A IMPORTÂNCIA DO AMOR ANTE

A ADVERSIDADE DA VIDA

 

"Na adversidade o homem encontra

sua salvação na esperança."

Menandro

 

Capítulo 200

PREFÁCIO

 

Antes, uma palavrinha.

Esta fic comemora os 200 capítulos dos DEVANEIOS, folhetim criado em março de 2000.

Sem dúvida, é muita inspiração vinda desses dois personagens que são Mulder e Scully, mas que me marcaram o coração, assim como acredito que aconteceu com os de vocês que me lêem e mais milhões de pessoas pelo mundo afora, fãs de ARQUIVO-X.

Somos privilegiados porque tivemos sorte de poder usufruir dessa década maravilhosa, quando conhecemos os dois Agentes Federais mais a amados no mundo inteiro. Eles são o símbolo do verdadeiro e puro amor. Não o amor inconstante, puramente carnal, nem interesseiro. Eles representam o amor decente, honesto, fiel, respeitoso e forte, tão fora de uso nesses dias atuais.

E é assim, então, que comemoro neste capítulo esses quatro anos escrevendo para eles, sem parar.

E se o Senhor, o Deus Criador de todas as coisas me permitir, ainda o farei por mais algum tempo.

Quero deixar aqui o meu agradecimento e carinho às minhas amigas Jennifer Fearnsaille, à Therezinha Tucci, à An@ Luci@ Ferreira, à "Amuada" e à Luzimary Santos, que me deram temas para a elaboração desta fic especial, conforme eu havia solicitado no meu Devaneio Extra n. 47, de 18.12.03.

Agradecida, amigas.

PARTE 1

No longo e movimentado corredor, o homem estaca, surpreso.

O abraço emocionado e duradouro acontece entre os dois agentes.

Agora ele afasta-a de si para admirá-la.

Ambos riem, divertidos.

Ela fica meditativa.

Doggett a segura por um braço, encaminhando-a para uma das salas do longo corredor do Bureau.

Monica leva a mão ao peito.

Ele, de pé, um leve sorriso na face, observa a reação da colega.

Doggett morde os lábios. Coloca as duas mãos sobre a mesa, apoiando-se, para fitá-la.

Ela sorri.

Ele senta-se.

Ela chega o corpo para a frente, atenta às palavras dele.

Os dois fazem uma pausa na conversa.

Doggett reinicia segundos depois.

Ele levanta-se. Caminha alguns passos. De costas par ela, diz simplesmente.

Ele vira-se para olhá-la, com um sorriso.

Ele faz um meneio, concordando com a sua dúvida.

Monica fecha os olhos. Horrorizada.

Ela consulta o relógio de pulso.

PARTE 2

Mulder está lendo os jornais do dia, enquanto William brinca, correndo por alguns passos e logo após deixa-se jogar no chão. E solta gargalhadas divertidas.

O barulho que vem da cozinha chega aos ouvidos de Mulder e seu filho.

Mulder encaminha-se para a cozinha.

Dana está juntando peça por peça de taças de sobremesa de aço inox que haviam caído no chão.

Ele pega os talheres e os joga estrondosamente dentro da pia de aço.

Dana dá uma risada.

Mulder olha para dentro da pia, levantando as sobrancelhas.

Mas ele nem ouve o comentário céptico de Dana.

Dana faz um ar de desaprovação e um muxoxo.

Ele a fita, com seu olhar verde perscrutante.

Abraçam-se, divertindo-se com a perspectiva de fazerem amor mais tarde.

William junta-se a eles, agarrando-se às pernas de ambos.

PARTE 3

O entardecer tinge de colorido avermelhado o céu, para o lado das montanhas. Os pássaros partem em revoada para abrigarem-se nos galhos das altas árvore, num pipilar sem fim.

O sol, como uma grande moeda avermelhada, vai escondendo-se, aos poucos, atrás da silhueta escura das montanhas.

Ela o olha e dá de ombros.

Doggett faz o carro deslizar vagarosamente pela longa e larga rua arborizada.

Ele continua com o olhar atento às residências de um lado e outro da rua, separadas por extensos gramados.

