UM AMIGO URSO

 

“A quem nada precisa,

não faltará um amigo.”

Shakespeare

 

Capítulo 309

 

Mulder, Ângela e Carl caminham, até que o Agente se assusta:

Ei, vocês! Parem aí! Agora! Tem um animal naquele lugar ali!

— O quê? — pergunta Ângela, como que não entendendo.

— Sim! Ali! Veja! — coloca a mão sobre o ombro dela, para fazê-la abaixar-se ao lado

 de arbustos.

— Ali? Naquela gruta? — quer saber Carl.

— Exato. Abaixe-se!

Ângela começa a rir.

— O que significa isso, Ângela? — pergunta Mulder.

— Desculpe a nossa amiga  por não poder se conter, Mulder — começa a explicar o rapaz

 — mas é ali que estamos abrigados; naquela gruta.

; entendo! Mas não estão vendo o urso?

— É nosso amigo, Fox! — fala Ângela, por sua vez.

— Amigo?! Que história é essa? Ah — leva a mão ao queixo, mordendo os lábios — Um

amigo urso...!

Ângela ri, novamente:

— Lembra bem o ditado popular, não é  Fox?

— Hum, hum. — ele responde.

Logo os três aproximam-se da gruta.

— Vem cá, mas como vocês conseguiram essa façanha? — novamente o Agente quer saber.

— Ah, amigo, o animal é muito preguiçoso.  Então ele nos aluga a casa dele...

— Espera aí; deixa ver se entendi. O urso aluga a caverna pra vocês?

— É um modo de falar, Mulder. — explica Carl — Nós lhe pagamos o favor com peixes

 ou mel que pegamos pra ele.

Ei!! Vocês aí!! Como é que é?? Cadê meu pagamento?? — berra o urso de onde se

encontra, junto à porta da gruta.

Carl levanta os braços:

— Calma,  amigo! Você sabe que sempre lhe pagamos! Calma!!

— O que ele está querendo agora? — pergunta Mulder em voz baixa à Ângela.

— Ele já tinha nos avisado que teríamos que pagar com mel, porque estamos com o

aluguel atrasado.

Mulder dá uma discreta risada:

— Nunca imaginei vir parar num lugar tão fantástico...!

— Fantástico?! Terrível, isso sim! — queixa-se Ângela, amuada.

— Ah, nem tanto.

— Nem tanto é o que você pensa, amigo! — Conseguir mel não é moleza! — Carl desabafa.

Mulder coça a cabeça:

— Entendo o que quer dizer.

— GRRRRR!! — grunhe o urso bem alto — Quero o pagamento logo! E só vou esperar

até o começo da noite!! É o máximo de tempo que lhe dou!

O Agente se aproxima de Carl:

— Escuta aqui; por que vocês não procuram morar com pessoas ao invés de um animal desses?

— Porque as pessoas daqui pensam que somos bruxos.

— Bruxos?! Ora, mas por que?

— Sim, bruxos! Porque usamos aparelhos diferentes de objetos que eles possuem... nós

 temos celular, pendrive, óculos...

— Entendo, entendo.

— E então?? Não vão providenciar o meu pagamento?? Estou com fome!! — grita o urso.

Olha, Carl — fala o Agente — eu pego o mel que ele quer.

— É difícil, cara!

— Sei que é, mas estou acostumado a enfrentar certas coisas complicadas.

— Verdade, Carl. — diz Ângela rindo —Haja visto a Agente Especial Dana Scully.

— Não gostei da piadinha, Ângela. — fala Mulder.

Desculpe, Fox!— ela pede, rindo ainda.

 

*   *   *

Dana se sente frustrada. Triste. Na verdade desesperada.

“Não consegui falar com Mulder. Não sei o que vai acontecer comigo. E com ele? E nossas

vidas como vão ficar? Nossos filhos lá longe... oh, meu Deus!” — pensa ela.

— Vamos então até o castelo, meu Príncipe! — chama a Rainha — Estou falando também

com você! — se dirige à Dana.

— S... sim, Princesa! A Rainha quer fazê-la conhecer seu castelo. — confirma timidamente

o Príncipe.

— Desculpem, eu não estou interessada em conhecer o...

— Não!! Não fale isso! A Rainha pode até lhe matar!! — fala baixinho o esquilo, puxando a

bainha da saia de Dana para lhe chamar a atençao.

— O quê? O que ela pretende comigo?

— Sei não, Princesa. Mas ela sempre foi muito má!

— Droga! E estou sem a minha arma.

— Ah, esqueceu sua espada?

— Espada...?! — ela sorri — Não; não é isso... mas não tem importância.

— Venha logo, moça. Não me faça esperar! — fala a Rainha com voz autoritária.

— Muito prepotente sua rainha. — comenta Dana em voz baixa.

E se aproxima da Rainha e do Príncipe.

 

“O membro mais  nocivo de

uma mulher má é a língua.”

A. Ricard