SE SURPREENDE COM UM SORRISO

 

"Sorrimos quando temos consciência

de ser superiores aos que nos crêem."

Stendhal

Capítulo 361

 

Mulder, parado, fixando a figura estranha do ser ao seu lado, com os lábios apertados, resolve falar:

— Olha Joe, resolvi uma coisa; vou te ajudar.

— Verdade...?! Você vai fazer isso por mim?

— Sim; me acompanha.

O Agente se dirige para a porta de saída e após sairem, passa a chave na fechadura para, em seguida, deixar o local.

No carro, o alien se acomoda, observando cada detalhe do interior do veículo.

— Isso voa a quantos metros de altura por hora?

— Isso é um veículo terrestre, Joe! É um carro. Só anda no chão.

   bhje7uy  gjuy!!

— O quê...?

— Desculpe, mas eu só falei...

— ... deixa pra lá.

Mulder dá marcha no carro.

Com o movimento do veículo o alien tenta levantar-se para olhar o assento, as laterais, portas, por causa do movimento do veículo.

— Não se assusta, Joe. Logo vamos chegar em minha casa.

* *  *

Mulder aguarda Joe sair do carro, o que ele faz com certa dificuldade, devido suas pernas um tanto longas.

Joe olha para a frente, observando o lugar para perguntar:

— Isso é a sua casa?

— Sim, é aqui que eu moro.

O outro balança a cabeça, concordando.

— Pai! Pai!

Os recém chegados ouvem o chamado.

Os filhos do Agente vem correndo ao seu encontro. Abraçam o pai, satisfeitos:

— O que você trouxe pra nós, pai? — Vivien pergunta.

William apenas cruza os braços.

— Hoje vim com pressa e não comprei nada pra vocês, querida. — diz Mulder, se curvando para falar à filha; se volta para William —

 Eu trouxe esse meu parente. — aponta para Joe.

Entram na casa.

Dana, prendendo os longos cabelos para trás, olha Mulder entrando com o desconhecido.

— Oi Scully! — fala Mulder ao vê-la.

— Oi! — ela fixa o olhar à figura à sua frente.

— Eu trouxe esse meu primo aqui.

— Primo...?! — ela se surpreende, com um sorriso.

— Sim, é meu primo... em quarto grau...! — explica, titubeante.

— Você nunca me falou que tinha um primo! — exclama ela, estendendo a mão para cumprimentar o visitante.

Mas Joe permanece estático, sem corresponder ao seu cumprimento.

Dana desiste de esperar, franze os lábios e logo diz:

— Fique à vontade. —  se afasta dali.

— Fica à vontade, Joe. — o Agente se afasta, indo em direção da sala de jantar.

Dana está arrumando a mesa, com uma pilha de pratos nas mãos.

— Scully, você ficou aborrecida?

— Eu...?! Que engano, Mulder! Nada disso.

— Eu trouxe o... meu ... primo, porque ele está precisando de uma hospedagem; chegou hoje aqui e eu preciso ajudá-lo.

— Ah, entendi. Ele pode ficar, sem problema.

Ele se aproxima, agarrando-a pela cintura.

— Minha lindinha, te agradeço a gentileza de ajudar meu primo; obrigado. — então aproxima os lábios dos dela.

E beijam-se ardentemente.

Logo se afastam, pois um ruído os faz olharem para o lado.

— Você chegou com comida para ela? — Joe pergunta.

Ahn...? — Dana não entende a pergunta.

 gjuy! uoe9puy!

— Ei! O que você disse? — insiste Dana.

— Ah! Ah! Ah! — Mulder logo explica — É que Joe aprendeu essa linguagem e fica brincando! — fica sério em seguida — Fala direito, Joe!

— Ah... é... quero dizer que vi que o Agente Mulder trouxe comida para você.

— Verdade...? Onde está, Mulder?

— Scully, eu não trouxe nada, não; não sei porque meu primo falou isso!

— É que eu já vi que no seu planeta aves alimentando outros nos ninhos.  E você acabou de fazer isso com ela.

— Ah! Ah! Ah! Para com essa bobagem, Joe! — Mulder dá risadas, porém está completamente sem jeito com as palavras do alien.

Dana dá uma volta no ambiente, com ar de impaciência:

— Você gosta de dizer piadas, hein? — diz então.

— É... ah! ah!... o Joe é assim mesmo; não repara, Scully! — acrescenta o Agente.

Ahn... entendi...! — ela murmura,  ainda cismada.

* *  *

William chega perto da mãe:

— Nossa! Está acontecendo um negócio esquisito, mãe!

— O quê, filho?

— O banheiro que é para visitas tá muito fedorento! Até com as portas fechadas, dá pra perceber!

Ahn... você notou isso...! — ela concorda com o comentário.

— Notei... e o que é que está acontecendo?

Dana, sem saber o que responder, afasta-se de William. Em sua cabeça uma série de pensamentos se movimenta.

 

"Em tempos normais, nenhum indivíduo

 são pode concordar com a idéia de que

os homens são iguais."