PAI! - O MENINO GRITA.
"Que incalculável
riqueza é,
mesmo entre os
pobres, ser
filho de um bom pai."
Vives
CAPÍTULO 330
— Nossa! Estou cansada! - queixa-se Ângela.
Mulder pára e a olha:
— Quer descansar um pouco, então?
— Não! Não quero atrapalhar o que você
precisa fazer, Fox! A Agente Scully pode estar correndo risco de vida.
— Exato. É por isso que não quero perder
tempo.
— Pois sigamos em frente.
— Ok, Ângela; lhe agradeço a cooperação.
Ela anui, com um gesto positivo.
— Vejam! Vejam! — grita Veevo neste instante, aos pulos.
— O que está vendo, amigo?
— Tá vendo os arbusto se mexendo lá
adiante? Alguém tá se aproximando!
Um ruído de vários tons de gritos de
animais se pode ouvir.
— Uma galera vem aí. Aconteceu alguma
coisa! — fala o esquilo.
— Aguardemos. — diz Mulder.
O movimento das folhas se faz sentir
mais próximo cada vez mais.
— Veevo!!
O esquilo que acompanha o Agente pode
ver então quem chega no momento:
— Teen!! Oy!!
— Vocês tão por aqui por que?
— É que a gente tá trazendo...
— ... trazendo quem?
— ... o filhote!
Neste momento Mulder, deslumbrado, pode
ver uma figura que segue os animais:
— Não pode ser! Não pode ser...! —
murmura, esfregando os olhos, procurando ver se não se trata de uma visão, algo
criado por sua
imaginação.
— Pai! Pai! Paaaai!!
- o menino grita, ao enxergar de longe o Agente acompanhado de Ângela e Veevo; correndo, se atira nos braços
do ansioso pai.
— William! Meu filho! Como isso é
possível?
— Pai...! — o menino chora agora.
— Meu Deus, Fox! É seu filho?! —
pergunta a moça.
— Sim! Meu filho! — ele responde,
emocionado, com os olhos cheios d'água, agarrando o garoto, levantando-o do
solo num forte abraço.
— Pai! Pai! — o menino continua
chorando.
Mulder nem mais fala; somente abraça seu
filho, o beijando e o tratando como um objeto precioso.
— Meu filho, como veio parar aqui? —
pergunta.
— Pai... eu...
Mulder o aperta contra o peito:
— Não; não fala;. não precisa. — suspira.
— Você sabe, não é?
— O professor Janssen.
O pequeno confirma, movimentando
positivamente a cabeça.
A patinha de Veevo,
sacudindo a bainha da calça do Agente o faz olhar para baixo.
— Ei, amigo! Esse é seu filhote?
— Sim, Veevo.
— coloca o menino no solo.
— É igual a você, em tamanho pequeno!
Mulder ri e William também.
— Olha só que barato, né Oy? E a gente ajudou bastante
esse encontro, hein? — fala Teen.
— Com certeza, meus amiguinhos! —
confirma Mulder — E eu agradeço muito a preciosa ajuda de vocês!
— Você nos prometeu dizer onde está a
bola da Rainha! — diz uma cotia, pousada no solo com as patas traseiras.
— Sim! Sim!
— Sim! Sim!
— Sim! Sim, você falou!
Essa afirmação foi em gritos por todos
os animais ali parados.
— Nossa, pai! O que você prometeu a
eles? Que bola é essa? E quem é a Rainha?
— Você vai saber de tudo logo, filho.
Você verá.
Mulder, dando essa explicação, se agacha
diante do filho; seu rosto está com semblante sério.
Mas neste exato momento William detém o
olhar sobre Ângela, que o está observando com simpatia. Ele segura o braço do
pai,
demonstrando um ar preocupado e ao mesmo
tempo irritado:
— Pai... e essa mulher... quem é? O que
ela tá fazendo aqui junto com você?!
O Agente percebe imediatamente o motivo
da pergunta do filho:
— William, meu filho, essa moça é uma
das ajudantes do Professor Janssen, que foi jogada para cá, como eu, você e sua
mãe.
— Ah, entendi! — faz uma pausa — Pai...
cadê minha mãe?
— Filho, ela está presa no castelo da
Rainha.
— Da ... Rainha? Então ela existe mesmo?
— Sim, William. E vamos tirá-la de lá. —
abraça o filho com fervor. Enfim, estar nesse lugar com o seu amado e
inteligente filho é algo
que o torna feliz, forte, intrépido.
