NÃO HÁ DÚVIDA
“ A dúvida é a escola da verdade.”
Bacon
Capítulo
275
Dana, com
William no colo, olha, indignada, o homem diante
deles.
- Como tem coragem de agir assim com
duas pessoas que nunca
lhe fizeram mal? – ela indaga.
- Ah, ta! Cala a boca que é melhor! Em boca
fechada não entra mosca!
O homem
distancia-se, a fim de procurar alguma coisa no interior de alguns
caixotes encostados
em um canto.
O ruído do
celular se faz ouvir.
Dana sente o
corpo estremecer. A angústia a domina.
William, com
os braços à volta do pescoço da mãe, acompanha com o olhar
todos os passos
do malvado
homem.
Este retira
do bolso o aparelho e o atende:
- Fala!!
- Está quase na hora de executar o
serviço. – vem a voz pelo aparelho.
- Ah, é? Tem certeza de que é isso
mesmo que tú quer?
- O que combinamos,
seu parvo?
- Eu, sei, eu sei, mas olha, se liga porque vai ter que ser tudo muito bem
planejado!
- É lógico, cara! Tu não lembra do que falamos?
- Lembro.
- E então? Por que a dúvida?
- Não há dúvida. Não estou doido!
- Ah, até pensei...!
- Chega, tá? E... pra quando...?
- Logo que der! Se tudo estivesse
arrumado, seria hoje! Agora!
A mulher que
estivera antes falando com Dana entra neste momento.
O homem
guarda o celular.
- Tá lôco, seu!! – ele murmura.
- O que houve?- pergunta a mulher
Ele a puxa
por um braço, afastando-a para distante de Dana e seu filho.
- Chega até aqui.
- Qual foi a
ordem, agora?
O homem
aperta os lábios e mantém o olhar frio:
- Executar... logo
que estiver tudo certo... – mal pronuncia essas palavras.
- O quê?! – leva as mãos ao rosto –
Virgem Maria, meu irmão! Tu não
vai fazer isso!
- Claro que vou, sua tapada. Foi o
combinado! – ele explica, sussurrando.
- Tá maluco?!
Que doideira é essa? Tu vai se tornar um assassino!
- Que diferença faz? Seqüestro já leva
qualquer um pra cadeia mesmo!
- E quanto vão te
pagar?
- Quanto...?! Ainda não está ajustado.
- Caramba,
cara! De repente tú vai receber uma mixaria, que nem
dá pra
ir embora daqui!
O sujeito
coça a cabeça:
- Ainda tô
pensando...
- ... se vale a pena matar os dois. – ela completa, com temor no
semblante.
A mulher
olha em direção dos seqüestrados. Faz um semblante penalizado.
- Quando é que tu vai...
- ... acabar com os dois?
- Sim.
- Peraí... deixa eu pensar como vai ter que ser quando chegar a hora.
* * *
-Maggie olha com ar maternal seu genro, entristecido:
- O que aconteceu, Fox?
-Novamente minhas buscas foram em vão.
- E a Polícia?
- Dizem estar agindo, senhora Scully... e aí...
- ... sim, Fox...?
- ... eu resolvi agir por outros meios.
- É...?Qual? – a sogra apresenta
expressão ansiosa.
- Segredos de um ex-Agente Federal.
Vivan chora no berço; o som vem do quarto
distante.
Maggie corre para lá. Para sua surpresa vê
Louise ninando a criança nos
braços.
- Como...?! Você...?! - logo toma sua neta dos braços da jovem.
- Ah, senhora Scully,
assustou-se?Ah, desculpa... – abraça-a, envolvente
- ... eu ainda tenho uma cópia da chave e achei que você não iria
se
aborrecer....! –
beija-a na face.
- Não... isto
é... – Maggie gagueja, diante do inesperado.
- Sabe,
senhora Scully... é que eu
gosto tanto dessas crianças, que...
- Eu entendo, eu entendo Louise, mas...
- ... eu fico sentindo falta delas...! – os olhos estão marejados
de lágrimas.
- E o meu netinho, meu William...! –
agora é Maggie quem chora de dor.
