TÁ LOUCO, CARA?
"A
loucura é a origem das
façanhas de todos os heróis."
Erasmo
Capítulo 327
Dana, suspendendo a vasta e longa saia
na qual está vestida, acompanha o grupo de animais e Xucro, determinados a
resgatá-la das garras da Rainha.
— Por aqui, pessoal! — grita um coelho.
— Tá louco, cara?! Num tá vendo que o
Xucro e a Princesa não cabem nesse buraco?
— Não...?! — surpreende-se outro
coelho.
— Vocês tem cabeça de quê? — grita o
ogro, aborrecido.
Dana pára; comenta:
— Não zangue com eles, Xucro; os animais
não tem as mesmas condições mentais que os humanos têm!
— Nada disso! Aqui no Reino Encantado
não tem isso, não! Todo mundo tem que saber de tudo!
Dana aperta os lábios; cruza os braços;
nada fala em resposta ao gigantesco ser.
— Vamos lá, vamos lá, amigos! Temos que
sair logo desse longo corredor! — exige Xucro.
Os animaizinhos, indo à frente dos dois
prosseguem em desabalada carreira, em busca de uma saída.
— Aqui, gente! — mostra uma esperta
cotia.
— É! Legal! — fala um dos coelhos.
Xucro resolver carrega Dana nos braços
para facilitar a procura da saída dali às pressas.
— É, pessoal. Por aqui, então. — diz
ele.
O escuro, mal cheiroso e longo corredor
de piso irregular preocupa Dana.
— Tem certeza de que isso aqui leva a
algum lugar? — quer saber.
Num repente vem à sua lembrança certos
lugares obscuros ao fazer investigações junto a Mulder.
— Mulder... preciso tanto de você...! —
murmura.
— O quê?! — pergunta o ogro.
— Eu ... estava só pensando... ! — ela
explica.
Os animais sempre à frente prosseguem em
sua caminhada.
— Nossa! Que corredor comprido...! —
queixa-se a Agente — Você não me respondeu quando perguntei, Xucro!
— Eu não tenho certeza, Princesa.
— Ah, não tem certeza! Sei...! — cerra
os lábios, contrafeita.
Subitamente os gritos dos animais os
assustam.
— O que houve com vocês? — quer saber o
ogro.
— Podem parar! Fiquem onde estão!! —
berram dois soldados que tomam conta do castelo. Enormes e fortes espadas em
suas mãos intimidam os animais, Xucro e Dana.
— Não acredito, meu Deus! — clama a
Agente — E agora?
Logo em seguida a figura da Rainha má
surge:
— Estão pensando que podem fazer o quê?
— berra — Seus idiota!!
— Majestade ... é que a Princesa precisa
encontrar...
— Pára com isso! Encontrar o quê? Quem?
— faz um movimento com o corpo — Ah, o Príncipe, é isso?
— Não!! Você está enganada! — retruca
Dana — Não é ele quem procuro!
— Vê com quem está falando, ó mulher!
Estás falando com uma Rainha!
— Ok... majestade. — conserta a frase a
Agente.
— Eu vou levar a Princesa até o... —
quer explicar o ogro.
— Pára aí! Não vai a lugar nenhum!
— Mas majestade...! — o ogro recomeça a
andar.
A Rainha movimenta as mãos em direção
dos dois. Delas saem faíscas.
— Ai, meus olhos! — grita Xucro.
— Solta a mulher! — ordena a Rainha.
Xucro coloca Dana no chão.
— Ai, meu Deus! — murmura Dana,
apavorada.
— Levem a mulher! — a Rainha ordena aos
soldados.
— Por favor, me deixe ir, majestade! Eu
não pertenço à este lugar!
— Sei disso: pode deixar que cuidarei
bem de você. Afinal, não a considero uma pessoa nociva ao meu Reino.
— E então? Por que não me deixa ir ao
encontro do homem que amo?
— Calma! Você vai ficar bem, pode crer.
Os dois soldados seguram os braços de
Dana, obrigando-a a caminhar.
A Rainha vai à frente.
Xucro e o grupo de animais ficam para
trás.
Logo Dana é levada a um grande aposento,
onde imensas janelas descortinam belo bosque verdejante.
— Podem sair, soldados! — a Rainha dá
ordem.
Os homens saem.
— Por que tenho que ficar aqui? — quer
saber Dana.
— Não está vendo que quero lhe dar o
melhor, tratando-a como uma verdadeira princesa?