Após passados minutos, o agente dá um sorriso.

O casal sai do veículo.

Maggie está distraída colhendo algumas flores, enquanto com elas arruma um pequeno buquê. Seu neto brinca com vários carrinhos de corda, que deslizam céleres pelo chão.

Do baixo portão pintando de branco, Doggett chama:

A mãe de Dana olha na direção do chamado. Aperta um pouco os olhos. Sua visão já não é tão eficiente como a tempos atrás. A idade a fôra desgastando, como normalmente acontece. Ela dirige-se ao portão.

Doggett está com a mão estendida, a fim de cumprimentá-la.

Ela estende a mão, quase que automaticamente, sem reação. Seu semblante demonstra dúvida.

Monica chega perto de Doggett e estende também a mão para cumprimentar Maggie.

Esta continua boquiaberta, como que desejando entender bem o que se passa.

Repentinamente, como que despertando de seu entorpecimento mental, Maggie sorri.

Ao entrarem, logo Monica chega perto de William e agacha-se para olhá-lo bem de perto.

William a olha intrigado por alguns segundos. Em seguida aponta os carrinhos no chão.

Levanta-se e segura-o pela mão e acompanham Doggett e Maggie que já estão entrando na varanda da casa.

A filha é a primeira a colocar a cabeça para fora da janela, para ver de que se trata.

Todos entram na sala.

Em seguida abraça Doggett.

Dana levanta uma sobrancelha, já aguardando que lhe falem algo concreto.

Dana os convida a sentar. E senta-se também. Já sente uma preocupação tomar conta de seu íntimo.

Doggett faz um meneio, afirmando.

Dana aperta os lábios. Suspira fundo. Abaixa a cabeça, demonstrando contrariedade.

Logo ele aparece na sala.

Maggie toma seu neto pela mão e o carrega para outro recinto.

Os três sentados na sala, viram-se para ver a chegada do outro.

Mulder entra. Seu semblante é de pura surpresa.

Aproxima-se dos dois agentes e aperta-lhes a mão, cordialmente.

Todos já estão de pé.

Mulder, no seu modo característico de levar os polegares ao cinto, assim permanece por segundos.

Faz-se silêncio no ambiente.

O agente caminha até a janela.

Doggett coça a testa.

Monica senta-se, novamente.

Dana permanece de pé. Procura ficar perto de Mulder. Sente-se tensa.

O agente faz apenas um sinal afirmativo com a cabeça.

Mulder passeia pela sala. Apertando o lábio superior com os dedos.

Doggett solta um longo assobio.

Mulder passeia o olhar ao redor das paredes, dos móveis; chega perto de Dana, passando o braço ao redor de sua cintura.

Os olhos de Dana enchem-se de lágrimas. Fala chorosa:

Mulder a abraça, fortemente.

Os dois agentes entreolham-se, emocionados com a cena.

Mulder separa-se de Dana. Morde o lábio inferior.

Ele afasta-se dela e convida Doggett a retirarem-se para um canto da sala.

Monica permanece com Dana.

Dana fita a amiga, com olhos brilhantes de lágrimas.

PARTE 4

A noite caíra fria e silenciosa. Tudo em volta parecia estar dormindo, embora o horário ainda seja propício às pessoas até poderem sair às ruas.

Na casa de ampla sala, Mulder e Dana estão num dos sofás, Doggett e Monica em outro e Maggie de pé, arrumando num aparador xícaras de café.

Maggie, ouvindo as palavras de Mulder, pára o que está fazendo e fica pensativa.

Mulder e Doggett permanecem calados, por algum tempo.

Mulder leva um dedo aos lábios, pensativo. Vai até uma estante, onde um globo terrestre azul está, entre livros e outros objetos. Faz girar o globo, lentamente sobre seu eixo.

O agente observa o ex-colega. Dá um sorriso.

Ele distende um pouco os lábios e afirma, com um gesto de cabeça. Está com um dedo colocado sobre certo ponto do globo. Contorna umas linhas com a ponta do dedo.

Doggett aproxima-se para olhar mais de perto.

