NUNCA IMAGINEI
UMA COISA DESSAS!
"A alma
sem imaginação é como
um
observatório sem telescópio."
Beecher
Capítulo 333
— Pai, olha só! — o menino lhe chama a
atenção para algo — nunca imaginei uma coisa dessas, pai!
Mulder dirige o olhar para onde William
lhe indica:
— Incrível! — exclama Ângela.
Dois enormes porcos brancos trazem,
carregando em seu dorso à grande
sala, bandejas repletas de apetitosos
frutos.
— Para vocês! Sirvam-se. — a Rainha
convida.
Ângela é a primeira a se servir.
O menino pega um fruto para prová-lo.
O pai o imita a seguir.
De repente o filho lhe segura a mão, o
impedindo de tomar um dos vermelhos e diferentes que ali estão à sua vista.
— Não, pai!
— O quê, William?
— Deixe esse aí! — e o faz colocar de
volta o fruto na bandeja.
A Rainha está distraída, se dirigindo ao
trono enfeitado e brilhante.
— Você não pode comer essa fruta! —
sussurra o garoto para o pai.
— Por que não?
— Ela contém algo que o fará submisso a
tudo que ela deseja!
— Como sabe, filho?
— Eu o sinto, somente.
— Tá. Entendi.
A Rainha os chama para se aproximarem
dela.
*
* *
Xucro, sendo afastado de onde estava a
Rainha e os visitantes, resolve ir até ao quarto onde está Dana adormecida. Ele
se aproxima
e a olha penalizado e perturbado por não
poder ajudar o homem que a ama e quer tirá-la dali.
Logo um pássaro pousa na janela
estreita:
— E aí, Xucro? O que acha que podemos
fazer?
O ogro se surpreende com a chegada do
amiguinho:
— Ah, amigo Bird,
nem sei o que fazer para tirar a Princesa desse maldito sono!
— Eu sei!
— Sabe...? Como assim?!
— Eu posso trazer alguma erva da
floresta que a ajude a sair desse entorpecimento.
Xucro faz um gesto com a mão:
— Não, não! Não dá resultado!
— Por que não?
— Porque como explicou o filhote da
Princesa ela só poderá despertar quando receber o beijo do amor verdadeiro!
—
Caramba! Aí complicou! — a pequena ave
bate as asinhas, parecendo desejar refrescar a memória e poder desenvolver
alguma proveitosa ideia; resolve falar:
— Será que nossos amigos de rabinho não
podem nos ajudar a planejar algo?
— Pois é justamente isso que fico
pensando!
— Então mãos à obra, Xucro!
Bird voa rápido,
saindo dali.
Xucro sai do quarto, matutando consigo
mesmo o que poderão eles e seus amigos fazerem para livrar Dana do maléfico
sono.
* * *
Mulder, William e Ângela acompanham a
Rainha em sua caminhada através dos grandes salões do castelo.
— Majestade, isso é verdadeiramente
fabuloso! — exclama Ângela.
— Sim, é verdade! — confirma o garoto —
Onde a gente mora é tão diferente! Nunca se vê coisas assim! Lá a gente...
— ... a gente mora em nossos casebres
simples, majestade! — interrompe o pai, lançando um olhar significativo para o
filho.
"Puxa
vida! — pensa William — Quase que conto a essa bruxa que o lugar onde moramos é
muito diferente disso tudo!Que vivemos num mundo diferente! Que bobeira
a
minha e ela iria descobrir tudo!"
O
Agente resolve jogar seu olhar sedutor sobre a Rainha.
— Majestade, queremos conhecer cada
canto de seu maravilhoso castelo; essas paredes de pedras, essas imensas portas
douradas, tudo isso nos fascina. Não temos nada
disso onde moramos; pobres de nós!
— Tem razão, Fox. — confirma Ângela.
A Rainha, fascinada pelo olhar dele, se
aproxima mais:
— Gostaria de compartilhar comigo de
toda a minha riqueza?
Ele dá o seu sorriso entre os lábios
carnudos na boca bem desenhada:
— E como poderia, majestade?
Ela se afasta para um lado e logo volta
a fitá-lo:
— Tudo depende exclusivamente de você. —
fala com voz suave.
Repentinamente surge na porta do
ambiente alguém que lhes chama a atenção.
