CONVERSA CONFIDENCIAL

 

"Conversa é a arte de falar sem discorrer,

e de escutar sem interromper."

De Broglie

 

Capítulo 357

 

Mulder, vestindo o paletó, olha para Dana:

— Eu tenho que ir até a casa do Bergson.

— Vai com o Agente Morgan, não é?

— Não! De jeito nenhum! Preciso ter uma conversa confidencial

com o Bergson, entende?

— Certo. — ela diz, cruzando os braços.

Ele se aproxima:

— E você hoje não precisa ir comigo; essa parte eu é que tenho que resolver. — aperta-a entre os braços e sai.

 

* * *

O Agente Morgan desata o nó da gravata. Vai dobrando as mangas da camisa, enquanto olha pela janela do quarto, vendo os prédios próximos

ao hotel. Suspira. Abre a porta para sair.

Antes de colocar o primeiro pé fora da porta nota Mulder saindo do seu quarto. Observa-o  atentamente.

Mulder tem vários papéis e alguns objetos nas mãos. Num repente algumas folhas, celular e chaves se soltam de suas mãos, caindo no chão.

Mulder xinga em voz baixa, aborrecido com o acontecimento.

Apanha as coisas e vai andando pelo longo corredor, dirigindo-se para o elevador.

O Agente Morgan, que a tudo observava, nota que uma chave presa a um chaveiro permanecera no chão, sem ser notada por Mulder.

Este agora entra no elevador.

Morgan vai, rapidamente, na direção da chave caída no chão. Apanha-a.

Para agora, concentrando-se em seus pensamentos:

"Esses dois vivem juntos, conforme me contou o Agente Reynold; mas essa mulher me atrai demais e eu não consigo resistir...!"

Num gesto decidido, toma a chave que apanhara no chão. Aproxima-se da porta do quarto onde Dana e Mulder estão hospedados. Com discrição

enfia a chave na fechadura e a movimenta para abrir.   

Entra no primeiro aposento, cautelosamente; é um pequeno hall. Coloca a cabeça na porta que encontra mais próxima.

Lá dentro Dana está amarrando a faixa do quimono que havia vestido.

Ela ouve o discreto ruído da porta:

— Mulder, esqueceu alguma coisa? — pergunta, sem se voltar para ver.

Sem nada responder, Morgan coloca, mansamente, a mão sobre o ombro de Dana.

Ela se volta sorrindo, sem notar que não era a presença do amado.

— Que é isso...?! — exclama ao ver o homem — Como entrou aqui?

— Calma, calma! — ele murmura.

— O que está acontecendo? O que você quer?

Ele se afasta um pouco:

— Quero você.

— O que você está falando?! Que loucura é essa? — se afasta o máximo possível dele — Para com essa loucura! — aproxima-se de uma gaveta.

Morgan dá passos largos e rápidos, impedindo-a de abrir a gaveta, embora Dana tentasse abri-la.

O Agente a segura pelos braços.

Dana movimenta as pernas, tentando usá-las para afastar o homem.

— Não adianta, minha querida! Eu quero você! — ele exclama.

— Se afasta de mim! Me larga!

Ele a segura firme, mas suavemente.

— Por que me rejeita, Dana? Não vê que estou sendo sincero? Você me atrai demais... e não consigo resistir...! — falando isso, começa a acariciá-la

— Seus belos e longos cabelos... seus olhos tão lindos...

— Olha... — Dana faz voz suave, embora sua respiração esteja ansiosa — ... vamos conversar...!

Ele continua a segurá-la firmemente com um braço e com o outro deixa que a mão a acaricie:

— Conversar o quê...?

— Bem... compreenda... nós podemos...

— ... o quê? Fala!

— ... nos entender... desde que você me trate com mais delicadeza...!

Morgan a fita com firmeza.

Dana sustenta seu olhar.

As mãos de Morgan abrandam para segurar mais suavemente o corpo de Dana.

— Afinal de contas, Agente Morgan, o que pensa sobre mim?

— Será que preciso dizer? Não já falei que você me atrai? — ao sentir que Dana está calma, resolve soltar-lhe de vez o corpo.

Dana sorri, soltando um suspiro:

— Ufa! De repente me deu a impressão de estar em poder de algum... — murmura bem perto do ouvido dele — ... malvado!

Morgan sorri, sentindo-se mais relaxado:

— Então, quer dizer que você me tolera? — pergunta.

Ela o fita do alto da cabeça até os pés:

— Bem... eu... desculpe... fiquei um pouco impressionada com você.

— Tá falando sério?

Ela apenas sorri, sem fitá-lo.

— O seu parceiro deve demorar, não é?

— Hum, hum. — confirma.

— E nós podemos... nos entender, certo?

Ahn... acho que sim. — responde, erguendo um pouco a cabeça, em seu jeito de quem deseja confirmar algo para alguém, porém dentro de si a

ideia é bem diferente — Fica mais à vontade, Agente Morgan!

— O que quer dizer?

— Ora, você está tenso...!

Ele dá uma risada:

— É que você me deixa assim, Dana! E vestida desse jeito...!

Ela sorri, mas não o olha. Franze os lábios:

— Certa intimidade...?

— Sim! — ele murmura.

— Só que você tem que entender uma coisa...

— ... o quê?

— Estou nestas condições vestida assim... e isso não é bem conveniente para uma ocasião assim...

— ... como...? O que quer dizer?

— ocasião assim... diferente pra mim — ela sorri — e eu um tanto sem charme!

Ele a fita intensamente:

— Entendo, Dana.

— Então você tem que concordar que preciso me ajeitar um pouquinho...! Você sabe, nessas ocasiões as mulheres são vaidosas! — lança até ele um

olhar fascinante, puxando para trás os longos cabelos.

— Certo, Dana.

Ela vai se afastando um pouco, não sem antes continuar seu fascinante olhar em direção de Morgan.

Este se senta em uma poltrona; está ansioso. Mas procura se manter calmo, aguardando o reaparecimento no ambiente daquela que o

deixa completamente apaixonado. Intimamente se sente feliz por perceber que havia causado interesse àquela que tanto lhe atrai.

Minutos depois ela reaparece. Vai se aproximando lentamente da poltrona onde se encontra o Agente. Colocara sobre o corpo uma camisola em

renda forrada de azul e sobre esta um robe combinando.

Aaaah...! — ele exclama ao vê-la achegando-se a ele.

 

"A simpatia dá amigos;

o interesse dá companheiros."

Soulié