O CÚMULO DA ESTUPIDEZ!
“O que dá melhor
idéia do infinito
é a estupidez
humana.”
Edmond le Berquier
Capítulo 226
Dana está sentada
numa das cadeiras no set. Nas costas da cadeira tem escrito o nome: GILLIAN
ANDERSON.
-
Mulder...? –
fala, para ele ao seu lado – Será que essa aí é boa gente ou... criadora de
caso?
-
Quem? – ele
quer entender.
Dana, com as
pontas dos dedos toca nas costas da própria cadeira, afastando-se um pouco para
que ele veja o nome ali escrito.
-
Ah, essa...?
Sei lá, Scully.
-
E se souberem
que a gente está aqui, tomando-lhe o lugar?
-
Não, nós não
estamos lhes tomando o lugar! Apenas estamos gravando cenas, enquanto os atores
verdadeiros não se encontram na cidade, como perfeitos dublês. Quanto ao resto
eu não quero nem saber. É melhor procurar não pensar. - responde, sorrindo e baixa a voz – Fica por conta dos caras aí.
– completa, indicando com o olhar a equipe à sua frente.
-
Atenção!! – grita o que comanda as cenas.
Mulder e Dana
preparam-se para a gravação. Interpretam, com exatidão e presteza, o texto do script.
No final da
cena, os dois Agentes caminham, conversando normalmente, saindo de
um restaurante.
-
Corta!! – grita o Diretor – Está tudo OK! Ficou
legal!
Mulder, neste
momento, agarra a cintura de Dana.
Ela o abraça,
fortemente.
Ele abre um
sorriso e a beija, ardentemente.
Assim permanecem
por alguns segundos.
Após separarem os
lábios, Dana murmura:
-
Mulder,
contenha-se, homem! Esse pessoal todo
aí fica nos olhando!
-
Ora, Scully,
sem essa! De repente, o pessoal quer aprender o que é ter um verdadeiro amor!
Ela sorri, meio
sem jeito, olhando de soslaio as
pessoas ali próximo.
Um membro da
equipe aproxima-se de Carter, com o semblante anuviado.
-
Olha, cara, não
sei não, mas esses dois aí ainda vão criar o maior qüiproquó aqui dentro!!
Carter o olha. Sua
fisionomia demonstra a paz de espírito que o governa neste momento.
-
Não se
preocupe. Eles estão na deles.
-
Na deles?!
Esqueceu que ambos têm compromissos?
Carter dá uma
risada, o que deixa seu interlocutor intrigado.
-
Eles
simplesmente se amam. E daí? – completa Carter, sorrindo, placidamente.
Mulder e Dana saem
do local de mãos dadas.
Em certo momento,
ele segura-a, tirando seus pés do chão e, girando com ela nos braços, dá um
sorriso feliz.
-
Conseguimos,
Scully! Conseguimos! Cumprimos a nossa
parte! – beija-a no pescoço, após coloca-la no chão.
-
Bem Mulder,
agora resta saber se o filme fará o sucesso esperado; pelo menos a nossa parte
fizemos corretamente, não é? – faz uma
pausa – Olha, agora vou para o vestiário. Daqui a pouco nos veremos.
Ele concorda,
deslizando a mão pelo ombro dela, numa carícia.
Dana afasta-se.
Mulder permanece
parado no mesmo lugar.
Sente-se
gratificado com os acontecimentos. Conseguir realizar todas essas coisas, é,
para ele, altamente positivo. Ainda mais trancafiar numa cela um assassino é,
agora, algo raro, desde que saíra do FBI.
Enquanto aguarda
Dana, que está no momento despedindo-se das mulheres com as quais havia nesses
dias convivido, não percebe que alguém
aproxima-se dele, sorrateiramente, com semblante feliz.
-
Oi!! –
cumprimenta-o, alegre.
Tomado de surpresa
com a estridente voz feminina em seus ouvidos, ele volta-se para olhar.
-
Assustou-se,
querido? – a mulher pergunta – Por quê? Só porque não estava me esperando vir
até aqui?
-
O quê? Como...?
– ele levanta as sobrancelhas, admirado – O que deseja, senhora?
A mulher loura, de
cabelos lisos e longos, observa-o, espantada.
-
O que é que
está acontecendo? Você está bêbado, Dave?
Ele afasta-se,
gentilmente, da mulher.
-
Desculpe... mas
está havendo um engano...
