NOSSO MUNDO E ESTE LUGAR

 

"Tudo quanto existe no mundo

cresce ou míngua; tudo tem os seus

limites, tudo tem as suas medidas."

                                                 Rojas

Capítulo 325

 

Mulder observa com atenção a bola iluminada. As imagens movimentam-se dentro dela. O Agente, com a mão no queixo, põe a mente a funcionar.

"Ângela e Carl foram trazidos pra cá através daquela máquina no laboratório... essa bola iluminada pode ser uma espécie de janela entre o nosso mundo

e este lugar."

— Agente Mulder! — chama Carl tirando-o de sua concentração — estive pensando se a gente tentasse...

Mulder o interrompe:

— Carl, tenho certeza de que podemos entrar em contato com nosso mundo através dessa bola.

— Sim, mas fico tentando imaginar como!

— É isso que precisamos descobrir.

 

*   *   *

 

William, preparando sua mochila, parece agitado aos olhos de Maggie.

— Meu bem, o que houve? — pergunta.

— O quê, ?

— Por que está nervoso assim?

— Eu...?

— Sim, eu o estou achando um tanto agitado!

— Ah... eu hoje tenho uma prova.

— Prova...?

— É, , de ciências.

— Ah, desculpe Will, claro!  Prova de ciências! É verdade, dá nos nervos... — se aproxima — ...mas não fique assim. Você estudou, não é?

— Sim, . — ele a beija na face — Tchau, estou indo.

— Vai com Deus, meu bem.

— Vem Vivien! — ele chama a irmã.

A menina se despede da avó.

Saem dos dois.

Neste exato momento o ônibus escolar chega em frente à casa, esperando entrarem os irmãos.

 

*   *   *

Vivien, desce do ônibus escolar e saltitante sorri para  

Maggie a está esperando.

— Ei! E o Will? Onde está ele? Por que não veio com você?

— Ele falou que vem logo, !

Maggie insiste com a garota:

— Vem logo de onde? Pra onde ele foi?

— Will foi naquela loja de doces comprar coisas pra gente.

— Ora, mas que menino! Pra que isso?

— A gente gosta, ! Ele já vem!

Maggie faz um muxoxo, aborrecida.

O filho de Mulder e Dana havia tomado  um ônibus que iria levá-lo até seu destino. Está nervoso, ansioso, mas dentro de si uma força incontrolável o faz

prosseguir no seu objetivo. Em dado momento faz sinal para descer do veículo. Com passos decididos prossegue no seu caminhar. Pára por alguns segundos

para observar o prédio à sua frente.

" Tenho que ir lá! — pensa — Não posso desanimar! E o que é pior: tenho quase a certeza de que aquele cientista sabe onde estão meus pais."

O prédio antigo é equipado com elevadores também fora da modernidade; no entanto tem em  seu interior câmeras para detectar quem entra neles. Diante

desse fato William, num gesto rápido sai do elevador. Pega o caminho das escadas e vai subindo os degraus às pressas. Chega ao andar onde estivera

com o Diretor Skinner dias antes. William, com sua determinação, segue em frente.

"Tenho que ser como meu pai... intrépido! Não me deixar levar pelo medo nem dúvida."

Levemente segurando a fria maçaneta da porta, gira-a para abrir cuidadosamente. Estica o pescoço para olhar o ambiente à sua frente. Ninguém à vista.

" Legal! Não tem ninguém agora. Assim é melhor."

Sem fazer ruídos em seus passos, segue vagarosamente através da pequena sala.

Súbito um ruído lhe chama a atenção. Rapidamente se coloca atrás dos inúmeros armários envidraçados repletos de caixas e potes de vidro. Logo percebe

que o som parecido com pequenas pancadas vem de alguma máquina na outra sala. Ele sai do esconderijo e vai em direção à outra porta adiante. Gira a

maçaneta e entra. A sala está vazia. Seus olhos se abrem mais, extasiados. Ali está o que mais deseja ver: a tal máquina que o cientista disse ser um detector de metal.

"Mas não é! Claro que não é! — pensa — Tenho certeza de que não é isso que essa máquina faz! Eu acho que..."

William pára de pensar. Abre a mochila, dela retira o celular, digita nele uma mensagem, programando-a e a envia.

Então coloca o aparelho sobre uma mesa ali perto. Aproxima-se

da máquina que tanto o atrai. Observa-a aos poucos; encosta os dedos sobre os botões ali à mostra no enorme painel.

Suas feições se deslumbram: no painel diante de si uma luz aparece mostrando uma cena como uma paisagem através de um vídeo em movimento.

"Fantástico! É esta que eu quero descobrir o que verdadeiramente ela faz!"

William chega a vista o mais próximo possível do painel repleto de teclas e botões. Em cada um deles letras em código aparecem.

Ele começa a tentar decifrar tais códigos.

"Não sei o que significam. — pensa — Qual deles poderia mostrar onde estão meus pais? Talvez se eu ..."

Súbito,seus pensamentos são interrompidos:

— Então garoto... a curiosidade te fez voltar aqui, hein?

William, meio assustado pela surpresa, fica sem jeito para falar:

— É... eu... bem, é que eu sou louco pelo avanço tecnológico. Por isso voltei aqui, apesar de não ser convidado pelo senhor.

— Ah, entendo... —  o cientista demonstra no rosto a raiva que está sentindo — ... e se esse é o caso, eu o convido a conhecer o desempenho da minha esperta criação.

Aaaah obrigado!

— Chega aqui, rapazinho. Vê esse botão aqui?

— Sim.

— Toque nele.

— O que acontece?

— Você logo verá! — berra o cientista.

Ahn...? — resmunga Will.

E as gargalhadas do cientista ecoam no ambiente.

 

"Quando um louco nos louva,

já não é louco."

                         E. Wertheimer