A Agente exaspera-se:
— Chega de prepotência! Cansei! Quero ir
embora daqui! Quero voltar para o meu mundo e minha família!
A Rainha a observa. Dos seus olhos um
brilho maldoso transborda.
* * *
Xucro volta correndo todo o trajeto que
fizera pelo imenso corredor.
O grupo de animaizinhos o seguem, agitados.
— Vai para onde agora?
— Procurar o Príncipe, pessoal! Ele pode
libertar a Princesa.
— É isso aí! — apóiam todos.
*
* *
Ainda observando a bola de cristal à sua
frente Mulder comenta:
— Carl, cheguei a uma conclusão.
— Sim...? Qual?
— Esse objeto é constituído de peças
tecnológicas. Não é uma simples bola de vidro.
— É o que você acha? Tem certeza?
— Completamente. E como se pode ver
coisas do nosso mundo como numa tv, de repente ela
pode nos levar até lá; é isso que imagino, quase com certeza. É um portal
dimensional.
— Como será que funciona?
— Teremos que descobrir. — leva a mão ao
queixo, pensativo — Sabe Carl, fico pensando é a quem isso pertence e como veio
parar nas mãos de um animal.
— É mesmo um caso a pensar.
— Ei! Vocês aí! — chama Ângela.
— O que houve?
— O bicho acordou! Saiam daí! Rápido!
Carl e Mulder saem rapidamente.
Ângela já à frente deles, corre dali
também.
Cansados, vão até a parte inicial da
gruta.
— Puxa vida! Quase que o urso nos pega
ali no seu espaço! Ufa! — ela exclama.
— Não podemos nunca ocupar o que
pertence a ele. — confirma Carl.
Mulder acomoda-se num lugar, pensativo;
seu olhar longínquo, parecendo nem enxergar o que tem à frente que é parte da
floresta e um bando de pássaros em vôo rasante.
Seus pensamentos estão longe:
"—
Mulder?
—
O quê?
—
Estou precisando de você.
Ele
se aproxima e passa as mãos na cintura dela.
— Eu
sei; você sempre precisa de mim.
— Huuuum, que homem presunçoso!
—
Diga o que quer...! — encosta os lábios no pescoço dela.
—
Não é o que você pensa...!
— Ahn...? — finge espanto — Não é possível!
—
É possível, sim. Estou sem tempo agora.
—
Scully... estou louco de...
—
... de ...?
—
... vontade de te levar pro quarto e...
—
Mulder, logo que voltarmos do Bureau teremos tempo pra qualquer coisa!
Ele
a agarra com mais força:
—
Scully, é impossível me conter.
Ela
deixa que os lábios dele toquem os dela e continua falando:
—
Mulder, fica sabendo de uma coisa: eu também me controlo bastante pra aguentar não deixar que você me abrace, me beije, me tome
em seus braços..." — e ele vê em sua imaginação os belos olhos de Dana
piscando daquele modo que o fascina.
— Fox, você está tão pensativo...!
A voz de Ângela o tira de seus
devaneios.
— Oi, Ângela. — responde com um suspiro.
— Você está preocupado, não é?
Ele meneia a cabeça positivamente:
— Se eu perder Scully, não sei o que
será da minha vida.
— Não, amigo! Não vai perdê-la, é claro!
Por que esse pessimismo?
— Não sei. Estou sem uma direção
definitiva de como resgatar Scully daquele lugar. E por que tivemos que vir
parar aqui neste lugar? Por quê? — ele põe a cabeça entre as mãos.
Ângela o afaga no ombro, penalizada com
a preocupação dele.
— Dessa vez eu a resgatarei daquele
maldito castelo, Scully! — Nada me impedirá! — murmura.
"A
vida não é uma festa permanente
e
imóvel; é uma evolução constante
e
rude."
Ramalho
Ortigão
COM AR DE ORGULHO
"O
orgulho é o
complemento
da ignorância."
Fontenelle
Capítulo 328
A Rainha, com ar de orgulho, observa o
semblante de Dana, sofrido e enraivecido:
— Por que sofre? Você está no meu castelo!
Ninguém desta terra possui uma moradia de tanto luxo quanto esta.
— Não me interessa esse seu "luxo"! — responde com tom irônico — Quero ir embora, você não
entende?
— Olha o jeito como fala uma Rainha!
Dana engole em seco e não fala nada.
— Majestade!! Majestade!! — uma voz é
ouvida.
A Rainha se volta para ver quem a chama.
