UM BREVE SONHO
¨O sonho é a resposta a uma
pergunta
que ainda não
aprendemos a fazer.¨
Mulder, em Paper
Hearts
Capítulo 268
Mulder entra na casa, um tanto preocupado.
¨Ora, mas por que fica essa garota se
insinuando pra mim? Era só o que me faltava!¨
Dirige-se à saleta
onde se encontra a tv; liga
o aparelho e joga-se no sofá, a
fim de assistir algum programa.
O desinteresse pela
programação o faz entrar em uma certa sonolência; as pálpebras
tornam-se pesadas. E ele fecha os olhos, relaxando, chegando até
a um breve sonho.
* * *
Mulder está descansando junto ao espelho d’água na frente do prédio do FBI.
Pensa em
quanta injustiça tem enfrentado nesses anos de um
trabalho
incansável e perigoso.
- Olá, Agente Mulder!
A voz desagradável
chega aos seus ouvidos, fazendo-o levantar rapidamente a cabeça e
voltar o olhar
para quem o chama.
- E então...? Refletindo sobre sua vida...
e o quanto ainda a pode usufruir?
- Quem é você? O que quer?
- Eu...? Não sei nada do que você está pensando; apenas estou aqui pra
lhe
mostrar que você é mesmo um fracasso, Agente Mulder...!
Ele
olha a criatura com leve ira no
semblante.
- O que pretende com essas palavras? Esquece que está desacatando um
representante da Lei?
- Ah! Ah! Ah! Lei...?! Quero ver quem é mais forte, Agente Mulder, se
é a Lei
ou a experiência de gente mais esperta que você!
Mulder levanta-se, rapidamente:
- Sai daqui! Sai daqui antes que...
- Antes que o quê...? – a pessoa dá uma volta nos próprios calcanhares
– Pelos seus
erros e
deslizes os seus entes queridos é que vão pagar!! – murmura, com tom de
ódio na voz.
Mulder ergue a mão, como que desejando esmurrar a pessoa diante de si;
logo a leva ao bolso, procurando a arma, a qual
não encontra, o que o deixa extremamente
nervoso.
A pessoa ameaçadora
dá uma gargalhada e desaparece de suas vistas.
* * *
Ele desperta de seu
pesadelo, meio tonto. Sente-se desorientado. Passa a mão
nos cabelos revoltos,
cujos fios castanhos lhes caem sobre a testa.
Logo nota que não
está sozinho.
Sentada, quietamente,
na ponta do assento de uma poltrona, Louise o observa.
- Você...?! – ele senta-se, bruscamente – Como conseguiu entrar? –
pergunta
A jovem vizinha sorri:
- Desculpe não lhe ter avisado.
- Do quê...?
- Eu tenho a chave da porta lá
detrás.
- Como assim...? Por quê? Pra quê?
- Calma, Fox! –
sorri, divertindo-se com a surpresa dele – É que quando sua mulher
e a mãe
dela saem, eu fico tomando conta de Will e...
- A senhora Scully é que
lhe deu a chave?
- Sim. – ela levanta-se de onde está e dá uma volta nos próprios
passos, retorcendo o
corpo,
num gesto provocante.
- Como lhe avisei e deve estar ainda lembrada, Dana e a mãe dela foram
levar as
crianças ao pediatra.
- Sei! Estou sabendo, não se preocupe! – lança um sorriso sensual – Se
importa de que
eu
fique conversando com você um pouquinho?
- Ahn... bem...
- Sõ
um pouquinho, Fox! Sei que você não está a fim,
mas...
- Acertou. Eu tenho que fazer um serviço daqui a mais alguns minutos.
- Ah! Posso ajudar?
Ele morde os lãbios, demonstrando impaciência.
- De jeito nenhum!
Louise dá um suspiro
em alto som. Aproxima-se um pouco para dizer:
- Olha,
você não simpatiza comigo só porque sou muito jovem?
O Agente a olha e
levanta as sobrancelhas. Não responde. Fita-a, enquanto aperta os dentes,
fazendo mover por fora das face as carnes que lhe recobrem as mandíbulas.
- Fox... –
ela murmura - ... eu adoro homens
como você...
Mulder, em passos rápidos sai dali, dirigindo-se
ao jardim.
Toma a tesoura de podar
plantas que está no
chão e inicia o seu trabalho.
Enquanto vai cortando
as tenras e pequenas folhas verde-claro que caem, a jovem
acompanha com o olhar
seus movimentos.
- Sabe, Fox, eu gosto de escalar montanhas... – ela fala - ... e você?
- Não.
- Já saltei de asa delta, paraquedas... e você?
- Também não. – ele ergue-se e a olha
– Gosta de enfrentar perigos, hein?
- E como!!
