Mulder observa com atenção a bola iluminada.
As imagens movimentam-se dentro dela. O Agente, com a mão no queixo, põe a
mente a funcionar.
"Ângela e Carl foram trazidos pra cá
através daquela máquina no laboratório... essa bola iluminada pode ser uma
espécie de janela entre o nosso mundo
e este lugar."
— Agente Mulder! — chama Carl tirando-o de sua
concentração — estive pensando se a gente tentasse...
Mulder o interrompe:
— Carl, tenho certeza de que podemos entrar em contato
com nosso mundo através dessa bola.
— Sim, mas fico tentando imaginar como!
— É isso que precisamos descobrir.
* * *
William, preparando sua mochila, parece agitado aos
olhos de Maggie.
— Meu bem, o que houve? — pergunta.
— O quê, vó?
— Por que está nervoso assim?
— Eu...?
— Sim, eu o estou achando um tanto agitado!
— Ah... eu hoje tenho uma prova.
— Prova...?
— É, vó, de ciências.
— Ah, desculpe Will, claro! Prova de ciências! É verdade, dá nos nervos...
— se aproxima — ...mas não fique assim. Você estudou, não é?
— Sim, vó. — ele a beija na
face — Tchau, estou indo.
— Vai com Deus, meu bem.
— Vem Vivien! — ele chama a
irmã.
A menina se despede da avó.
Saem dos dois.
Neste exato momento o ônibus escolar chega em frente à
casa, esperando entrarem os irmãos.
* * *
Vivien, desce do ônibus escolar e saltitante
sorri para
Maggie a está esperando.
— Ei! E o Will? Onde está ele? Por que não veio com
você?
— Ele falou que vem logo, vó!
Maggie insiste com a garota:
— Vem logo de onde? Pra onde ele foi?
— Will foi naquela loja de doces comprar coisas pra
gente.
— Ora, mas que menino! Pra que isso?
— A gente gosta, vó! Ele já
vem!
Maggie faz um muxoxo, aborrecida.
O filho de Mulder e Dana havia
tomado um ônibus que iria levá-lo até
seu destino. Está nervoso, ansioso, mas dentro de si uma força incontrolável o
faz
prosseguir no seu objetivo. Em dado
momento faz sinal para descer do veículo. Com passos decididos prossegue no seu
caminhar. Pára por alguns segundos
para observar o prédio à sua frente.
" Tenho que ir lá! — pensa — Não
posso desanimar! E o que é pior: tenho quase a certeza de que aquele cientista
sabe onde estão meus pais."
O prédio antigo é equipado com
elevadores também fora da modernidade; no entanto tem em seu interior câmeras para detectar quem entra
neles. Diante
desse fato William, num gesto rápido sai
do elevador. Pega o caminho das escadas e vai subindo os degraus às pressas.
Chega ao andar onde estivera
com o Diretor Skinner dias antes.
William, com sua determinação, segue em frente.
"Tenho que ser como meu pai...
intrépido! Não me deixar levar pelo medo nem dúvida."
Levemente segurando a fria maçaneta da
porta, gira-a para abrir cuidadosamente. Estica o pescoço para olhar o ambiente
à sua frente. Ninguém à vista.
" Legal! Não tem ninguém agora.
Assim é melhor."
Sem fazer ruídos em seus passos, segue
vagarosamente através da pequena sala.
Súbito um ruído lhe chama a atenção.
Rapidamente se coloca atrás dos inúmeros armários envidraçados repletos de
caixas e potes de vidro. Logo percebe
que o som parecido com pequenas pancadas
vem de alguma máquina na outra sala. Ele sai do esconderijo e vai em direção à
outra porta adiante. Gira a
maçaneta e entra. A sala está vazia.
Seus olhos se abrem mais, extasiados. Ali está o que mais deseja ver: a tal
máquina que o cientista disse ser um detector de metal.
"Mas não é! Claro que não é! —
pensa — Tenho certeza de que não é isso que essa máquina faz! Eu acho que..."
William pára de pensar. Abre a mochila,
dela retira o celular, digita nele uma mensagem, programando-a e a envia.
Então coloca o aparelho sobre uma mesa
ali perto. Aproxima-se
da máquina que tanto o atrai. Observa-a aos
poucos; encosta os dedos sobre os botões ali à mostra no enorme painel.
Suas feições se deslumbram: no painel
diante de si uma luz aparece mostrando uma cena como uma paisagem através de um
vídeo em movimento.
"Fantástico! É esta que eu quero
descobrir o que verdadeiramente ela faz!"
William chega a vista o mais próximo
possível do painel repleto de teclas e botões. Em cada um deles letras em
código aparecem.
Ele começa a tentar decifrar tais
códigos.
"Não sei o que significam. — pensa —
Qual deles poderia mostrar onde estão meus pais? Talvez se eu ..."
Súbito,seus pensamentos são
interrompidos:
— Então garoto... a curiosidade te fez
voltar aqui, hein?
William, meio assustado pela surpresa,
fica sem jeito para falar:
— É... eu... bem, é que eu sou louco
pelo avanço tecnológico. Por isso voltei aqui, apesar de não ser convidado pelo
senhor.
— Ah, entendo... — o cientista demonstra no rosto a raiva que
está sentindo — ... e se esse é o caso, eu o convido a conhecer o desempenho da
minha esperta criação.
— Aaaah obrigado!
— Chega aqui, rapazinho. Vê esse botão
aqui?
— Sim.
— Toque nele.
— O que acontece?
— Você logo verá! — berra o cientista.
— Ahn...? —
resmunga Will.
E as gargalhadas do cientista ecoam no
ambiente.
"Quando
um louco nos louva,
já
não é louco."
E. Wertheimer