ESTÁ QUERENDO
ESTUDAR?
"É mais
necessário estudar os
homens que os
livros."
Sêneca
Capítulo 362
Mulder, junto ao alien,
está abrindo um armário.
— Pode ser Joe, que aqui possamos
conseguir o que você tanto precisa pra retornar ao seu planeta.
— Por que aqui dentro?
— Porque neste lugar há centenas,
milhares, milhões dos ácaros dos quais você tanto necessita, Joe!
— Muito bom! Muito bom!
— Ei!!
Os dois ouvem o chamado.
Mulder se volta e vê Dana parada na
porta.
— O que você está querendo aí, Mulder?
Ele passa a mão na cabeça:
— Bem... Scully, é que meu primo está
precisando...
— ... precisando do quê...? Esse móvel
só é para guardar coisas antigas...
— ... eu sei, Scully! Coisas que não
usamos mais e...
— ... sim! É isso! Então por que ... pra
que você está mexendo aí?
— Ah, é que vou pegar cadernos antigos
do William.
— Cadernos...?! Pra que isso?! Seu primo
está querendo estudar? — pergunta, cruzando os braços.
— S... sim, Scully.
William está afastado de sua mãe, meio
escondido atrás de uma porta, curioso, a observar seu pai e o desconhecido.
— Sinto muito, Joe, — começa Dana — mas
eu não quero me desfazer dos cadernos antigos do meu filho!
— Bem, eu... — ele começa.
— Scully, pra que guardar essas coisas,
se não vão servir mais pra nada...?! — interrompe Mulder.
— Por favor Mulder, eu não quero que
tire essas coisas daí!
Mulder morde os lábios, contrafeito.
Joe olha para um e outro, pouco
entendendo o que está realmente se passando no momento.
William, ainda se mantendo escondido, deixa
que seus lábios mostrem o sorriso irônico que surge em sua boca. Em sua mente
se passa algo;
o primo do seu pai não parece,
exatamente, um ser normal.
*
* *
Mulder e Dana estão sentados no
aconchegante sofá, diante da TV.
Ele havia passado um braço ao redor do
corpo de sua amada, enquanto cochila, aproveitando no aconchego, o calor do
corpo dela.
William chega à sala.
— Caramba! Cansei de jogar video-game! — ele exclama.
— Vivian já foi dormir? — pergunta Dana.
— Não, mãe. Ainda está no PC. — o menino
responde e logo pergunta: — Pai, o seu primo gosta de dormir cedo, né?
— É, filho. Ele é meio fraquinho... —
responde o pai, enquanto acaricia os louros cabelos de Dana.
— Sabe, pai, acho tão esquisito seu
primo estar sempre usando luvas, mangas compridas... muito esquisito isso,
porque nesta temporada
estamos em dias e noites de temperatura
bem alta.
— Isso sem contar a máscara que cobre
seu rosto. — conclui Mulder.
— Terrível isso, Mulder! — comenta Dana.
Mulder sorri, falando para o filho:
— É, filho, a gente nunca sabe realmente
como é o organismo de cada pessoa. Mas o caso do meu primo é que ele tem um
problema de pele.
— Um problema de pele...? — pergunta
Dana — ... pra isso há tratamento. Por que ele não cuida disso?
— Sei lá, Scully! — aperta os lábios,
nervoso, sem saber como explicar.
— Pai, mãe, boa noite; já vou dormir. —
o menino se afasta, saindo do ambiente.
Logo ele passa pelo banheiro usado por
Joe horas atrás.
Vê uma estranha bolsa no chão.
Curioso, o menino se aproxima. Abre a
bolsa. Estranhos objetos ali se encontram.
— Nossa! — exclama, enojado, ao pegar
uma bisnaga, cujo conteúdo é uma espécie de pasta com horrível odor.
William esfrega o nariz, enojado. Nota,
em seguida, algo que acha muito esquisito: uma vestimenta, uma espécie de
macacão num material
sintético, que o menino não consegue
definir.
"Pra que será que ele usa
isso?" — pensa.
Sua mente começa a trabalhar:
”Não sei não, mas pra mim esse cara não
parece ser daqui da nossa cidade... nosso país... nosso planeta!"
*
* *
O dia seguinte traz uma temperatura bem
alta.
Mulder havia levado sua família à praia:
além de terem oportunidade de se refrescar, podem ali apreciar a beleza que a
natureza mostra.
Enquanto seus filhos se divertem dentro
da água, Mulder e Dana conversam, deitados na morna areia.
— Mulder, me fala uma coisa: — ela
deitada de bruços ao lado dele, o fita intensamente — por que não me diz a
verdade?
— A verdade? Sobre o quê?
— O seu primo.
— O que quer saber sobre ele?
Ela aproxima o rosto ao dele, podendo até
sentir sua respiração.
— Já falei, Scully... ele é da minha
família, mas pouco sei sobre ele: sempre estivemos muito distantes um do outro.
— ele a puxa para si e a
mantém tão apertada, para que ela nada
possa mais indagar.
"A
família é um complemento
de
nós mesmos.
Lamartine