MULDER DÁ UMA RISADA
"O riso
é o melhor tônico do mundo."
Lady Maud Warrender
Capítulo 356
Dana, com o celular junto ao ouvido,
fala sorrindo:
— Eu sei, meu filho, eu e seu pai vamos
ter cuidado! Não se preocupe, querido, porque logo voltaremos pra casa.
Não se preocupe!
— Mãe, eu e a Vivien
precisamos de vocês, sempre!
— E nós de vocês também, meu filho.
Acredite! Te amo!
— Onde você está agora?
— Num hotel, filho.
— E meu pai?
— Está aqui também. Quer falar com ele?
— Sim! Quero!
Dana passa o celular para Mulder.
— Fala, meu filho.
— Oi pai!
— Tudo bem aí com vocês e sua avó?
— Sim, pai; está tudo ok. Quero lhe
pedir uma coisa.
— Diga, filho.
— Não deixa minha mãe sozinha, ok?
Mulder dá uma risada:
— Claro, filho! Você acha que posso
descuidar dessa preciosidade que é a sua mamãe? Nem pensar!
— Mas é que a gente nunca sabe de onde
vem a maldade.
— Me diga, filho, por que essa
preocupação? Nós estamos bem!
Sem mais nenhum comentário, logo William se despede do
pai.
Mulder desliga o aparelho. Senta numa poltrona
passando os dedos ao redor da boca.
Dana, escovando os cabelos à frente de um espelho,
observa o amado ali, concentrado:
— O que você tem? Está tão pensativo...!
— Sei lá, Scully.
Ela se aproxima, sentando no braço da poltrona.
Ele passa o braço em volta de sua cintura. E a joga com
ímpeto para cima de suas pernas.
— Nossa! Quanto carinho! — ela o critica, rindo.
— É que só nós dois aqui, longe de casa, me faz ficar
mais certo de que tenho o dever de cuidar muito de você.
— Huuum... adoro isso! —
murmura em voz melosa — Preciso de cuidados... me cuida...!
Ele a agarra com força, beijando-a no pescoço:
— Scully, sabe que, às vezes, fico relembrando que
você era tão fria comigo...?
— Eu...? Fria...? — dá uma risada, jogando a cabeça
para trás e logo entrega os lábios aos desejosos beijos dele.
*
* *
No escritório Dana revira pastas numa gaveta.
— Agente Scully! — chamam-na neste momento.
Ela se volta para olhar quem a chama.
—Tudo bem? — o recém chegado a cumprimenta.
— Tudo certo. — ela responde, continuando sua pesquisa
no arquivo.
O Agente Morgan se aproxima:
— Hum... gostei de vê-la assim tão... elegante!
— Obrigada. — responde, com um rápido olhar.
Ele dá uma volta no aposento:
— O Agente Mulder teve que ir àquela outra cidade?
— Sim, Agente Morgan; justamente porque precisamos
recolher todos os dados da investigação e toda a origem do
assunto está lá. Não tem jeito.
— Hum... certo, Agente Scully... e... bem... quero lhe
convidar para almoçar comigo hoje.
Ela o olha, com um sorriso:
— Obrigada, Agente Morgan. Estou com minhas horas
todas tomadas.
— O quê...?! Não tira uma hora para almoçar?
— Às vezes não dá mesmo.
— Caramba! — começa a dar passos no ambiente — Não é
possível! Todos temos direito a momentos de relaxamento!
— Concordo com você, porém aqui no Bureau já estamos
acostumados.
De repente uma das pastas cai de suas mãos.
— Opa! — Morgan corre a ajudá-la.
Dana já se abaixara para pegar a pasta no chão.
Morgan, fazendo o mesmo gesto a fim de ajudá-la,
praticamente encosta sua face na dela, o que a faz sentir a afogueada
respiração do colega.
Dana se afasta rapidamente e ergue o corpo.
Morgan continua curvado, como se a pasta caída ainda
estivesse no chão.
— Sinto muito a aproximação, Agente Scully, mas é
que... você me atrai muito! — fala em tom murmurante.
Agora Dana o fita fixamente; joga com ruído a pasta na
mesa. Cruza os braços:
— Agente Morgan, se quiser continuar a trabalhar em
nossa companhia, vai ter que mudar de tática.
— Tática...?! Que é isso, Agente Scully? Estou agindo
conforme manda meu coração!
Dana morde os lábios e nada fala.
Coloca a pasta no arquivo e sai da sala.
"Para
saber falar, é preciso saber escutar."
Oscar Wilde