A Rainha berra, irada:
— Príncipe! O que faz aqui?
— Ah, me perdoe, majestade... vim para
revê-la apenas.
— Ora, mas não faz nem muitas horas
deixou o castelo!
— Sim, certo; mas é que... — neste
instante seus olhos se encontram com os de Ângela, que vê sua chegada com
interesse e ele se aproxima — senhorita... — estende a
mão esperando a dela para beijá-la, se
curvando cavalheirescamente.
Ângela estende sua mão, prazerosa.
Jamais fora cumprimentada com tanta gentileza.
— Ângela. — ela diz seu nome.
A Rainha se sente incomodada, vendo a
expressão do Príncipe; isso a faz sentir ciúmes, mas havia sido mais forte a presença do Agente do FBI ali,
diante dela.
Ângela percebe o olhar interessado do
rapaz.
— Você se chama... Ângela?
— Sim.
Ele a toca no braço, insinuando que está
a chamá-la para se afastar um pouco dali.
Ela o acompanha em poucos passos.
— São amigos da Rainha? — ele quer
saber.
— Sim... somos.
— O garoto é seu filho?
— Não... é... meu sobrinho... filho
do... meu irmão.
— Ah, é seu irmão...!
— Sim.
— Por que vieram a este lugar?
— Bem, nós queríamos conhecer um lugar
assim.
— E nunca ouviram falar sobre as
maldades que existe por aqui?
— Maldades...?!
— Sim.
— Da Rainha, não é?
— Exato; por isso pergunto porque estão
aqui.
— Já lhe falei.
Ele sorri:
— São curiosos. — Sorte de vocês
conseguirem permissão da dona do castelo.
— É verdade. — ela também sorri.
Mulder, observando o Príncipe
conversando com sua amiga, pergunta à Rainha:
— Esse homem não mora aqui no castelo?
— Não, não! — ela explica — É um
príncipe e mora no castelo Serra Verde.
— Ah, sei... — ele franze os lábios —
...mas gosta de visitá-la?
— Sim, ele vem aqui sempre.
William puxa o pai pelo braço:
— Então esse é que é o... Príncipe?
O pai, com os lábios cerrados e passando
o dedo indicador sobre eles, não responde; seu pensamento somente está voltado
para o que ouvira falar: que aquele homem havia
beijado Dana.
— Sujeito ordinário...! — murmura.
— O que disse, pai?
— Nada...
William ouve esta evasiva resposta, mas naturalmente
já notara a raiva que seu pai sente; e o motivo dela também.
Um pouco aliviado, porém, Mulder nota
que a conversa entre o Príncipe e Ângela continua.
A Rainha, que estivera vaidosa,
preocupada em ajeitar o cabelo diante de um grande espelho de moldura dourada,
retorna para junto de Mulder e seu filho.
— Majestade, vamos continuar? Meu filho
está completamente maravilhado com a grandeza de seu castelo.
— Verdade? — ela pergunta, fascinada com
os olhares dele — Ah, agora quero que vejam o meu imenso pomar, isso sim!
— Negativo! — protesta o garoto — Quero
olhar mais tudo isso aqui dentro do seu grande castelo!
— Garoto, você tem ideia de quem sou eu?
— a mulher mostra toda sua ira — Você, além de ser uma criança, tem que saber
que quem manda aqui sou EU!
Mulder chega o filho para junto de si:
— Meu filho, calma, vamos obedecer nossa
Rainha! — dirige um sorriso deveras fascinante à mulher — Majestade, não se
preocupe; logo iremos embora, se é isso que deseja.
— Só quero que os outros saiam daqui. Você
não!
— Ora, mas por que?
— Negativo! Não vou deixar meu pai aqui!
— protesta o menino.
Ali próximo Ângela e o Príncipe
continuam a conversar:
— Já notei que seu sobrinho não quer
desistir, hein?
— É verdade. — confirma, apreensiva,
colocando as mãos sobre a boca.
— Por que você não os faz desistir dessa
ideia?
— Ora, é o desejo deles!
— Sei, mas posso lhe dar um aviso: a
Rainha, na verdade, é uma mulher má; uma bruxa!
Respirando com dificuldade Ângela
retruca:
— É... estamos sabendo... você acha que
corremos perigo?
