MAS É A REALIDADE

 

"A realidade não pode ser olhada

senão desde o ponto de vista que cada

um ocupa, fatalmente, no universo."

 

Capítulo 360

 

Mulder, diante do ser de outro planeta, está parado, pensando, sem ter noção de como poderá resguardar a vida da criatura.

— E então, Joe Tromundo, como posso te ajudar a ir embora?

Aaaah... bhje7uy  gjuy.

— Para! Fala direito comigo! Não estou entendendo!

— Desculpe — fala, em sua língua atrapalhada — Aqui no seu planeta tem uma combinação não natural de celulose, fungos

e insetos microscópicos, chamados ácaros, que servirão como combustível para minha nave.

— E por que você veio pedir ajuda a mim?

— Ora, porque você tem no seu escritório papéis velhos nos seus Arquivos-X e...

— ... o quê, cara?! — o Agente o interrompe rapidamente.

— Ah, sinto muito, Agente Mulder, mas é a realidade. Por favor, me ajude!

Mulder morde os lábios, coloca o dedo acima da boca, pensativo.

— Ok, eu entendo a sua necessidade; vou ver o que posso fazer.

 

*   *   *

Mulder está com Joe Tromundo no seu escritório do FBI.

O alien olha para todos os lados, admirado com todos os objetos ali expostos.

— Ei! Agente Mulder! Que gjuy.eidlfd?

Mulder se põe à frente da criatura:

— Escuta aqui, você vai continuar a usar esse linguajar bagunçado até quando? Vê se para com isso de uma vez!

— É que quero saber por que nesse poster ali na parede está EU QUERO ACREDITAR.

— Ora, que pergunta! Justamente porque eu quero acreditar!

— Mas não; nesse caso a frase traz um ar de dúvida.

— Por que?

— É como se você estivesse conversando com alguém e ouvisse assim:

         — Olha, eu vi um OVNI!

         — Ah, tá... eu quero acreditar...!

— Ah! Ah! Ah! — ri o Agente achando engraçada a idéia do alien.

— Mas vamos lá, Agente Mulder, afinal de contas você me trouxe aqui pra me ajudar.

— Ajudar a pôr combustível na sua nave...

— ... isso! Isso! Isso!

Mulder o fita, com ar sarcástico:

— Por acaso você assiste o programa do Chaves?

— O quê...?

O Agente sorri e se volta para outro lado:

— Deixa pra lá.

Vai até o arquivo de aço. Puxa uma das gavetas. Remexe nela as pastas ali guardadas.

Joe Tromundo o observa, atento.

— Agente Mulder, você remexe aí sem parar, tira uma pasta, examina o que ela contém, vê que é assunto até dos anos 70 e

mesmo assim não se resolve a entregá-la para mim! Que coisa!

— Ah, Joe, vê se fica quieto aí, cara! Estou tentando te ajudar, mesmo com prejuízo e ainda me criticas? Calma, tá?

O alien resolve ficar calado, aguardando.

Logo o Agente, após abrir a última gaveta do arquivo, rebusca várias pastas, retira uma delas da gaveta e a coloca em frente,

bem diante de seus olhos. Segura a pasta como se fosse algo precioso.

— Ei! Acorda, Agente Mulder! Por que tá aí parado?!

Joe Tromundo, após falar isso, então observa que o Agente tem lágrimas em seus olhos, enquanto contempla a pasta do Arquivo-X

que tem em suas mãos.

— Não posso...! — murmura ele.

O alien fica nervoso:

— Eu é que quero acreditar no que estou vendo! Você emocionado porque precisa me dar essa pasta!

— Esses assuntos dessas pastas pra mim significam preciosidades, Joe! Não posso abrir mão delas.

— É...?! Elas tem mãos...?

Mulder neste instante joga a pasta de volta ao arquivo de aço; fecha a gaveta com estrépito.

— Chega! Daqui não vou tirar nada pra dar a você, Joe! Não vou fazer nada contra minha vontade! Talvez haja outra maneira

de te ajudar.

O alien faz um ar de chateado e murmura:

gjuy.ewprjeuisçl.

 

"Há uma força motriz mais poderosa do

que o vapor e a eletricidade: a vontade."

Cabellero