Mulder continua deslizando o indicador por sobre o espaço que mostra a América do Sul.

Doggett pisca várias vezes, olhando a grande região amarela, que forma no mapa esse País.

Mulder dá mais uma rodada no globo.

Doggett aproxima-se mais e faz o globo voltar a mostrar a América do Sul.

PARTE 5

Durante toda a manhã, Dana estivera preocupada, desolada, sofrida e abatida. A perspectiva de deixar aquele lugar a deixara arrasada. Pensativamente, arrumando alguma coisa dentro da casa, não percebe a chegada tempestuosa de sua mãe, entrando no quarto. Os seus olhos expressam terror.

A filha volta-se, rápido. Olha-a, sem entender.

Agora a filha desperta para a terrível realidade.

Maggie está debulhada em lágrimas.

Dana, no seu desespero inicial, parece nem ter reação.

Dana sai do local a correr.

E percorrem toda a casa, cômodo por cômodo, incessantemente.

Dana quase nem enxerga o caminho por onde anda, em meio às lágrimas que inundam seus olhos.

Vasculham cada recinto da casa.

PARTE 6

Dana, com as mãos cobrindo o rosto, soluça, desatinada.

Maggie não sabe o que fazer, caminhando de um lado para o outro.

Mulder entra neste instante.

Dana corre para abraçar-se a ele, em prantos.

Maggie está agitada, apertando as mãos, uma contra a outra.

Mulder fecha os olhos. Suas mandíbulas pulsam dentro das faces. Ele procura o corpo de Dana e prende-a em seus braços.

Choram ambos, abraçados.

Nesse mesmo instante, um carro estaciona em frente ao portão da casa de Mulder. Dele descem Monica e Doggett a andar acelerados, através do caminho de pedras.

Maggie os vê através da janela da sala. Corre a abrir a porta.

Monica é a primeira a falar.

Maggie apenas faz gestos com a mão, meneando negativamente a cabeça, sem forças para falar.

Doggett pára na porta, olhando a cena. Em sua mente só relembra o drama pelo qual havia passado há algum tempo atrás: o sequestro e morte de seu filho.

Mulder solta Dana e a faz sentar-se numa poltrona. Logo seu olhar depara-se com o agente parado à porta.

Este sai do seu estado estático e dirige-se para o ex-colega.

E vai em desabalados passos, sem destino certo.

Doggett o segue.

Monica chega até Maggie.

Esta conta sobre o homem que havia visto na praça, com sua amiga.

Maggie chora, sentando-se numa cadeira.

Dana é seguida por Monica. Ambas alcançam a rua.

George, o garoto vizinho vai passando nesse momento. Dana o pára.

Dana esboça, com os lábios fechados, um sorriso agradecido. Afaga os cabelos do garoto.

Ele afasta-se.

Dana pergunta a várias pessoas se não viram seu filho fora do jardim ou sendo levado por alguém pela rua.

É sempre a resposta de todos.

E seguem ambas nessa direção.

Na praça, com poucas crianças e adultos a essa hora, parece tranquila, sem nenhuma perspectiva de uma possível tragédia.

Monica dirige-se a uma mulher, que empurra um carrinho com um bebê. Pergunta se ela havia visto algo anormal, como um homem de capa com um garotinho, dando o máximo de detalhes.

Enquanto a agente está agindo assim, Dana, por sua vez, faz o mesmo, indagando a uma e outra pessoa se viu algo que possa ajudar na busca de seu filho.

PARTE 7

Seu pensamento volta-se para coisas estarrecedoras. Acostumada que está a averiguar casos horrendos em sua vida, imagina apavorada, as piores coisas sobre sua criança.

Agora retornam Mulder e Doggett da rua.

Dana fita-os, apreensiva.

Ele faz um meneio com a cabeça, afirmando.

É o grito que ouvem, vindo da rua, neste momento.

A mãe de Dana aparece, com presteza, abrindo a porta, desejando saber de que se trata.

Uma vizinha a chama, esbaforida.

- Sim, Betty! Diga! O que houve? Alguma coisa sobre meu neto?

