SEM FORÇAS
“A força mais
forte de todas
é a de um
coração inocente.”
Victor Hugo
Capítulo 290
Dana corre pela praia, sentindo sob seus pés a fria
areia que lhe penetra
entre os dedos descalços. Por segundos fecha
os olhos, deixando-se levar
pelo prazer que sente por deixar seu corpo
como que flutuando ali entre
as palmeiras, com os raios do sol fazendo
reflexos em seu rosto. Ela corre,
ainda, sentindo prazer por estar nesse lindo
lugar e por saber também
que o homem que ama ali se encontra; aquele
a quem sabe ter magoado
com palavras amargas há meses atrás.
Mas agora tudo passou. O amor de ambos já consertou
tudo aquilo que
estava sendo destruído.
Ela sente que já está sem forças para continuar a
corrida. A respiração
está difícil e as pernas enfraquecidas
entram em genuflexão e ela cai,
pesadamente.
— Ohhhh....!! – geme então.
Mulder, que caminhava vagarosamente seguindo-a
à distância, vai se
aproximando e a vê deitada, arfando de cansaço.
— Está
pensando que tem a minha resistência, é?
— Ai, Mulder, não agüento mais! —
queixa-se, passando a mão
na testa.
— Eu não
falei pra não experimentar? — diz ele, deitando-se ao
lado dela.
Dana diz, ainda ofegante:
— Acho
que vou morrer... tchau, meu amado...!
Ele dá uma risada:
— Puxa
vida! Vai me deixar assim?Não estou a fim de ficar
viúvo!
Ela pega a mão dele e a coloca sobre seu próprio
peito:
— Sente
só.
Mulder sente o pulsar forte e agitado do
coração dela:
— Nossa, Scully! – aproxima o corpo
do dela — Está se sentindo
mal?
— Ai... sim... com certeza!!
Ele abraça o corpo dela, preocupado. Fica assim por
alguns minutos
Enquanto ela descansa.
— Está
melhor, lindinha?
— Hum,
hum. — confirma.
Ele a solta e deita-se ao seu lado.
O sol, agora brando e meio encoberto pelas nuvens cor
de algodão,
aquece levemente seus corpos relaxados na
areia.
— Ai,
ai...! — ela suspira profundamente.
— O que
foi? Voltou a taquicardia?
— Não, Mulder, não é isso. — volta o corpo para o lado dele,
fitando-o.
— O que é, então? — ele retribui seu olhar.
— É que
estou me sentindo muito romântica hoje...!
—
Romântica...?! — levanta as sobrancelhas, num ar
incrédulo.
— É Foi
o que eu disse. O que tem de estranho?
— E quem
disse que achei estranho?
— O tom
de sua voz.
— Isso é
o quê? Estudo da voz?
— E você
que sabe tudo sobre a linguagem do corpo? Diz
que o corpo
fala...
— ... e como fala!
Dana apóia-se sobre os cotovelos que seguram-lhe o queixo,
ainda fitando-o:
— E o
que o meu está dizendo?
— Deixa eu ver... — vasculha com o olhar observador
cada detalhe do
corpo dela sob a reduzida roupa própria
para passeios na
praia — ... seu corpo está totalmente
voltado para o meu;
a sua respiração exala desejo; os olhos
espelham prazer... enfim...
— ... o quê? — interrompe.
— Enfim você está a fim de mim!
Agora...!! —ele murmura
em voz
sussurrante.
Dana sai de sua posição e dá uma risada, sentando-se
na areia:
—
Imagina! Estaria eu a fim de alguém que não fosse você?
Tosca
definição de sua sabedoria a respeito do assunto!
—Scully...?
— O que
é?
— Estou
me sentindo bastante inspirado hoje, também.
—
Inspirado...? — ela desvia por segundos o olhar para
notar as gaivotas
sobrevoando sobre as ondas mansas das
águas esverdeadas
— Inspirado pra quê, Mulder? — fita-o
novamente.
— Pra te beijar... te
abraçar...
Ela revira os olhos e geme:
— Huuuum...
— ... te possuir todinha... até ... até...
— Até
que se esgotem todas as gotas do seu líquido seminal.
Mulder senta-se rapidamente:
— Puxa
vida, Scully! Eu estou te falando em romantismo...!
— Que é
a predominância da imaginação e do sentimentalismo.
— Eu sei
que estou me elevando acima da realidade prosaica...!
Ele a fita profundamente. Dentro de seus olhos o
lampejo da
felicidade, da realização, do sentimento que os
está unindo a cada dia
mais.
E Mulder conclui:
— ... mas eu a amo, Scully.
— E eu
também te amo, Mulder! Mais do que você imagina.
O sol, o mar quebrando seu colar branco sobre a areia,
o grito das
gaivotas, o ruído do farfalhar das palhas dos
coqueiros, nada pode
atrapalhar esse momento de concentração de amor,
de paz e de
felicidade.
“A felicidade
não se dá, troca-se.
A nossa felicidade vem sempre
de outrem.
P. Didot