DEIXA DE TOLICE!!

 

 

"Ninguém está livre de dizer tolices;

o imperdoável é dizê-las solenemente."

Michael de Montaigne

 

Capítulo 329

 

No laboratório o Professor Janssen e seu ajudante, concentrados, manuseando as diversas teclas e botões das sofisticadas máquinas, quase nem

percebem que a porta principal havia sido escancarada.

— Professor!

O cientista olha para quem o chama:

— Mas que negócio é esse? Qual o motivo de desobedecerem minhas ordens?

Neil se volta também para observar o que está se passando.

— Desculpe, professor, eu bem que quis imped...

— Professor, estou aqui de volta eu e meus Agentes! — anuncia Skinner, enquanto o criado do Professor se afasta.

O homem levanta as sobrancelhas, despreparado para a invasão do pessoal do FBI.

Seu ajudante também, assustado, abre a boca, sem entender de pronto o que está acontecendo no momento.

— Neil! — ordena o cientista — Faça o que tem que fazer. Rápido!

— Pois não, Professor. — e apressadamente se dirige a um painel, cujas luzes piscam ininterruptamente.

— Afaste-se daí!! — ordena Skinner.

— Como?! — fala Janssen irritado — O que está acontecendo, senhor Skinner? Seus Agentes apontando armas para nós, por que?

— Professor Janssen, sem perguntas; somente quero respostas: cadê o menino?

— Mas que menino?

— O senhor sabe de quem estou falando.

— Eu sei...? O que quer dizer, senhor Skinner? Quem o senhor procura?

— William, o filho dos meus Agentes Fox Mulder e Dana Scully.

O homem dá um discreto sorriso.

— O senhor está enganado, senhor Skinner, não sei do garoto; não esteve aqui. Por que imagina isso?

— Professor, vou repetir a pergunta; onde está o garoto?

— Eu não sei! Por que haveria de saber?

— Prendam-nos! — ordena Skinner aos Agentes.

— Vamos, Neil! Faz o que eu mandei! Vamos! — ordena o Professor.

Subitamente, na grande sala uma porta se abre automaticamente e através dela muitos e famintos filhotes de dragões tomam conta do ambiente.

— Que é isso?! — grita um dos Agentes, vendo que vários dos ferozes animais se espalham pelo lugar.

Os Agentes começam a usar as armas, a fim de afastá-los dali.

Um deles atinge a mão de um dos Agentes.

— Se afasta, se afasta!! — grita o colega, pedindo espaço para atirar no animal, que joga fogo pela boca.

O sangue salpica por todo o assoalho.

Num rápido golpe um dos Agentes consegue ferir dois dos terríveis animais, que disparam fogo por toda parte, o que faz queimar partes das roupas

dos Agentes e também Skinner.

O Diretor do FBI dispara sua arma vezes seguidas, a fim de defender-se e aos seus Agentes do feroz ataque. Súbito, um dos tiros disparados atinge

importante máquina do laboratório.

— Não!! Não!! — grita Neil — Olha o que vocês fizeram! Agora não tem mais jeito!! — berra.

— Não tem jeito de quê? Pra quê? — indaga Skinner, ainda empunhando a arma.

— Não vão poder voltar!

— O quê?! Que quer dizer? — grita Skinner por sua vez, já imaginando a resposta que iria ouvir.

— Cale-se, seu imbecil!" — é o cientista irado.

O fogo já estava tomando grande parte do laboratório em grande rapidez.

A correr,  Neil vai à sala contigua e pega o extintor de incêndio.

Dois  Agentes já estão algemando os pulsos do Professor Janssen.

Após Neil combater as chamas que haviam iniciado dentro do laboratório, os Agentes se dirigem até ele para também algemá-lo.

— Por que isso, senhor Skinner? Qual é a acusação? Por que não nos dá uma explicação?

— É melhor calar a boca, Professor. — diz Skinner e se dirige para Neil — O que você quis dizer ainda a pouco. Quem não vai poder voltar?

— É que...

— Não ouça o que esse idiota quer insinuar, senhor Skinner!

— Continua o que ia dizer, rapaz! — ordena Skinner — Vamos, fala ou será pior para você!

— O menino...

O Professor interrompe a fala de seu ajudante:

— Deixa de tolice, Neil! Que idéia é essa? Tá louco, é?

Skinner sente que a ira toma conta de seu ser:

— Continua, cara! — berra — O menino William passou para outro lugar através dessa máquina, não é?

O rapaz abaixa a cabeça e nada fala.