— Majestade, o Príncipe! — fala um
criado à porta.
— Ele aqui...? O que quer? — ela
pergunta.
O
Príncipe entra no ambiente:
— Majestade. — fala e se curva,
cumprimentando-a.
Ela, mais que depressa, apresenta no
semblante um ar de felicidade; sorri ao ver o rapaz.
— Eu não o esperava aqui!
— Bem, majestade, vim aqui falar com
sua... sua...
— Se vai falar que a mulher é minha
prisioneira, está enganado! Ela está sendo muito bem tratada, como pode ver.
Dana vê a figura do Príncipe sem emitir nenhum gesto ou
palavra. Apenas seus olhos se movimentam ao avistar o homem que havia chegado.
— Pode ver que ela não sendo maltratada.
— Sim, Majestade, claro!
— Criado! — ela grita — Manda preparar a
mesa para a comida!
O criado se dirige ao outro ambiente, a fim
de providenciar a ordem da Rainha.
— Vamos para a mesa. — ela chama.
— Sim, Majestade. — diz o Príncipe e se
volta para Dana — Vamos Princesa.
— Não, obrigada; não estou com fome.
— Eu estou ordenando! — fala a Rainha
com ar austero.
Dana não se levanta de onde está.
O Príncipe se aproxima:
— Princesa, vamos até à mesa. — pede,
com delicadeza.
— Por favor, me ajude a sair deste
lugar, alteza. — ela retruca.
— Não se preocupe; eu a levarei para meu
castelo.
Dana apenas morde os lábios; suas
narinas inflam pela raiva que está sentindo. Resolve se levantar e acompanha os
dois.
Na mesa, no ambiente de altas paredes de
pedra, estão várias vasilhas com alimentos e frutas.
A Rainha vai pegando os alimentos e
comendo-os, com ar de orgulho.
Dana, com as mãos sobre o colo, continua
parada, sem ação para pegar algum alimento ali exposto.
— Por favor, quero voltar para o quarto;
não estou me sentindo bem. — ela pede.
— Criado! Leve-a! — ordena a Rainha.
O criado se dirige até Dana para fazer o
que a Rainha ordenara.
Dana entra no quarto. Joga-se no chão,
com as mãos cobrindo o rosto, em desespero.
Poucos minutos depois o Príncipe
aparece; ao vê-la em pranto se preocupa com ela:
— Oh, Princesa, não fique assim! Eu vou
ajudá-la, mas olhe aqui uma fruta para que você se alimente. O criado me disse
que você não comeu nada desde ontem!
— Eu não quero; obrigada.
— Não, Princesa, não faça isso! Pode
ficar doente! Por favor, coma essa fruta!
O Príncipe está segurando uma maçã e a
oferece à Dana. Se agacha junto dela que ainda está de joelhos no chão. Ele
permanece ao seu lado, tentando
consolá-la e oferecendo-lhe a fruta.
Então ele a ajuda a levantar-se, todo solícito, levando-a a se sentar na cama.
— Vamos, Princesa, sei que está com
fome! — diz, com carinho.
— Não... eu não estou... — olha a fruta
vermelha e brilhante na mão do rapaz.
— ...não, não fale isso porque não
acredito! Está precisando se alimentar, sim!
Dana segura a maçã. Dá uma mordida,
mastiga vagarosamente. Súbito, ela afasta da boca a fruta, com os olhos fixos
nela, temerosa.
— O que foi, Princesa? — o Príncipe quer
saber.
Ela atira a maçã no chão:
— Não! Não quero! Conheço essa
estratégia das bruxas!
— O que está dizendo?!
Dana passa os dedos nos olhos fechados,
visivelmente perturbada.
— Essa fruta... — leva as mãos à cabeça.
— O que é, Princesa? O que está
sentindo? — ele se achega, solícito.
— Ela está... está...
E a Agente não consegue concluir a
frase. Seus olhos azuis giram nas órbitas; seu corpo cai sobre o chão de
pedras.
— Princesa! Princesa! — o Príncipe a
chama, sem resultado.
Dana está desmaiada.
* * *
O Diretor Skinner ouve o som de seu
celular. Olha o aparelho e vê a mensagem:
"Sr.
Skinner, só pra lhe dizer que se eu desaparecer a culpa será do Professor
Janssen, porque voltei ao laboratório dele para saber o que aconteceu com meus
pais."
— Não quero acreditar no que estou
vendo! — fala o Diretor em alta voz — Não é possivel!
