TOMANDO CONSCIÊNCIA

"Não há nada que mexa tanto

com a consciência de um homem

ou excite tanto a sua curiosidade,

como o silêncio de uma mulher"

W. R. Goldsmith.

Capítulo 211

Bill Scully abraçara sua mãe com calor. Há bastante tempo não estava tendo a oportunidade de tê-la ao seu lado

Maggie, por sua vez, radiante por estar novamente perto de Charles e Bill, não cabe em si de contente. Já há uma semana encontra-se em sua cidade natal. E isso muito lhe agrada.

No retorno à sua terra, ela conseguira convencer sua filha Dana a morarem em sua casa, pois não a vendera, nem a alugara.

E ali estão agora, usufruindo novamente das coisas benfazejas que o lugar lhes proporciona.

Porém, neste momento, embora junto de Bill, seu filho, sente que não lhe é agradável conversar com ele a respeito das escolhas de Dana, tanto seu passado trabalho dentro do FBI, quanto à sua união com Fox Mulder.

Diante de seu irritado filho, ela, chateada, o vê, com o olhar surpreso, a indagar-lhe:

Bill puxa com ímpeto uma cadeira e nela senta-se, com ar irritado.

Ele levanta-se.

Maggie suspira. É difícil procurar conciliar o ódio incontrolável que seu filho sempre sentiu por seu genro.

Bill a olha por segundos e retira-se.

* * *

William, choramingando, desperta os cuidados do pai, que procura faze-lo calar-se.

A avó do menino chega até os dois.

Maggie pega o menino e o acalenta. Olha, novamente para o pai dele.

Ela, acariciando os cabelos do neto em seu colo, fala, quase para si mesma.

Mulder dá um sorriso ante a opinião de sua sogra. Mas, em todo caso, ela está certa. Sua filha tem agido muito estranhamente.

Mulder suspira. Aperta o lábio inferior. Afaga os cabelos do filho.

Maggie balança a cabeça, concordando.

Ele dá um meio sorriso.

Maggie fecha os olhos, chateada.

Nota no semblante do garotinho um ar triste. Embora para uma criança, suas feições denotam uma carência afetiva.

O menino abraça o pescoço do pai, com ardor.

Neste momento Maggie retorna. Traz a face entristecida e ansiosa.

Mulder põe William no chão. Coloca a mão sobre os olhos, baixando a cabeça por alguns segundos.

A pergunta é feita de chofre, em voz irritante e muito grosseiramente.

Mulder levanta a cabeça para encarar a pessoa que lhe fizera as estúpidas perguntas.

Bill Scully entrara no aposento e havia lhe falado essas frases, expelindo nelas todo o ódio que lhe tem.

Mulder morde o lábio inferior. Está irado. Fita o sujeito, apertando seus olhos verdes dentro das pálpebras tremulantes.

O outro faísca de raiva.

Maggie, atemorizada com a grosseria de seu filho, levanta as duas mãos espalmadas, tentando apaziguar a situação.

Mulder faz um gesto de impaciência. Já quase não está conseguindo conter-se Toma, em movimentos rápidos, novamente, seu filho no colo.

O menino agarra-se ao seu pescoço, parecendo aflito.

Maggie, nervosa, corre para o lado de Mulder, que está com a criança nos braços.

William começa a chorar, amedrontado, ao ver a discussão entre o pai e o tio.

Maggie corre, para interpor-se entre os dois homens.

Mulder, em passos decididos, retira-se, carregando seu filho.

A mãe o contém, segurando-o, fortemente pelo braço.

O filho conforma-se e detém os passos. Olha para sua mãe por um momento. Sai da sala. Dirige-se para o quarto onde sabe que está a irmã.

Dana, sentada numa cadeira de braço, tem os olhos fechados. Dá a impressão de estar meditando.

A irmã abre os olhos e fita-o, com ar indiferente.

Ela levanta-se; abre um armário. Retira dele um agasalho. Nem sequer olha para o irmão que a chama.

Agora Dana olha o irmão. No seu semblante indiferente, um olhar gélido aparece.

Bill a vê agir sem a menor emoção. É como se ele não lhe houvesse falado nada de extraordinário. Sente-se até frustrado com essa reação de sua irmã.

"A habilidade moderna não consiste em

esconder a emoção, mas em afetá-la."

Chesterton