A
vizinha abraça-a, novamente, carinhosa.
Mulder aparece no umbral da porta.
- Então, Fox?
Conseguiu fechar os olhos um pouquinho? Só pra
descansar?– Maggie pergunta.
Ele
meneia, negativamente a cabeça.
-Não deu,
senhora Scully.
- É... – acrescenta Louise - ... não é fácil! É muita dor
mesmo!
Mulder aproxima-se; fica bem junto da jovem:
- A dor não tem como ser descrita... –
pára uns segundos - ... Louise.
A
moça o fita com olhos brilhantes ao ouvi-lo chamá-la com tanta ternura.
- Posso ajudá-lo, Fox?
– ela quer saber.
Ele
aperta os lábios e faz um gesto de aquiescência.
Maggie concentra-se em prestar atenção nas
necessidades do bebê.
Mulder segura o braço de Louise:
- Você pode me ajudar e muito!
- Ótimo! Que quer que eu faça?
- Que me responda o seguinte... – pára,
por segundos, observando-a;
coloca a mão em seu
braço, deslizando-a, parecendo acariciá-la
e pergunta, com
calma, enquanto lhe segura o pulso - ... com quem
você combinou o
seqüestro de Dana e meu filho?
- O
quê?! – ela exclama em voz alta.
Isso
chama a atenção de Maggie, que se volta para os dois.
- Pode começar a falar, Louise! – ele
insiste.
- Tá
louco?! Do que está
me acusando?!
- De seqüestro. – ele fala, sem se
exaltar, continuando a segurá-la
pelo braço.
Maggie, atônita, acompanha o diálogo.
- O que é isso?! Endoidou? – prossegue
a vizinha.
- Responde,
menina! –pergunta ele, com dentes cerrados.
- Meu Deus, Fox!
O que é que está dizendo? – assusta-se Maggie,
enfim conseguindo
falar alguma coisa.
- A verdade! Eu quero a verdade! Fala!!
– ele continua insistindo.
Louise
tenta retirar o pulso das mãos dele, sem conseguir, no entanto.
- Me larga, seu louco! Está é pirado!!
Mulder agarra com mais força o braço da moça;
logo segura-lhe os dois,
o que a impossibilita de qualquer gesto
de defesa.
- Fala logo! - ele ordena – Pra onde foram levados?
- Ai, seu estúpido! Senhora Scully, manda esse cara me soltar!!
Maggie aproxima-se, saindo de sua estupefação
diante da cena:
- Fox, por
favor, o que está acontecendo? Você está nervoso,
atribulado...! Ai, meu Deus... solta
a moça...!
Ele continua segurando
Louise com lábios apertados e um brilho de ódio
no olhar,
cujo tom verde tornara-se acinzentado.
- Me solta, idiota!! Tá pensando o quê?? – a jovem pede, ainda.
Agora
Mulder torce um dos pulsos de Louise, fazendo-a gemer um pouco.
- Começa a falar e eu alivio a pressão.
– diz ele.
- Mas falar o quê?!
Mulder volta-se para a mãe de Dana:
- Senhora Scully,
por favor, rápido, pega aquilo que está na terceira
gaveta no meu quarto.
Rápido!
- São as ... as ... ai, Fox,
mas ... – ela hesita em sair do lugar.
- Por favor, rápido!
Maggie corre até onde ele lhe dissera.
- O que está acontecendo contigo, hein?
Endoidou de vez, é? – fala
Louise.
- Apenas acordei do pesadelo. –
responde.
Ela
retorce-se, tentando sair das mãos que lhe agarram os pulsos.
- Quando minha família souber do que
você está fazendo comigo...
– ela recomeça.
- Família...?
- É. – responde ela, com um gemido –
Ai!!
Maggie retorna com o objeto brilhante na mão e
os olhos abertos de espanto.
- O
que é isso??!! – grita Louise –
Você é louco!! Não põe
isso em mim! Nããão!! – e
enquanto grita, retorce-se, ainda
segura pelos fortes braços do ex-Agente.
“ A loucura é a origem das
façanhas de todos os heróis.”
Erasmo