E CONTINUAM SUA DIVERSÃO

 

"As diversões fazem a felicidade

dos que não sabem pensar."

Alexander Pope

 

Capítulo 350

 

William está jogando vídeo game com os dois meninos.

Eba! Venci, galera! — grita Phillip.

— Você é bem esperto, hein? — fala William.

— Ah, Phillip, vou contar pra minha mãe que você tá querendo ser sempre o melhor! Vou contar! — é o irmão reclamando.

— Conta, se quiser! Não nem aí!

— Ei! Pára aí! — pede William — Pra que discutir, turma? Vamos lá! Vamos jogar novamente.

— Ah, tá. — concorda Phillip.

A campainha da porta toca; eles ouvem e continuam sua diversão.

Porém logo a moça que trabalha na casa entra na sala:

— Phillip, aquele senhor conhecido do seu pai está aí. — ela avisa.

— Quem...?

— O senhor Thompson.

— O que ele veio fazer aqui? Meus pais não estão em casa!

— Foi o que falei pra ele. — ela diz.

— Então fala pra ele ir embora.

— Não posso fazer isso! — queixa-se a moça, levando as mãos à cabeça, atordoada com a idéia do menino.

— Espera aí; — fala William — eu vou falar com ele; pode deixar Phillip.

E o garoto se afasta para ir até a porta de entrada.

Você...?! — ele exclama ao ver o visitante.

— O que houve, garoto? — exclama o homem admirado pela estranha reação.

A moça empregada da casa também concorda com a decepção do visitante:

— O que é isso, garoto? Esse senhor é amigo dos meus patrões!

— Esse aí? — o menino arregala os olhos.

— Que é isso, amiguinho...! É meu costume estar sempre aqui batendo um papo com meus amigos e colegas de trabalho e temos

que estudar um desempenho para um novo filme.

Neste momento William parece entrar em concentração no seu cérebro a fim de aceitar a explicação do homem.

— Bem... eu... ah, desculpe, senhor...!

— Não tem nada, garoto; é assim mesmo. A gente não conhece certas pessoas e tem mesmo é que ficar sempre alerta. — o visitante fala sorrindo.

— Senhor Thompson pode entrar, por favor. — fala a moça.

— Eu sei que meus amigos estão no trabalho agora, mas enquanto espero converso um pouquinho com as crianças.

— Certo, senhor. O senhor deseja tomar água ou um cafezinho?

— Aceito o café, sim. Obrigado.

William continua fitando o recém-chegado e ainda lutando para tirar da mente as idéias de que o homem é o inimigo de seus pais. Tenta ser agradável

e acomoda-se numa poltrona próxima ao que Thompson está sentado.

Os dois meninos entram na sala.

— Tio Brian, a gente tá jogando vídeo game; quer vir também? — convida Orson, o garoto menor.

— Claro! — o homem se levanta para acompanhar a criança.

William e Phillip fazem o mesmo.

 

* * *

 

— Bem, garotinhos, agora eu já cansei de brincar disso. Jogamos mais de duas horas, certo?

— Tá bem, tio. — responde Phillip.

— Meninos, é hora de se arrumarem para ir à escola. — chega a moça, avisando.

— Ah, eles estudam à tarde? — William pergunta.

— Sim; e sou eu quem tem que levá-los. — ela hesita um pouco — Wiliam... eu vou ter que levar os meninos; dá pra você ficar com o senhor Thompson

aqui? A cozinheira pode atender no que precisarem.

— Certo, certo! — é o visitante quem responde — William, eu posso levá-lo a um parque para se divertir um pouco porque seus amiguinhos vão ter que sair.

William o fita mostrando dúvida no semblante, mas logo em seguida desperta de seu pensamento negativo:

— Aceito, senhor Thompson.

— Ok; vamos, então. — e encaminha o menino até seu carro.

 

* * *

Dave estaciona o carro na garage. Sai em seguida e entra em casa.

— Senhor Dave, esteve aqui o senhor Thompson; esperou pelo senhor por algum tempo e depois saiu.

— Como...?! O meu amigo Thompson não está na cidade!

— Está sim, senhor; ele veio aqui. Pergunte ao Phillip. — diz a moça vendo o menino entrando.

— Phillip, quem esteve aqui em casa? — ele pergunta ao garoto.

— O tio Brian; brincou à beça com a gente e depois que a gente foi pra escola ele saiu com William.

— O Brian esteve aqui? Impossível!

— Por que diz isso, senhor Dave? — pergunta a moça.

— O Thompson viajou ontem à noite para a Italia! Ele vai trabalhar em filmagens lá. Não teria como já estar de volta aqui.

— Mas senhor...

— Ele não pôde me esperar?

— Sim, senhor; disse que depois lhe telefonaria.

— Sei... — põe o dedo nos lábios — ... impossível! Ele não poderia estar aqui hoje.

Um barulho de carro lhe atrai a atenção.

À chegada da mãe os garotos correm em sua direção:

— Mãe!! — gritam em uníssono, abraçando-a.

— Queridos do meu coração...! — ela murmura, beijando os filhos.

Dave se aproxima; beija-a nos lábios.

— Tudo bem, amor? — ela pergunta.

— Sim; parece.

Ela o olha sorrindo:

— Por que "parece"?

— Coisas estranhas...

— ... como assim?

— O Thompson esteve aqui.

— Ah, é? Como ele conseguiu retornar de lá tão rápido? Então Dave... será que foram canceladas as filmagens?

— E ele queria tanto participar disso...!

— É verdade.

Enquanto entram, ele, mordendo os lábios, está com o semblante sério.

Ela para a fim de fitá-lo:

— Está preocupado com alguma coisa?

Ele levanta as sobrancelhas:

— Não, querida... não é nada!

— Alguma coisa lá no estúdio?

— Negativo; tudo bem, ok?

Ele a prende segurando-a pelos ombros; em seguida continuam a andar para entrar em casa.

As crianças chegam perto deles:

— Mãe, o William foi ao Parque. Por que a gente não pode?

Ahn...? O quê...? — ela levanta as sobrancelhas.

Dave morde os lábios para falar:

— Thompson levou o menino ao Parque.

— Verdade? — ela sorri — É bom pra ele se divertir um pouco; quem sabe até melhora daquelas idéias absurdas...!

Dave coça o lábio inferior:

— Sei não...! — murmura.

Ela o fita:

— O que está se passando? Me conta!

— Eles sairam na hora em que as crianças foram para a escola.

— E daí...?

— Já são agora quase oito horas da noite; não está vendo?

Gilly cruza os braços:

— Olha, agora só fazendo igual à minha personagem no Arquivo-X! —  fala, com semblante sério — Mulder, você está imaginando o quê?

Ele a aperta entre os braços sorrindo:

— Deixa de ser boba...!

— A preocupação é com o garoto?

Ele meneia a cabeça, confirmando.

— Escuta amor, porque você não liga para o Thompson?

Ele fita o espaço à frente:

— Vou fazer isso. — logo se dirige a um móvel onde está o

telefone.

"Sorrimos quando temos consciência

de ser superiores aos que nos crêem."

Stendhal