— Para onde foi levado? — continua o Diretor e vendo que ambos estão calados, resolve tomar uma drástica atitude.

 

*  *  *

 

— Fox! Fox!! — o chamado atrai a atenção do Agente.

— Oi, Angela. — surpreende-se, vendo a moça — O que aconteceu?

— Oh, nada, nada, Fox! Eu e Carl estávamos lhe procurando.

Carl vai chegando perto deles:

— Agente Mulder, queremos acompanhá-lo até o castelo.

— Não, Carl; vamos fazer uma coisa: você fica para tentar descobrir o que a bola de cristal vai mostrar, de forma que possamos ver  como

voltar para nosso mundo.

— Mas...

— Não é esse nosso objetivo, Carl? Qual a dúvida?

— ... e o urso?

— Bem, deixo essa incumbência pra você, amigo.

O rapaz coça a cabeça.

— Eu vou com você, Fox. — afirma Ângela.

— Ok.

Carl agora está agachado, apreciando o jeito amistoso de Veevo.

O animalzinho apoiado nas patas traseiras, encosta as dianteiras no peito:

— Eu sou amigo do seu amigo, é!! — informa.

Mulder dá um sorriso, enquanto o rapaz e a moça estão boquiabertos, vendo o desempenho do pequeno animal.

Mulder chama Carl, que se levanta.

— Carl, já estou certo de que a bola de cristal é uma espécie de passagem para o nosso mundo, pois ela deve mostrar como devemos fazer

para voltar para onde nós saímos.

— Concordo, Agente Mulder.

— Por isso é que é necessário que você procure descobrir; será nossa salvação.

— Certo, Agente, tudo certo. Vou voltar.

— Carl, logo estaremos de volta e tudo se resolverá, não é Fox? —  diz Ângela entusiasmada.

— Acredito nisso, amigos. — confirma o Agente.

 

*   *   *

 

— Não! Eu não o conheço!

— Por que não, querida? Você sabe que a amo!

— Não, não me ama! Você mal me conhece!

— Mas fiquei louco por você desde que a vi! Por que não acredita em mim?

— Eu não o amo!

— Mas por que? Eu a trato bem, quero lhe dar o melhor...!

— Não! Afaste-se de mim! Eu não quero você! Não quero!

Ele se chega mais, aproximando os lábios dos dela:

— Um beijo só, minha amada e você poderá me experimentar e saber que eu desejo seu beijo... eu a quero...

— ... não!!

— ... para sempre, minha amada!

Nãaaaaaaaaaaaaaao!!

Dana sente seu corpo vibrar de ódio e tremer de desprezo pelo homem que a deseja.

 

O criado observa que o Príncipe encosta os lábios junto aos de Dana adormecida, mas nenhuma reação ela mostra. Está imóvel.

O Príncipe afasta o rosto da bela adormecida.

— O que houve, Alteza?

— A minha Princesa não acorda com meu beijo. Noutras eras isso não aconteceria.

— Ah, Alteza, talvez ela não esteja sofrendo um simples desmaio e sim...

— ... o que quer dizer?

— ... perdão, Alteza, mas talvez um envenenamento.

— Será possível?

— Sim, Alteza, a Rainha tem poderes para isso; maldade pura.

Neste momento a porta se abre com um sutil ruído.

— Ah, está aqui, Príncipe?

Este se ergue do leito onde estivera debruçado esperando despertar Dana e responde à Rainha:

— Sim, Majestade, esperando despertá-la a Princesa  desse torpor.

A Rainha ergue a cabeça com orgulho:

Aaaah, sei, meu caro Príncipe, — dá uma risada — quem sabe a sua... amada está com muito sono?

Ele a olha de revés:

— Sei... pode ser, sim.

A Rainha se volta para o homem que está ao lado do Príncipe:

— E você, o que faz aí, hein?

O homem se inclina, respeitoso:

— Majestade, estou acompanhando o...

— Cale-se! E saia daqui! — volta-se para o Príncipe — Ordene que se retire!

— Sim, Majestade, meu criado estava aqui com minha ordem;  perdão, ele já está saindo, Majestade ... e eu também.

A Rainha morde os lábios, cheia de ira.

— A Princesa não desperta, Majestade; o meu beijo não tem poder para isso? — atreve-se a perguntar.

— Bem, se Sua Alteza veio ao meu castelo só para essa finalidade, está perdendo seu tempo.

— Por que, Majestade? O que está havendo com ela, então?

— Me acompanhe, Alteza e eu lhe digo.

O Príncipe acompanha os passos da Rainha.

 

"Resposta branda

apaga a ira."

Salomão