Mulder franze os lábios e balança a cabeça,
positivamente.
- Dá pra perceber que você é assim.
- E já pulei de rapel!!
– ela completa, animada.
- Sei... – ele reinicia seu trabalho de podar os
arbustos.
- Fox... de todos os perigos que já enfrentei, quero por à prova mais
um.
Ele continua fazendo
o trabalho e não a olha.
- Quer saber qual...?
- Hum, hum. – ele responde, simplesmente, continuando a podar os
arbustos de
folhagem vistosa.
Louise dá uma risada:
- Mas esse eu não vou falar!
- Certo. – ele responde,
atento ao seu serviço.
Louise senta-se numa
mureta baixa do jardim. Seu cobiçoso olhar devassa por inteiro o
corpo do homem que está à sua frente e que a
atrai e lhe enche dos desejos mais frementes.
Mulder pára um pouco o que está fazendo. Consulta
o relógio.
Louise continuaa examinar todos os detalhes dos
corpo másculo e viril de seu atraente vizinho.
- Acho que amanhã a senhora Scully vai
precisar de mim, segundo ela já me falou.
- Ah, é? Eu acredito que não, porque eu e Dana vamos sair e levar as
crianças conosco.
- Ta brincando!! – a jovem exclama,
chateada.
- Não! Falo sério! -= ele recomeça a cortar os tenros galhos da planta
e pergunta em
seguida
– William não lhe dá trabalho?
- Ah, dá sim, mas não me importo com isso. Tenho o máximo prazer em vir
aqui!
- Sei...!
- Não, você não sabe o quanto tenho prazer, Fox!
Nem imagina!
- Imagino, sim. – ele diz, sem a olhar.
Ele joga a grande
tesoura no chão. Abaixa-se e começa a puxar com as mãos os retalhos de
galhos caídos no chão.
Louise aproxima-se.
- Quero ajudar.
- Não precisa! – ele diz, enquanto
joga as folhas num cesto.
- Mas eu quero! – ela recolhe também
um pouco das folhas.
Mulder continua agachado, a fazer o seu trabalho.
A jovem abaixa-se ao
seu lado. E não se contém. Aproxima mais o rosto para sentir a
respiração dele.
Ela sente prazer em
sentir o perfume que vem da loção de barba, que emana da sua pele
morena.
- Fox!! –
a voz ressoa, vinda do portão.
Ele se levanta, ainda
com galhos cortados nas mãos. Olha adiante e vê Maggie
trazendo o
neto pela mão.
Louise, rapidamente,
se levanta, com um sorriso.
- Oi, senhora Scully!
- Oi. – responde Maggie,
sem afago na voz.
- Eu estava lhe esperando pra saber se devo vir amanhã, conforme havíamos
combinado.
- Ainda não tenho certeza, Louise.
Depois eu ligo pra lhe avisar.
- Ok; certo então. – passa as mãos pelo
diminuto short e a decotada blusa – Eu...
estava ajudando o senhor Mulder...
- É, eu
percebi. – fala Maggie.
Mulder joga as folhas cortadas restantes no cesto
e vai até o filho para pegá-lo ao colo.
A jovem vizinha se
despede, rapidamente e sai, em passos apressados.
Maggie acompanha com o olhar a sua saída.
Mulder, com William nos braços, sorri paraele, quanto o aperta contra si.
- Está tudo bem com as crianças,
senhora Scully?
- Graças a Deus, sim. A febrezinha que deu nele é somente por causa de
uma
amigdalite.
Mulder aperta o narizinho do filho:
- E então, garotão, o que você andou fazendo pra arranjar essa doença,
hein?
- Eu não fez
nada!
- Eu não fiz nada! – o pai o
corrige.
- Você não fez...?
O pai dá uma risada.
- Ele andou tomando sorvete depois de estar muito suado, Fox. – explica Maggie.
- Ah, ta vendo? – fala o pai.
- Mas sorvete é bom! – o menino fala, convicto.
- Sim, filho, eu sei; pode deixar que ninguém vai
proibir você de comer sua
guloseima
favorita.
- Mas eu não qué guloseima!
Mulder ri, se divertindo com a frase do filho.
Dana, dando beijinhos
na filha que traz nos braços, entra no portão do jardim.
William corre para
ela:
- Mãe!! – agarra-se às suas pernas.
Dana acaricia o rosto
do filho.
- Wilha
também qué beijim!! – ele
pede.
Maggie sorri ao ouvir a frase e retira Vivien dos braços de Dana, que assim abaixa-se
para cobrir de beijinhos carinhosos o rosto e
os cabelos do garotinho, seu amado
filhinho, seu tesouro.
¨Um tesouro nem sempre é um amigo,
mas um amigo é sempre um tesouro.¨