MULHERES

 

“As mulheres vão longe quando

a novidade as atrai e a curiosidade

as impele.”

A. Ricard

 

 Capítulo 320

 

— Por que você deu essa ordem aos bichinhos? O que eles podem fazer?— Dana pergunta.

— Eles sabem, Princesa. — e mais o ogro não explica.

 

*   *  *

Os pequenos e agitados animais correm em direção da floresta.

— Lá estão eles! — aponta um coelhinho.

— Certo amigo. Eles vão ter que trabalhar rápido. — diz um esquilo.

— Sem dúvida! — confirma um cervo, batendo as patas no chão.

Ei, pessoal!! — grita o coelho, segurando o galho de uma árvore.  

Os milhões de bichinhos presos à árvore se põe em posição de alerta para ouvir as ordens.

— O Xucro, criado do Príncipe, ordena que façam imediatamente um vestido para a

 Princesa! — faz uma pequena pausa que é interrompida por um esquilo.

— Agora!!!!

— Mas... – começa um dos bichos da seda.

— Mas o quê?

— Não dá...

— Não dá o quê? Ordem é ordem! Vamos lá!! Trabalhem!

— Mas temos que levar três dias para completar o casulo...

— E daí? Repito. Ordem é ordem!

— E levamos  outro tempo pra transformar a pupa...

— Não queremos saber, meu amigo! Queremos é a roupa da Princesa!! E urgente!!

Dentro de uma hora a gente volta, ok?

Os bichos da seda nem respondem de tão apavorados estão.

 

*  *  *

 

Dana olha para Xucro. Sente até carinho por ele:

— Você tem certeza de que não me ajudaria?

O ogro abaixa a cabeça, cruza as grosseiras mãos, apertando-as uma contra a outra.

— Princesa, eu obedeço o meu senhor. Ele é muito bom pra mim.

— Entendo, entendo! Mas sabe Xucro, ele merece ter uma mulher que o ame!

— É verdade.

— E então? Não quer compreender que eu não posso ser a mulher dele, sem amá-lo como

merece?

— Entendo, sim!

— Pois sendo assim eu acredito que você pode me ajudar, tenho certeza.

O ogro abre um sorriso.

— E uma pergunta: por que você tem que me levar para o castelo da Rainha má?

— Ah, é pedido dela porque disse ao meu senhor que deseja ajudá-la, Princesa.

— Ajudar-me...?! Sei... — ela murmura, com desconfiança.

 

*   *   *

Ângela se aproxima de Carl:

— Fico pensando até quando teremos que viver deste modo Carl... — seus olhos se enchem

de lágrimas.

— Vamos torcer,  Ângela, para que a sorte nos permita sair dessa situação o mais rápido

possível. Não fique assim! — tenta consolá-la.

— Ai! Eu não agüento mais viver nesse desconforto sofrendo frio, fome...

Shiiii! Silêncio! Escute!

— O quê, Carl?

— É o nosso amigo urso... — ele fala sorrindo.

Ângela e Carl se põe a ouvir com cuidado o som vindo do interior da gruta.

Caramba! Com quem ele está falando? — ela se impressiona.

— Vamos dar uma espiada.

Os dois se chegam até onde podem avistar o animal que lhes empresta sua própria casa

para se abrigarem.

O urso está deitado; bate as patas dianteiras uma na outra, como se estivesse aplaudindo.

— O que é que ele está vendo? — Ângela quer saber.

— Nossa! Não acredito!

— O que é aquilo Carl?

— Não está vendo? Uma bola de cristal!

— Bola... de... cris...tal?!

— É isso. Veja; um globo iluminado. Então...

Os dois resolvem se aproximar mais do lugar onde está o animal se distraindo.

O urso dá gargalhadas. Bate palmas.

— Mas veja, Ângela!Alguma coisa se move! Como se fossem imagens! E aparecem naquela

bola!

— Estou vendo! Incrível Carl!!

— Nossa! O que será que significa aquilo?

— Ah! Ah!Ah! Hilário!! — berra o urso, gargalhando, vendo coisas na bola brilhante  diante

de si.

Carl, discretamente, se aproxima do urso:

— O que há aí tão engraçado, amigo? — pergunta.

O grande e peludo animal se levanta irado:

— Fora daqui! Não quero vocês aqui perto de mim! Fora!!

O urso se coloca bem à frente da iluminada bola, impedindo dessa maneira que o casal possa

ver o que aparece nela.

— Eu deixo vocês ficarem na minha casa, mas até onde eu digo que possam. No meu espaço

não!! — berra o urso.

O rapaz, a passos largos, afasta-se do lugar, seguido por Ângela, que vai quase correndo.

Param bem adiante, cujo local fica a poucos metros da saída da gruta.

Ângela se acomoda num monte de areia, a qual lhe serve de cama.

— Puxa vida! Não pudemos ver aquele negócio direito; o que você acha que pode ser?

— Não tenho idéia, Ângela. — ele responde, mas chama a atenção dela — Shiiiiiiii! Escute...!

— Ah, não faz isso não! Coitado, cara! — funga o urso logo após essa frase, demonstrando

que chora — Aaaah... o meu amigo não merece isso!

Ângela e Carl detém-se a ouvir os lamentos do animal lá mais dentro da gruta. Então podem

ouvir a seguir pulos excitados:

— É isso aí!! Bem feito!! Quem mandou, seu besta? Agora toma! Ah! Ah! Ah!

— Ângela...?

— Sim, Carl?

— Estou achando que aquilo que o nosso amigo vê são cenas...

— ... de quê...?

— Tenho uma idéia, mas vamos aguardar.

 

*  *  *

Mulder, acompanhado do seu fiel amigo Tinn, já pode vislumbrar o castelo.

Veja, Tinn! É ali que está Scully.

— A sua amada?

— Exatamente. — responde, com o olhar fixo lá adiante.             

— Por que ela tem esse nome tão feio? — pergunta, com seus olhos redondos fixos no Agente.

Mulder não consegue deter uma risada:

— Nome feio...? Não, amiguinho, ela tem um nome lindo. Esse é somente o sobrenome.

— Sobre... nome...?! É alguma coisa sobrenatural...? Nossa! Brr...!

Novamente Mulder ri:

— Não, Tinn. Não é nada disso. E o nome da minha amada é Dana Katherine.

Aaah... sim! Lindo! Você quer logo encontrar a Katherine... rapidinho, ?

— Sim, Tinn... sinto muita falta de ... Katherine. — responde, pensativo.

 

“Sem Deus, nenhum bom

pensamento existe.”

Sêneca