Neste exato momento a secretária de
Skinner entra no gabinete.
— Senhor Diretor, o senhor está bem? —
pergunta a moça ao vê-lo visivelmente perturbado.
— Completamente louco! Estou sem ação
diante do que está acontecendo! Por favor, providencie um grupo de Agentes!
Rápido!
— Sim, senhor. — fala a secretária,
saindo rapidamente.
Skinner se senta com força sobre a
cadeira; leva as mãos à cabeça; tira os óculos; franze os lábios.
"O que esse garoto me
arranjou...?!" — pensa, completamente assustado e se sentindo
completamente arrasado com a mensagem que recebera de William, o filho de seus
Agentes Mulder e Scully.
No minuto seguinte a secretária retorna
ao gabinete do Diretor:
— Senhor Skinner...
Ele a olha, levantando as sobrancelhas, demonstrando no semblante que
já pode adivinhar o que sucederá dali em diante.
— ... tem para o senhor uma ligação da
senhora Margaret Scully, a mãe da Agente...
O Diretor levanta a mão, fazendo-a
calar-se:
— ... eu atendo; pode passar a ligação.
— solta um longo e profundo suspiro.
* * *
No laboratório do professor Janssen,
Neil, o seu assistente caminha entre as máquinas, atencioso a observar o sem
número de lâmpadas e botões a piscar ininterruptamente. Ele sente o cordão que
segura seus óculos ao pescoço atrapalhando-o em seus movimentos. Vai até a mesa
ali próxima e nela coloca os óculos.
No mesmo instante o professor Janssen
entra na sala.
— Professor, o senhor deixou seu celular
aqui na mesa; não sentiu falta dele? — brincou.
— Meu celular...? Está aqui comigo,
Neil! Que quer dizer?
— Ah, desculpe, pensei que fosse o seu!
E de quem é, então?
Janssen toma o aparelho que o outro lhe
entrega; para sua surpresa vê que, ao abrir e examinar o visor, nota a
mensagem:
VIDEO ENVIADO
* * *
—
Xucro!! — berra a Rainha, agitada.
Em segundos o ogro aparece sob a alta
esquadria da porta:
— Pois não, majestade! — ele mal pode
respirar, por haver corrido rapidamente a fim de atendê-la.
— E quanto à minha bola de cristal, que
te mandei procurar...?
— A sua... bola de cristal, majestade?
— Exatamente! Já a procurou? Achou?
— N... não ainda, majestade.
— Não achou ou não procurou? Hein? Fala,
ó inútil!
— Eu... procurei, majestade... mas ainda
não a achei!
Ela dá voltas no imenso ambiente e dá
fortes murros numa mesa com os punhos fechados:
— Trata de procurar, seu imbecil
imprestável! Agora! Eu quero aquilo de volta, rápido!!
— S... sim, majestade.
O ogro sai apressadamente.
"Tenho como meus escravos um bando
de idiotas! — a Rainha pensa — E preciso daquela bola, o presente que o
cientista daquele mundo me deu para poder mandar as coisas daqui para ele e,
principalmente receber dele para
mim."
* * *
Mulder caminha com passos firmes através
do caminho ladeado por muitos arbustos e altas árvores.
— Tem certeza do que vai fazer?
— Sim, Veevo.
Completa certeza.
— Então vamos!
Mulder pára, a fim de olhar o esperto
animalzinho. E sorri:
— Veevo, você
é fora de série! Quem sabe gostaria de ir comigo para o meu mundo, hein?
Veevo estica bem
o pescoço; põe-se de pé nas patinhas traseiras:
— Não tenho vontade de ir.
— Ah, é? E por quê? — ele fica
imaginando a tola pergunta que fizera a um animal criado num mundo diferente do
seu, de pura fantasia e irrealidade.
Súbito algo lhes chama a atenção.
— Veja! — diz o esquilo agitado.
Um enorme grupo de animais aparece
através da mata.
— O que eles querem, Veevo?
Parecem bem ansiosos!
— Ei, pessoal! — chama o esquilo.
Uma cotia pára em frente ao colega que
os chama:
— Estamos indo correndo para o castelo
da Rainha.
— Por que? Pra que?
— Nós vamos ajudar o Príncipe a salvar a
Princesa.
Mulder acha interessante a explicação:
— Salvar a Princesa, é? Ela também está
prisioneira? — faz um muchocho — Era só o que
faltava! — e já passa a caminhar apressado sem esperar Veevo.