-
Engano...?! Mas
é o cúmulo da estupidez! – aumenta o tom da incomodativa voz e fala, para todos
que estão no local – Ei! O que está acontecendo com ele, hein?
Numa questão de
segundos, aproxima-se um dos componentes da equipe de filmagem.
-
O que houve? –
pergunta, assustado.
-
O que é que há
com o David? - ela quer saber.
Mulder está
parado. Seus olhos apertados observam cada movimento da irritada mulher diante
de si.
-
Não vai me
dizer nada? Fica me olhando aí, que nem um dois de paus?!
-
Psiu!! – pede
Goodwin – Calma! Chega aqui e deixa eu lhe explicar.
-
Explicar o quê?
-
Eu não sou a
pessoa que procura, senhora. – fala
Mulder, por sua vez.
-
Ah, por favor!
Pára com isso! Está pensando que sou idiota, é? – ela respira fundo, procurando se controlar – Bem, pode começar a
explicar; estou calma.
Goodwin segura-a
pelo braço e puxa-a para um outro ambiente.
-
O que houve
aqui? Para onde está me levando?
Na outra sala Goodwin
pede, com voz baixa.
-
Olhe, procure
entender; aquele ali não é o David.
-
Não... é?! Que
doidice é essa?
-
É como estou
lhe dizendo.
-
Quem é então?
Um novo dublê?
Ele pisca várias
vezes, nervosamente.
-
É isso...
exatamente isso. Um dublê! Não é fantástico?
-
Dublê?! Com
exatamente os mesmos gestos do David... até a verruga na face direita?!
-
Exato.
A irritada mulher
pára de falar. Olha, espantada para Mulder postado à distância, na sala
contígua.
-
Eu devo estar
doida... – resmunga - ... ou todos aqui é que estão loucos.
-
É o que todos
nós pensávamos, quando o vimos. – comenta ele.
Ela resmunga,
novamente, nervosa, para si mesma.
-
“Não sei o que
estão querendo aprontar, mas esses caras pensam que sou débil mental.”
Manners, com um
jornal sob o braço, dirige-se quase a correr, para falar com Carter.
-
Cara, vai haver
uma tragédia!
-
O que você quer
dizer com isso? – pergunta espantado – Outra?!
-
Eles chegaram!
-
Eles quem?
-
David e
Gillian!
-
O quê?!
Como...?!
-
Sim, mas não
estão juntos. Chegaram com pouco tempo
de diferença. A maior coincidência! Ela chegou primeiro e está conversando com
o pessoal. Ele chegou há poucos minutos. –
fecha os olhos, demonstrando um semblante esgotado, enquanto amassa o
jornal que tem às mãos.
-
Nãaao...! –
geme o outro.
-
É o que estou
te falando... – murmura Manners.
-
Por que vieram
aqui no estúdio agora? Logo agora? Ainda não é a hora deles!
-
Eu bem gostaria
de saber, Chris. A sorte é que estão lá do outro lado! Pelo menos isso.
Os dois olham-se,
como que imaginando mil confusões e
disparam pelos corredores adentro.
Dana arruma os
cabelos diante de um espelho. Em seguida desabotoa o blazer escuro no qual está
vestida.
-
Vou sentir
saudade de vocês. – ela comenta.
-
E nós também de
você, sabia? – diz uma das duas
mulheres ao seu lado.
Neste momento a
porta abre-se e um homem entra, agitado.
-
Ai... agora a
coisa vai ficar feia! – diz uma das moças, em voz baixa para a outra.
-
Quem é esse?
-
É o noivo dela.
– sussurra a outra.
-
Nossa...
nooooooossa... e agora??
Dana está
distraidamente descalçando os sapatos fechados e colocando calçados mais
confortáveis.
O homem
aproxima-se dela. Beija-lhe a nuca.
Dana dá um
sorriso, imaginando ser Mulder. Ao
levantar a cabeça e ver o tipo grotesco
à sua frente, quase grita, assustada. Levanta-se, rapidamente.
-
Sou eu, amor!
Vamos logo, que estou com pressa pra sair daqui! – fala o homem.
Dana faz uma
careta de surpresa.
-
Como?! Está com
pressa?! Quem é o senhor? E quem o senhor pensa que é, para vir com essas
liberdades?
Com essa cena as
mulheres que ali estão, levantam as sobrancelhas e abrem a boca, estupefatas.
-
Caramba!! Ela
fica de chamego com o outro que é
casado e maltrata o pobre coitado do...
-
... c o r n o!
– a outra completa, rindo, discretamente.
