QUE DEUS SEMPRE NOS LIVRE...

Deus deu a vida para

 cada um cuidar da sua.”

 

Capítulo 291

 

Dana achega-se ao amado.

Mulder, muitas e muitas vezes nossa vida emaranha-se em dificuldades.  

olha para o céu brilhante —  Que Deus sempre no slivre dos revezes que ela

tenta nos atingir.

Ele apenas confirma com uma meneio de cabeça.

— Escuta Mulder...

E ele, observando uma gaivota que volteia sobre as ondas, demonstra que

 está ouvindo suas palavras.

— ... quero te perguntar uma coisa.

Fala, Scully.

Ahn... dentro de você, no íntimo do seu coração, você gostaria de...

— ... de ...?

— ...voltar ao FBI?

Mulder aperta os lábios, fitando-a.

Dana insiste brandamente:

Fala, Mulder.

— Se eu disser que não estarei mentindo Scully e esse não é o meu jeito

de ser.

Ela volta o olhar para o horizonte azul.

— Eu compreendo.

— Mas por que você me faz essa pergunta, Scully?

Um rumor chama a atenção de ambos. Várias pessoas correndo. Um

homem com uma pasta na mão em carreira desabalada pela areia tenta

fugir da multidão.

— Pega ele!! — gritam em uníssono.

O homem correndo diante das pessoas está se aproximando justamente

da parte da praia onde está mais deserta, onde está o casal de ex-agentes.

Mulder e Dana entreolham-se, procurando entender o acontecimento.

A poucos metros do casal o homem está passando, então.

Mulder continua sentado na areia ao lado de Dana, como se nada

estivesse notando de anormal.

Em segundos, no entanto, ao  se aproximar  o fugitivo, Mulder ergue-se

num salto, agarrando-o pela cintura.

O sujeito cai, com um grito:

— Me solta!! O que é isso?!

— O que é isso pergunto eu! – fala Mulder.

Os perseguidores vão se aproximando do local.

_  Me solta!! – berra o homem.

Mulder o agarra pelos braços, forçando-os para trás, como se estivesse

pronto a algemá-lo. Toma da mão do homem a pasta de couro.

Dana a segura, então.

O casal repara que um homem alto e louro lidera o grupo que vem

correndo para pegar o fugitivo.

— É isso aí!! — grita a maioria.

— Legal!! — outros exclamam.

— Segura, segura esse safado! — grita o homem louro.

O bandido seguro por Mulder bufa e se contorce ao extremo, tentando

sair das suas garras.

— Tu ta enganado! Não roubei nada!

— Eu não estou insinuando nada. — fala Mulder com voz calma.

Agora o homem à frente do grupo já está diante de Mulder e Dana.

— Obrigado, cara! Esse sujeito roubou minha pasta!

Dana faz um gesto para entregá-la ao homem, que a segura nas mãos.

— O que realmente aconteceu? — Dana pergunta.

— Estacionei o meu carro no calçadão da praia e já o tinha trancado,

quando esse ladrão me tomou a pasta e saiu correndo.

— Vamos até a Delegacia mais próxima. — fala Mulder.

— O quê?! Preciso ir?! — pergunta o homem com ar chateado.

— Claro. Tem que fazer a queixa.

— Solta esse pilantra e está tudo resolvido.

— Soltá-lo?! — Dana surpreende-se — Depois de ter a certeza de que

 o roubou, como quer deixá-lo ir?

O homem posiciona-se como uma autoridade.

— Estou falando sério. Não quero que esse imbecil seja preso.

— O quê...?!  — perguntam em uníssono Mulder e Dana com espanto.

— Verdade, cara! — insiste o homem — Um bandido como esse  vai

encontrar seu castigo na próxima esquina da vida. É tão estúpido

que nem vai ter chances de viver mais muito tempo.

— Tenciona matá-lo?—pergunta Mulder.

— Ah Ah! Ah! — o homem gargalha diante do ex-agente, que

ainda está segurando o ladrão — Desculpa cara, mas não vai querer

que eu o chame de imbecil também, não é?

— Dobra a língua, meu chapa! Não te dou o direito de falar comigo

assim. — retruca Mulder.

— Está me acusando de ser um assassino!

— E o será se fizer algum mal a este sujeito.

Ei! — o homem louro quase pula — Agora está defendendo esse

ladrão, é?

— Por favor, senhor, pára com isso! — sugere Dana.

— Eu só quis dizer pra vocês que eu não quero ir à Delegacia com

esse ladrão e que ele, por si mesmo, irá encontrar a morte, se

continuar nessa jornada de ladroagem. Deu pra entender?

Com rápida ação Mulder afrouxa os pulsos que estão segurando

As mãos do homem para trás, libertando-o.

Ao sentir-se livre o homem sai correndo, afastando-se rapidamente

dali.

O grupo que estivera perseguindo o ladrão, com espanto e surpresa

assiste a cena sem entender.

Éisso aí, cara! — diz o louro – Agora fez o certo.

Mulder estende a mão para Dana, que aproxima-se dele e segura=

lhe a mão.

— Vem, Scully. — ele chama, afastando-se do local.

— Espera aí, cara! Quero agradecer a forma como agiu, segurando

o safado daquele ladrão.

Mulder volta-se para olhá-lo. Mas nada fala.

— Não tem que agradecer nada. — diz Dana.

— Mas é lógico que tenho que fazer isso. — ele fala estendendo as

mãos espalmadas.

— Vamos, Scully. — Mulder diz novamente, segurando-a pela mão.

Ei! Espera! — o homem insiste e aproxima-se mais do casal —

Não estou brincando! Vamos fazer um brinde a essa façanha!

— Qual façanha? Deixar um ladrão fugir? –pergunta Mulder.

— Você não entendeu, cara! O seu gesto foi rápido e certeiro.

Genial! E ajudou muito!

— Ta bom. Já agradeceu e nos elogiou. Agora vamos.

O homem louro percorre com o olhar o corpo pequeno, frágil,

esbelto e perfeito de Dana Scully. Aproxima-se mais,

fitando-a, enquanto Mulder havia se voltado para ver lá distante

o ladrão que, correndo, já conseguira atravessar a pista que

circunda a praia. E examinando detalhadamente o corpo de

Dana, um lampejo de desejo desenha-se nos olhos do homem louro.

Mulder retorna o olhar para Dana e, num segundo, percebe os

olhos de cobiça que o desconhecido lança para sua amada.

 

“Não é bom que tudo

suceda como desejamos.”

Boussuet