A outra coloca a mão no peito. Está arfante.

Logo Dana, Mulder e Monica aproximam-se.

Os três acompanham Betty.

Na rua, passam por duas casas adiante. Uma delas tem em sua lateral, um cercado de arame com portão, muito bem cuidado.

Betty os chama para entrarem junto com ela.

Caminham por um espaçoso quintal, onde várias gaiolas com pássaros canoros se encontram penduradas.

E a cena aparece diante dos olhos de todos.

William, com suas pernas rechonchudas no short curto, está agachadinho ao lado de uma caixa onde dezenas de pintinhos amarelos, recém-nascidos, piam sem parar.

O menino os vai pegando um a um e colocando-os numa caixa ao lado. Seu divertimento é ir passando-os de uma caixa para outra.

De vez em quando pára. Olha o movimento incessante das avezinhas. Dá risadas dobradas de alegria, enquanto as mãozinhas inquietas movimentam-se acompanhando o constante remexer das aves dentro da caixa.

Recomeça logo sua mudança dos pintinhos um a um para a outra caixa.

Dana e Mulder, olham embevecidos, seu pequeno rebento. Acham divina a cena tão simples, mas terna e doce da sua criança.

Monica e Maggie estão emocionadas.

Dana, após um profundo suspiro quase entrecortado por um soluço que quer lhe escapar da garganta, corre até seu filho.

Ele a fita, sorridente.

Mulder abraça os dois.

O pai acena afirmativo, com a cabeça. A emoção não o permite usar as palavras neste momento.

PARTE 8

Maggie, acalentando o neto deitado na cama para dormir, fica perdida em pensamentos.

"Como foi essa criança andar com seus próprios pés até à casa vizinha? Agora temos que redobrar nossa atenção, acompanhando-lhe todos os passos. - ela sorri ao vê-lo com os olhinhos verdes pesados de sono - Garotinho levado, que nos fez morrer de medo... de terror!"

Ela, vendo que ele, finalmente está adormecido, vai para seu quarto.

PARTE 9

Dana examina seus olhos no espelho. Ainda estão inchados. De tanto chorar. De medo. E de horror!

Imaginar seu filho na mãos de algum malfeitor a deixara completamente desnorteada.

O seu William. Seu filho amado. Fruto de um amor sublime e verdadeiro. Mas de difícil concepção. Quanto sofrera para conseguir engravidar. E ela fica, neste momento, enquanto está sentada à beira da cama, relembrando cenas passadas há três anos atrás.

Deixa-se cair de costas no colchão. E a mente retorna ao passado.

* * *

Alguém bateu à porta. Ela foi abrir.

Era Mulder.

Ela fechou os olhos, angustiada.

Dana o olhou fixamente e sua expressão era de alívio e agradecimento. Sentiu desejo de chorar. Abraçou-se ao pescoço dele, com ardor. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Afastou-se.

* * *

Dana sorri, relembrando isso. Havia sido o começo de uma fase de vitórias, felicidade, porém chegara também o medo, mais a angústia de quase ter perdido seu filho para sempre.

Agora, uma outra cena vem à sua memória, com clareza. Ela fecha os olhos, rememorando.

* * *

Ela estava entrando em seu apartamento e trancou a porta.

Mulder, deitado numa poltrona, olhou para trás ao ouvi-la chegar. Levantou-se.

Ela encaminhou-se para ele. Suas feições denotavam desânimo e fracasso.

Ela fez um gesto com a cabeça, negando.

Ficaram testa a testa, mudos.

Dana o beijou no pescoço, com ternura.

Mulder a abraçou com mais força.

Ambos sentiam que sua necessidade por carinho era arrasadoramente profunda, naquele momento.

Fitaram-se, profundamente.

Ela, com um meneio de cabeça, concordou.

Ela o fitou, querendo, realmente, entender onde ele queria chegar com aquelas palavras.

Ele balançou a cabeça, afirmando. Prosseguiu, tapando-lhe a boca com os dedos, antes que ela continuasse.

Ele a apertou contra si e beijou-a nos cabelos.

