UM CORAÇÃO SANGRANDO

 

O coração tem olhos que

o cérebro desconhece.

C. H. Parkhust

 

Capítulo 314

 

Repentinamente a nuvem escura que se formara anteriormente reaparece diante

de Mulder e Carl.

— Está aí a nuvem novamente — fala o Agente.

— Nossa! E realmente estão formando uma imagem!! — exclama o rapaz, estupefato.

— Veja, Carl, veja!! Estão formando algo no espaço. Repare bem!

 OLÁ

— Não é possível o que estou vendo!— fala Carl, sem acreditar no que vê.

Shiii! Estão querendo se comunicar... vamos prestar atenção.

Neste exato momento chega Ângela até eles.

— Gente, eu vim...

Ei! Espere! Fique calada porque... — inicia Carl.

Aahn...?! — ela repara na fantástica cena das abelhas formando uma palavra.

Mulder, compenetrado em sua intenção de saber o sentido da presença das abelhas,

pergunta, num grito para elas:

— Vocês estão querendo nos ajudar?

Num segundo a grande nuvem, num vórtice no ar, gera a figura de uma mão

fechada com o polegar levantado, marcando um sinal positivo.

— Ótimo!— fala Mulder, entusiasmado.

— Não acredito...! Simplesmente... não acredito no que estou vendo! — murmura Carl.

Ângela, com a boca aberta, vê a cena sem omitir palavras.

— Então nos digam o que temos que fazer. — é Mulder falando para as abelhas.

A nuvem de abelhas em máxima velocidade faz aparecer no espaço uma imagem de

um Jogo da Velha se auto preenchendo com círculos e a letra X, até o risco final de

vencido o jogo, isto é, resolvido, traçando na diagonal.

— O que elas querem? Brincar? — pergunta Carl.

— É. Brincar de joguinho. — responde  Mulder, com as mãos nos bolsos, olhos fixos

na imagem formada pelas abelhas. E faz um bico com os lábios  levantando  as

sobrancelhas  — Vocês querem nos desafiar; é isso?! — ele pergunta.

Em segundos as abelhas formam a imagem da mão que representa o sinal positivo.

— Então vamos lá! — se entusiasma o Agente.

Logo em seguida, na rapidez de um segundo, as abelhas formam o que parece ser uma

figura feminina.

— Mulher...? — arrisca Carl.

Rapidamente as abelhas desenham uma roupagem na figura.

— Boneca...? — grita Ângela — Acho que é isso.

Em seguida, rapidamente as abelhas formam o desenho mostrando uma mão com o

polegar para baixo, indicando sinal negativo.

Mulder põe a mão no queixo, pensativo.

Nisso as abelhas completam a imagem feminina de longa saia, colocando-lhe uma coroa

na cabeça.

— Uma rainha! — fala Mulder.

As abelhas em poucos segundos transformam a imagem em sinal negativo.

— Uma miss!! — opina Ângela, entusiasmada por achar que havia acertado.

Mulder olha para a mulher com ironia, meneando a cabeça negativamente, para censurá-la:

— Que é isso, Ângela? Miss num Reino Encantado? Acho melhor que fique calada  

e logo volta a se concentrar na imagem.

— Não é possível! O que quer dizer isso? — reclama Carl.

Mulder, com o olhar fixo na imagem que as abelhas refizeram para que os três adivinhassem

o sentido de sua ajuda, tem na sua mente esperta uma idéia:

— É uma princesa...?

Rapidamente a imagem mostra, ao transformar-se, a mão com o dedo polegar levantado em

sinal positivo.

— Ótimo!! — diz Mulder — Estamos indo bem.

Logo em seguida as abelhas formam nova imagem: um coração sangrando.

— Meu Deus! — exclama Ângela — Alguém está correndo perigo! Vão sacrificar alguém!

— Não acho que seja isso. — comenta Carl.

— Mas as abelhas mostram que alguém vai ser ferido no coração! — a moça completa.

O Agente coça o queixo, observando com cuidado; a trêmula imagem que as abelhas

formaram continua no espaço.

— Alguém sofrendo? — ele pergunta.

A nuvem se transforma imediatamente em sinal positivo.

— Acertou mais uma vez — fala Carl, admirado.

— E eu errei mais uma vez! —  suspira Ângela.

 

“Os erros são muito mais

irritantes que os pecados.”

Maude Annesly