AS CRIANÇAS
A criança é alegria, como o
raio do sol, é estímulo como
a esperança.
Coelho Neto
Capítulo 282
Dana senta-se na cama. Havia dormido bem e percebe seu corpo bastante
repousado.
- Onde pensa
que vai, moça?
- Nossa, Mulder! Você já está
acordado?
- Sim, –
espreguiça-se – mas não pretendo levantar agora.
- É claro que não! Fica mais um pouco. – encosta, levemente, os lábios
na testa
- E por que
você já vai sair?
- Ah, Mulder, você não sabe que tenho minhas incumbências a tratar
com as
Ele ri:
- Momentâneamente esqueci, Scully.
Ela, por minutos, cala-se, para fazer uma pequena oração, agradecendo
a Deus por
Mulder a observa,
respeitoso, a fé
de sua amada.
- Você já foi
olhar as crianças umas três vezes na noite, Scully!
- Ah, você
viu, é? Vida de mãe é assim mesmo.
Ele a puxa para si:
- Ok, lindinha.
- Tive um Mulderzinho para você e uma Scullyzinha pra mim! – ela
dá uma
- Isso te
faz lembrar alguma coisa?
- Claro, Mulder... – ela suspira - ... quando eu chorei angustiada,
tendo a certeza
negativas.
Mulder a abraça, carinhoso, enfiando os dedos entre os longos cabelos
dela.
-
Viu como tanta angustiante ansiedade traz sofrimento, Scully?
- Sim, mas vale lembrar que há oito anos atrás nós pudemos por para
fora os
Ele a acarinha com os lábios a deslizar
sobre a pele macia do pescoço dela.
Dana sente a respiração dele tranqüila,
aos poucos tornando-se mais rápida.
- Mulder... naquele dia eu consegui realizar o que tanto eu desejava... com
seu amor... sua ternura... compreensão...!
-
Sim... – ainda com os lábios a acariciá-la, agora procura deixá-los deslizar
sobre a carne alva, quente e palpitante do colo
dela, onde os seios oferecem
os botões de carne prontos a deixarem-se à mercê daquelas
carícias.
-
Mulder... – ela sussurra - ...
te amo demais...!!
* * *
O passar do dia fora bastante cansativo. Agitado demais. Levar William à
escolinha,
zeloza,
A noite já chegara com seus sons
característicos. Grilos, uma música longínqua
cortando o ameno da
noite gelada.
Maggie, sentada
numa poltrona, cochila, levemente, enquanto costura à
mão uma
peça de roupa.
-
Vá dormir, mamãe! – fala Dana.
Maggie abre os
olhos, levantando as sobrancelhas:
-
É, filha; vou mesmo. Estou caindo de sono!
-
Dá pra ver! – diz a filha, sorrindo.
-
Boa noite, filha. – a mãe fala, levantando-se e saindo.
Dana passa os dedos entre os longos e
ruivos cabelos, deslizando-os da raiz às
pontas por várias
vezes.
Diante de si a tela da tv mostra as cenas do seu programa
favorito.
Sem nem tempo para piscar, ela pode usufruir do seu prazer. Os lábios
entreabertos
prazeroso.
Mulder vai chegando na sala vagarosamente. Observa o ar embevecido da
mulher
-
Ei, Scully!
Ela volta o rosto para atender o
chamado.
-
Assistindo isso?
-O que houve, Mulder? Por que o espanto?
-
Você me falou que fica irritada quando assiste esse programa!
-
É uma série, Mulder!
-
Seja o que for, por que a está vendo?
Dana o fita com
ar aborrecido:
-
Será que, após um dia estafante, cuidando de todas as minhas obrigações
de dona de casa, mãe e esposa, eu não posso me plantar
diante da TV e ver
o que desejo?
Ele dá alguns passos; passa a mão nos
cabelos:
-
Scully desculpa... acho que
eu é que estou intolerante.
-
Ahn, ahn!! – ela confirma;
resolve manter o olhar fixo na tela da TV.
A mulher sorridente e sexy da cena,
despe-se, vagarosamente, diante de Hank
Moody, o
personagem masculino principal. Este agarra a mulher com suas mãos
lascivas,
arrastando-a para o leito. A mulher geme de prazer.
Mulder senta-se
junto à Dana, que nem percebe, tão absorvida na cena
ela se
encontra.
-
Scully...
- ...
-
Scuuuulley!!!
-
Ahn...? – responde, sem olhá-lo.
- ... acho que vou me apresentar lá
nos estúdios dessa TV.
-
Ahn, ahn! – ela concorda,
sem nem voltar-se para olhá-lo.
-
Scully...
- ...
-
Scuuuuuuuuuuuulley!! – chama baixinho, com
insistência.
-
Ahn...? -
finalmente ela responde.
-
Você não acha que eu posso desbancar esse cara?
-
Ahn...?
-
Eu posso ser melhor ator do que ele!
Agora Dana o fita:
-
Você?! Um agente federal?!
- Ex!! Não esqueça!
-
Nada a ver! – comenta, voltando a olhar para a tela.
-
Scully...
-
Ahn... – responde, sem vontade.
-
Eu poderia ganhar muito dinheiro só pra fazer isso aí. Pegar essa
mulherada, beijar, abraçar...transar...
curtir bastante...! E a gente lucraria!!
– ele toca em seus cabelos – Scully...
-
Ahn...?
-
Você diz que esse sujeito aí é a minha cara, não é?
-Ahn, ahn! – confirma.
-
Então eu posso fazer tudo isso que ele faz, ao
vivo!!
- Ahn, ahn!! – comenta, confirmando, mas ligada à tela.
-
Com você, Scully! – ele acrescenta, em voz mais alta.
-
Tá. –ela diz, fazendo um bico, como que menosprezando
as palavras
dele.
Mulder desliza os
dedos na pele alva do braço dela. Segura-lhe os
cabelos,
fazendo deles um só
maço ruivo. Leva-o ao nariz, sentindo-lhe o perfume.
Abraça-a, segurando-a pelos ombros e a
encosta em seu peito moreno e quente.
Dana continua atenta
ás cenas na TV.
Olha para o homem amado tão próximo
dela. Vê esse corpo que adora, o
rosto que venera,
o jeito macio mas decidido que a envolve.
E é, então, que ela deixa cair por terra
tudo à sua volta. Entrega-se ao prazer
de sentir seu
amado, suas carícias, sua doçura.
E ela tem que fazê-lo sentir sair dela
todo o amor e desejo que existem dentro
de seu
coração, sua alma, seu corpo, todo o seu ser.
Todos
os animais conhecem o que
lhes é
salutar, exceto o homem.
Plinio