Logo o esquilo o segue de perto e cada
vez mais agitado, começa a lhe puxar pela bainha da calça:
— Ei, amigo! Ei!!
— O que é, Veevo?
— Quero lhe falar a verdade.
— Verdade...?
— É. A Princesa que o Príncipe quer
tirar da torre do castelo é a ... — ele pára de falar e vira a cabecinha para
todos os lados.
— ... a ...? — interrompe, cismado com a
estranha pausa do bichinho seu amigo.
— ... Katherine.
Mulder fica pasmo. Repentinamente passa
as mãos nos cabelos; aperta as mandíbulas, sentindo-se cheio de ódio e
desespero:
— Vamos Veevo!
Rápido! Não temos tempo a perder!
Disparam dali os dois.
Mulder, por vezes, tem o rosto arranhado
por alguns arbustos que atravessam o seu caminho.
Logo Mulder e Veevo
param de caminhar ao verem aproximar-se deles um gambá, esbaforido:
— Olha só o que o ogro arranjou pra nós.
— O que foi? — o esquilo quer saber.
— Um serviço pra lá de complicado! —
explica o gambá.
O Agente fica atento à conversa dos
animais.
— Olha só, — explica um coelho — um
criado da Rainha quer também que a gente procure a bola!
— Que bola? — pergunta Veevo.
— A bola de cristal!
— Aquela...?
Mulder, num instante interrompe a
conversa:
— Me digam: para que a Rainha quer uma
bola de cristal?
Veevo fica parado
aos pés do Agente e faz um gesto com a patinha.
— O que você está querendo me dizer, Veevo? — pergunta, vendo-o fazer sinal para que se aproxime
do solo para ouvir o que vai dizer.
— Quase ninguém sabe, amigo.
— Sabe do quê? — Mulder está cheio de
curiosidade.
— Com essa bola a Rainha recebe
presentes e manda também para alguém.
— Como assim? Presente para quem?
— Ninguém sabe; mas dizem que é de outro
mundo.
— Aaaaaah...!
— levanta as sobrancelhas, passa os dedos sobre os lábios para amenizar seus
pensamentos que lhe dão a certeza de que o mundo do qual o esquilo lhe fala é o
seu próprio mundo: a Terra; resolve incitar o bichinho a lhe contar mais do que
sabe — Veevo, me fale mais sobre isso! — senta-se no
chão para ouvir Veevo lhe falando em baixa voz.
— Um dia a Rainha má mandou o ogro Xucro
atacar o ninho de um dragão.
— Pra quê?
— Mandou os ovos pra um amigo dela lá
naquele mundo.
— Huummm...
entendi.
— A gente acha que é pra atacar alguém
quando o dono precisa.
Agora Mulder se levanta e olha o grupo
de animais ali à sua volta:
— Vocês procuram a bola de cristal? É da Rainha?
— Isso mesmo!
— Eu sei onde está e posso lhes dizer.
Vários animais ficam pulando,
entusiasmados.
— Sério? — pergunta um tamanduá.
— Por que a Rainha tem aquela bola de
cristal? Para que? Como chegou até ela? — o Agente deseja saber mais, fingindo
não estar ciente do que Veevo lhe contou.
— Foi um presente que ela ganhou.
Mulder franze os lábios; passa os dedos
acima da boca:
— Ah, entendi. — murmura.
— O quê? — Veevo
quer saber.
— Vocês querem mesmo que eu lhes diga
onde está o que a Rainha lhes exige?
— Sim! Sim! — vários animais pulam,
excitados, diante dele.
— Então é só escolherem.
— Escolher o quê? — pergunta Veevo.
— Se querem ajuda, venham comigo salvar
a Princesa.
— Como é que é? — um coelho quer saber.
— Isso mesmo. Me ajudem ou não direi
onde está a bola de cristal da Rainha.
— Aí ela vai matar o Xucro!
Mulder dá uma risadinha discreta:
— Xucro? Quem é?
— É um ogro, serviçal dela.
— Um ogro?! Como aquele do desenho
animado?!
— Desenho...? Animado...? — não sabe o
que Mulder está falando.
O Agente coça a cabeça:
— Tá; aqui se pode ver de tudo. Tudo
bem, mas não tenho mais tempo a perder, pois tenho que ir para o castelo. Não
posso fracassar no meu objetivo... — suspira — ... senão minha vida é que
ficará sem nenhum objetivo.
"Quem
pensa que vai fracassar, já
fracassou antes mesmo de tentar."