

Agora ela recomeça seu caminhar. Logo avista seu genro no portão. Com os braços cruzados.

Ela repara na sua roupa. Calça jeans, como sempre. Camisa de malha colada ao seu tórax másculo. Esse visual até chama-lhe a atenção para o homem bonito que ele é.

Ao avistar Maggie, Mulder vai em sua direção. Aproximando-se, toma William nos braços. Que continua o seu tranquilo e inocente sono.

Ela ri, apenas. Nada comenta. Dentro de sua mente estão as frases que ouvira das jovens que haviam passado por ela, minutos antes.

"Então era do Fox que as moças estavam falando...! Veja só! Cabelinho eriçado, que lindo! Aqueles olhos... aquela boca... nossa! Dana tem que ter o máximo cuidado com o homem que ama, o pai de seu filho... e a outra ainda comentou: "casado não é defunto! Que horror! Que mentes mais deturpadas! No meu tempo as jovens eram mais recatadas... - sorri para si mesma - ... que nada! A gente tinha cada lance...! Naquele tempo dizia-se que os homens belos eram pães e todas queriam fisgar um pedacinho... e a gente ficava totalmente doidinha com aqueles homens gentís, cheios de galanteios, que sabiam atrair a atenção das moças, com um simples botão de rosa dentro de um tubo de celofane ou uma linda caixa decorada de bombons...! E para se beijar pela primeira vez um namorado? Nossa!! Quanta emoção!! Hoje, beijar passou a ser um jogo nessas festas de jovens, onde o amor não passa nem perto...!"

A voz de seu genro tira-a de suas divagações.

Ele caminha agora à sua frente, carregando o filho, entrando na varanda.

Maggie o observa andando ali, diante dela.

"Que Deus sempre acompanhe o Fox, Dana e o meu netinho. Eles necessitam muito de ter uma vida com muita paz. Fico pensando, às vezes, se alguém poderia aparecer e destruir todo esse amor, essa família que eles formaram. Mas não! Quero tirar da minha mente esses pensamentos negativos! O Fox e a minha filha sofreram muito para conquistar a felicidade que têm agora. E eu, até quando puder, estarei junto deles... pelo menos até o dia em que retornar aos meus outros filhos."

"A felicidade é uma condição do espírito

e não o resultado de circunstâncias."

Lord Avcbury

wanshipper@yahoo.com.br