O homem gordo
segura Dana pelo pulso, tentando demonstrar que merece respeito e obediência.
-
Você está
louca, Gilly? Tomou alguma coisa hoje? – anda uns passos – Aliás, como sempre,
está aprontando com um traguinho, né?
-
Pára com isso!! – grita Dana e olha para as mulheres – Quem
é esse sujeito?
As duas permanecem
estáticas. Não sabem o que falar.
-
Ora, não me
venha com gracinhas! – ele vocifera e tenta arrasta-la e faze-la segui-lo.
-
Pára!! – grita Dana – Mulder!! – grita mais alto,
ainda, chamando o seu amado.
-
Nossa!! Eu
pensava que ela era apenas doidinha, mas já vi que é pirada mesmo! – murmura
uma das mulheres para a outra, vendo a cena.
As duas mulheres
saem em desabalada carreira, tentando livrar-se da grande confusão que rolaria
dali por diante.
-
Mulder!! – Dana continua a gritar; num puxão mais
forte, consegue desvencilhar-se das mãos do homem e sai correndo pelo corredor,
ainda chamando por Mulder.
O homem sai em sua
perseguição.
No mesmo momento
várias pessoas estão chegando em passos rápidos. Todos querem saber o que está
acontecendo com a atriz.
-
Mulder!! _ grita Dana, mais uma vez.
E é, então que o
avista, aproximando-se dela e corre em sua direção
O homem gordo que
acompanhara Dana, detém os passos.
As outras pessoas
que os havia acompanhado também o
fazem.
As duas mulheres
que haviam saído do camarim de Dana estacam seu caminhar, por sua vez.
Ficam todas as
pessoas, ali, paradas, aguardando.
Aguardando... o
quê? Todos estão atentos, doidos para saber.
Dana atira-se nos
braços de Mulder.
Ele enlaça-a,
então, com doçura. No entanto, com certa insegurança e sem demonstrar-lhe muito
afago. Segura-lhe o rosto, beija-a,
respeitosa e suavemente na face, para murmurar.
-
Que bom vê-la de novo. O que houve? – ele
pergunta. – Esse cara lhe fez alguma coisa?
-
Por favor,
quero ir embora daqui. Está acontecendo muita coisa desagradável! – ela pede.
-
E Deus queira
que não aconteça mais alguma depois disso. – ele baixa mais a voz – Eu não
sabia que ele estava aqui...!
Dana afasta-se
dele, confusa, querendo entender as suas palavras.
-
O que você quer
dizer com isso? Conhece esse homem?
Agora ele vira o
corpo para o lado e leva a mão à boca; aperta os lábios, disfarçando um sorriso
impossível de conter.
-
Agora você está
me deixando atrapalhado, sabia?
-
O quê?! Mulder,
o que significa isso?! O que está tentando me dizer?
Ele levanta as
sobrancelhas. A testa fica franzida, ante seu ar surpreso.
-
E por que está
me chamando de Mulder? – segura-a pelos ombros, apenas murmurando – Acorda! Não estamos em cena!
Dana afasta-se,
novamente, horrorizada com as palavras dele.
-
Meu Deus, o que
é isso??!! – ela murmura.
Mais adiante, o
homem de cara redonda e vermelha e
olhar de ódio, bufando de raiva, com as mãos nos bolsos, lábios apertados,
contempla a cena. Resolve interferir, falando em voz alta.
-
Será que os
dois... amiguinhos já terminaram sua conversa?
Dana volta-se para
encarar o desconhecido.
-
Olha só a
imponência desse sujeito! E você não vai fazer nada? – ela pergunta, sem
entender o atrevimento do homem diante deles.
-
Se eu pudesse,
o tiraria, para sempre, do nosso caminho, você sabe disso! - responde ele.
O homem gordo já
se encontra bem junto deles.
-
Olha aqui...
sei que vocês são bastante amigos, mas não permito que tenha muitas intimidades
com a minha noiva, ok? – fala, enfrentando, desafiadoramente, o olhar daquele
que considera seu rival.
-
Que é isso? –
diz o outro - Qual o motivo de tanta
ira?
O homem gordo
dá-lhe um empurrão que o obriga a recuar alguns passos.
“Homem é que nem
pão de forma: chato,
quadrado, casca
grossa, fácil de dobrar e
miolo mole.”
Nota da Autora – Só para informar aos leitores
que qualquer discrepância que for notada neste
Capítulo, é proveniente da data em que
o mesmo foi escrito: 13.11.04.