Dana, com os olhos azuis dentro dos verdes dele, deixou que Mulder tomasse conta de sua boca. Entreabriu os lábios.

Pela primeira vez, suas línguas se tocaram. Em seguida, o ardor do amor os fez sugarem-se, mutuamente; cada vez com mais voluptuosidade.

Desprenderam os lábios e arfantes, continuaram abraçados. Calados. Só deixando que seus peitos sentissem o batimento acelerado de seus corações.

Ele acariciava-lhe as costas com ardor, parecendo querer sentir mais intimamente o contato de seu corpo desejável.

De pé, ainda abraçados, permaneceram por vários minutos.

Mulder a tocou levemente no queixo, descendo ao pescoço, como que aguardando ver-lhe a reação se favorável ou não a que ele lhe tocasse o corpo. Esperou por alguns segundos. Notou que ela estava indecisa. Ele tomou o seu rosto, beijando-a bem junto ao canto da boca. Fez isso e afastou-se. Dirigiu-se para a porta de saída.

Dana, a essa reação dele, percebeu que não era esse o seu próprio desejo. Como não permitir que ele fizesse amor com ela? Em seu íntimo, mil pensamentos se debatiam, mas o desejo também falava bem forte.

Ele pára. Volta-se para olhá-la.

Ela aproximou-se e segurou-o pela mão. Encaminhou-o para o quarto.

Sem olhá-lo de frente, ajudou-o a retirar o casaco.

Pôs-se de frente a ele. Levou as mãos dele até o decote de sua blusa, guiando-as, desejando encorajá-lo a desabotoar-lhe a roupa, abrindo os botões, um a um.

O corpo de Dana apareceu diante dele, com o soutien rendado guardando-lhe o busto. Mulder tocou-o de leve, contornando-os com as pontas dos dedos tateantes, tímidos e cuidadosos, como se estivessem tocando em algo por demais precioso.

Ele respirou profundamente, fremente de paixão.

Scully, com muita doçura, incentivou-o a retirar a própria roupa.

Ele o fez, ficando só com a peça mais íntima.

Ambos pararam seus gestos. Olhando-se, estáticos. Os olhos cheios de desejo. No entanto, pareciam refletir no ato que pretendiam fazer.

Dana deixou cair a saia que trajava.

E Mulder pôde ver, pela primeira vez, oferecido a ele, voluntariamente, para seu deslumbramento, o corpo esbelto e pequeno da mulher amada.

O olhar cheio de encantamento e desejo, era seguido por seus dedos que ainda temerosos por uma rejeição da parte dela, titubeavam em apossar-se daquele corpo há tanto tempo esperado. E então, vagarosamente, tocando em Dana como em algo quase inalcançável, notou que ela lhe permitia pesquisar com carícias o terreno inexplorado de seu corpo que agora se lhe oferecia, prazerosamente.

Com os lábios ávidos, ele os passava levemente por sobre a pele clara de Dana; a beijava no pescoço, nos ouvidos, descendo para as beiradas do soutien, correndo os lábios sequiosos por sobre a fina renda da peça íntima. Em dado momento, ele puxou um dos bojos da peça rendada, fazendo com que um dos seus seios, pudesse ser desprendido de seu interior, permitindo, assim que ele pousasse nele a boca com doce desvario.

Dana sentiu que um frenesi a fazia vibrar de desejo e ansiedade por conhecer a fundo as carícias daquele que já amava há muito tempo, sem, no entanto, querer admitir para si mesma, que não deveria perdurar por muito tempo mais entregar-se a ele, de corpo e alma.

E era certo o que ele havia lhe dito. A importância do verdadeiro amor. O amor que nasce do fundo da alma, inundando-lhe o ser de doçura, paz, companheirismo, compreensão, amizade. Não simplesmente o amor carnal, que satisfaz o corpo e deixa vazio o coração.

Mulder tomou-a nos braços e a levou para a cama. Colocou-a suavemente sobre os lençóis, deitando o olhar enlevado para aquele corpo esbelto ali, à sua inteira disposição, pronto para deixar que dele ele tomasse posse.

