DEMONSTRANDO
TÉDIO
“O tédio veio
ao mundo pela
estrada que a preguiça construiu.”
La Bruyère
Capítulo 315
A nuvem de abelhas, em velocidade fora do normal
desaparece em segundos.
— Mas olha só! Estão vendo? Estamos
perdendo tempo com esses
bichinhos!
—
reclama Ângela, demonstrando tédio.
— É... parece
que sim. — concorda Carl — Vamos embora.
— Esperem!— alerta Mulder
— Elas estão voltando!
Retorna o enxame de abelhas, que antes
somente escurecido, mas agora com uma tonalidade
avermelhada.
E elas formam a imagem da figura
feminina que mostra uma princesa.
— Vejam só que
coisa! — exclama Ângela — Já sei! Cabelos de sereia...?
Mulder está
calado. Dentro de si uma idéia brota, mas está pensando melhor.
— Por que formaram a figura assim? —
quer saber Carl.
Mulder faz um bico
com os lábios. Seus olhos brilham.
O enxame de abelhas logo forma uma
imagem feminina com cabeleira avermelhada, como
que esvoaçando
ao vento.
— Nossa! Elas estão mostrando que a
princesa está sendo queimada! Que horror! —
exclama Ângela — É
isso?
Em velocidade extrema a imagem se
transforma e em seguida forma no ar as perfeitas
feições do rosto de
Ângela.
— Ahn...? — ela
está boquiaberta.
Mas logo a imagem do rosto é completada
com algo que Ângela não suporta ver.
— O que é isso?! Que audácia!
Carl cai na risada, vendo a figura de
Ângela com orelhas de burro.
Mulder não sorri.
Está tenso, aguardando o momento seguinte.
— Que insetos odiosos! — grita Ângela.
Em seguida a nuvem dos insetos retorna
rapidamente à imagem anteriormente mostrada.
A princesa com os longos e vermelhos
cabelos ao vento.
— Vocês estão me mostrando a mulher que eu amo, sofrendo, por estar perdida. Certo?
O sinal de positivo logo é formado no
espaço. E uma chuva de pequeninas pétalas vermelhas
despenca no ar.
— Ora, veja! As abelhas utilizaram
pétalas para dar o colorido na imagem! Perfeito! —
comenta Carl — Agente Mulder,
você entende muito dessa coisa. Parabéns!
A nuvem formada pelas abelhas cria em
seguida a imagem de um castelo.
— Um castelo...?! — interroga Mulder, franzindo as sobrancelhas.
Logo a nuvem de abelhas forma uma seta.
— Vocês estão mostrando a direção em que
se encontra o castelo?— pergunta Mulder.
Sim. Mostra o enxame de abelhas com a
imagem da mão com o polegar levantado.
— Estão levando a moça para o castelo?!
— admira-se Carl.
Novamente o sinal positivo é mostrado
pelas abelhas.
O rapaz se entusiasma:
— Viram só?
Acertei!
— Levando Scully
para o castelo?? Mas por que? Para que? — Mulder pergunta.
A nuvem transformara-se rapidamente na
seta indicando uma direção insistentemente.
E mostravam a seta e a seguir dela como
se uma ventania levantando as folhas dos galhos
das altas árvores.
— Isso indica que tem que ser tudo muito
rápido? — pergunta Mulder — Devo buscar logo
a princesa?
O sinal positivo é mostrado na forma da mão indicando
sim.
Em seguida as abelhas desfazem a imagem
e a nuvem formada volteia no ar.
— O que será que vão indicar agora? —
quer saber Carl.
— Aguardemos. — diz Mulder.
As abelhas continuam a dar incessantes
voltas no ar. Mas logo formam algo no espaço.
— Não acredito!! — exclama Carl.
— Mas é exatamente o que vemos. — diz o
Agente com um sorriso.
E os três podem ver, admirados, a
palavra escrita no espaço:
TCHAU.
“Não admire nada com excesso.”
Pitágoras