— William, sua mãe logo estará junto de
nós.
— Com certeza, pai! — fala com convicção.
*
* *
Carl, quieto em seu canto dentro da
gruta, vê que o enorme urso está saindo em busca de alimento.
"Quero aproveitar essa chance pra
descobrir algo sobre aquela bola de cristal." — pensa.
Passados alguns minutos o rapaz segue
para o interior da gruta, onde o animal sempre repousa e se diverte, vendo as
imagens na bola de
cristal.
Carl se aproxima do local onde está a
bola. Ele a toca com os dedos: pega a caixinha que guarda o vagalume e o
liberta dali, colocando-o
sobre a bola. Logo esta se acende numa
brilhante luz.
— Inimaginável!! — murmura Carl — E
tenho que descobrir como funciona!
Ele se agacha para ficar bem junto à
brilhante bola de cristal. Apertando várias vezes o queixo, passa a por idéias
na cabeça.
"Bem, deixe-me pensar tecnologicamente:
nos anos 50 a empresa Zenith Radio Corporation, a fim
de eliminar qualquer esforço para quem
assistia à televisão, inventou o Flashmatic, que usava um feixe de luz semelhante ao disparo
de um flash para mudar o canal... e ... —
passa a mão nos cabelos — ...
infelizmente os sensores da TV eram tão sensíveis que bastava um pouco da luz
do sol..." — ele olha para o
alto e seus olhos se arregalam — ...
para ligá-la ou desligá-la, sem querer!" — essa última frase é falada em
voz alta — Quem sabe se eu tentar...
Carl havia visto no alto da gruta uma
fresta numa fenda da rocha. Ali a luz do sol desce para o interior da gruta,
bem na direção da bola de cristal.
”Bem, — continua pensando — o urso
geralmente gosta de estar aqui na gruta à noite e passa o tempo vendo as
imagens refletidas na bola; dá
pra notar o porquê de estar na caixinha
que guarda o vagalume uma boa porção de lesmas e caracóis, que são os alimentos
dessa espécie de insetos;
o urso o mantém vivo dessa forma, para
poder ver a bola de cristal acesa, porém ele não sabe é que os raios do sol
vindos dali... — olha para a
fresta da gruta — ... podem acender a
bola!" — sorri ante seus pensamentos.
*
* *
Mulder, segurando a mão de William vai
seguindo pela floresta, orientado pelos animais.
— Ei, amigo! — Veevo
o chama.
— O que houve agora, Veevo?
— Tá vendo aquela montanha? — aponta.
— Sim.
— Num lado dela está o castelo da
Rainha. Do lado direito.
— Não é fácil aguentar
tanta coisa assim fantástica! Estamos mesmo num Reino Encantado — comenta Ângela.
— Pois é, pessoal. Aceleremos o passo, então!
E com um aceno de mão para incentivar os
animais a os seguirem, Mulder está quase a correr, sempre segurando a mão do
filho, seguido por
Ângela, que os acompanha.
Logo avista o castelo no alto do lado da
montanha.
— Temos que subir essa montanha, pai? —
pergunta William.
— É isso aí, filhote! Tá com medo? — é
Teen falando.
— Medo é coisa que meu filho não tem! —
retruca o Agente.
Poucos minutos após já estão alcançando
a ponte movediça.
Logo o grupo vai contendo os passos.
Soldados estão à espreita.
— Pai, lá tá cheio de guardas, olha só!
— É verdade, Fox! E o que vamos fazer?
Eles reparam que os guardiões estão por todos os lados.
— Caramba! Anões armados! — berra o
garoto.
— Sim, filho. E sem a Branca de Neve. É
o anão Zangado triplicado.
O garoto dá uma risadinha, embora um
pouco amedrontado.
O grupo de animais agitado acompanha os
passos do Agente, seu filho e a moça.
Logo Mulder estende a mão para eles:
— Agora uma coisa, pessoal. Quero que
fiquem aqui.
— O quê, amigo?! — surpreende-se Oy — Não precisamos lhe ajudar? É isso?
— Sim, é isso mesmo. Vocês fiquem aqui.
— Mas nós queremos ir! — fala Veevo.
— Não insista. É como eu disse. Nos
esperem aqui. E eu lhes prometo que contarei com quem está a bola de cristal da
bruxa má, a Rainha.
— Tá ok. Falou! — confirma Teen.
"Não
há maior inimigo do
riso
que as emoções."
Bergson