Dana colocou os braços em seu pescoço, fazendo-o deitar-se sobre ela.

Ele retirou-lhe as peças íntimas, delicadamente. Amava-a. Era a sua querida Dana que ali estava, toda entregue. E essa felicidade para Mulder era primordial. Então teria que demonstrar também o seu amor, de forma que ela sentisse que seu desejo por ela era tanto e com tanto respeito e tão doce carinho, que deveria cuidar daquele corpo como algo precioso para si mesmo.

Os gemidos de prazer de Dana o deixavam em êxtase total.

* * *

Dana permite que, relembrando essas cenas, um suspiro profundo seja liberado de seu peito. Quanta realização naquele ato de amor! E dali em diante pôde constatar que, como Mulder havia dito, eles poderiam conceber uma criança. O filho que ela tanto esperou poder ter em seus braços.

E justamente naquela ocasião da confirmação de sua gravidez, havia ocorrido a abdução de Mulder pelos alienígenas. Isso havia sido um impacto para seu coração. Muito sofrimento, muita dor pela ausência de quem tanto amava!

Com essa lembrança triste, Dana levanta-se, sacode a cabeça, retirando esses pensamentos. Sabe e sente que não deve mais pensar em coisas que já se passaram. Tem que viver o presente.

Ouve, neste instante, a voz de Mulder chamando-a.

Ele entra no quarto. Joga-se, displicentemente, na cama.

Ela, que está levantando os longos cabelos ruivos e prendendo-os em frente a um espelho, volta-se para olhar, com ar indagador.

Ela dá de ombros e prende os cabelos, por fim. Dirige-se para perto dele. Senta-se na cama.

Ele senta-se.

Ela aperta uma mão contra a outra.

Ele segura-lhe o queixo.

Bem... - ela confirma, acenando com a cabeça - Brasil, lá vamos nós!!

O casal permanece calado, por instantes.

Dana começa a deslizar os dedos na face de Mulder, parando sobre a verruga que ele ali possui. Brinca com ela. Finge mordê-la.

Ela ri.

Ele a fita com os olhos verdes perscrutantes.

Alguém bate à porta do quarto.

Mulder levanta-se para fazer a mãe de Dana entrar.

Maggie entra. Senta-se na beira da cama, junto à filha.

Maggie abaixa a cabeça, pensativa, olhando para as mãos cruzadas no regaço.

Maggie a está fitando, sorrindo:

A filha a abraça, emocionada.

Mulder já vem retornando ao quarto. Seu semblante está sério.

Dana o olha, esperando que ele diga algo.

Ele move a cabeça, afirmativamente.

Na mente de Maggie o pânico se estabelece. Não sabe o que poderá ocorrer daqui para a frente. Só tem certeza de que sua filha, genro e neto têm que estar seguros.

PARTE 10

Madrugada. Morna e silenciosa.

Enquanto Mulder está dormindo, tranquilamente, Dana abrira somente um pouco a janela, a fim de olhar o gramado verdinho lá fora.

Vê, com ar triste, os arbustos floridos; o piso de pedras entremeados por grama; o extenso pedaço verde de chão.

Seus olhos enchem-se d'água. Vai sentir a falta desse lugar onde viveram felizes por algum tempo.

Fecha a janela e percorre o olhar pelo quarto.

Algumas caixas empilhadas, contendo as principais roupas de todos e brinquedos de William.

Os móveis, que haviam escolhido simples, mas confortáveis, teriam que ficar na casa.

Dana suspira. Está chateada. E ao mesmo tempo revoltada. Havia durado pouco sua paz. Agora não sabem o que irão enfrentar.

No restante da casa, já estavam todos os objetos de uso imprescindível, embalados para a partida.

Num relance, vem à sua mente o cãozinho que estão criando e de quem seu filho tanto gosta.

"O que fazer com ele? - pensa, sentando levemente na cama - Ah, George, o garotinho nosso vizinho deverá querer ficar com o Toby. Na certa que sim! Está acostumado a brincar com ele."

Com esse pensamento que alivia seu coração, ela deita-se para tentar dormir.