NÃO É SOMENTE UMA IDEIA!

 

"Quem conduz e arrasta o mundo

não são as máquinas, mas as ideias."

Victor Hugo

 

CAPÍTULO 342

 

— Eu não posso acreditar que existam pessoas tão idênticas no mundo! Não acredito! — o menino defende sua opinião.

— Pode crer que existe sim. Por que não?

— Olha, pai, nem gêmeos são tão exatamente idênticos como essas duas criaturas que estou vendo aí com a cara de vocês... os meus pais... não é possível!

Mulder se sente incomodado com essa real afirmação do filho.

E o menino continua:

— Vou dizer uma coisa pra você; o que na realidade é isso aí sendo mostrado pra nós. 

Mulder dá uma risada:

— Fala, meu filho.

— É exatamente a vida de vocês, aliás vinda de qualquer outra dimensão, mostrando o que pode acontecer com a gente.

— Ora, mas que ideia é essa? — quer cortar um pouco a imaginação do filho.

— Não, não é somente uma ideia, pai! É a mais pura realidade!

O Agente passa os dedos acima dos lábios. Nem pode contestar seu filho, pois esse é exatamente o que sempre imaginou ao ver

nos sites que havia acessado suas imagens e tudo o que havia passado em sua vida e de Dana.

— William, vamos lá pra piscina. Vivien está lá se divertindo bastante. Vá brincar com sua irmã.

O menino neste momento abre um vídeo que o deixa estarrecido:

— Agora sou eu! Sou eu! E o que quer dizer isto aqui? O que é que vai acontecer comigo?

— Para com isso, William. Desliga isso.

Mas o garoto continua acompanhando as cenas do vídeo:

— Olha aí, esses homens da idade da pedra correndo ali!

— Estou vendo. — afirma Mulder, até um pouco curioso.

— Por que estão mostrando isso?

O pai balança a cabeça negativamente.

— Agora o meu avô; olha só. Está com amigos, é isso?

Mulder pigarreia, sem saber o que dizer sobre a foto sendo mostrada.

— Pai! Eu aparecendo novamente, olha! Estou numa campina abrindo os braços, parecendo feliz! O que significa isso?

— Bem, talvez uma ocasião em que você esteja num ótimo lugar e se sentido realmente feliz. É isso.

— Mas onde fica esse lugar?

— Ah, não sei, filho.

— Entendo... — fica pensativo, fixando o olhar na imagem que vê — ... com certeza você vai me levar a esse lugar e aí...

— Meu filho, não fica imaginando coisas. Para de ver esses vídeos que não tem sentido.

Como não tem sentido? Você não entende que é alguma coisa que vai acontecer com a gente? Duvida disso?

— Não queira ser um adivinhador.

O menino se volta para encarar o pai:

— Não, pai. Não se trata de adivinhação. Simplesmente é uma forma de avisar sobre fatos que surgirão em nossa vida.

Mulder fecha os olhos por segundos. Surpreende-se cada vez mais com a inteligência do filho. Não duvida de cada palavra que ele lhe fala.

— Onde será esse lugar, pai? Será que passaremos férias lá?

Mulder não responde, pois sua mente passeia por sua imaginação.

William abre outro vídeo.

— Agora filho, vamos até a piscina. Você precisa se refrescar um pouco por causa do calor que está fazendo hoje.

O menino não ouve as ordens do pai. Continua observando cada cena mostrada.

— Meu Deus! Olha aí uns alienígenas! Não é isso mesmo?

O pai observa as cenas com mais atenção:

— S... sim! É isso.

— Mas o que querem no meio da gente? O que é isso?

— Para de acessar esses vídeos malucos, William!

— Não está vendo agora isso? Minha mãe chorando! Você com ar  preocupado! Por que? O que será que vai acontecer com a gente?

O pai move o botão do estabilizador, desligando-o.

— Mas por que não posso ver essas cenas? Por quê?  — protesta.

— Porque não são reais, filho.

— Como não são...?! Eu sei que serão! Fazem parte do nosso futuro!

— Para com isso! Você vai ficar com a cabeça cheia de pensamentos confusos por ver tanta bobagem nesse PC.

— Não vou! Eu sei o que pode ser isso!

Mulder se levanta pegando o filho pelo braço.

— O que está acontecendo?

Dana acaba de entrar no ambiente e vê os dois um tanto aborrecidos.

— O que houve, Mulder?

— Mãe, o meu pai não quer...

Mulder o interrompe:

— Scully, nosso filho quer ficar doente da cabeça!

— Como assim? O que quer dizer?

— Mãe, é que eu vi umas imagens que mostra nosso futuro!

Dana fecha os olhos por segundos.  Já está pressentindo o que está se passando.

— Meu filho, seu pai tem razão. Vem cá. — ela o aconchega junto a si — Nessas coisas de Internet aparecem cenas criadas por alguém para nos deixar

preocupados, tristes, aborrecidos, etc.

— Não é nada disso, mãe! Estão mostrando nosso futuro!

Dana sorri:

— Por que fala isso, William?

— E por que você não acredita? Por quê?!

— Já sei o que está acontecendo. Você viu cenas com pessoas parecidas com você e ficou impressionado. — volta-se para seu marido — Não é isso, Mulder?

— Já expliquei isso tudo a nosso filho, mas ele não quer aceitar essa hipótese.

— Eu não vivo de hipóteses, pai! Suposições! Teoria provável!

O Agente olha para Dana que segura seu olhar, entendendo que ela está lhe fazendo passar a suprema inteligência do filho que têm.

— Isso que está aparecendo representa passagens que irão acontecer com a gente! — encara a mãe — Olha, vai ter ocasiões em que estou bem feliz,

despreocupado, parecendo que estou brincando e depois estou desesperado, apontando uma arma para alguém...

— Para com isso, William! Que história é essa, menino?

— Mas é o que eu vi! É o que eu vi!

— Scully, nosso filho está unindo ficção com realidade. Está imaginando que se vê nas imagens que aparecem na Internet.

— Não! Não são apenas imagens, pai! Não são, mãe! Acreditem em mim! É nosso futuro que está sendo mostrado!

Dana afaga os cabelos do filho, com carinho.

— Filho, vou lhe preparar um lanche bem gostoso, tá? Você também quer, não é Mulder?

— Claro!

O garoto se senta numa poltrona, entristecido:

— Vocês não querem acreditar em mim. Não querem acreditar que vi vocês dois sofrendo, numa preocupação e tormento incríveis.

— Chega disso! — agora o pai ordena rispidamente.

 

"O futuro dependerá daquilo que

fazemos no passado."

Provérbio Indiano