— Muito. — ele lhe segura a mão — Eu
quero que você não corra esse risco porque... — a fita com paixão — ... olha,
nunca pensei encontrar alguém tão especial como você!
— Eu...?! — ela se sente como que
carregada em camadas de nuvens pelo espaço; fica pensando em como nunca fora
tão cortejada. — Você acha...?
— Com certeza!
Ela fica sem jeito:
— Bem... só tenho que agradecer sua
gentileza, alteza...
—
Não estou falando isso a toa, Ângela. Realmente estou fascinado por você
e... imagine que... — para de falar.
— O que ia dizer?
— Nada, nada!
— Me pareceu que queria me falar algo.
Ele sorri:
— Vou falar, sim; eu pensei estar
apaixonado por outra mulher.
— Ah, é? E por que acha que pensou estar
apaixonado?
— Porque foi uma fantasia do meu coração.
Sou muito solitário em meu castelo!
— Mas ela é nobre, não é? Ao passo que
eu sou... — ela interrompe a explicação; imagina que quase ia contar que não
pertence ao mundo dele.
— Eu sei o que quer me dizer, Ângela.
Você não é daqui do Reino Encantado.
— O quê?! Sua alteza sabe?
— Sim, eu sei. Você é igual a esses que
estão ali. — aponta Mulder e William
— E você é como a Princesa.
—
Princesa...? Você diz a...
—
... sim a mulher que está adormecida pela poção maldita que a Rainha bruxa a fez beber.
—
Então você sabe... ah, meu Deus! Sua alteza pode nos ajudar?
— Em que sentido?
— Pode nos ajudar a tirar aquela mulher
de lá!
— A Princesa?
— Sim; ela é importante para nós.
— Verdade? Quem é ela?
— É a esposa do Agente Fox Mulder e mãe
do menino William!
— Ora, mas que curioso! Eu os ajudo sim,
porque sei onde ela está.
— Ah, por favor Príncipe, faça isso! É
importante que voltemos para nosso mundo!
— Claro, eu entendo.
O Agente, falando com a Rainha neste
momento, tenta fazer com que ela os permita visitar todo o castelo.
O Príncipe, acompanhado por Ângela, se
aproxima:
— Majestade, eu lhe peço que dê aos
nossos curiosos visitantes a licença para ver aquela parte do castelo que tem
os mais espetaculares espelhos!
— Sala de espelhos? — quer saber Mulder.
— Sim! É espetacular! E nossa
maravilhosa Rainha é a criadora do grande e belo salão!
— Ora, ora, estou curioso. — fala
William.
A vaidosa Rainha, diante dessa
explicação do rapaz, sente o máximo prazer em aceitar seu pedido:
— Está bem; eu permito, sim. Ok. — berra
a seguir —Xucro!!
— Sim, majestade. — o ogro se apresenta
rápido.
— Quero que nos acompanhe.
— Pois não, majestade.
Todo começam a caminhar, acompanhando a
Rainha.
— Fica longe esse salão dos espelhos,
Xucro? — quer saber o garoto— esse castelo é tão grande...!
— Logo, logo chegaremos lá e você vai
gostar.
—
Vamos ver esse lindo salão! — diz
o Príncipe.
Súbito, três pássaros sobrevoam as
cabeças de Mulder, Xucro e William, batendo as asas, silenciosamente.
—
Os pássaros! — exclama o menino,
em voz baixa.
—
É... são interessantes! — comenta
o pai.
As aves seguem em outra direção e
desaparecem logo.
O menino para por instantes:
—
Foram embora! — murmura.
—
Talvez quisessem nos mostrar alguma coisa. — diz o pai.
Xucro chega mais perto deles.
O Príncipe faz o mesmo para falar:
—
O quarto onde está sua amada é naquela direção — aponta para onde foram
as aves.
As palavras do rapaz fazem o Agente
sentir ganas de lhe dar um tremendo soco. Ainda o considera como seu rival.
Ângela nota seu semblante irado:
— Fox... — sussurra — ele quer nos
ajudar a tirar a Agente Scully deste lugar! Calma!
— Por favor, eu quero lhe falar uma
coisa — começa o rapaz — Eu realmente pensei estar apaixonado por sua esposa...
Imediatamente Mulder o segura pela gola
de sua vestimenta.
— Fox, por favor! Ouça o que ele quer
dizer! — pede a moça.
— ... mas ela me falava todo o tempo que
tinha um grande amor na vida dela! — conclui o rapaz — Não me deu chance.
— Afaste-se de mim! — diz Mulder, cujas
mandíbulas pulsam em sua face pela raiva que está sentindo.
O Príncipe faz um gesto com as mãos,
pedindo paz.
A Rainha, caminhando já bem distante dos
visitantes, segue sem olhar para trás.
Neste momento Xucro e o Príncipe apontam
qual a direção correta a seguir.
— É por ali, pai! — fala o menino,
puxando-o pela mão.
Rapidamente o grupo se desvia da direção
tomada pela Rainha.
— Por aqui! Venham! — ensina o Príncipe.
O grupo o segue com rapidez, sendo
vigiado por Xucro, para que a dona do castelo não note que eles haviam tomado
outra direção.
Uma voz estridente ressoa agora:
— Ei! Pra onde estão indo?! — a Rainha
esbraveja demonstrando ódio, após se voltar para ver os visitantes e os vendo
caminhar no corredor que ela não queria.
— Vão por ali, rápido! — ensina Xucro,
apontando uma enorme porta trabalhada com imagens de dragões.
— Sim, vamos! — confirma o Príncipe.
— Parem! — grita a Rainha.
— Não; não vamos parar... Rainha...!
Chega de querer nos enganar! — fala Mulder.
— Podem voltar daí ou...
— ... ou o quê, majestade? — pergunta o
Príncipe.
— Xucro!! Impeça-os de chegarem aí!! — a
mulher grita.
Porém o ogro agora cheio de coragem ao
ver que o grupo está a fim de enfrentar a Rainha, os ensina:
— Vão lá, rápido!! — diz ele, abrindo a
porta à sua frente.
— Xucro!! Vou matá-lo! — diz a Rainha,
ainda gritando.
Imediatamente a mulher se transforma num
enorme e negro urso.
Mulder, Ângela, William e o Príncipe
param, amedrontados.
— E agora? — exclama Ângela.
O grande urso, com seu ruído, intimida a
todos ali.
Xucro se enche de coragem. Agarra-se ao
animal no qual se havia transformado a bruxa.
O ogro consegue segurá-lo, impedindo-o
de atacar alguém ali.
— Vão lá, pessoal! Não percam tempo! —
ela grita, enquanto está agarrado com o enorme e selvagem animal.
Mulder, orientado pelo Príncipe, abre
mais a porta. Sua fisionomia ansiosa se transforma em um semblante angustiado.
Ali, diante deles, está sua amada Scully, tantos
dias à mercê de uma bruxa que,
intitulando-se Rainha, comanda a vida de todos naquele reinado.
William vai em passos rápidos na direção
do leito:
— Mãe!! — ele grita.
Mulder se aproxima; triste; os olhos
lacrimejantes. Em sua memória vem à tona a ocasião em que sua amada, naquele
leito de dor no hospital, quase à morte, o fez se ajoelhar,
pegar suas mãos e beijá-las com todo
amor do seu coração, enquanto em prantos deitava a cabeça no leito.
—
Dana...! — sussurra, então.
—
Pai, acorda minha mãe! Não quero vê-la mais neste lugar!
— Sim, filho. Nem eu! Nem eu!
Neste exato momento entra a Rainha.
— Ela conseguiu se soltar do Xucro! —
exclama Ângela, assustada.
— Essa miserável! — murmura o Príncipe.
Ambos tentam impedir a Rainha de se
aproximar do leito.
— Aaaah,...
você está querendo que sua amada acorde, hein? Ah! Ah! Ah!
— Sua mulher má! — grita William.
— Cala tua boca, guri! Tú não entende nada!
— Entendo sim, sua bruxa!
— Grrrrrrr, eu
os farei todos em pedaços!!
Mulder segura o filho e o aproxima de
seu corpo:
— Filho, logo acordaremos sua mãe e a
levaremos daqui...
— Não pense que é fácil!! Ah! Ah! Ah!
— ela se dirige à porta para sair — Bons sonhos, Princesa!! Ah! Ah! Ah! — e
desaparece dali numa nuvem giratória de fumaça.
Neste exato momento um corvo, com seu
olhar agudo e mau, atravessa a janela.
— Um corvo! — exclama o Príncipe.
— É um tipo de ave perigosa...! — fala
Ângela.
William não afasta o olhar fixado na
ave:
— Esse aí não é mau.
— Por que fala isso, filho? — pergunta o
pai.
A ave pousa na protuberância de uma das
colunas que está ao lado da cama.
— Reparem o olhar dele. — o menino fala.
— É um olhar fixo na gente. Não dá pra
ver? Nossa! Ele vai atacar alguém aqui! —
Ângela está amedrontada.
Agora a ave alça vôo
e vai pousar na janela.
—
Parece que ele viu que não adianta atacar ninguém aqui. — repara o Príncipe.
—
Nenhum de nós é bastante apetitoso pra ele. — comenta Mulder.
William dá uma risadinha.
Mulder se dirige para o leito onde Dana
deixa à vista toda sua beleza, entremeada entre a vasta cabeleira loura
derramada sobre o travesseiro.
—
Dana... amor da minha vida... te quero de volta... não posso viver sem
você! Preciso, a cada dia, do teu olhar, tua voz... tudo, minha amada... — fala com voz suave bem
junto aos ouvidos dela — ... acorda; tenho certeza de que agora essa
poção diabólica que essa mulher lhe deu não mais fará efeito, Dana...!
Ele debruça a cabeça sobre o peito dela
e deixa que as lágrimas lhe escorram pela face.
O filho segura as mãos da mãe, também
aos prantos:
—
Mãe, mãezinha, te queremos de volta! Estamos aqui sofrendo muito, mãe!
Vem pra nós...!
Mas a bela continua adormecida.
Os soluços de Mulder e o filhos comovem
Ângela e o Príncipe.
A moça chega próximo do leito:
—
Fox, faça o que seu filho lembrou àquela hora. Neste momento o
sofrimento dele é tão grande, que esqueceu do que lhe havia sugerido! — ela sussurra no ouvido do amigo.
—
O beijo...? — ele pergunta.
—
Sim, Fox.
O apaixonado Agente encosta os lábios
nos de sua amada.
— Acorda, mãe! — fala William em
desespero.
— Espere um pouco, William. — a moça o
conforta.
O Príncipe já se aproximara de Ângela
para perguntar:
— Por que ele a beija? Ela está numa
espécie de coma!
— Com esse beijo ela vai despertar.
Ele franze as sobrancelhas:
— Isso nada vai adiantar... — pigarreia,
meio sem jeito — ... pois eu já a beijei também...!
Ângela esboça um sorriso:
— Já sabemos disso.
— É... eu já falei, mas ...
— ... só que há uma diferença, Príncipe.
— Me chame Albert; este é o meu nome.
— Bem... Albert... ela vai despertar
sim, porque esse é um beijo de amor verdadeiro.
— Aaah, claro!
Ângela se emociona com o desespero de
William e o aconchega em seus braços; encaminha-o para junto do rapaz . E o
abraça.
Mulder continua com os lábios encostados
aos de Dana e sente-os macios e o amor que nutre por ela vem à tona.
— Dana... Scully... amor... — toca
novamente os lábios dela.
Ele vibra; sente qualquer movimento nos
lábios de sua amada e nesse momento então ele cola com ternura os lábios na
boca entreaberta da mulher que tanto adora; e o
beijo real e voluptuoso acontece.
Um longo suspiro sai do peito de Dana,
que, abrindo os olhos, se sente envolta nos braços de Mulder.
— M... Mulder! Você?! É você mesmo? Eu o
senti...!
— Scully, finalmente, meu amor!
— Eu estou vendo você, de verdade! Não
estou morta!
Ele sorri:
— O que não nos mata nos fortalece.
— Ahn?
— Assim ensinou Nietzsche em sua
filosofia. — esboça o seu sorriso discreto e sedutor para a mulher a quem
entregara todo o seu amor.
— Oh, meu Deus! Como você conseguiu
chegar até aqui, Mulder?
— Lao-Tsé
disse: Ser profundamente amado por alguém nos dá força. Amar alguém
profundamente nos dá coragem.
"Os
filósofos são mais anatomistas
que
médicos: dissecam, porém não
curam."
Rivarol